sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Filho de Kadhafi pode recorrer da anulação da sua candidatura à Presidência

Na Líbia, Comissão Eleitoral diz que invalidou uma lista de candidaturas por irregularidades em documentos e pedidos oficiais de órgãos de justiça e segurança. Seif al-Islam é procurado pelo Tribunal Penal Internacional.

A Alta Comissão Eleitoral Líbia rejeitou, esta quarta-feira (24.11), a candidatura do filho do falecido líder líbio Muammar Kadhafi, que pretendia concorrer à Presidência nas eleições de 24 dezembro.

O nome de Seif al-Islam Kadhafi apareceu numa lista de candidatos inelegíveis emitida pelo principal órgão eleitoral do país. Seif al-Islam pode recorrer da decisão nos próximos dias. 

O filho do antigo líder da Líbia tinha anunciado a candidatura em 14 de novembro. Seif al-Islam Kadhafi é procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade e a Comissão Eleitoral explicou que não validou estas candidaturas por irregularidades em vários documentos e ainda devido a missivas que lhe foram dirigidas pelo Ministério Público, o chefe da Polícia Criminal e o presidente do Departamento de Passaportes e Nacionalidade. 

O anúncio da candidatura de Seif al-Islam Kadhafi, de 49 anos, que até então estava em parte incerta, causou surpresa. No final de julho, o filho de Muammar Kadhafi tinha revelado, em entrevista ao jornal New York Times, um possível regresso à política.

Candidatura polémica

Seif al-Islam tinha sido condenado à morte por um tribunal de Trípoli em 2015 por usar de meios violentos contra manifestantes numa revolta contra o seu pai em 2011, mas essa decisão foi desde então posta em causa por autoridades rivais do país.

O filho de Kadhafi é também procurado pelo Tribunal Penal Internacional sob a acusação de crimes contra a humanidade relacionados com a revolta.

A Comissão Eleitoral tinha divulgado na terça-feira (23.11) que 98 candidatos, incluindo duas mulheres, apresentaram candidatura para concorrer ao cargo de chefe de Estado. 

Entre os candidatos destacam-se o marechal Khalifa Haftar, que controla parte do leste e sul da Líbia, o influente ex-ministro do Interior, Fathi Bachagha, e o chefe do Governo interino, Abdelhamid Dbeibah. 

Os três viram a sua candidatura ser validada. Para a eleição do chefe de Estado - o primeira por sufrágio universal na Líbia - a apresentação de candidaturas teve lugar exclusivamente em três gabinetes da Alta Comissão Eleitoral: em Tripoli (oeste), Benghazi (leste) e Sebha (sul).

Esperança no voto

Mais de 2,83 milhões de líbios, de um total estimado de sete milhões de habitantes, inscreveram-se para votar. 

Para a comunidade internacional, a realização de eleições é essencial para pacificar o país, que possui as reservas de petróleo mais abundantes em África. Mas com a situação de segurança ainda frágil e as diferenças políticas a persistirem, inclusive sobre o calendário eleitoral, a realização destas eleições permanece incerta. 

Após a destituição e assassinato de Moammar Kadhafi em 2011, a Líbia passou a maior parte da última década dividida entre governos rivais - um baseado na capital, Tripoli, e o outro na parte oriental do país. Cada lado na guerra civil teve também o apoio de mercenários e forças estrangeiras.

O Conselho de Segurança da ONU enfatizou a importância das próximas eleições, apelando esta quarta-feira (24.11) por um "processo eleitoral inclusivo e consultivo", alertando contra a violência e desinformação e apelando aos líbios para que aceitem os resultados da votação.

Deutsche Welle | Lusa | AP

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