Bom dia este é o seu Expresso Curto
O que mede o Infarmed?
João Silvestre | Expresso
Bom dia,
Hoje é dia de nova reunião no Infarmed. É mais uma, não é apenas mais uma. Estamos
a uma semana da nova fase de desconfinamento: restaurantes abertos, ensino
secundário e superior com aulas presenciais, cinema e espetáculos, entre outras
coisas. Pelo menos é o que está previsto no plano do governo. Porque os números
estão a aumentar e ouvem-se apelos à cautela. A incidência já vai nos 70 casos
por centena de milhar de habitantes, embora ainda abaixo da linha vermelha dos
120 casos, e o
R(t) já é superior a 1.
No Infarmed espera-se um desfile de especialistas para nos dar conta
do estado da pandemia. Sobre a importância das novas variantes, a forma como
as pessoas estão a lidar com as medidas restritivas ou, quiçá o mais
relevante, quais são as projeções para as próximas semanas. Um R(t) acima
de 1 significa que há tendência para subida de casos. Mais rápida ou mais lenta
em função das medidas que forem adotadas. Ou do travão que se impuser ao
desconfinamento. Há cálculos que mostram que, em pouco menos de três meses,
poderemos passar os 120 casos por 100 mil habitantes. Para já, Portugal está
ainda laranja mas com concelhos
em território proibido e que poderão
ficar para trás no desconfinamento. E a variante britânica já é
claramente dominante com 80%
dos novos casos embora possa
não ser a mais grave. Confira aqui todos
os números nos gráficos e mapas que a equipa de infografia do Expresso
atualiza diariamente.
As apresentações do Infarmed serão, provavelmente, mais longas do que a leitura
da decisão instrutória de Ivo Rosa mas têm, apesar de tudo, a vantagem de
serem mais diversificadas, menos monocórdicas e, acima de tudo, menos polémicas.
Quem aguarda com alguma
impaciência são os festivais de verão. Houve quem já tivesse adiado para 2022
mas há
também quem espere as regras da direção-geral de saúde. Por exemplo, testagem
obrigatória que até poderia dispensar o uso de máscara. Testar, testar, testar
é o lema desta fase de desconfinamento e há já 15 freguesias de Lisboa com
testes gratuitos. Saiba aqui quais
são.
Para terminar este bloco sobre a pandemia, uma notícia de esperança: a
vacina da Janssen (da americana Johnson & Johnson) chega
amanhã a Portugal. Para já são apenas 30 mil mas serão 1,9 milhões até
final de abril com a vantagem de ser de toma única. O que permitira
acelerar de forma drástica a vacinação dos portugueses. Em Inglaterra, celebrou-se
a imunidade de grupo atingida agora mas, talvez, não seja assim tão
claro. Siga também as últimas
notícias da covid-19 no Mundo.
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro
A decisão instrutória da Operação Marquês continua a marcar a atualidade cinco
dias depois da sua leitura. Rui Rio, líder do PSD, acusou Marcelo e
António Costa de hipocrisia
e de sacudirem a responsabilidade: “Quando a justiça não funciona é da
responsabilidade do poder político pô-la a funcionar.” A Procuradora-Geral
da República, Lucília Gago, tentou meter alguma água na fervura da indignição.
Compreende a perplexidade em alguns setores da sociedade mas, lembrou, a
decisão não é definitiva.
Ontem, num direto
da redação do Expresso, Bastonário dos Advogados e presidente do
Sindicato do Ministério Público pediram urgência na criminalização do
enriquecimento. Na edição de hoje, o Público avança
que o regime de prescrições aplicados por Ivo Rosa é o mesmo que
ilibou Isaltino Morais. A esta hora, a petição para afastar
Ivo Rosa da magistratura já conta com 184 mil assinaturas .
O ministério da Defesa fez algumas
alterações na versão final que enviou para o Parlamento da reforma
do comando superior das forças armadas. Há dois pontos em que cede às críticas
dos militares – mais das antigas chefias do que das atuais, disse
João Gomes Cravinho – e outros ajustes considerados pouco mais do que
cosmética.
Arranca hoje no tribunal de Setúbal o julgamento cível do caso do Meco,
que remonta a 2013 quando seis jovens estudantes morreram naquela praia durante
uma praxe académica. As famílias das vítimas pedem
uma indemnização de 1,3 milhões de euros.
O Ministério Público deixou
cair a acusação de homicídio aos inspetores do SEF que agrediram
Ihor Homeniuk, o cidadão ucraniano que acabariam por morrer nas instalações do
Aeroporto de Lisboa. Nas alegações finais que decorreram ontem, a procuradora
Leonor Machado a condenação por ofensas corporais graves e penas de
13 anos de prisão para os inspetores Laja e Silva e oito anos para Bruno Sousa.
Ainda que seja possível, a condenação
por homicídio fica praticamente afastada.
O ex-secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, é hoje ouvido
na comissão parlamentar de inquérito do Novo Banco. Sérgio Monteiro foi
contratado pelo Banco de Portugal para vender o banco, o que só conseguiu à
segunda tentativa em 2017.
O FC Porto enfrenta hoje o Chelsea, na segunda-mão dos quartos de final da
Liga dos Campeões. Na semana passada, a equipa portuguesa perdeu 0-2. Vai
tentar dar a volta num jogo que se prevê bastante difícil.
A Cofina Media, que detém o Correio da Manhã, a CMTV, o Jornal
de Negócios ou Record, vai avançar com um despedimento
coletivo de 26 pessoas.
Há cada vez mais viciados em raspadinhas nos centros de apoio a
toxicodependentes, avança esta terça-feira o Jornal de Notícias. Em muitos
casos, são as famílias que os encaminham para ali.
Lá fora
A morte de um jovem pela polícia em Minneapolis, nos EUA, onde decorre o
julgamento dos agentes acusados da morte de George Floyd, gerou uma onda
de protestos. A polícia alega ter sido um acidente: o disparo
de uma arma de fogo em vez de um taser numa operação de trânsito.
Numa escola do Tennessee, houve um tiroteio
que feriu estudantes e polícias.
Um ataque à porta de um hospital de Paris provocou
um morto e um ferido grave. Escreve o Le
Monde, que foi realizado por duas pessoas - um atirador e um condutor – que
fugiram numa scooter e ainda estão em fuga.
Em Espanha, tenta-se atrasar a reforma com incentivos financeiros. O ministro
da Segurança Social, José Luis Escrivá, admite que o valor
pode chegar a 12 mil euros por cada ano de atraso na reforma.
Os mercados financeiros conseguem sempre surpreender. O gigante Alibaba,
de Jack Ma, foi condenado ao pagamento de 2,8 mil milhões de dólares por causa
de abuso de regras concorrenciais no final da semana passada e as suas
ações começaram a semana a disparar. A multa é pesada, sem dúvida, mas pelo
menos o processo terminou e isso, na China, pode ser uma excelente notícia.
Presidência portuguesa da União Europeia
A farmacêutica Janssen, do grupo Johnson & Johnson, começou esta
segunda-feira a entregar vacinas contra a covid-19 à União Europeia. Num tweet,
a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, escreveu que "ajudará a
acelerar o acesso dos cidadãos às vacinas", numa altura em que apenas 6,8%
dos adultos europeus estão totalmente vacinados.
Boas notícias que se juntam a outras menos animadoras. O primeiro-ministro
búlgaro revelou que a Pfizer
aumentou o preço da dose da sua vacina para quase 20 euros, quando
inicialmente custava 12 euros. No mesmo dia, a Comissão Europeia confirmou
estar a concluir o contrato para o fornecimento de dois mil milhões de vacinas
para 2022 e 2023. Boyko Borissov deu a entender que são as da Pfizer e que por
isso os governos devem estar preparados para gastar mais.
FRASES
“Se você não participa, vem a canalhada lá do Randolfe Rodrigues para
participar e vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com
um bosta desses"”, Jair Bolsonaro, Presidente brasileiro em
conversa com o senador Jorge Kajuru, gravada à sua revelia, onde se
queixa de uma comissão de inquérito à sua gestão da pandemia pelo senador
adversário Randolfe Rodrigues
“Era uma burra quando parti para a Síria. Eu não estava estável naquela altura.
Muitas vezes não consegui ver as consequências das coisas”, Ângela
Barreto, Luso-holandesa que está a ser julgada na Holanda por pertencer ao
Daesh
O QUE ANDO A LER
Não é preciso ilustrar muito, todos o vivem. O trabalho levou uma volta de 180
graus no último ano. O teletrabalho era quase residual e transformou-se na
realidade de muitos milhões de pessoas. As empresas estão carregadas de regras
de segurança sanitária, a ocupação do espaço mudou e não se sabe se alguma vez
voltarão a ser o que eram.
A transformação é óbvia. Acontece à nossa frente todos os dias. O que não se
sabe é o que disto ficará quando a tormenta passar. A revista The
Economist publica na última edição um especial de várias páginas sobre
o futuro do trabalho. Onde olha para questões como a satisfação dos
trabalhadores que poderá resultar de um modelo híbrido (parte remoto,
parte presencial), as assimetrias do efeitos desta crise, o papel dos
robôs ou como, inspirado pelo modelo nórdico, o Estado social se pode
adaptar.
Da imprensa internacional chegam, como sempre, excelentes leituras. Destaco
apenas duas. No Financial
Times, o frente-a-frente de dois pesos-pesados: Martin Wolf conversa
com Larry Summers sobre a saída da crise e o risco de o estímulo
orçamental de Joe Biden poder fazer disparar a inflação. O New
York Times traz-nos um exemplo de excelente jornalismo: como a
covid-19 atacou de forma dramática nas prisões americanas com uma taxa de
infeção quase 20 vezes a que se verificou no conjunto do país.
Tenha uma excelente terça-feira. Nós continuamos por aqui: no Expresso, na SIC, na Tribuna e na Blitz.
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