A cerimónia fúnebre será marcada por honras militares, música lírica, leitura de mensagens, nomeadamente do Estado angolano, da família, do MPLA, da Fundação José Eduardo dos Santos (FESA) e a leitura do elogio fúnebre
O funeral de Estado do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, falecido no dia oito de Julho, em Barcelona, Reino de Espanha, acontece, hoje, a partir das 8h00, na Praça da República, em Luanda, com a presença de mais de oito Chefes de Estado e de Governo de vários países.
De acordo com o programa das exéquias, a cerimónia, que acontece no dia do seu aniversário (28 de Agosto) vai começar com a chegada, ao local, onde a urna já se encontra desde ontem, da Comissão Multissectorial para a Organização das Exéquias, de membros do Secretariado do Bureau Político do MPLA, Executivo, do Procurador Geral da República, de órgãos de soberania e da família.
Devem chegar, igualmente, os Chefes de Estado e de Governo estrangeiros ou seus representantes, corpo diplomático acreditado em Angola e, por fim, o Presidente da República, João Lourenço, que, de acordo com o roteiro, far-se-á acompanhar da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço.
Ao todo, são aguardados um total de 21 delegações estrangeiras, representadas ao mais alto nível. Constam, entre elas, delegações da Tanzânia, Cuba, República Árabe Saaraui Democrática, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, Zimbabwe, Portugal, Rwanda, Guiné Equatorial, Gabão, República Argelina Democrática e Popular e Namíbia. Engrossam ainda essa lista delegações de Timor Leste, República Democrática do Congo (RDC), República do Congo, África do Sul e República da Zâmbia.
O Jornal de Angola sabe que as delegações internacionais chegaram ontem ao país para participar das exéquias de José Eduardo dos Santos, que completaria, hoje, 80 anos. É o caso, por exemplo, do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que chegou na manhã de ontem.
De acordo com o programa, devem ainda marcar presença nas exéquias o Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, de Cabo Verde, José Maria Neves, de Moçambique, Filipe Nyusi, da Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embaló, do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, da RDC, Félix Tshisekedi, do Congo, Denis Sassou Nguesso e da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Deste leque, constam, igualmente, o antigo Presidente da Tanzânia, Jaka Kikwete, de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, e da Namíbia, Sam Nujoma.
O porta-voz das exéquias, o ministro da Administração do Território, Marcy Lopes, disse estar reservado, para hoje, honras militares, música lírica, leitura de mensagens, nomeadamente do Estado angolano, da família, do MPLA, da Fundação José Eduardo dos Santos (FESA) e a leitura do elogio fúnebre.
Acrescentou que estão previstas, ainda, a realização de um culto ecuménico, com cerca de 20 minutos, e música, com dois grupos corais, das Igrejas Católica e Metodista. "Haverá, de seguida, deposição de coroa de flores por parte do Presidente da República, João Lourenço, e cumprimentos à família”, realçou o ministro.
Deposição da urna no jazigo
O ministro Marcy Lopes deu a conhecer que, depois deste momento, vai dar-se, então, início à cerimónia para a colocação da urna no jazigo, uma cerimónia que será restrita aos familiares de José Eduardo dos Santos, ao Presidente da República, à Primeira-Dama, aos órgãos de soberania, à Comissão Multissectorial, ao Secretariado do Bureau Político do MPLA e aos membros do Conselho de Honra do MPLA.
O porta-voz da Comissão Multissectorial das Exéquias referiu que este momento será marcado por 21 salvas de canhão, um ritual que remonta ao final da Idade Média, sobrevoo honorífico de aeronaves da Força Aérea Nacional e manobras de embarcações da Marinha de Guerra Angolana, na Baía da Chicala.
Homenagem pública a Dos Santos marcada por momentos de comoção
A homenagem pública realizada, ontem, ao antigo Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, na Praça da República, foi marcada por momentos de comoção. Muita gente presente no local, sobretudo aquela que mais privou com o ex-estadista, não conseguiu se conter ante a presença da urna.
A Praça da República foi "inundada" por fortes sentimentos de comoção. Vários cidadãos anónimos, provenientes de várias partes da cidade, deslocaram-se ao local para prestar a última homenagem ao ex-Presidente da República. Tudo começou com a realização do cortejo fúnebre que transportou o corpo da sua residência, no bairro Miramar, para a Praça da República.
Eram sete horas da manhã, quando as 21 motorizadas, pertencentes ao Departamento de Trânsito e Segurança Rodoviária para Grandes Eventos da Polícia Nacional, perfilaram-se à escassos metros da residência do ex-estadista angolano, seguidas de 17 viaturas militares, transportando, nas carroçarias, tropas dos diferentes ramos das Forças Armadas Angolanas (FAA) e agentes da Polícia Nacional, empunhando, cada um, uma arma. A seguir, chegaram, também, dois carros fúnebres, que entraram, logo, para o quintal da residência, cujo portão só abria quando necessário.
Era o prenúncio de que o cortejo fúnebre, que devia seguir com o corpo do ex-Presidente, estava para iniciar o trajecto rumo à Praça da República. Enquanto isso, fora da residência, o número de órgãos de comunicação social crescia minuto a minuto, com destaque para os serviços estrangeiros de informação , que cobriram as quintas Eleições Gerais. Quando menos se esperava, por volta das 8h00, o portão começou a abrir, lentamente, saindo do interior da residência o carro fúnebre, com a urna envolta à bandeira nacional, ladeado por alguns membros da família, visivelmente inconsolados. Iniciava o cortejo...
Da casa do ex-Presidente da República, passando pelo antigo Largo do Kinaxixi, até ao Largo do Ambiente, ainda se podia contar o número de pessoas perfiladas ao longo deste percurso, que acenavam, uns com lenços brancos, para o cortejo. Mas, deste ponto até ao destino, já era impossível contar o número de pessoas presentes. Depois de alcançar a Avenida da Marginal, o cortejo foi recebido por uma imensidão de gente, entre homens e mulheres de várias idades que, aos prantos, entoavam o "Angola Avante", Hino Nacional. Mais à frente, outros cantavam canções sentimentais.
A manifestação de carinho pelo ex-Presidente subiu de tom quando o cortejo fúnebre atingiu a zona da Chicala. Aqui, um grupo de cidadãos, completamente inconsolados, decidiu seguir o cortejo a pé, até à Praça da República, onde o corpo era aguardado pelos membros da Comissão Multissectorial para as Exéquias. Após a retirada do carro fúnebre, a urna foi transportada, com honras militares, até à base que se encontra na tenda montada para a realização da cerimónia, por um grupo de oficiais superiores.
Depois deste momento, seguiram-se às homenagens a José Eduardo dos Santos, seguida da saudação à família, encabeçada pela ex-Primeira-Dama da República, Ana Paula dos Santos, e filhos. Os primeiros a render homenagem ao ex-estadista angolano foram os membros da Comissão Multissectorial, acompanhados pelos órgãos de Defesa e Segurança, tendo sido finalizado por cidadãos anónimos.
O corpo de José Eduardo dos
Santos chegou a Luanda, proveniente de Barcelona, no dia 20 deste mês. José
Eduardo dos Santos, que governou o país de
César Esteves | Jornal de Angola
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