Artur Queiroz*, Luanda
Angola há 47 anos era apenas uma colónia portuguesa. Há 64 anos o MPLA dirigia a luta armada de libertação nacional. Parece que foi ontem. No dia 1 de Dezembro de 1962 teve lugar a primeira Conferência Nacional do movimento em Kinshasa, da qual Agostinho Neto saiu o líder eleito. Cá dentro era o trabalho escravo, eram as prisões arbitrárias, as torturas, os assassinatos. A mensagem de Agostinho Neto aos seus camaradas que participaram na Conferência Nacional foi muito clara:
“O Governo colonial-fascista português, incapaz de compreender a inutilidade do genocídio que pratica sistematicamente no nosso País, começa a dar sinais da sua impotência diante da onda que destruiu impérios coloniais instalados durante séculos no Continente Africano. Mas as medidas reformistas anunciadas recentemente não evitarão o sofrimento do Povo Angolano, a repressão policial e militar, a exploração económica, a opressão social, o obscurantismo e todos os males do colonialismo, mais evidentes ainda, na situação de guerra em que nos encontramos”.
Uma das reformas de Lisboa foi a criação dos Estudos Gerais Universitários. Até 1962, Angola não tinha ensino superior! E Universidade, só em 1968.
Na sua alocução aos militantes e dirigentes na primeira Conferência Nacional do MPLA, Agostinho Neto traçou o plano de acção:
“A única atitude que o Nacionalismo Angolano pode hoje assumir é endurecer ainda mais a luta, de modo a fazer vergar o inimigo no mais curto prazo possível”. Falou aos seus, mas falou também para Holden Roberto e a UPA. Neto queria a unidade do Nacionalismo Angolano. Holden, enredado nos compromissos externos, prisioneiro dos EUA, recusou a unidade.
A luta armada de libertação nacional obrigou os colonialistas a eliminar o trabalho escravo. Fizeram reformas nesta área para inglês ver. As grandes roças de café no Norte e no Cuanza Sul continuavam a recrutar os “contratados” aos traficantes, chamados de “angariadores”. Lisboa teve que apostar no ensino. Enquanto durou a guerra colonial, o panorama mudou visivelmente. Em 1971, já existiam mais escolas de todos os níveis e milhares de alunos. Mas insuficientes. Eta tudo fachada. A saúde também sofreu um impulso e no interior os médicos militares jogaram um papel importante.