terça-feira, 8 de março de 2022

A REPÚBLICA POPULAR QUE SE REAFIRMA EM MARIUPOL!

Martinho Júnior, Luanda

Em saudação à memória do Comandante Hugo Chavez, revolucionário imprescindível para toda a humanidade, que faleceu a 5 de Março de 2013 e foi decisivo para a construção da democracia, do socialismo e da resistência da Venezuela Bolivariana em pleno século XXI! – CÍRCULO 4F.

Escrevo no momento em que quase todo o território da República Popular de Lugansk foi libertado, faltam já muito poucas localidades agora sob cerco libertador (dentro em breve todo o território a leste do Dniepr estará libertado)!

… Em 1975, como combatente já com rasgados horizontes, com meus passos peregrinos integrei o colectivo de camaradas que garantiam a liberdade nos Dembos, a esmagadora maioria deles voluntários do MPLA, palmilhando colinas e vales, entre verdes abissais e vassouradas de tempestades tropicais, antecipando a Proclamação da Independência da República Popular de Angola!

Num movimento de Libertação, quando os combatentes da liberdade pisam o solo, sabem que estão a pisar um solo livre, na cadência dos seus próprios passos que são ânsia de futuro, de prosperidade e de paz, como se a atmosfera fosse iluminada dum alto facho levado sempre acesso, para nós o símbolo maior do MPLA!

Por incrível que possa parecer a quem não viveu uma saga como essa, a solidariedade era de tal ordem, que se esbatiam nas fileiras libertárias as origens de classe de fosse quem fosse e as missões, que se sucediam rapidamente umas às outras, eram uma autêntica simbiose da consciência revolucionária, eram uma gratificante expressão de unidade e coesão!

Foi um parto sangrento, difícil, entre o troar dos canhões, os estrondos dos combates, o odor a pólvora e as nuvens de fumo dos disparos e das explosões… testemunhei-o como combatente desde os movimentos, galgando trincheiras pela asa leste do sonoro campo de batalha de Quifangondo, a asa dos Dembos!

Gratificante foi sentir-me como vanguarda quando rompiam na direcção do inimigo nossas linhas da frente! 

Foi no actual município de Quibaxe, então recém-libertado das hordas da Operação Iafeature, a operação da CIA e de Kissinger contra Angola, que saudámos as primeiras horas do sonho popular!

Tinha nascido o ente mais querido de todos nós, os combatentes libertários da linha da frente: a República Popular de Angola e, quase coincidentemente, nascia meu segundo filho com a minha companheira de então, Teresa Cassule, que não arredou pé de Pango Aluquém!

Todos desses combatentes sobreviventes até nossos dias de 2022, os que de armas na mão e de combate em combate foram os parteiros da República Popular de Angola, se reveem à distância nas traumatizadas vias da autodeterminação das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk, os dois gémeos nascidos resistentes face à contrarrevolucionária Euro Maidan!

São gémeos fortes, irrigados de sangue operário próprio de uma das regiões mais industrializadas da Ucrânia e o Partido Comunista da República Popular de Donetsk foi o primeiro partido a surgir no Donbass, quando a Ucrânia baniu o Partido Comunista, na vã tentativa de eclipsar todos os comunistas!

Se em 1975 não fosse possível garantir Luanda livre das hordas que assaltavam Angola, que tinham tudo a ver com os neonazis que estendiam a “border war” do “apartheid” desde a frente sul na obcecada tentativa da sua tomada, nos Dembos teríamos iniciado imediatamente a resistência, como uma milícia de vanguarda próximo da capital decapitada, mas não se fez a vontade aos bárbaros e não foi preciso chegar a esse trauma!

Assim tem sido também com as Repúblicas Populares do Donbass: a área dos respectivos Oblasts (províncias da Ucrânia), é pelo menos duas vezes maior que o território para onde elas foram confinadas durante oito anos de resistência, a resistência dos que rejeitaram a contra revolução Euro Maidan, sob o troar ininterrupto dos canhões da sanha neonazi, bombardeando indiscriminadamente e procurando o genocídio a cada momento!...

O ariete da NATO ganhou com eles músculo humano alienado, forma, vigor e método, absorvendo as orientações do híbrido UE-NATO e em troca emitindo a russofobia de sua própria génese e contexto, a expressão neonazi dessa russofobia e a produção dum “apartheid” que continua a formatar as mentes de milhões na Europa ocupada pelo Pentágono, a ponto de “democraticamente” tentarem banir até com as armas dos Anonymus o que lhes é contrário e alternativo, esquecendo-se que os ventos não podem ser parados com as mãos! 

Fazendo parte dos 2/3 do território perdido nessas condições, está a localidade portuária e industrial de Mariupol, na berma do Mar de Azov, uma localidade de operários e pescadores que faz parte do Oblast de Donetsk, ocupada pelas botas dos neonazis batalhões Bandera agora componentes das 4 brigadas zombis da NATO e entre eles as botas do próprio batalhão Azov que ali implantou um dos seus comandos SS de combate, pois Mariupol é cidade e porto na bacia do Mar de Azov que lhe deu o nome! 

Os batalhões estavam já transformados e com prontidão própria de forças especiais nas 4 brigadas que constituiriam o ariete da UE-NATO na guerra de agressão contra a Rússia que começou a ser neutralizada em finais de fevereiro de 2022 por via dum amplo movimento solidário e libertador dos povos russo e ucraniano e sua juventude nas forças armadas dispostas em impetuosos movimentos de libertação!

Tudo, radicalmente tudo, foi instigado pelo império do “hegemon” unipolar, doutrina a doutrina, conceito a conceito, pé ante pé e particularmente segundo a cartilha do “filósofo” Leo Strauss: a expansão da NATO para o leste até às fronteiras da Rússia, as “revoluções coloridas” que na Ucrânia desembocaram na Euro Maidan, a gestação da russofobia e da ideologia neonazi inspirada em Stepam Bandera, a prática de conspiração que “elevou” a Ucrânia, com o judeu Zelenski, ao patamar duma “força especial” de assalto que se preparava para, num, gigantesco tumulto em jeito de “apartheid”, retalhar ou destroçar por completo a Rússia, já que ela “teimosamente” não acompanhou a implosão da União Soviética, nem sucumbiu no Cáucaso, na Chechénia! 

As 4 brigadas receberam a mesma tipologia de treino fornecido pelo “hegemon” unipolar aos terroristas do Médio Oriente Alargado: bombardear sempre os civis e, na manobra defensiva, utilizá-los nas cidades onde polvilham a instalação de suas armas e canhões, de forma a mantê-los reféns e ao mesmo tempo escudos, sem qualquer discriminação

O microcosmo das duas Repúblicas Populares gémeas do Donbass conectou-se a esse processo maior, identificando-se, até por razões de sobrevivência, cada vez mais com a necessidade premente de defesa da Federação Russa sob assalto do híbrido UE-NATO desde a plataforma da golpeada Ucrânia, que teve um primeiro episódio de resposta com a integração da Crimeia!

O segundo episódio de resposta foi, oito anos depois da proclamação, oito anos de genocídio, o reconhecimento pela Rússia das Repúblicas Populares gémeas, esgotadas todas as espectativas de saudáveis negociações ao abrigo do Acordo de Minsk e quando a inteligência popular e russa identificavam os planos nucleares, missilísticos e de agressão biológica que iriam ser desencadeados a partir de finais do mês transacto, Fevereiro de 2022, num crescendo de hostilidades e já com as 4 brigadas Bandera disponíveis na sua máxima força!

As brigadas Bandera, concentradas desde o tempo dos batalhões no leste da Ucrânia e com parte muito activa na genocida agressão contra as Repúblicas Populares proclamadas após o golpe contrarrevolucionário de Euro Maidan, foram ainda mais estimuladas pelo híbrido UE-NATO ao serviço do “hegemon” unipolar, com a chegada da administração de Joe Biden ao poder nos Estados Unidos!

Por via do seu filho, Hunter Biden, o próprio Joe está também “em privado” por dentro do monstro que se criou desde a Euro Maidan e é nele directa parte interessada!...

Interessou-lhe o genocídio ainda em curso no leste da Ucrânia, interessa-lhe que as brigadas Bandera ocupem as cidades e tomem a população civil como escudo e refém e interessou-se sobretudo em ter participado activamente na transformação da Ucrânia numa venenosa plataforma de extensão da NATO a leste, a fim de invadir e fazer a guerra dentro da própria Rússia!

No dia em que Mariupol for libertada, a mudança de paradigma demonstra que está consumada, por que esse é o dia do início da irrevogável libertação de toda a Europa, o dia em que essa libertação terá seu início!

Há que imediatamente retirar da Europa todas as forças e ogivas nucleares ao dispor do Pentágono e em armazém nas suas bases, prontas a distribuir pelos quatro cantos do híbrido UE-NATO!

Sabemo-lo aqui de Angola ainda que tenha sido banida a República Popular no 31 de Maio de 1991 em Bicesse, por que pela experiência das Repúblicas Populares do Donbass, também passaram os angolanos entre 1992 e 2002, quando as cidades foram bombardeadas pelas hordas do Bandera que foi Savimbi, de que Mário Soares foi par, o par entre agentes dos Contos Proibidos na mais bárbara expressão, reparem: utilizando também armas de origem ucraniana, tal como os do “batalhão Azov”, tal como os das brigadas Stepan Pandera!

Pela libertação da Europa, pela libertação multilateral de toda a humanidade, a luta continua!

Martinho Júnior, Luanda

Na imagem: Joe Biden não é um Straussiano, mas faz negócios com eles desde há uns quinze anos. Aqui com Anthony Blinken. -https://www.voltairenet.org/article215860.html

Textos de suporte a consultar:

. Stepan Bandera – https://en.wikipedia.org/wiki/Stepan_Banderahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Stepan_Bandera;

. Sobre Leo Strauss – https://oinsurgente.org/2014/06/20/sobre-leo-strauss/;

. Leo Strauss - https://en.wikipedia.org/wiki/Leo_Strauss;

. A Rússia declara guerra aos straussianos – https://www.voltairenet.org/article215860.html;

. Um bando de drogados e neonazis – https://www.voltairenet.org/article215861.html

. Contos Proibidos – https://aventar.eu/2010/12/19/contos-proibidos-o-ficheiro/; https://aventar.eu/wp-content/uploads/2010/12/livro_contos_proibidos.pdf

. Fowler Report – https://archive.globalpolicy.org/component/content/article/202-sanctions/41606-final-report-of-the-un-panel-of-experts.html

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