segunda-feira, 31 de maio de 2021

EUA | Massacre racista nos EUA há cem anos é memória de uma sobrevivente

"Ainda vejo corpos negros deitados no chão." A ferida do Massacre de Tulsa não sarou

Viola, conhecida como Mother Fletcher, nunca mais esqueceu o pesadelo

Foi com um século de atraso que se ouviu em Washington a voz de Viola Fletcher, a sobrevivente mais velha do massacre de Tulsa. Tudo começou depois de Dick Rowland, de 19 anos, ter sido acusado de agredir Sarah Page. Uma notícia mal contada precipitou uma multidão branca de armas em punho que espalhou a morte na zona mais próspera de Tulsa, conhecida como "Wall Street Negra", uma referência de sucesso para as comunidades negras de então.

Viola, conhecida como Mother Fletcher, nunca mais esqueceu o pesadelo. Tinha ido dormir há pouco: "Na noite do massacre eu fui acordada pela minha família. Os meus pais e os meus cinco irmãos estavam lá, disseram-me que tínhamos de partir."

Hoje, Viola Fletcher tem 107 anos, mas o massacre continua vivo na memória: "Não vou esquecer nunca a violência da multidão branca quando deixámos a nossa casa. Ainda vejo homens de pele negra a serem mortos a tiro, ainda vejo corpos negros deitados no chão. Ainda sinto o cheiro a fumo, ainda vejo as lojas e os negócios dos negros a serem queimados. Ainda ouço os aviões a passarem por cima das nossas cabeças. Eu ouço os gritos. Eu tenho vivido com o massacre dia após dia".

"Durante a maior parte da minha vida fui uma empregada doméstica ao serviço de famílias brancas. Nunca fiz muito dinheiro e até hoje mal consigo suportar as minhas necessidades diárias. Penso no terror, no horror que é infligido neste país todos os dias às pessoas negras", remata.

TSF

Imagens: 1 - Viola Fletcher, a mais velha sobrevivente do massacre de Tulsa // © AFP; 2 - Manchete de jornal da época e criança que transporta irmão morto pelos racistas.

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