Insurgentes voltam em força para áreas de seu anterior domínio, pondo em causa a "limpeza" das forças conjuntas. Investigadores sugerem cuidado na avaliação da presença do Ruanda face à organização dos insurgentes.
A imprensa e plataformas de investigação noticiam que, a 2 de fevereiro, Matemo foi atacado por insurgentes; a 27 e 28 de janeiro atacaram Meluco e a 26, 18 e 15 de janeiro foi a vez de Macomia.
Os relatos são de assassinatos
por esquartejamento, sequestros de mulheres e crianças, saques e destruição.
São algumas das ações insurgentes que voltaram a ser o pão de cada dia
O académico Elísio Macamo lembra
que "houve uma altura em que dava para dizer que o Ruanda estava a ter
bons resultados
Mas hoje nascem dúvidas sobre o "brilho" de tais forças, no entender de Macamo: "Neste momento não sabemos como está a situação lá. Já há notícias a dar conta de insurgentes nas províncias vizinhas. Neste momento devemos ter cuidado em relação à forma como avaliamos a presença do Ruanda naquela região e conflito."
"A insurgência está bem organizada"
A insegurança volta a repelir a
população de locais recentemente recuperados pelas forças conjuntas,
sinalizando um recuo nas suas conquistas. Ao mesmo tempo, notícias recentes
indicam baixas entre os insurgentes, inclusive entre a sua liderança, bem como
a apreensão do seu material bélico. Entretanto, a especialista
"A insurgência está bem organizada, tem a sua própria estrutura e estão a apostar mais numa estratégia holística. Estamos para além da fase em que os assassinos andam de um lado para o outro a criar só confusão. Eles fixaram objetivos claros. Um deles é um sério sentimento anti-Governo", argumenta.
Institucionalização do EI
Além da tardia resposta musculada
dos insurgentes, paira sobre Moçambique o risco de ver o apoio militar
externo ser amputado paulatinamente - é que os membros da SADC andam de bolsos
vazios. Por exemplo, de acordo com a plataforma de pesquisa Cabo Ligado, o
Lesoto fez saber na última semana que poderá retirar as suas tropas da SAMIM
antes do fim da missão,
O Lesoto é o quarto maior contribuinte da SAMIM, com 11% dos soldados, para além de disponibilizar cinco aeronaves para operações.
A plataforma Cabo Ligado entende que a retirada do país da missão teria um impacto significativo para o distrito de Nangade, onde atuam ao lado das forças moçambicanas e tanzanianas.
É neste contexto de medição de
forças que o perigo se enraíza no norte de Moçambique, lembra Opperman:
"O Estado Islâmico [EI] vai além do oportunismo. Estamos a assistir
à sua institucionalização
Por exemplo, o ataque a Meluco, a 28 de janeiro, foi reivindicado pelo Estado Islâmico.
Nádia Issufo | Deutsche Welle
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