Octávio Serrano* | opinião
O facto de o PS ter ganho as eleições não tem grande mal; antes eles que pior! O que é mesmo mau é ter obtido a maioria absoluta! Ter garantido o poder quase absoluto, de “querer, poder e mandar”! E todos nós bem sabemos, pelas experiências anteriores que tivemos, o que quatro anos de poder absoluto podem fazer ao nosso país! Recordemos...
As duas maiorias absolutas do Cavaco Silva, que lhe permitiu governar o país como quis, entre 1987 e 1995; governos autistas, sob cuja sombra se instalaram muitos dos ladrões, que anos mais tarde foram bem ou mal julgados pela nossa justiça; lembremo-nos do renascimento dos grupos económicos, à custa de privatizações que defraudaram o Estado; e à custa de especulações bolsistas que delapidaram os patrimónios dos pequenos acionistas; grupos económicos que apesar de todas as proteções governativas, boa parte já desapareceu no meio de escândalos bancários; lembremo-nos das políticas de investimentos massivos em betão, que beneficiaram meia dúzia de grandes empresas; lembremo-nos do endividamento galopante do país ao exterior; lembremo-nos da destruição maciça de pequenas e médias empresas provocadas por uma entrada na Comunidade Europeia mal negociada e acautelada; lembremo-nos dos escândalos sucessivos, de que como exemplo recordo, o escândalo do sangue contaminado com alumínio na hemodiálise do Hospital de Évora; em que o ministro Arlindo de Carvalho só se demitiu, passados muitos meses, enquanto sucessivamente iam morrendo pessoas; o qual sempre contou com a conivência criminosa do primeiro ministro Cavaco Silva; no fim culparam o electricista! Foram oito anos de governo, em que não ouvia nem a sociedade civil, nem as oposições; que se permitiu dar cobertura a muita coisa, que não sucederia se esses governos não tivessem a tal maioria absoluta! Um desprezo total pelas oposições, pelas pessoas comuns e pelo país!
A maioria absoluta obtida por José Sócrates em 2005; que tão nefastas consequências trouxe a Portugal; de que resultou como consequência directa a intervenção política chantagista da Comunidade Europeia, com a intervenção da Troika, e a sua célebre e atabalhoada austeridade! Governo caracterizado por um despesismo absurdo, só justificável pela corrupção que alimentou; a qual conduziu a divida publica ao exterior, a níveis insustentáveis e o Estado para perto da bancarrota; e à chegada ao poder do primeiro ministro Passos Coelho, uma marioneta dos alemães, que sem contemplações fez os portugueses pagarem por tudo aquilo, para que nada contribuíram; e como se não bastasse a corrupção, ou para ocultar esta, estabeleceu o governo mais autocrático desde o 25 de Abril; pois procurou subjugar e censurar as estações de televisão e os jornalistas; tentou controlar as oposições através de pressões económicas e até policiais; um “quero, posso e mando” impositivo, que afectava até os próprios ministros do seu governo; e depois, como se não bastasse, tentou dominar o poder financeiro, de modo a que este financiasse a sua megalómania governativa, controlando directa e indirectamente as gestões bancárias; e não nos esqueçamos, das PPPs; que implicaram a criação de dividas ocultas, que o povo português ainda terá de pagar por muitos anos! E todos os interesses económicos que sob o seu governo prosperaram! Um regabofe!
Poderá o primeiro ministro António Costa, vir a chefiar um governo de quatro anos, mau para Portugal? Claro que poderá! Até porque, ao contrário do que vulgarmente se julga, há muita coisa num governo que um primeiro ministro delega e pouco controla; e o complexo do “quero, posso e ando”, pode-se tornar completamente transversal ao conjunto governativo!
Relativamente ao recente governo do António Costa! Lembremo-nos do ministro da “poluição”; o engenheiro João Pedro Matos Fernandes; um ministro mais interessado, em fazer “fretes” aos interesses do que em desenvolver políticas ecológicas e respeitosas do ambiente! O que realmente acontecerá se obter o poder absoluto?! Lembremo-nos de ministro Eduardo Cabrita, no ministério da Administração Interna! Das sucessivas “barracadas”, que o conduziram à insustentável situação, de ter tido forçosamente de se demitir! E que sempre contou com o beneplácito apoio do primeiro ministro! E a lei da rolha? Será que é agora que avança o nº 5 do artº 6º da salazarenta “Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital”?
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