Manlio Dinucci [*]
Na base de Redzikowo, na Polónia,
começaram os trabalhos para a instalação do sistema Aegis Ashore, com uma
despesa superior a 180 milhões de dólares. Será a segunda base de mísseis USA,
na Europa, depois da de Deveselu, na Roménia, ter ficado operacional em
Tanto os navios como as instalações terrestres do Aegis estão equipadas com
lançadores verticais Lockheed Martin's Mk 41: tubos verticais (no corpo do
navio ou num bunker subterrâneo) a partir dos quais são lançados os mísseis. A
própria Lockheed Martin, ao ilustrar as suas características técnicas,
documenta que pode lançar mísseis para todas as missões: antimísseis,
antiaéreos, anti-navegação, anti-submarinos e de ataque contra alvos terrestres.
Cada tubo de lançamento é adaptável a qualquer míssil, incluindo os
"mísseis de ataque de longo alcance", como o míssil de cruzeiro
Tomahawk. Também podem estar armados com uma ogiva nuclear. Portanto, é
impossível saber quais os mísseis que se encontram efectivamente nos lançadores
verticais na base Aegis Ashore, na Roménia, e que serão instalados na base da
Polónia. Nem que mísseis se encontram a bordo dos navios que navegam nos
limites das águas territoriais russas. Não podendo verificar, Moscovo parte do
princípio que também existem mísseis de ataque nuclear. O mesmo cenário ocorre
na Ásia Oriental, onde navios de guerra da Sétima Frota Aegis estão a navegar
no Mar do Sul da China. Os principais aliados dos EUA na região – Japão, Coreia
do Sul, Austrália – também têm navios equipados com o sistema Aegis dos EUA.
Nesta situação, não é surpreendente que a Rússia esteja a acelerar o lançamento de novos mísseis intercontinentais, com ogivas nucleares que, após uma trajectória balística, deslizam milhares de quilómetros a uma velocidade hipersónica. Também não é surpreendente que o Washington Post notifique que a China está a construir mais de cem novos silos para mísseis balísticos intercontinentais de ogiva nuclear. A corrida ao armamento tem lugar não só a nível quantitativo (número e potência das ogivas nucleares), mas a nível qualitativo (velocidade, capacidade de penetração e deslocação geográfica de transportadores nucleares). A resposta, em caso de ataque ou presumível ataque, é cada vez mais confiada à inteligência artificial, que deve decidir o lançamento de mísseis nucleares em poucos segundos. Aumenta a possibilidade de uma guerra nuclear por engano, arriscada muitas vezes durante a guerra fria.
O Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, adoptado pelas Nações Unidas em 2017 e que entrou em vigor em 2021, foi assinado até agora por 86 Estados e ratificado por 54. Nenhum dos 30 países da NATO e 27 da União Europeia o ratificaram ou assinaram. Na Europa, somente a Austria, a Irlanda, Malta, San Marino e a Santa Sé é que aderiram. Nenhum dos nove países nucleares – Estados Unidos, Rússia, França, Grã-Bretanha, Israel, China, Paquistão, Índia e Coreia do Norte – o ratificaram ou assinaram.
13/Julho/2021
[*] Jornalista.
Na imagem: Cidadãos de Redzikowo e Slupsk contra a construção da estação anti-misseis dos EUA/NATO
O original encontra-se em il manifesto e a tradução de Luiza
Vasconcellos em
nowarnonato.blogspot.com/2021/07/pt-manlio-dinucci-arte-da-guerra.html
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/
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