terça-feira, 1 de março de 2022

Ucrânia pune cruelmente moradores indianos por neutralidade de seu governo

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | One Word

Ninguém em Nova Délhi poderia imaginar que seus cidadãos na Ucrânia seriam essencialmente mantidos como reféns por esse estado e até torturados na fronteira. Essas violações dos direitos humanos estão recebendo muito pouca cobertura entre a mídia ocidental, a fim de evitar adicionar credibilidade à descrição da Rússia desse estado como fascista.

O Ocidente liderado pelos EUA é hipocritamente silencioso sobre as últimas violações de direitos humanos que ocorrem na Ucrânia, o que não é surpreendente, considerando que nunca foi verdadeiramente sincero sobre seu apoio a essas vítimas. Os residentes indianos daquele país compartilharam imagens nas mídias sociais que mais tarde foram divulgadas pela mídia nacional mostrando como estão sendo tratados cruelmente por autoridades ucranianas enquanto tentam atravessar para a UE após o início da operação especial da Rússia .

Eles descreveram sua experiência como tortura porque foram agredidos, ameaçados e até mesmo baleados pelos guardas de fronteira do estado anfitrião. Isso segue imagens que circulam de estudantes africanos sendo abusados ​​​​nas estações de trem, alguns dos quais foram removidos fisicamente de seus vagões para dar espaço a não-africanos que também estão tentando desesperadamente fugir do país. Muito claramente, a sociedade ucraniana realmente se tornou tão fascista quanto a Rússia a descreveu .

Lamentavelmente, os africanos sempre estiveram em risco de abuso racista na Ucrânia desde que obteve a independência, mas a situação igualmente deplorável com os indianos é completamente nova. Eles costumavam ser bem recebidos pela sociedade, que lembrava com carinho a parceria estratégica especial e privilegiada de seu ex-país soviético com a Índia. As produções de Bollywood também são populares lá, como em outras partes do mundo. Os estudantes indianos costumavam se sentir respeitados e seguros na Ucrânia até que tudo isso acontecesse.

A única explicação que faz sentido é que eles estão sendo cruelmente punidos por representantes do estado ucraniano devido à neutralidade de princípios de seu governo nas Nações Unidas. Nova Délhi sempre permaneceu fora de disputas que não lhe dizem respeito diretamente. O país tem relações muito estreitas com a Rússia e a Ucrânia, bem como com o Ocidente em geral, com quem a Rússia está rivalizando. Tomar qualquer lado seria prejudicial para seus grandes interesses estratégicos e contra suas tradições de política externa.

Ninguém em Nova Délhi poderia imaginar que seus cidadãos na Ucrânia seriam essencialmente mantidos como reféns por esse estado e até torturados na fronteira. Essas violações dos direitos humanos estão recebendo muito pouca cobertura entre a mídia ocidental, a fim de evitar adicionar credibilidade à descrição da Rússia desse estado como fascista. Esses padrões duplos expõem a hipocrisia de interesse próprio da retórica dos direitos humanos do Ocidente liderado pelos EUA, em que ele só os emprega quando convém aos interesses desses países.

A mídia russa, chinesa, iraniana e outras mídias não ocidentais devem cobrir urgentemente essas graves violações dos direitos humanos contra africanos e indianos. Nenhuma pessoa deve ser punida pelos problemas que um determinado estado ou seu representante tem com seu país de origem. Isso contradiz completamente a base mais fundamental dos direitos humanos e da Carta da ONU. Mostra como a sociedade fascista ucraniana realmente se tornou e confirma que o Ocidente liderado pelos EUA não se importa com as vidas africanas ou indianas.

Andrew Korybko -- analista político americano

Extrema-direita portuguesa prepara invasão e destruição de sedes do PCP?

Mário Machado admite, nas redes sociais, intenção da extrema-direita portuguesa de “preparar a invasão e destruição” das sedes do PCP

Mário Machado diz que, nos últimos dias, vários membros da extrema-direita portuguesa manifestaram a intenção de “preparar a invasão e destruição das sedes” do PCP. Em textos publicados na rede social Telegram, o neonazi desaconselha os "camaradas", devido à vigilância apertada das autoridades, mas atira "a responsabilidade moral de qualquer ataque" para as "ações de Putin" e o "total apoio do PCP à Invasão da Europa”

O neonazi Mário Machado admitiu que, nas últimas horas, tem sido “interpelado” por “vários camaradas” que pretendem “preparar a invasão e destruição das sedes” do Partido Comunista em Portugal (PCP), na sequência da posição assumida pelo partido em relação ao conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia.

Num texto intitulado “Destruir o Partido Comunista Português”, publicado na rede social Telegram – onde é seguido por mais de duas mil pessoas –, Mário Machado afirma que compreende “esse ódio ao comunismo”, mas aconselha os grupos e elementos da extrema-direita portuguesa a “manter a calma” devido à vigilância apertada das forças de informação e segurança nacionais.

“Os Serviços de Informação [de Segurança], o Núcleo de Recolha de Informações da GNR e PSP e a UNCT-PJ [Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária] estão em monitorização constante dos nossos movimentos e o nosso destino iria ser certamente a prisão”, alerta. Lamentando passar “por desmancha-prazeres”, Machado mantém a posição “de continuar a luta contra o PCP e seus aliados”, mas que isso deve ser feito “dentro da legalidade”.

No final do texto, antigo dirigente de movimentos de extrema-direita – como a Frente Nacional e a Nova Ordem Social – afirma “morte ao comunismo”.

Machado nega apelo à violência e diz que eventual ataque será “da responsabilidade de Putin e do PCP”

Perante este texto – partilhado pelas redes sociais –, militantes e simpatizantes do PCP têm manifestado sentir “medo” em participarem nas ações do partido, por considerarem que o mesmo pode ser interpretado como um “incentivo à violência”.

Em resposta, numa outra mensagem publicada no Telegram, Mário Machado comentou estas reações, falando de “interpretação forçada” por parte dos comunistas e garantindo que o texto “vai no sentido oposto” – ou seja, o de evitar possíveis ataques contra o PCP e seus membros.

Ainda assim, o líder de extrema-direita não coloca de parte essa possibilidade, mas rejeita culpas. “A responsabilidade moral de qualquer ataque só pode ser imputada às ações de Putin e ao total apoio do Partido Comunista Português à Invasão da Europa”, afirma.

João Amaral Santos | Visão – em 27.02.2022

Ler em Jornal de Notícias:

Fachada de edifício do PCP em Beja vandalizada por causa de invasão russa – em 28.02.2022

PORTUGAL SOMA 11006 NOVOS CASOS E 23 MORTES POR COVID-19

Internamentos, tanto em enfermaria quanto em unidade de cuidados intensivos, mantêm-se em queda.

Portugal soma hoje 11.006 casos de Covid-19 e 23 mortes nas últimas horas, de acordo com o relatório de hoje publicado pela Direção Geral da Saúde (DGS).

O número de casos sofreu uma subida face ao valor registado ontem (4.209), dia em que se registou o menor número de casos diários desde finais de dezembro de 2021. 

No total, desde o início da pandemia, 3.273.624 testaram positivo para o vírus e 21.086 pessoas morreram. 

Quanto aos casos ativos, há hoje 465.412, mais 9.231 do que ontem e 2.787.126 recuperados da doença, mais 1.752 comparativamente com segunda-feira. 

Relativamente aos internamentos, há menos 120 pessoas internadas em enfermaria e menos seis em unidades de cuidados intensivos (UCI). Estão hoje 1.358 doentes Covid internados em enfermaria e 96 em UCI. 

Quanto à distribuição de casos, a região de Lisboa e Vale do Tejo é a que conta com mais casos nas últimas 24 horas (3.817), seguida do Centro (2.947), Norte (1.979), Alentejo (772) e Algarve (634). 

A incidência situa-se hoje nos 1806,8 casos por 100 mil habitantes e a transmissibilidade é de 0,75. 

Notícias ao Minuto

OS ABUSOS DOS ADORADORES DE CATILINA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Lucius Sergius Catilina quis derrubar a República Romana. Insistiu, insistiu e falhou sempre. Já vimos isso com Savimbi e o Galo Negro. Cícero um dia perguntou no Senado: Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? Catilina, até quando abusarás da nossa paciência? A resposta foi o fim do golpista. Pensavam que lixo histórico só existe o que é produzido pela UNITA? Grande ilusão! O mundo está cheio de porcaria savimbista, adalbertista, chivukuvista e filomenista. Catilina, comparado com essas máquinas infernais de criar lixo, era um ser imaculadamente limpo.

O ocidente é o império das mentiras, dizem os russos face à propaganda histérica contra a Federação Russa. Estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) até quando abusarás da nossa paciência e da nossa inteligência? Até ao fim. Mas todos os Catilinas acabam e todos os Cíceros escrevem catilinárias que calam o banditismo político. Durante dez dias não liguei o botão do receptor de televisão. Nem imaginam como foi higiénico. Hoje voltei a ligar e estou enojado. Temo nunca mais voltar ao normal. 

Jornalistas transformados em moças e moços de recados. Oficias generais portugueses balbuciando atabalhoadamente ante as câmaras das televisões, as ordens que chegam de Washington. Pelos vistos a pobreza bateu-lhes à porta e já pagam as contas vendendo a honra e a dignidade, ao segundo. Vigaristas sem colarinhos tentam roubar aos pobres portugueses, o pouco que têm. Alguns desses crápulas até já divulgam os números das contas bancárias onde os fiéis da propaganda nazi devem depositar os tostões que tanta falta lhes fazem.

Portugal tem 25 por cento de crianças vivendo em situação de pobreza. Quase meio milhão de crianças estão em risco de cair na pobreza. Mais de 1,6 milhões de pessoas em Portugal vivem abaixo do limiar de pobreza. Não existem políticas sociais para combater esta catástrofe social. Nada de nada. Mas desde os bombeiros ao presidente da Câmara de Lisboa, um tal Moedas, andam todos a pedinchar para os mártires ucranianos, acossados pelos mauzões russos. Claro que isto é uma negociata infame e nem uma lata de sardinhas vai chegar à Ucrânia. Sacarem dinheiro aos pobres para encherem os bolsos é absolutamente infame. Até há médicos metidos no saque!

CONTOS POPULARES ANGOLANOS -- A Cilada do Usurpador e o Pastor Kimbacala

Seke La Bindo*

No Alto Maiombe existiam dois reinos vizinhos e rivais que andavam sempre em guerras. O rei Varta Mianha era um usurpador. Tinha chegado ao poder contra a vontade dos anciãos. E queria submeter os povos vizinhos, guerreando tudo e todos. O rei Vumbama tinha o apoio do povo, mas fazia tudo para evitar o sofrimento dos súbditos. Pediu uma assembleia de sábios dos dois reinos e eles iam decidir como chegar à paz. 

Depois de grandes discussões, foi tomada uma decisão: Varta Mianha tinha que abandonar aquelas paragens. 

O rei usurpador aceitou a decisão dos sábios mas imediatamente começou a engendrar uma vingança. E jurou ante o espírito dos seus antepassados que o sangue havia de correr no Alto Maiombe como a água corre nos rios.

O rei Vumbama tinha uma filha de 15 anos, a bela Tsholu, admirada por quantos viviam perto dela. Mas não podia sair dos seus domínios devido às rivalidades e às investidas dos soldados do rei usurpador. 

Tsholu amava o pastor Kimbacala, um jovem que tratava do gado de seu pai. E quando ao fim da tarde o rapaz regressava com o rebanho ao curral, ia falar à sua amada, às escondidas. Ninguém sabia da relação ente a princesa e o pastor de cabras. 

Conflito melhora finanças de Angola e Moçambique, mas agrava custo de vida

GUERRA NA UCRÂNIA

Oxford Economics Africa considera que invasão da Rússia à Ucrânia pode aumentar os preços do trigo em Angola e Moçambique, mas que subida de preços do petróleo e gás beneficia as finanças destes dois países africanos.

"Quer Angola, quer Moçambique, ambos têm um nível de comércio muito limitado com a Rússia e a Ucrânia. Angola importa trigo e fermento da Rússia, enquanto Moçambique importa uma quantidade significativa de trigo e uma pequena quantidade de petróleo refinado russo", disse o analista da Oxford Economics Africa que segue estas duas economias africanas.

"Parece que, pelo menos por agora, Angola está genericamente a beneficiar dos preços mais altos do petróleo e do gás, que são parcialmente impulsionados pelo conflito", disse Gerrit van Rooyen em declarações a partir de Paarl, na África do Sul.

LIBERTAR NÃO É FAZER GUERRA!

Martinho Júnior, Luanda

A grande lição da mudança de paradigma que se está a presenciar na Ucrânia passa pela definição de conceitos que colocam face a face os que são pelo ter, por que se inscrevem na mentalidade do domínio hegemónico e unipolar, em relação aos que são pelo ser, que sabem muito bem que o que há para fazer é garantir vida, preservar vida e assumir a cultura da lógica com sentido de vida com responsabilidade individual e colectiva, a vida num ambiente de respeito multilateral!

Então nos órgãos de comunicação que se debruçam sobre a evolução da situação na Ucrânia, há que levar isso em conta em toda a profundidade do seu significado!

Os meios de comunicação ligados ao hegemon unipolar e ao seu zombi-mor na Europa o ser híbrido UE-NATO, que corresponde ao sentido da ocupação e expansão, estão vocacionados para o ter a todo o custo e isso é a barbaridade feudal em pleno século XXI!

Os meios de comunicação que estão ligados ao multilateralismo, estão sobretudo vocacionados para o ser, para a responsabilidade dos que procuram garantir a vida e com isso buscar também segurança vital repartindo em comum essa segurança, que está inerente à paz (prevista nos Acordos de Minsk) que em 8 anos não foi substantivamente alcançada na Ucrânia por que os que são desesperadamente pelo ter não quiseram aplicar o princípio justo do diálogo e da busca incessante de consensos (por isso a “democracia representativa” que apregoam é mesmo uma fraude!...

PRESENÇA DE ARMAS NUCLEARES DE EUA NA EUROPA É INACEITAVEL - Lavrov

ESSAS ARMAS DEVEM SER REMOVIDAS

# Publicado em português do Brasil

Sergey Lavrov ressaltou que a Rússia sempre acreditou que não poderia haver vencedores em uma guerra nuclear e que tal guerra nunca deve acontecer

MOSCOU, 1º de Março. TASS -- A Rússia considera inaceitável a presença de armas nucleares dos EUA em vários estados europeus, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em seu discurso em vídeo na conferência de Genebra sobre desarmamento, acrescentando que as armas nucleares dos EUA deviam ter sido devolvidas ao solo americano há muito tempo.

“É inaceitável para nós que as armas nucleares dos EUA ainda permaneçam em vários estados europeus em contradição com os pontos básicos do Tratado de Não-Proliferação. nessas missões, o uso de armas nucleares contra a Rússia está sendo praticado", observou. "As armas nucleares dos EUA deviam ter sido devolvidas há muito tempo, e a infraestrutura correspondente na Europa devia ter sido eliminada há muito tempo."

O ministro ressaltou que a Rússia sempre acreditou que não pode haver vencedores em uma guerra nuclear e que tal guerra nunca deve acontecer.

"Este princípio foi confirmado na declaração conjunta de 16 de junho de 2021 dos presidentes da Rússia e dos EUA, bem como na declaração conjunta de 28 de junho de 2021 dos chefes da Rússia e da China. iniciativa com sua participação mais ativa, uma declaração conjunta dos líderes das cinco potências nucleares foi desenvolvida e adotada em 3 de janeiro sobre prevenção de guerra nuclear e prevenção de uma corrida armamentista", acrescentou Lavrov.

Guerra económico-financeira da UE contra a Rússia pode sair pela culatra -- Korybko

A declaração da UE de guerra económica e financeira contra a Rússia pode sair pela culatra

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

Isso deve aterrorizar os países que estão resistindo à reimposição contínua dos EUA de sua hegemonia unipolar em declínio, mas também pode sair pela culatra se eles cooperarem mais de perto na aceleração da transição sistêmica global em andamento para a multipolaridade, desde que seus líderes continuem resistindo com sucesso à pressão dos EUA.

Não deve haver ilusões sobre o armamento de instrumentos econômicos e financeiros do Ocidente liderado pelos EUA depois que o Ministro das Finanças francês acabou de declarar que a UE travará “guerra econômica e financeira total” contra a Rússia. Isso deve aterrorizar o mundo porque significa que países comparativamente menos fortes do que a Grande Potência da Eurásia inevitavelmente acabarão na mira também com o tempo. Eles serão alvos como a Rússia se ousar desafiar as demandas hegemônicas do Ocidente liderado pelos EUA.

O presidente Putin anunciou a operação especial de seu país na Ucrânia no final da semana passada com o pretexto imediato de proteger o povo russo indígena das Repúblicas Donbass que Moscou reconheceu dias antes, embora o grande objetivo estratégico seja garantir a integridade de suas linhas vermelhas de segurança nacional que a OTAN atravessado naquele país. A falha em agir quando o fez acabaria levando à neutralização das capacidades de segundo ataque nuclear da Rússia e a um próximo ataque convencional contra ela pela OTAN.

A Rússia não é o único país ameaçado pelo Ocidente, já que a China e o Irã também estão entre seus principais alvos. Esses países, no entanto, há muito são considerados como um desafio à hegemonia em declínio dos Estados Unidos, e é por isso que surpreendeu muitos quando a Etiópia de todos os estados também acabou recentemente na mira. Esse país costumava ser um forte aliado ocidental, mas foi punido pelo equilíbrio pragmático de seu governo entre as superpotências americana e chinesa.

A tentativa dos EUA de reimpor sua hegemonia unipolar em declínio a todos os outros significa que a Etiópia não será o último país do Sul Global a ser alvo dela, para não mencionar o último aliado americano até então existente. Qualquer país que resista às tentativas de Washington de dividir o mundo em blocos chamados “autoritários liderados por chineses” e “democráticos liderados por americanos” sofrerá o impacto das guerras híbridas multidimensionais do Ocidente liderados pelos EUA contra eles, especialmente econômicos, financeiros, e guerra de informação.

A UE já se alinhou completamente com seu patrono americano quando se trata da Rússia, o que implica que em breve também poderá fazer o mesmo em relação à China sob demanda. Os Estados do Golfo que recentemente se aproximaram muito dessas duas Grandes Potências da Eurásia podem em breve se tornar os próximos alvos do Ocidente liderado pelos EUA, embora a alavancagem central que eles exercem sobre o mercado global de energia possa fazer Washington duvidar da sabedoria de provocando-os demais.

A ASEAN terá que seguir uma linha cuidadosa entre os EUA e a China no futuro próximo, já que não pode se dar ao luxo de cortar a República Popular com quem seus países negociam tanto. Esse bloco do Sudeste Asiático também faz parte da Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP) ao lado da China e vários outros países, portanto, resta ver qual efeito a pressão americana poderia ter nessa plataforma. Se esses países não se submeterem aos EUA, eles poderão em breve ser alvo de guerras de informação, no mínimo.

Toda a África já viu o que aconteceu com a Etiópia, então alguns dos países mais fracos que estão em relações neocoloniais com o Ocidente obviamente não ousarão desafiar seus patronos, mas aqueles que estão mais confiantes em flexionar sua autonomia estratégica podem apostar que é melhor a chance de replicar esse ato de equilíbrio de Adis Abeba em busca de seus interesses nacionais. Afinal, a Etiópia também deu um exemplo brilhante de que os países africanos podem de fato resistir a essa pressão da Guerra Híbrida Ocidental liderada pelos EUA.

A neutralidade de princípios da Índia e do Brasil em meio às tensões Rússia-OTAN pode fazer com que essas duas grandes potências multipolares e colegas membros do BRICS se tornem os próximos alvos das campanhas de pressão ocidentais lideradas pelos EUA. Isso já está acontecendo, embora mesmo antes disso, quando a mídia americana começou a relatar de forma muito crítica sobre questões dentro desses países que seus governos consideram seus assuntos puramente internos que os estrangeiros nem deveriam comentar.

Sempre esteve entre as grandes prioridades estratégicas dos Estados Unidos quebrar o BRICS, que se tornou moribundo nos últimos anos, mas mostrou alguns sinais de renascimento no ano passado, então esses cenários são esperados. As consequências de seu sucesso, que parecem mais prováveis ​​no caso brasileiro do que no indiano, podem ser de longo alcance, por isso é importante para eles se manterem firmes diante de tamanha pressão.

Isso não quer dizer que Bolsonaro seja o melhor líder para o Brasil, mas apenas para apontar que os formuladores de políticas por trás dele que são os verdadeiros responsáveis ​​pela neutralidade de princípios de seu governo nessas circunstâncias devem garantir que não sejam substituídos se ele for deposto por democracia. (embora provavelmente apoiado indiretamente pelos EUA) significa após a próxima eleição. O cenário ideal é que Lula, quem quer que venha a assumir o cargo depois dele, retenha esses especialistas a todo custo.

Voltando ao tema principal desta análise, no entanto, a declaração da UE de guerra econômica e financeira total contra a Rússia é também uma declaração do mesmo contra o mundo inteiro. Deveria aterrorizar os países que estão resistindo à reimposição em curso dos EUA de sua hegemonia unipolar em declínio, mas também pode sair pela culatra se eles cooperarem mais de perto na aceleração da transição sistêmica global em andamento para a multipolaridade, desde que seus líderes continuem resistindo com sucesso à pressão dos EUA.

Andrew Korybko -- analista político americano

Ler em One World:

The Guardian está errado: não é antissemita descrever a Ucrânia como fascista --- The Guardian Is Wrong: It’s Not Anti-Semitic To Describe Ukraine As Fascist

A restrição do Facebook à mídia russa na UE revela a hipocrisia do Ocidente --- Facebook’s Restriction Of Russian Media In The EU Reveals The West’s Hypocrisy

China, Índia, Irã e Paquistão se tornaram muito mais importantes para a Rússia --- China, India, Iran, And Pakistan Just Became So Much More Important To Russia

UCRÂNIA PEDE ADESÃO À UE E SENTA-SE A NEGOCIAR COM A RÚSSIA

Bruxelas avisa que o processo de adesão é longo e não parece haver consenso sobre o tema. Diálogo com Moscovo continua "em breve", mas sem cessar-fogo à vista.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou esta segunda-feira um pedido de adesão imediata da Ucrânia à União Europeia (UE), numa altura em que os ataques russos não parecem ter fim apesar de uma primeira ronda de negociações entre Kiev e Moscovo na Bielorrússia. Não houve acordo, mas um compromisso de continuar "em breve" a negociar tendo em vista um eventual cessar-fogo.

"Fazemos um apelo à UE para a adesão imediata da Ucrânia ao abrigo de um novo procedimento especial", disse Zelensky, um dia depois da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter dito que a Ucrânia "é uma de nós e queremos tê-la na UE" numa entrevista à Euronews. "Agradecemos aos nossos parceiros que estejam connosco, mas o nosso objetivo é estar com todos os europeus e, mais importante, ser iguais", acrescentou Zelensky , mostrando-se convencido que esta seria a decisão "justa" e que é "possível".

Contudo, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, defendeu que este é um processo que demoraria tempo e é preciso primeiro tratar das coisas práticas. Borrell considerou que a adesão da Ucrânia "não é um assunto na agenda" da UE. "A adesão é uma coisa que demoraria cerca de dois anos. E, nós temos de dar uma resposta em relação às próximas horas. Não para os próximos anos, mas para as próximas horas", afirmou, referindo-se à coordenação da estratégia para a entrega de armamento a Kiev.

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, admitiu que há "opiniões e sensibilidades diferentes" sobre o tema. O último alargamento foi em 2013, com a entrada da Croácia, seguindo-se o choque do Brexit, com a saída do Reino Unido. Há cinco países há anos na lista de espera para poder entrar - a Macedónia do Norte, por exemplo, aguarda desde 2005.

A embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets, pediu que Lisboa apoie a adesão do seu país à UE, mas também que considere a rotura de relações com Moscovo. "Esta medida é muito dura, mas é justa (...) Estão a matar os ucranianos no nosso país, nomeadamente as crianças. Já morreram 16 crianças", declarou num encontro com o autarca da capital, Carlos Moedas.

A Ucrânia denunciou esta segunda-feira o uso de bombas de fragmentação nos ataques contra áreas residenciais em Kharkiv (Carcóvia), com a morte de pelo menos 11 pessoas naquela que é a segunda maior cidade do país. O balanço do número de mortos no conflito continua incerto, com Kiev a falar em cerca de 200 civis e dezenas de militares mortos. A Rússia admitiu no domingo as primeiras baixas, sem dar dados.

A GUERRA É A GUERRA

Carmo Afonso* | Público | opinião

“Acontece que esta guerra não pode ser vista como o domicílio de quem se opõe à extensão da NATO ou ao imperialismo americano. Acima de tudo, não serão certamente os oligarcas russos, e quem os representa, que terão esse papel na história.”

Parecia que não iria acontecer. Uma parte dos analistas internacionais, correspondentes, especialistas militares e dos espectadores não acreditava que a Rússia invadiria a Ucrânia. Fiz parte desse grupo. Poucos dias antes da invasão, as vozes que não acreditavam nessa possibilidade faziam sentido. Enganaram-se bem.

Existem, pelo menos, dois cenários possíveis para esta guerra: o primeiro diz-nos que Putin está a reagir à expansão da NATO. Catorze países aderiram à NATO depois de 1997. Dois deles, a Letónia e a Estónia, fazem fronteira com a Rússia. A adesão da Ucrânia, a acontecer, tal como é intenção manifestada pelo seu Presidente, significará o derradeiro aproximar da organização ao território russo, desta vez numa grande extensão. Este cenário abre portas a um entendimento.

O segundo cenário é que Putin, estratego por natureza ou ofício, tem um plano. A ser assim, estamos perante más notícias; o plano de Putin parece significar o fim da paz na Europa e uma eventual tentativa imperialista de avanço, para já, no território da Ucrânia, mas deve admitir-se a possibilidade de não ficar por aqui. Este cenário faz temer o pior. A única coisa que a História ensina é que a História não ensina nada, mas, no meio da nossa irremediável falta de memória, há momentos que não se podem esquecer. A Europa já viveu as consequências de existir um líder com um plano e poderio militar.

ZOMBIES NEOCOLONIAIS EM LUANDA!

Martinho Júnior, Luanda

Nas redes sociais angolanas circulou a fotografia da visita dos embaixadores dos países da União Europeia à residência do embaixador da Ucrânia em Luanda, em gesto da solidariedade, antes das manifestações de grupos de ucranianos da diáspora, particularmente nas cidades ocupadas pelo híbrido União Europeia – Organização do Tratado do Atlântico Norte, ansioso por se expandir a leste!

A Europa, desde o fim da IIª Guerra Mundial que é não só um território ocupado pelas forças do Pentágono, é um produto artificioso do “hegemon” unipolar que pariu esse híbrido UE-NATO com vocação de expansionismo, depois dos primeiros anos da década de 90 do século passado!

É evidente que os dois “fenómenos”, embaixadores e manifestações, têm um comando supranacional de indicador dominante, estão perfeitamente sincronizados e ilustram bem como se faz a propaganda das práticas de conspiração, aproveitando o caudal de zombies espalhados pelo mundo: a chispa nas embaixadas, a sintonia dos veículos difusores da mensagem e depois, espremendo o limão, as grandes massas de formatados, aproveitando as emoções alienadas e alienantes do momento, com a profusão dos cartazes e bandeiras, neste caso de todas as Praças Maidan zombies do mundo!...

Neste caso, no fundo há que replicar, se possível até ao infinito, a Praça Maidan, para depois levar-se a cabo as vergonhosas manobras na Organização das Nações Unidas, conforme estão a ser expostas quer no Conselho de Segurança quer na Assembleia Geral!

CRIAÇÃO DO HOMEM -- O Descobridor do Paraíso de Feti e Choya

Artur Queiroz*, Luanda

O primeiro homem nasceu no paraíso da Babaera acalentado pela mãe do Cunene e Cuanza. Para uns, caiu do céu aos trambolhões. Para outros, foi criado por Suku, a partir de um rochedo que ele pacientemente amoleceu. Com essa massa granítica fez Feti, o Adão dos angolanos que habitam o Planalto Central, até à região de Caconda. A primeira mulher, Choya, nasceu no leito do grande rio do Sul, gerada pelo Rei das Águas

No mosaico cultural do Cassai, desenhado e criado ao longo de milénios, o primeiro Homem é Congo, filho de Suku, que também lhe deu vida a partir de um rochedo. O rio nasce em Angola e corre centenas de quilómetros em direcção ao grande Zaire ou Congo, onde desagua. Mesmo ao lado, médios e pequenos cursos de água avançam pacificamente para a vertente do Zambeze e lá vão para Oriente. Por esses caminhos foram os filhos dos nossos ancestrais, povoando todo o Mundo.

O paraíso que recebeu o primeiro Homem fica situado a 75 quilómetros da cidade do Huambo, na estrada que liga ao Lubango. Nos anos 50, um professor primário, Júlio Diamantino Moura, descobriu o Éden angolano. Dava aulas na capital do planalto central, nessa época ainda uma estação ferroviária. Nas férias escolares, arranjava uma equipa de ajudantes e explorava os rios da região, à procura de pepitas de ouro. Nessa actividade esquadrinhou o curso do rio Cunene desde a sua nascente até à Huíla. Um dia encontrou o paraíso.

Num texto colorido e empolgante, ele contou, no boletim do Instituto de Angola, como descobriu a casa de Feti, o primeiro Homem. Andava à procura de ouro, junto ao Cunene, a 75 quilómetros da cidade do Huambo. Na hora de descanso no acampamento, ao início da noite, um elemento da equipa, nascido na região, contou quase em segredo que ali estava o “princípio de tudo” (Feti). E a lenda tornou-se real. Por trás de uma densa barreira vegetal, era o Éden. O princípio da Humanidade. A nossa casa.

No dia seguinte, Júlio Diamantino Moura decidiu explorar o território por trás da densa barreira vegetal. Os ajudantes não queriam acompanhá-lo. Tinham uma razão de peso. No paraíso existe um rochedo, conhecido na região como a Pedra da Água. Quem olhava para a rocha ou lhe tocava, era imediatamente fulminado pela morte.

O professor primário não se comoveu com a lenda e marchou para o paraíso. Os ajudantes, timidamente, acompanharam-no. E encontraram algo extraordinário. Júlio Diamantino Moura descreve no seu texto um grande espaço com a dimensão de um campo de futebol, coberto de cinza. E ossadas de pessoas e animais, mais ou menos encobertas. 

Numa das extremidades, o paraíso de Feti tinha uma pirâmide de pedra, desmantelada até quase metade da altura. As pedras que faltavam na construção estavam despalhadas na zona. Muito perto, corre lentamente o Cunene. 

Júlio Diamantino Moura durante três anos explorou a casa de Feti. Descobriu que por baixo da pirâmide existiam galerias que entretanto foram assoreadas, o que não permitia a circulação de pessoas. Durante dias e dias, o professor primário e seus ajudantes desobstruíram as galerias e fizeram achados interessantes. Algumas flechas com ponta de ferro, alfaias agrícolas muito antigas, mas também enxadas da época. Apenas estavam cobertas de ferrugem. 

Todos esses materiais foram desenterrados e levados para o Huambo. As investigações de Júlio Diamantino Moura estavam autorizadas pelas autoridades locais e ele reportava todas as suas descobertas. Porque havia a suspeita de que existia ali um tesouro fabuloso!

CONTOS POPULARES ANGOLANOS -- A Mãe que Gerou uma Pedrinha

Seke La Bindo*

Era uma vez o soba Tyipeku senhor de terras e gado. Os seus domínios percorriam as margens do rio Cuvango até se perderem de vista. Os súbditos viviam na abundância e todos eram amigos. Naquelas paragens havia água em abundância e os raios de sol faziam crescer a massambala nas imensas chanas. Todos os dias eram de festa e só se ouviam cânticos de alegria.

O soba era jovem e os mais velhos aconselharam-no a casar. Na cidadela real existiam duas jovens muito belas. Tyipeku hesitava em casar com uma ou com outra. Depois de longos meses de dúvidas, mandou chamar o adivinho e pediu-lhe um conselho:

- Qual das jovens devo desposar, Wanuka ou Ipumpu?

O adivinho pediu um dia para dar a resposta. Quando regressou a casa do soba trazia a solução:

- Os oráculos dizem que deves casar com as duas. 

Tyipeku aceitou o conselho e desposou as duas jovens. Ambas ficaram grávidas ao mesmo tempo e pariram no mesmo dia. Wanuka deu à luz uma pedrinha e Ipumpu, uma rã. O soba ficou muito desiludido com a cria de Wanuka e disse-lhe:

- Todas as minhas dúvidas acabaram agora. Nunca devia ter casado contigo, do teu ventre apenas saem pedras. Ipumpu é que gera a vida. 

Ucrânia: Governo angolano vai retirar cidadãos residentes de áreas afetadas

Ministério das Relações Exteriores da República de Angola (MIREX) disse que vai retirar angolanos residentes nas áreas da Ucrânia afetadas pelo conflito, e que "tudo fará para salvaguardar a vida dos seus cidadãos".

O Ministério das Relações Exteriores da República de Angola (MIREX) disse está a trabalhar "afincadamente" com as suas representações diplomáticas na Rússia e na Polónia para retirar os angolanos residentes nas áreas da Ucrânia afetadas pelo conflito.

Segundo uma nota do gabinete de imprensa do MIREX, divulgada hoje (26.02), o Governo de Luanda tem estado a acompanhar a situação dos angolanos residentes naquele país, "face à escalada de tensão que se verifica nesta parte da Europa do Leste" e tudo fará para salvaguardar a vida dos seus cidadãos residentes na Ucrânia.

Guerra na Ucrânia: Cidadãos da África lusófona temem pela vida

Cidadãos da África lusófona na Ucrânia testemunham o pânico e caos inéditos. O seu desejo urgente é sair da Ucrânia "o mais rápido possível" para local seguro.

Ao levantar-se esta manhã, o estudante angolano Manuel de Assunção não reconheceu a cidade de Dnipro, onde vive há sete anos.

"A cidade acordou em pânico. No período da manhã, por volta das quatro horas [locais], ouvimos explosões e tiroteios em zonas estratégicas, nos arredores de Dnipro, na região de Donbass", dosse Assunção à DW África.

O estudante da arquitetura vive muito perto das duas regiões separatistas no leste na Ucrânia, palco dos ataques russos. As autoridades pedem às pessoas para evitarem aglomerações, mas todos querem sair para encontrar abrigo seguro, conta.

"Todo o mundo saiu com as malas e pertenças, preparado para o que der e vier. Acham que juntos são mais fortes para enfrentar os russos, do que se ficarem em casa", disse o também presidente da Associação dos Estudantes angolanos em Dnipro.

Ucrânia: UA critica discriminação "chocantemente racista" nas fronteiras

União Africana (UA) diz ser "chocantemente racista" que cidadãos africanos sejam impedidos de fugir do conflito na Ucrânia, e apela a países que respeitem a lei internacional de quem foge da guerra, sem olhar a cor.

"Relatos de que africanos estão a ser escolhidos para tratamento desigual inaceitável seria chocantemente racista e em violação da lei internacional", dizem, em comunicado, o Presidente do Senegal e presidente em exercício da União Africana (UA), Macky Sall, e o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat.

Os dois dirigentes apelam, por isso, "a todos os países que respeitem a lei internacional e mostrem a mesma empatia e apoio a todas as pessoas que fogem da guerra, independentemente da sua identidade racial".

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