segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Democratize a pós-pandemia

# Publicado em português do Brasil

Pedro Brieger | Rebelión | opinião

A pandemia alterou quase todos os aspectos da vida diária, trabalho, relacionamento com o ambiente familiar, política, etc. No contexto de quarentenas estritas, numerosos processos eleitorais na América Latina entre 2020 e 2021 foram afetados; precauções deveriam ser tomadas para prevenir a disseminação de covid-19.

Paradoxalmente, as dificuldades causadas pela pandemia obrigaram o avanço na expansão dos aparelhos eletrônicos a serem mais conectados.

 Foi assim que a grande maioria das pessoas vacinadas o fez com informações que chegavam diretamente ao celular, embora ainda existam milhões que não estão conectadas a nenhuma rede e sofreram ainda mais desligamentos.

Posto isto, pode-se começar a pensar que a chamada “pós-pandemia”, que atingirá taxas desiguais em todos os países, pode servir também para expandir os poucos mecanismos democráticos existentes. Hoje existem duas maneiras básicas de influenciar os rumos de um país. Por um lado, o voto tradicional a cada dois, quatro ou seis anos e, por outro, a pressão das ruas das mobilizações de massa. 

Ninguém sabe que as pressões exercidas por grupos de poder por meio de reuniões secretas e da instalação de pautas pelos meios de comunicação relacionados podem influenciar muito mais do que um processo eleitoral.

Portugal | O triunfo da irracionalidade

Paulo Baldaia* | Diário de Notícias | opinião

Antigamente, os malucos ficavam a falar sozinhos, hoje, abrem os telejornais. A extrema-direita agradece a atenção que damos aos seus malucos, sejam juizes, médicos, historiadores, candidatos autárquicos ou simples anónimos. Por ocuparem cada vez mais o nosso tempo, não significa que haja cada vez mais malucos, significa "apenas" (com muitas aspas) que o politicamente correcto alargou até ao infinito o conceito de liberdade de expressão e os malucos saíram das catacumbas.

Cá estamos todos, a contribuir para o triunfo da irracionalidade. Tão preocupante como a tranquilidade com que a comunicação social dá cada vez mais tempo de antena aos malucos é a desistência da justiça e das forças de segurança de fazer cumprir a lei. Deixou de haver limites e, assim, a irracionalidade vai em crescendo até ao dia em que as coisas correrem verdadeiramente mal e a desgraça não tiver culpados porque, está-se bem a ver, os malucos são inimputáveis.

Esta campanha das autárquicas, juntamente com a campanha dos negacionistas, vem comprovar que a extrema-direita, no recrutamento dos seus soldados e oficiais, privilegia a irracionalidade e a mentira. Perante candidatos que não conseguem articular uma simples frase no debate com os adversários ou os que deliram com "indianos vingativos", já ninguém pode alegar que é preciso dar uma oportunidade a quem pensa diferente. Quer dizer, poder, pode, mas há um momento a partir do qual se tem de começar a falar em cumplicidade.

PS "não toca" no "bife do lombo dos interesses do capital"

Jerónimo diz que PS "não toca" no "bife do lombo dos interesses do capital"

O secretário-geral do PCP criticou es domingo a postura do PS por 'chumbar' diplomas no parlamento como a redução do preço das botijas de gás, mas deixar intacto o "bife de lombo dos interesses do capital".

A precisamente uma semana das eleições, a campanha autárquica da CDU intensificou-se, assim como o tom das críticas ao PS, o principal adversário. Desta vez o local escolhido foi o antigo bairro da Icesa. Não houve passinho de dança, mas Jerónimo de Sousa bateu o pé ao som de "Venham mais cinco", de Zeca Afonso, interpretado pelo coletivo Sons da Liberdade.

Quando a música parou a cantiga foi outra e o dirigente comunista apontou o dedo ao PS pela permissividade com os grandes grupos económicos do país.

"No bife do lombo dos interesses do capital o PS não toca e alinha com PSD, CDS-PP e seus sucedâneos", pelo contrário, "prossegue uma política de favorecimento dos grupos económicos", considerou Jerónimo de Sousa, enquanto discursava neste bairro na freguesia de Vialonga, liderada pela CDU, no concelho de Vila Franca de Xira, governado pelos socialistas.

Portugal | Rui Rio: a derrota anunciada nas autárquicas

Simões Ilharco | Diário de Notícias | opinião

“Vai ser difícil ganharmos, por causa da distância que nos separa do PS", disse Rui Rio. Foi a derrota anunciada do PSD nestas eleições autárquicas. Rio andou sempre as zigue-zagues. Tinha dito que o seu sonho era governar a seguir às autárquicas e agora admite perdê-las. Mas a maior 'cambalhota' foi, sem dúvida, a de querer viabilizar Orçamentos do PS e depois aproximar-se do Chega. Não dá para entender.

Rio foi um líder de transição entre Passos Coelho e Paulo Rangel. Mesmo que consiga melhores resultados do que em 2017 não se aguentará na liderança do PSD. O affaire Rangel é irreversível. Eu posso não concordar, mas admito que a grande maioria dos sociais-democratas o quer. E há que respeitar esta vaga de fundo, digamos assim.

Moedas ainda foi hipótese, mas a sua má prestação no debate televisivo com Medina fê-lo perder a Câmara e a liderança do partido. Rangel terá de fazer oposição a Costa, coisa que Rio não fazia e que lhe custou caro. Muito caro, mesmo. Rio cometeu um erro de palmatória: quis ser estadista na oposição, o que, manifestamente, não dá.

Se chegar a primeiro-ministro, Paulo Rangel não poderá repetir os erros de Costa e que foram bastantes. O laissez faire, laissez passer do PS, e que é o expoente maximo do liberalismo económico, deverá acabar. Como social-democrata, Rangel terá de equacionar a intervenção do Estado nos sectores-chave da economia, sendo mais interventor do que Costa. Não pode deixar andar como este faz, deixando correr o marfim, se a expressão me é permitida. Não se intitulando socialista, Rangel terá, porém, para bem do país, de governar mais à esquerda do que António Costa. Nem pode consentir tudo à banca.

O liberalismo do PS só acentuou as injustiças e desigualdades. Se não houver uma mão correctora no sistema, este torna-se mais desigual. Não podemos acreditar na mão invisível de Adam Smith, como Costa parece acreditar.

O PSD tem de ser mais humanista do que o PS e com maior espírito reformista. As grandes reformas ficaram todas por fazer. O Governo de Rangel não pode ser meramente de gestão como foi o de António Costa.

O pior que nos poderia acontecer - e o povo português, honrado e trabalhador, não o merecia - seria dar razão a Sá Carneiro, quando este nos diagnosticou: "Portugal, país provisório e sucessivamente adiado".

A BBC, OS OUTROS, E AS NOTÍCIAS FALSAS CONTRA A SÍRIA

A BBC admite ter difundido uma reportagem de propaganda contra a Síria

BBC admitiu ter realizado uma reportagem que «não correspondia aos seus critérios profissionais» a propósito da Síria.

Este documentário da Radio 4 fora transmitido em Novembro de 2020. Ele tentava desacreditar o inspector da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW-OPAQ), que tinha denunciado o relatório da sua própria organização como uma falsificação, acusando-o de ter sido corrompido pelo Wikileaks. Acusava igualmente um editorialista do Daily Mail, Peter Hitchens, que tinha relatado a manipulação da OPAQ, de ser um apoiante do «regime de Bashar».

A acusação segundo a qual a República Árabe Síria teria utilizado gás contra a sua própria população não assenta em nenhum argumento credível. No entanto, foi um dos mais utilizados elementos de propaganda contra ela.

Fonte: «Mayday: The Canister on the Bed, Radio 4, 20 November 2020», BBC Executive Complaints Unit, Septembre 2, 2021.

Voltairenet.org | Tradução: Alva

Eleições: Rússia Unida anuncia vitória nas legislativas

Poucos minutos antes do fecho das mesas eleitorais na parte europeia da Rússia, os comunistas denunciaram a ocorrência de fraude em várias regiões do país, desde a parte europeia à Sibéria e ao Extremo Oriente, e exigiram a perseguição criminal dos "falsificadores".

O partido do Kremlin, Rússia Unida, reivindicou este domingo a vitória nas eleições legislativas russas, mas a sua maioria constitucional na Duma, a câmara baixa do parlamento, está ainda por apurar, após a contagem de 21% dos votos.

"Permitam-me que vos felicite por uma clara e limpa vitória", declarou Andrei Turchak, secretário-geral do partido no poder, na sua sede, em Moscovo, perante vários dos cabeças de lista do partido presidencial, mas com algumas ausências notadas, como as dos ministros da Defesa, Sergei Shoigu, e dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.

O presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobianin, afirmou que os resultados das eleições para a Duma determinarão "o destino do país, a sua estratégia de desenvolvimento, a sua soberania, a sua economia e a proteção social dos seus cidadãos".

Para entender o singular colonialismo israelita

# Publicado em português do Brasil

Há diversas características históricas e políticas que definem o regime de opressão aos palestinos, imposto ao longo das últimas décadas. Quais são eles? Qual o papel dos EUA e Europa? É possível chamar de apartheid? Há soluções para o conflito?

Gercyane Mylena* | Outras Palavras

Israelenses e Palestinos: Conflito e Solução

Como devemos pensar sobre o conflito entre Israel e a Palestina? Por favor, note que pergunto: como pensar sobre antes do quê pensar. Antes de chegarmos a quaisquer conclusões substanciais – certamente antes de tomarmos lados – temos de ser claros quanto à forma como a questão deve ser encarada.

Seria um erro começar apelando para uma moral. É realmente necessário fazer um juízo de valor moral e com certeza não defendo evitá-lo. Mas não devemos começar com juízos de valor moral. Atribuir culpas por atrocidades, por exemplo, não é um bom ponto de partida. Em qualquer guerra, ambos os lados podem – e recorrentemente cometem – atrocidades hediondas: matar e mutilar desarmados inocentes, destruir suas casas, privá-los da sua subsistência. E é claro que todas estas atrocidades devem ser condenadas.

Agora, é consideravelmente fácil perceber que Israel comete atrocidades em escala muito maior de magnitude do que seus opositores palestinos (ou outros árabes). Mas isto, por si só, não é base suficiente para tomar partido. Israel opera danos muito maiores e comete verdadeiras atrocidades, antes de tudo, porque pode: é muito mais forte. Tem uma enorme máquina de guerra, uma das maiores do mundo em termos absolutos, e de longe a mais formidável em relação à sua dimensão.

Além disso, perguntar “quem começou?” não é de grande utilidade. Cada lado afirma que “retalia” por conta de crimes perpetrados pelo outro. Os meios de comunicação social chamam-lhe o “ciclo de violência”; na realidade, não é realmente um ciclo, mas uma espiral em cadeia. Até que ponto se vai para trás? E mesmo se recuarmos tanto como “para trás”, e encontrarmos quem disparou o primeiro tiro – e depois? Talvez quem disparou o primeiro tiro se justificasse ao fazê-lo, não é?

Deveríamos primeiro abordar a questão em modo de descrição e análise. Devemos perguntar: qual é a natureza do conflito; de que é que se trata? A compreensão deve preceder o julgamento. Quando compreendermos do que se trata, cada um de nós pode aplicar os seus critérios morais e julgar. E só então, depois de compreendermos a natureza do conflito e de fazermos um juízo moral, podemos determinar o que constituiria uma possível resolução, e tentar descobrir o que seria necessário para alcançar essa solução.

França sente-se enganada perante a desonestidade da Austrália

# Publicado em português do Brasil

'Nós nos sentimos enganados': França ainda está furiosa depois que Austrália nega contrato de submarino de US $ 90 bilhões

'Talvez não sejamos amigos', lembra o embaixador, alegando que Scott Morrison 'nos manteve no escuro intencionalmente'

A raiva francesa com a decisão do governo de Morrison de descartar seu programa de submarinos de US $ 90 bilhões com a França continua a ferver, com o embaixador chamado de volta do país dizendo que se sentiu "enganado" pelo anúncio.

Jean-Pierre Thebault foi mandado de volta a Paris após o anúncio do Aukus , que fará com que a Austrália entre em uma “parceria permanente” estratégica com os EUA e o Reino Unido.

Parte do acordo ainda a ser determinado incluirá o compartilhamento de tecnologia de submarino com propulsão nuclear com a Austrália, levando o governo de Morrison a romper seu contrato existente com a França.

No domingo, Scott Morrison disse que seu governo informou ao presidente da França, Emmanuel Macron, que o acordo estava encerrado "por volta das 8h30" na noite anterior ao anúncio do acordo. Mas os detalhes já vazaram para a mídia e os franceses disseram que se sentiram “pegos de surpresa” com a decisão.

“Nós descobrimos através da imprensa que a pessoa mais importante deste governo australiano nos manteve no escuro intencionalmente até o último minuto”, disse Thebault à rádio ABC na segunda-feira. “Esta não é uma atitude correta australiana em relação à França. E talvez não sejamos amigos. ”

Campanha eleitoral alemã entra na reta final

# Publicado em português do Brasil

A uma semana da eleição para decidir a sucessão de Angela Merkel, sociais-democratas lideram as pesquisas. Conservadores e verdes apostam num terceiro e último debate na TV para convencer os 40% de indecisos.

A uma semana das eleições legislativas, os líderes dos três principais partidos alemães realizam seu último debate na TV neste domingo (19/09), na reta final da corrida para suceder a chanceler federal alemã, Angela Merkel.

Segundo as sondagens, o ministro das Finanças e vice-chanceler social-democrata, Olaf Scholz, venceu os dois debates anteriores, apresentando-se como um gestor calmo e experiente, qualidades essenciais para os alemães.

O conservador Armin Laschet, que seria considerado o herdeiro natural de Angela Merkel, por pertencer ao mesmo partido, tem sido combativo nesta reta final, após um início de campanha marcado por tropeços, que lhe custaram o favoritismo nas sondagens.

O impopular Laschet nunca conseguiu retomar a iniciativa. O bloco conservador, que inclui sua legenda, a União Democrata Cristã (CDU), e o partido irmão da CSU da Baviera, perdeu terreno e está posicionado em segundo nas pesquisas, com entre 20 e 22% da intenção de votos, contra 25 a 26% para o Partido Social-Democrata (SPD).

Os verdes e sua candidata, Annalena Baerbock – que inicialmente causou rebuliço, ao ser nomeada para liderar a sigla nas eleições em momento de alta do partido, mas cometeu vários erros atribuídos à sua inexperiência –, atualmente estão com 15 e 17%, valor que parece distanciá-la do sonho de chefiar o governo alemão. 

Os liberais do FDP e os ultradireitistas do AfD obtêm cerca de 11%, seguidos pelos socialistas do A Esquerda, com 6%.

O candidato liberal, Christian Lindner, voltou a definir seu partido como "o único que pode garantir uma política de centro". Em comícios, tem sublinhado que seu FDP poderá exercer uma "influência decisiva" no novo governo se conseguir na semana que ainda resta alcançar os verdes e tomar o terceiro lugar na corrida eleitoral.

Sem Merkel, a CDU está nua

# Publicado em português do Brasil

Quanto mais se aproximam as eleições, mais evidente fica o vazio que Merkel deixa para trás. Sem a chanceler, a CDU parece um partido de homens velhos com uma agenda política sem imaginação, escreve Astrid Prange*.

O que aconteceu com o partido de Angela Merkel? Desde a retirada anunciada da chanceler federal da política, a conservadora CDU tem sofrido um ataque de fraqueza após o outro. Será que Merkel não estaria deixando para trás só um país inteiro mas também seu próprio partido como órfãos?

Uma coisa é certa: o candidato conservador a chanceler Armin Laschet está desabando nas pesquisas de intenção de voto. Desde julho, ele e seu partido perderam dez pontos percentuais, caindo de 30% para 20%.

Mas a crise dos conservadores surpreende só na aparência. Porque quanto mais próximas estão as eleições parlamentares de 26 de setembro, mais claro será o vazio que Merkel deixa para trás. Sem uma mulher à frente, os democratas-cristãos parecem um grupo de senhores grisalhos que procuram manter o mundo de ontem.

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