quinta-feira, 2 de junho de 2022

Angola | UMA MULHER NA CORRIDA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

'Bela' Malaquias é a líder do Partido Humanista Angolano, uma nova força política no país. Pretende candidatar-se à Presidência da República e pede ensino gratuito de qualidade para todos: "É uma questão de querer".

O foco do Partido Humanista Angolano (PHA) são os setores da saúde e educação. A líder do partido, Florbela Malaquias ('Bela' Malaquias), disse esta segunda-feira (30.05) que o país tem condições de garantir ensino gratuito de qualidade a todos.

"Não é impossível, nem é difícil. É uma questão de querer. Se o Governo quiser, não nos faltam recursos", afirmou a advogada e ex-militante da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que almeja ser eleita como Presidente da República.

O PHA foi legalizado no sábado passado, 28 de maio, dias depois de o Tribunal Constitucional reconhecer o Partido Nacionalista para Justiça em Angola (P-NJANGO) de 'Dinho' Chingunji, outro antigo membro do "Galo Negro". 

Com o lema "humanizar Angola", o PHA diz que já está pronto para as eleições gerais de agosto e descarta a possibilidade de uma coligação com outros partidos. 

"A alternância política não é sinónimo de coligação", diz 'Bela' Malaquias.

Um sinal do multipartidarismo

O PHA é o décimo terceiro partido que poderá concorrer às eleições de agosto. No país, o surgimento de novos partidos em véspera de escrutínios costuma ser apontado como uma "estratégia" para tentar dispersar os votos. Mas 'Bela Malaquias' tem uma opinião contrária. Para a dirigente do PHA, trata-se de um sinal positivo do multipartidarismo.

"É óbvio que, quando são 13 ou 20 partidos a concorrer, os votos vão para 13 ou 20 entidades. O antónimo de dispersão é concentração. Quem não quer dispersar votos, quer monopartidarismo. Os votos são mesmo para atribuir aos partidos que concorrem às eleições."

Florbela Malaquias diz que, agora que estão legalizados, os humanistas estão preparados para executarem uma "boa" campanha eleitoral. Nos próximos dias, deverão começar já com a pré-campanha. A presidente do PHA conta, para isso, com as representações do partido nas 18 províncias do país.

"Estamos em todas as províncias e as pessoas nos conhecem. Vamos intensificar esse nosso modus operandi para continuar a expandir o nosso nome", afirma Malaquias.

A também antiga jornalista da Voz da Resistência do Galo Negro (VORGAN), antiga emissora da UNITA, foi militar das FALA, braço armado do maior partido na oposição, durante a guerra civil.

A comissão instaladora do Partido Humanista Angolano foi criada em novembro de 2020.

A dirigente dos humanistas é autora do polémico livro "Heroínas da Dignidade", onde relata as suas memórias e experiências vividas na Jamba, antigo quartel-general do partido fundado por Jonas Savimbi, que descreve como um tirano e assassino.

Borralho Ndomba (Luanda) | Deutsche Welle

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