David Chan* | Plataforma | opinião
Após a implementação de medidas de controlo energético em inúmeras regiões da China, várias indústrias de alto consumo interromperam a sua produção. Porque irá a China, uma grande potência produtora, controlar o consumo energético destas indústrias? Embora as razões sejam várias e complexas, elas existem.
Em primeiro lugar, a China quer atingir o pico de emissões e consequente neutralidade de carbono. Para atingir um objetivo tão ambicioso, é necessário reduzir o consumo energético. Se existem limites nas emissões de carbono, o consumo energético também tem de ser adaptado. A eletricidade para uso civil tem de ser garantida. O uso doméstico representa apenas 3,6 por cento do total de eletricidade consumida. O setor terciário representa 13,4 por cento. Assim sendo, resta o setor industrial para ser cortado, responsável por 71,1 por cento do consumo energético.
Em segundo lugar, o preço do carvão continua a subir, sendo a principal fonte energética a nível nacional. A energia é uma indústria pública, com vários benefícios sociais. O Governo, sabendo que o preço do carvão afeta diretamente a vida da população, não deve subir de ânimo leve.
Porém, este ano, a Comissão de Desenvolvimento e Reforma emitiu um comunicado onde expressa a urgência em subir os preços da eletricidade, contrariando a vontade da população. A energia é controlada pelo Estado, e a decisão final sobre os preços pertence ao Governo, contudo, este não deve ignorar a opinião pública. A oposição da população à vontade do Governo resultou na subida do preço do carvão, em vez da eletricidade. Só que cerca de 70 por cento da energia elétrica na China é produzida a carvão. Se o preço deste recurso sobe, o custo da eletricidade também. No entanto, se o preço da eletricidade não pode subir, as centrais de energia a carvão irão produzir energia com prejuízo. Esta situação cria um ciclo vicioso: quanto mais energia for criada, maior será o prejuízo. Algumas centrais vão acabar por fechar, reduzindo a quantidade de energia produzida a nível nacional.Em terceiro lugar, com a descida do valor do dólar americano, a China deve limitar a sua produção e aumentar o valor dos produtos, para não ser afetada pela deflação da moeda. Juntamente com a especulação internacional em comodidades como o cobre, ferro, cereais, óleo e feijões, os preços são facilmente inflacionados. O capital, numa indústria em sobreaquecimento, pode criar mais produção, mas entre os consumidores, consegue facilmente levar a inflação. Em quarto lugar, a restrição na produção poderá reduzir a dependência nacional de certas matérias-primas. As fábricas estão cheias de encomendas, com os preços dos materiais para produção no estrangeiro a subir, assim como os custos de envio internacional. Mas o preço das exportações é controlado pelos consumidores internacionais, resultando em pouco lucro para os produtores, apesar do volume de encomendas.
*Editor chinês do PLATAFORMA
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