Artur Queiroz*, Luanda
Angola registou no mês de Agosto uma taxa de inflação na ordem dos 19,7 por cento. No período homólogo de 2021 estava em 30 por cento. Menos dez pontos. De números sei nada ou quase nada. Mas esta redução deve significar, no mínimo, que a equipa económica do Executivo trabalhou bem. Se estou enganado, podem pôr-me umas orelhas de burro porque é a única parte do corpo que me falta para ser um asno total. O Citigroup acaba de publicar um relatório onde avisa que a Inflação no Reino Unido pode chegar aos 18,6 por cento este ano. Como Angola!
O ministro Manuel Nunes Júnior revelou que a dívida pública, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), tem estado a diminuir: “Caiu de 128,7 por cento do PIB em 2020 para 82,1 por cento em 2021. E no primeiro trimestre de 2022 baixou para 66 por cento”. A dívida pública dos EUA em 31 de Janeiro deste ano EUA era de 30,01 triliões de dólares, segundo dados do Departamento do Tesouro. A dívida em relação ao PIB é de 126.7 por cento. Reino Unido 103 por cento.
Na Zona Euro a inflação atingiu os 8,9 por cento. O panorama das dívidas públicas em relação ao PIB é este: Grécia (207,2%), Itália (156,3%), Portugal (135,4%), Espanha (122,8%), França (114,6%), Bélgica (113,7%) e Chipre (112,0%). Hoje a taxa de inflação no Reino Unido passou os 10 por cento, a mais elevada em 40 anos. Se os números de Angola não valem nada, se não mostram trabalho e competência do Executivo, concedo que sou burro das orelhas aos cascos. Excepto o aparelho sexual.
O ministro que coordena a equipa económica, Manuel Nunes Júnior, anunciou que “o saldo da conta corrente da balança de pagamentos tem sido sistematicamente positivo. Isto significa que o influxo de moeda externa tem sido superior à saída destes recursos do país. Garante a estabilidade das Reservas Internacionais Líquidas de Angola”. Estes números não podem ser martelados. Nem interessa a ninguém. Pode não significar mais nada, mas significa de certeza que Angola não está muito longe das “potências” mundiais no que diz respeito ao desempenho da economia.
João Lourenço tomou posse em 2017 e menos de três meses depois, Rafael Marques deu uma entrevista ao jornal português Expresso onde fez afirmações ofensivas e injuriosas sobre o Presidente da República. Desferiu ataques contra a sua vida privada e pessoal. Lançou suspeitas sobre ele e sua esposa. Disse que o governo estava cheio de corruptos e incompetentes.
A parte que mais me chocou, como jornalista, foi o condecorado ter dito que João Lourenço casou por conveniência, já que a esposa é uma pessoa polida e educada e o Presidente da República um casca grossa. Algum tempo depois o insultador foi condecorado pelo insultado. E em editorial, o Jornal de Angola afirmou que Rafael Marques é um exemplo para os jovens jornalistas.
Na época escrevi um texto onde enumerava os vários crimes por abuso de liberdade de imprensa cometidos pelo condecorado. Pedi à direcção do jornal para publicar a minha peça mas ela foi para o lixo. O dinheiro acabou, a boa vida sem fazer nada está a dar o berro e Rafael Marques repete a dose, desta vez na Deutsch Welle (DW), órgão oficial da UNITA que carrega nos “erres” e tem um Hitler como estatuto editorial.
Rafael Marques, o condecorado de João Lourenço diz isto: “Por mais justificações que o Presidente possa dar, é um Governo francamente péssimo. E é fundamental que se quiser ter um mandato em que possa merecer algum respeito, alguma atenção e diferencia dos cidadãos, precisa recolher-se, refletir e socorrer-se, ancorar-se na sabedoria, em bons conselhos”. Desta vez os membros do Executivo não são corruptos, são apenas péssimos. Mas venha daí o kumbu porque o condecorado, do alto da sua sabedoria de lombriga, está pronto a vender bons conselhos.
O condecorado volta à carga: "Se nós temos a certeza que este Governo de repetentes é muito mau, sobretudo a equipa económica, então devemos nos organizar com ideias, com instrumentos críticos de pressão, para que tenhamos uma outra equipa económica, para que tenhamos governantes que apostem no saber e não na incompetência como forma de encapotar a nova captura do Estado em Angola”.
A equipa económica do Executivo já foi atacada por vários inteligentes que querem atrombar aos cofres públicos. Uns são indigentes mentais e nem merecem ser citados. Outros falam pela extremidade intestinal. Pela boca apenas enchem a pança e arrotam opiniões malcheirosas. Os números tornados públicos pelo ministro Manuel Nunes Júnior nada valem. O próprio ministro balança entre o mau e o péssimo. Estes apêndices da UNITA só não perderam a cabaça porque não têm essa parte do corpo para perder.
A única moeda no mundo que está cada vez mais forte é o dólar. A libra esterlina caiu para níveis de há 50 anos. O euro nem se fala. Um gringo que em Junho fosse ao banco comprar euros, por cada euro, pagava um dólar e 20 cêntimos. Hoje ainda recebe troco de cinco cêntimos. Uma queda abissal. O iene está nas ruas da amargura. As coroas dos nórdicos rastejam. Façam contas e depois digam quem está a ganhar com a guerra na Ucrânia. E se olharem para o panorama político, a situação é ainda mais inquietante. A extrema-direita ganha eleições em tudo quanto é sítio. Ganhou na Suécia, a fortaleza da social-democracia! Em Itália tem maioria absoluta e vai governar.
O Tio Célito, de férias nos EUA, quando lhe pediram um comentário à vitória da extrema-direita italiana nas eleições, respondeu muito despachado: “O povo tem sempre razão”. Isso mesmo. O povo alemão votou em massa no partido nazi e fez de Hitler o chanceler. Teve razão! Extermínio de judeus, comunistas, minorias étnicas e pessoas portadoras de deficiências físicas ou mentais. Ocupação de vários países, inclusive a potente França. Milhões de mortos da II Guerra Mundial. A Europa devastada. Claro que o povo tem sempre razão!
A extrema-direita mundial tem várias faces e casacos. Vai da menina Georgia ao Adalberto da Costa Júnior. Veste pele de cordeiro à tio Celito até à faca nos dentes e arma nas mãos dos sicários da UNITA. Espero que a direcção do MPLA lute para que Angola não caia neste pântano de banditismo político.
*Jornalista
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