O ex-secretário de Estado da Ordem Pública guineense, Alfredo Malu, disse esta sexta-feira, (28.01), que a sua saída do Governo está relacionada com a sua atuação no caso do avião retido no aeroporto de Bissau.
Após entregar o gabinete ao seu substituto, Augusto Kaby, nomeado na quinta-feira, (27.01), por decreto presidencial, Alfredo Malu, quadro sénior do Ministério do Interior, afirmou não ter dúvidas de que a sua saída do Governo "foi por causa do avião".
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, estiveram de costas voltadas nos últimos meses de 2021 por causa de um avião Airbus A340, que o Governo mandou reter no aeroporto de Bissau onde aterrou vindo da Gâmbia.
O primeiro-ministro começou por dizer que o aparelho tinha entrado no país de forma ilegal e que trazia a bordo carga suspeita, mas dias depois afirmou, perante os deputados no parlamento, que uma peritagem internacional, por si solicitada, concluiu que não era nada disso.
Nas suas declarações hoje aos jornalistas, o ex-secretário de Estado sublinhou que o Presidente da República considerou que foi da sua autoria a ordem de inspeção ao aparelho por parte de uma equipa de peritos norte-americanos.
Ordens do primeiro-ministro
Alfredo Malu disse que apenas se limitou a cumprir ordens do primeiro-ministro, garantindo a equipa de agentes de segurança que acompanhou o trabalho dos peritos.
"O Alfredo recebeu uma chamada do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, numa altura em que o ministro do Interior, Botche Candé, tinha mandado uma carta ao primeiro-ministro a informar que estava doente e ia ficar em casa por alguns dias”, disse o ex-governante, falando na terceira pessoa.
O ex-governante não acha correto que o chefe de Estado, ao tomar conhecimento do sucedido, não o tenha chamado para ouvir as suas explicações, preferindo, antes, convocar o ministro do Interior, que tutela a secretaria da Ordem Pública.
"Penso que o Presidente, quando o assunto lhe chegou às mãos, em vez de chamar o ministro do Interior (Botche Candé) que estava doente no dia em que os peritos entraram no avião, devia era ter-me chamado a mim, Alfredo Malu, para me perguntar sobre o que se tinha passado no aeroporto”, observou o ex-governante.
Esclarecer o assunto
Alfredo Malu sublinhou que não vai "compactuar” com aqueles que querem colocar em causa o seu nome e a sua reputação, de "quadro jovem que quer fazer o seu percurso no Estado com isenção e sem violência”
"Não podemos aceitar que se diga que o Alfredo saiu porque ele é que ordenou que os peritos entrassem no avião. Queremos esclarecer este assunto muito bem porque temos um percurso e pensamos que ninguém o pode beliscar”, observou Alfredo Malu.
O ex-governante não quer que se pense que está a falar porque foi exonerado de funções, mas pediu a todos os guineenses que trabalhem para construir a paz no país que disse estar "muito mal”.
"Sempre disse isso nas reuniões onde participei: O país entrou numa situação de colapso. Não é possível. É mau”, sublinhou Alfredo Malu, frisando ainda ter transmitido essa perceção ao primeiro-ministro e ao Presidente da República.
"Independentemente de ser polícia também cursamos administração. Ficamos várias horas na escola, por isso hoje podemos falar em qualquer parte”, defendeu Alfredo Malu.
Deutsche Welle | Lusa
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