quarta-feira, 6 de julho de 2022

Angola | RECONHECIMENTO E GRATIDÃO -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A construção de um país é permanente ao longo da sua existência e envolve todas as gerações. Hoje estamos a construir a Angola dos nossos filhos ao mesmo tempo que mantemos vivo o presente, para que a felicidade entre em casa de cada angolano, seja rico ou pobre. A riqueza que criamos paga as nossas contas mas garante às futuras gerações um país mais justo e solidário. Amanhã os nossos filhos fazem o mesmo pelas suas famílias e de geração em geração vamos melhorando as nossas vidas.

O país que hoje temos foi construído por milhões de angolanos durante séculos. Nesta corrente patriótica existe um elo muito importante: A geração dos que nos anos 50 ousaram sonhar uma Angola livre e independente. São aqueles que enfrentaram mil perigos, os campos de concentração e as masmorras, a mais selvática repressão. Os que fizeram frente ao colonialismo, sempre apoiado pelas grandes potências ocidentais e particularmente pela OTAN, já que Portugal é um Estado membro daquele bloco militar ofensivo, agressivo e profundamente reaccionário. 

Angola teve sempre na juventude a sua grande riqueza. Por isso o Povo Angolano hoje é livre e independente. Milhares de jovens ousaram fazer a guerra de guerrilhas para escorraçar os ocupantes e conquistar a liberdade. Sucessivas gerações foram obrigadas a consentir imensos sacrifícios para que Angola acedesse à Independência Nacional. Mas foi preciso ir ainda mais além e defender a soberania. Até que em 4 de Abril de 2002 chegou finalmente a paz. Tinha caído o pano sobre décadas de guerra, dor e luto.

A guerra, em todas as suas fases, foi imposta por forças estrangeiras, com o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) ao comando. Não, nunca houve guerra civil em Angola. Foi mesmo uma guerra de agressão estrangeira. E a UNITA participou de armas na mão, contra o Povo Angolano. Primeiro, ao lado dos colonialistas, para impedir a Independência Nacional. Depois ao lado dos racistas sul-africanos, para destruir a soberania nacional. Em qualquer versão, o Galo Negro nunca hesitou em disparar contra o Povo Angolano. Grande parte dos nossos mortos foi da responsabilidade de Jonas Savimbi e seus sicários.

A paz é tão suave, que poucos se dão conta que já tem 20 anos. O maior troféu daqueles que tudo sacrificaram para hoje vivermos em paz, é termos uma geração que não sabe o que significa a guerra. Milhões de adolescentes e jovens angolanos nunca viram os deslocados que se refugiavam em Luanda e noutras cidades onde a guerra tinha ficado à porta. Temos uma geração que nunca ouviu troar os canhões. 

Milhões de adolescentes e jovens angolanos não conheceram a penúria de bens alimentares, nunca ficaram à porta da sua escola destruída, não sofreram com a doença sem ninguém que lhes aliviasse o sofrimento ou sem medicamentos que os curassem. Nunca fugiram das suas casas e das suas terras, escorraçados por soldados armados sem bandeira nem pátria. Temos hoje milhões de adolescentes e jovens que não viram morrer ao seu lado, familiares e amigos. Esta vitória estrondosa não entra nas estatísticas dos ganhos da paz. Mas ela existe.

A paz que hoje temos tem mais de 20 anos. Para os ociosos, já foi há muito tempo. Para os que nunca viraram a cara à luta, foi há instantes. Os que não conseguem ver os ganhos da paz, 20 anos ou 20 horas é igual. Angola só está no bom caminho quando virem satisfeitas as suas ambições, sem que façam nada por isso. Mas os ganhos são tantos, as mudanças são tão grandes que é difícil enumerá-las todas.

Não vou cansar os leitores com números. Há vitórias que não se medem assim. Em 20 anos a esperança de vida aumentou em Angola como nunca antes tinha aumentado em qualquer parte do mundo. A vida não tem preço, nem para os que vivem do parasitismo e de expedientes políticos mais ou menos habilidosos. Quem ainda não viu os benefícios da paz, tem no aumento da esperança de vida um exemplo indesmentível.

Em 20 anos de paz, a mortalidade materna e infantil caiu muito. Os especialistas acham que estamos perante um caso de estudo. Uma criança que nasce, uma só, é a maior riqueza de Angola. É a maior riqueza de cada um de nós. E todos temos o dever de fazer com que essa riqueza se valorize. Cada criança que nos mais de 20 anos de paz ficou viva, está viva, pode vir a ser cientista, líder de excepção, artista que cria maravilhas, uma ou um pensador que encontra o caminho eterno da felicidade humana. Uma mãe que gera e educa um Cristo redentor. 

Houve tempo em que tínhamos escolas sem professores ou professores com escolas em escombros. Hoje temos escolas modernas e confortáveis. Milhares de professores que por essa imensa Angola educam e instroem a nossa maior riqueza: As crianças. Ainda falta fazer tanto na área da Educação! Está a ser feito. Malembe malembe. Com segurança. Sem atropelos. 

Hoje os angolanos não morrem à porta de hospitais destruídos ou por falta de médicos e medicamentos. Angola nunca teve tantos técnicos de saúde. Em momento algum da nossa História existiram tantas unidades de saúde. 

No mundo desenvolvido os governos constroem casas e bairros sociais. Nos 20 anos de paz estamos a construir grandes cidades. As Centralidades que nascem por todo o país, só por si, eram suficientes para dizermos que todos os anos de paz valeram a pena. 

Mas ainda temos a registar o aprofundamento da democracia, o crescimento económico apesar da crise internacional e da COVI19, os milhares de postos de trabalho criados. Os caminhos da paz correspondem a estabilidade política e social em liberdade. Os ganhos são de todos. Mas quem abriu esses caminhos, quem lutou até ao último alento pela paz e a soberania nacional foi o MPLA. Por isso, tem a gratidão dos angolanos, como se vê em cada acto eleitoral. Como vamos ver no dia 24 de Agosto. O MPLA é a bandeira que desfraldamos no coração. Sempre.

*Jornalista

Sem comentários:

Mais lidas da semana