Artur Queiroz*, Luanda
A confusão que anda no ar por
causa das esculturas que Angola ofereceu à depauperada França! Uns dizem que
estavam nos jardins da casa onde morava a embaixada de França
Uns dizem que Angola devolveu. Outros que Angola doou. As estatuetas vão de avião de Luanda para Paris. Não, nada disso, vão de carroça da Avenida Foch até ao Palácio de Versailles. Os franciús, sempre bonzinhos, vão colocar nos jardins de Angola uma réplica das esculturas. Que as metam no cou, no gorge ou mesmo no cu da Dona Pompadour.
Sabem o que é uma obra de arte? Tudo o que quiserem mas sempre original. Sem essa qualidade não há arte. O meu amigo Nadir Afonso dizia que além da originalidade, a obra de arte também deve ter harmonia. E ser aparentada com todas as formas da natureza. Réplicas? Nem de deuses! O sentido da arte é esse e mais nenhum.
Angola comprou um palacete em 1979. O preço que o Estado pagou incluiu seguramente as obras de arte jazentes no jardim. Os angolanos não roubaram nada a ninguém. Compraram e pagaram.
Na altura o ministro das Relações Exteriores era Paulo Jorge, homem de honra, moral revolucionária e de boas contas. Foram compradas muitas residências e prédios em todo o mundo para instalar as nossas embaixadas e os nossos diplomatas. Tudo era pago pronta e pontualmente. Em Portugal, algumas propriedades até foram compradas e pagas com dinheiro vivo.
Com o triunfo da Revolução Francesa, a monarquia ficou nas lonas e a nobreza começou a vender os anéis para salvar os dedos. Na época, havia sempre um bom burguês endinheirado pronto a salvar nobres na falência. As esculturas foram compradas pelo dono do palacete da Avenida Foch. Quem era dono, em 1979, vendeu a Angola o palacete e as esculturas. São nossas.
Vamos à versão mais louca. As esculturas estavam na embaixada de França em Luanda e em 1979 o Governo Angolano comprou as instalações vá lá saber-se porquê. Quem levou as esculturas para Angola? Eu cá não fui. O vendedor (Estado francês) fez seguramente um preço à propriedade que incluiu as obras de arte. Então Angola oferece as esculturas ao Estado francês por alma de quem?
Da submissão. Da sabujice. Da falta de respeito por todos os que foram bombardeados pelos aviões de guerra Mirage e outro material bélico de ponta, oferecidos pela França ao regime de apartheid.
A França fez tudo para acabar com Angola como estado livre e independente. E nós oferecemos esculturas aos sócios do regime de apartheid. Muito bem. Agora nos corredores do poder em Paris não vão faltar grunhidos do género: “aqueles angolanos são bons pretos! Mandem para Luanda umas caixas de champanhe mas do baratucho”.
Estou um nadinha inquieto. E também temos que devolver os minetes às copines? Não contem comigo. Os meus fazem parte da minha História Pessoal.
Eu não disse? O engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior, segundo a UNITA, foi recebido em Israel como um chefe de turma. Alto dignitário dos criminosos de guerra. Os amigos são para as ocasiões mesmo quando são assassinos e ladrões.
O Pacto de Varsóvia foi dissolvido. Ainda bem porque a Humanidade não precisa de blocos militares para nada. A NATO continuou, continua e está a expandir-se para os países que pertenciam ao Pacto de Varsóvia. Um estado inviável e falido, a Ucrânia, serve de pretexto para o cerco do bloco militar ocidental à Federação Russa. A TPA, atenta, veneranda e obrigada alinha na propaganda ocidental que suporta o avanço. Menos mal.
Grave é vermos pobres países ocidentais tão falidos como a Ucrânia, roncarem grosso contra a Federação Russa ainda que tenham um canhão encostado ao nariz. Uns quantos desgraçados que fabricam sardinha em lata ou t-shirts à moda de Taiwan, reproduzem em Lisboa as ameaças de Joe Biden. Esta das latas de sardinha é do meu amigo Nando do Marçal. Direitos de autor são reservados.
No circo do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) há sempre milhares de palhaços pobres, prontos a contracenar com o palhaço rico e prontos a morrer por ele. A decadência dos povos ocidentais mete pena. Vejam bem os franceses, até já disputam esculturas de jardim com Angola. Péssimo sinal.
Espero que à boleia das boas relações entre Paris e Luanda não sejamos obrigados a receber em Angola os milhões de refugiados da guerra que a NATO tanto deseja fazer com a Federação Russa. Por mim, podem vir mas são todos entregues ao Grupo Carrinho. Ou então ficam instalados na Jamba com o engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior como chefe do campo de concentração. Nada de abusos. E não me façam concorrência na área sexual.
* Jornalista
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