domingo, 13 de março de 2022

Angola | ANTES E DEPOIS DAS ELEIÇÕES DE AGOSTO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior está no estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) conspirando ataques contra Angola ou a receber treino de armas químicas e biológicas. O criminoso de guerra amnistiado Abílio Camalata Numa está a caminho de Kiev para dar lições de nazismo aos nazis mal formados. Paulo Lukamba Gato aproveita para tomar conta da seita UNITA e já se prepara para seguir o exemplo da Igreja Universal do Reino de Deus: Quem é savimbista está salvo. Os outros vão para a Ucrânia. Os russos que tratem deles.

E depois das eleições de Agosto? Esta interrogação precisa de resposta directa, substantiva e indubitável. A filha da minha amiga Anália e do meu amigo Manolo vai viver com o Zelensky, servo do povo e palhaço do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Ainda não está definida a sua função, mas entre o pessoal menor há vaga para limpeza da mansão onde o cómico vai gozar os rendimentos. Para já é o que se arranja. Na primeira oportunidade é promovida a engraxadora dos sapatos do grande herói do ocidente. Calma, Alexandra Simeão! Um dia vais pertencer à fina flor do entulho. 

E depois das eleições de Agosto? O Gustavo Costa faz o pino, um flic fac à retaguarda e volta a mamar no Orçamento Geral do Estado. Começa por jurar que foi sempre simpatizante, amigo e militante dos vencedores do acto eleitoral. Depois vai para a bicha dos dólares. A guerra da Ucrânia, entretanto, lança o Pinto Balsemão na falência definitiva e o antigo magnata da imprensa já não precisa de escribas que inventem material sobre Angola.

Depois das eleições de Agosto oi Vítor Ramalho entrega o tacho das cidades capitais de língua portuguesa e vai dirigir a rede de cidades arruinadas da Ucrânia. Pago em kwachas mas tem que ir receber a Lusaka.

Depois das eleições de Agosto o Filomeno Vieira Lopes volta aos velhos tempos de maoista, deita fora a gravata, mete uma faca na boca e vai para as ruas de Luanda dizer que somos todos burgueses. Cuidado! Ele é perigoso. Já ajoelhou aos pés do Savimbi, depois esquinou-se com o engenheiro à civil Adalberto e é bem capaz de abraçar a prostituição para nos enganar. É assim que começam os grandes políticos do Bloco Democrático, dirigentes do futuro. Peritos em felácio homem a homem. Boa sorte.

No dia seguinte às eleições de Agosto o João Soares fecha a loja dos diamantes de sangue. A mãe do António Costa pede uma vaga ao Filomeno Vieira Lopes no Bloco Democrático, a Francisca Van-Dúnem renuncia à nacionalidade portuguesa e pede asilo político à Ucrânia. Já meteu uma cunha à senhora embaixadora daquele país em Lisboa. 

E eu? As eleições ainda estão longe. Fui à embaixada da Ucrânia em Lisboa pedir para ser refugiado ucraniano. Está a fazer-me jeito algum dinheiro, trabalho e comida de borla. Ela olhou-me fixamente, estendeu o braço direito e exclamou:

- Heil Zelinsky!

Eu levantei o braço esquerdo, cerrei o punho e berrei:

- Viva o comunismo e a liberdade!

Dois calmeirões mesmo muito grandes apareceram subitamente, agarraram-me pelos sovacos e atiraram-me para a rua! Não sou de desistir à primeira. Fui ao Zé das Medalhas, chefe da câmara municipal de Lisboa e pedi-lhe encarecidamente que me desse as prebendas de refugiado ucraniano. Ele olhou-me fixamente, estendeu o braço direito e disfarçando o sotaque alentejano gritou:

- Heil Zelensky!

Eu pensei, pensei, pensei. Em vez de erguer o braço e cerrar o punho, fiquei com os braços caídos e sussurrei:

- Eu cá sou anti nazi. 

Dois calmeirões muito grandes pegaram-me pelos sovacos e atiraram-me para a rua. Tudo à bruta. Eles são sempre assim, fortes comos fracos e serventes dos fortes. Não sou de desistir, nunca! Fui ter com o Babuch, também conhecido por primeiro-ministro chupista, e ele recebeu-me muito despachado, de braço estendido:

- Heil Biden, Macron, Scholz!

Fui aos arames. Ergui o braço, cerrei o punho e berrei:

- Viva Marx! Viva Lenine! Viva Agostinho Neto!

Nem tive tempo para pedir o estatuto privilegiado de refugiado ucraniano. Dois gigantones agarraram-me pelos sovacos e atiraram-me para a rua. Muito à bruta.

Jamais desisti dos meus objectivos. Fui ter com o Tio Celito. Ele estava a fazer um despacho para a Ucrânia. Levantou os olhos da papelada e vi que tem cara de lagarto enjoado. Com aquele defeito de dicção engraçadíssimo, empastelando palavras entre os dentes e os lábios, estendeu o braço direito e disse entusiasmado:

- Heil Marcelo Caetano!

Eu sou temente aos chefes e dadas as circunstâncias fiquei de braços caídos. Mas pronunciando bem as sílabas respondi:

- Eu sou pelo Otelo Saraiva de Carvalho. Mas gostava muito de receber as mordomias dos refugiados ucranianos. Quero ser refugiado da Ucrânia.

Ele fez um gesto com os dedos. Do fundo da sala avançaram dois calmeirões mesmo muito grandes e atiraram-me para a rua. Assim falhei o meu objectivo. Nunca na minha vida tive um tacho. Agora que parecia fácil agarrar um pelos cornos, ninguém me quer como refugiado ucraniano. Que se lixe. No dia seguinte às eleições de Agosto vou pedir para me darem o estatuto de vítima do imperialismo. 

*Jornalista

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