terça-feira, 13 de abril de 2021

Portugal | Mais baldas, mais casos e mais mortes. Mais de tudo para nos tramar!

Bom dia este é o seu Expresso Curto

O que mede o Infarmed?

João Silvestre | Expresso

Bom dia,

Hoje é dia de nova reunião no Infarmed. É mais uma, não é apenas mais uma. Estamos a uma semana da nova fase de desconfinamento: restaurantes abertos, ensino secundário e superior com aulas presenciais, cinema e espetáculos, entre outras coisas. Pelo menos é o que está previsto no plano do governo. Porque os números estão a aumentar e ouvem-se apelos à cautela. A incidência já vai nos 70 casos por centena de milhar de habitantes, embora ainda abaixo da linha vermelha dos 120 casos, e o R(t) já é superior a 1.

No Infarmed espera-se um desfile de especialistas para nos dar conta do estado da pandemia. Sobre a importância das novas variantes, a forma como as pessoas estão a lidar com as medidas restritivas ou, quiçá o mais relevante, quais são as projeções para as próximas semanas. Um R(t) acima de 1 significa que há tendência para subida de casos. Mais rápida ou mais lenta em função das medidas que forem adotadas. Ou do travão que se impuser ao desconfinamento. Há cálculos que mostram que, em pouco menos de três meses, poderemos passar os 120 casos por 100 mil habitantes. Para já, Portugal está ainda laranja mas com concelhos em território proibido e que poderão ficar para trás no desconfinamento. E a variante britânica já é claramente dominante com 80% dos novos casos embora possa não ser a mais grave. Confira aqui todos os números nos gráficos e mapas que a equipa de infografia do Expresso atualiza diariamente.

As apresentações do Infarmed serão, provavelmente, mais longas do que a leitura da decisão instrutória de Ivo Rosa mas têm, apesar de tudo, a vantagem de serem mais diversificadas, menos monocórdicas e, acima de tudo, menos polémicas.

Quem aguarda com alguma impaciência são os festivais de verão. Houve quem já tivesse adiado para 2022 mas há também quem espere as regras da direção-geral de saúde. Por exemplo, testagem obrigatória que até poderia dispensar o uso de máscara. Testar, testar, testar é o lema desta fase de desconfinamento e há já 15 freguesias de Lisboa com testes gratuitos. Saiba aqui quais são.

Para terminar este bloco sobre a pandemia, uma notícia de esperança: a vacina da Janssen (da americana Johnson & Johnson) chega amanhã a Portugal. Para já são apenas 30 mil mas serão 1,9 milhões até final de abril com a vantagem de ser de toma única. O que permitira acelerar de forma drástica a vacinação dos portugueses. Em Inglaterra, celebrou-se a imunidade de grupo atingida agora mas, talvez, não seja assim tão claro. Siga também as últimas notícias da covid-19 no Mundo.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

A decisão instrutória da Operação Marquês continua a marcar a atualidade cinco dias depois da sua leitura. Rui Rio, líder do PSD, acusou Marcelo e António Costa de hipocrisia e de sacudirem a responsabilidade: “Quando a justiça não funciona é da responsabilidade do poder político pô-la a funcionar.” A Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, tentou meter alguma água na fervura da indignição. Compreende a perplexidade em alguns setores da sociedade mas, lembrou, a decisão não é definitiva.

Ontem, num direto da redação do Expresso, Bastonário dos Advogados e presidente do Sindicato do Ministério Público pediram urgência na criminalização do enriquecimento. Na edição de hoje, o Público avança que o regime de prescrições aplicados por Ivo Rosa é o mesmo que ilibou Isaltino Morais. A esta hora, a petição para afastar Ivo Rosa da magistratura já conta com 184 mil assinaturas .

O ministério da Defesa fez algumas alterações na versão final que enviou para o Parlamento da reforma do comando superior das forças armadas. Há dois pontos em que cede às críticas dos militares – mais das antigas chefias do que das atuais, disse João Gomes Cravinho – e outros ajustes considerados pouco mais do que cosmética.

Arranca hoje no tribunal de Setúbal o julgamento cível do caso do Meco, que remonta a 2013 quando seis jovens estudantes morreram naquela praia durante uma praxe académica. As famílias das vítimas pedem uma indemnização de 1,3 milhões de euros.

O Ministério Público deixou cair a acusação de homicídio aos inspetores do SEF que agrediram Ihor Homeniuk, o cidadão ucraniano que acabariam por morrer nas instalações do Aeroporto de Lisboa. Nas alegações finais que decorreram ontem, a procuradora Leonor Machado a condenação por ofensas corporais graves e penas de 13 anos de prisão para os inspetores Laja e Silva e oito anos para Bruno Sousa. Ainda que seja possível, a condenação por homicídio fica praticamente afastada.

O ex-secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, é hoje ouvido na comissão parlamentar de inquérito do Novo Banco. Sérgio Monteiro foi contratado pelo Banco de Portugal para vender o banco, o que só conseguiu à segunda tentativa em 2017.

O FC Porto enfrenta hoje o Chelsea, na segunda-mão dos quartos de final da Liga dos Campeões. Na semana passada, a equipa portuguesa perdeu 0-2. Vai tentar dar a volta num jogo que se prevê bastante difícil.

A Cofina Media, que detém o Correio da Manhã, a CMTV, o Jornal de Negócios ou Record, vai avançar com um despedimento coletivo de 26 pessoas.

Há cada vez mais viciados em raspadinhas nos centros de apoio a toxicodependentes, avança esta terça-feira o Jornal de Notícias. Em muitos casos, são as famílias que os encaminham para ali.

Lá fora

A morte de um jovem pela polícia em Minneapolis, nos EUA, onde decorre o julgamento dos agentes acusados da morte de George Floyd, gerou uma onda de protestos. A polícia alega ter sido um acidente: o disparo de uma arma de fogo em vez de um taser numa operação de trânsito.

Numa escola do Tennessee, houve um tiroteio que feriu estudantes e polícias.

Um ataque à porta de um hospital de Paris provocou um morto e um ferido grave. Escreve o Le Monde, que foi realizado por duas pessoas - um atirador e um condutor – que fugiram numa scooter e ainda estão em fuga.

Em Espanha, tenta-se atrasar a reforma com incentivos financeiros. O ministro da Segurança Social, José Luis Escrivá, admite que o valor pode chegar a 12 mil euros por cada ano de atraso na reforma.

Os mercados financeiros conseguem sempre surpreender. O gigante Alibaba, de Jack Ma, foi condenado ao pagamento de 2,8 mil milhões de dólares por causa de abuso de regras concorrenciais no final da semana passada e as suas ações começaram a semana a disparar. A multa é pesada, sem dúvida, mas pelo menos o processo terminou e isso, na China, pode ser uma excelente notícia.

Presidência portuguesa da União Europeia

A farmacêutica Janssen, do grupo Johnson & Johnson, começou esta segunda-feira a entregar vacinas contra a covid-19 à União Europeia. Num tweet, a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, escreveu que "ajudará a acelerar o acesso dos cidadãos às vacinas", numa altura em que apenas 6,8% dos adultos europeus estão totalmente vacinados.

Boas notícias que se juntam a outras menos animadoras. O primeiro-ministro búlgaro revelou que a Pfizer aumentou o preço da dose da sua vacina para quase 20 euros, quando inicialmente custava 12 euros. No mesmo dia, a Comissão Europeia confirmou estar a concluir o contrato para o fornecimento de dois mil milhões de vacinas para 2022 e 2023. Boyko Borissov deu a entender que são as da Pfizer e que por isso os governos devem estar preparados para gastar mais.

FRASES

“Se você não participa, vem a canalhada lá do Randolfe Rodrigues para participar e vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desses"”, Jair Bolsonaro, Presidente brasileiro em conversa com o senador Jorge Kajuru, gravada à sua revelia, onde se queixa de uma comissão de inquérito à sua gestão da pandemia pelo senador adversário Randolfe Rodrigues

“Era uma burra quando parti para a Síria. Eu não estava estável naquela altura. Muitas vezes não consegui ver as consequências das coisas”, Ângela Barreto, Luso-holandesa que está a ser julgada na Holanda por pertencer ao Daesh

O QUE ANDO A LER

Não é preciso ilustrar muito, todos o vivem. O trabalho levou uma volta de 180 graus no último ano. O teletrabalho era quase residual e transformou-se na realidade de muitos milhões de pessoas. As empresas estão carregadas de regras de segurança sanitária, a ocupação do espaço mudou e não se sabe se alguma vez voltarão a ser o que eram.

A transformação é óbvia. Acontece à nossa frente todos os dias. O que não se sabe é o que disto ficará quando a tormenta passar. A revista The Economist publica na última edição um especial de várias páginas sobre o futuro do trabalho. Onde olha para questões como a satisfação dos trabalhadores que poderá resultar de um modelo híbrido (parte remoto, parte presencial), as assimetrias do efeitos desta crise, o papel dos robôs ou como, inspirado pelo modelo nórdico, o Estado social se pode adaptar.

Da imprensa internacional chegam, como sempre, excelentes leituras. Destaco apenas duas. No Financial Times, o frente-a-frente de dois pesos-pesados: Martin Wolf conversa com Larry Summers sobre a saída da crise e o risco de o estímulo orçamental de Joe Biden poder fazer disparar a inflação. O New York Times traz-nos um exemplo de excelente jornalismo: como a covid-19 atacou de forma dramática nas prisões americanas com uma taxa de infeção quase 20 vezes a que se verificou no conjunto do país.

Tenha uma excelente terça-feira. Nós continuamos por aqui: no Expresso, na SIC, na Tribuna e na Blitz.

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