sábado, 13 de agosto de 2022

A ARGÉLIA E OS SEUS SESSENTA ANOS DE COERÊNCIA HISTÓRICA – I

Martinho Júnior, Luanda

INDEPENDÊNCIA, SOBERANIA E MUDANÇA DE PARADIGMA

A ARGÉLIA É UM FACTOR PROGRESSISTA DE VANGUARDA PARA ÁFRICA E PARA A EUROPA

“Solidariedade dos colonizados

Parece existir entre povos colonizados uma espécie de comunicação iluminadora e sagrada que faz com que cada território libertado seja durante um certo tempo promovido à categoria de “território-guia”. A independência de um novo território, a libertação dos novos povos, são sentidas pelos outros povos oprimidos como um convite, um encorajamento e uma promessa. Cada recuo da dominação colonial na América ou na Ásia reforça a vontade nacional dos povos africanos. Foi na luta nacional contra o opressor que os povos colonizados descobriram, concretamente, a solidariedade do bloco colonialista e a necessária interdependência dos movimentos de libertação.

Por exemplo, o enfraquecimento do imperialismo inglês não pode realmente ser acompanhado por uma consolidação do imperialismo francês. Semelhante resultado pode parecer no imediato evidente. Na realidade, o fluxo nacional, a emergência de novos Estados, preparam e precipitam o refluxo inevitável da coorte colonialista internacional. O aparecimento de povos ontem desconhecidos na cena da história, a sua vontade de participar na edificação de uma civilização à medida do Mundo, conferem ao período contemporâneo uma importância decisiva no processo de humanização do Mundo”…

In – “A guerra da Argélia e a libertação dos homens” – Publicado no El Moudjahid, n.º 31, de 1 de Novembro de 1958. – Frantz Fanon.

01- A Argélia foi a segunda vaga moderna de luta armada de libertação nacional contra o colonialismo francês que corroeu durante cerca de 120 anos e venceu no Magrebe! 

Essa luta no Mediterrâneo sul, antecedeu a própria Conferência de Berlim que só ocorreu nos finais do século XIX…

A primeira vaga de choque contra o colonialismo da França ocorreu no continente asiático, na Indochina…

O fenómeno da resistência armada na Argélia não era novo e os primeiros anos de luta ocorreram com sentido patriótico desde 1830, quando os exércitos franceses desembarcaram e começaram a ocupar o território argelino.

Com efeito, com a saga de luta liderada pelo Emir Abdelkader as tribos autóctones optaram pela unidade e coesão, consubstanciando além do mais a resistência sociocultural (a resistência armada perdurou a espaços e sob diversos comandos de rebeldes de 1830 até 1903), de tal modo que a luta armada moderna levada a cabo entre 2 de Novembro de 1954 e 18 de Março de 1962 (data dos “Acordos de Évian”, ou seja a Declaração Geral entre as delegações do governo francês e os representantes da Frente de Libertação Nacional da Argélia) em muitos aspectos se inspirou nesse passado de cultura patriótica que foi vibrando há quase duzentos anos.

… Enquanto em África se resistia à ocupação colonial, na América Latina sacudia-se o poder colonialista, praticamente na mesma época!...

A repressão francesa à moderna luta armada de libertação nacional foi sempre sangrenta, pois a guerrilha expandiu-se em ambientes rurais e urbanos com mobilização e intensidade crescentes, pelo que com o apoio internacional que foi isolando o colonialismo francês (que incluiu uma resolução na ONU), a independência se tornou inevitável.

Depois da IIª Guerra Mundial o plano anglo-saxónico foi de facilitar a independência das colónias do império britânico (no seguimento das amargas experiências na União Indiana e no Quénia). 

Os encargos sociopolíticos e administrativos, assim como os aparelhos que vieram a constituir os instrumentos de poder, ficavam a expensas dos novos governos instaurados com as independências, mas a “City” reservava para si o poder económico e financeiro “behind the scenes”, tirando partido das multinacionais formadas com e na revolução industrial, algo feito à revelia dos outros colonialismos “mais empedernidos”, entre eles o francês e o português.

A “Commonwealth” viria confirmar em termos de “soft power” a capacidade neocolonial do império da hegemonia unipolar para lidar com o Sul Global!

A iniciativa do general De Gaulle com a Vª República Francesa, adequou-se à opção anglo-saxónica e a Argélia tornou-se desse modo independente, provocando derivas da tese colonial-fascista que acabaram para reforçar as redes “stay behind” da NATO e o seu poder de intervenção na Europa como no “ultramar” (África e América Latina), ao serem aglutinadas instrumentalmente pela CIA!

Cuba Revolucionária liderada pelo Comandante Fidel entendeu a manobra, conforme se percebeu com a iniciativa da Tricontinental!

É evidente que a luta armada de libertação nacional levada a cabo pela Frente de Libertação Nacional (FLN) da Argélia, inspirou outros povos em África, como no caso das colónias de expressão portuguesa, mas em Angola, se o MPLA em ruptura (em antítese) e aprendendo com o exemplo argelino, nos ambientes urbanos levou a cabo uma luta clandestina evitando confrontos sangrentos, a tese colonial-fascista portuguesa esmerou-se nos seus esforços de inteligência e de domínio, recriando etno-nacionalismos afins e uma área “cinzenta” de influência por via da “assimilação” que aproveitou os conceitos da guerra de contrassubversão levada a cabo pelos círculos mais reaccionários dos instrumentos de poder do estado colonial francês na Indochina e na Argélia!…

As redes “stay behind” da NATO influenciaram na guerra colonial e tiveram motivações antes, durante e depois do golpe do 25 de Novembro de 1975 em Portugal!

… O MPLA só protagonizou um curto período de guerrilha urbana em Luanda, em 1975, ao ter de preparar a Proclamação da Independência a 11 de Novembro de 1975 sem empecilhos de intervenções externas filtradas pelos interesses do império anglo-saxónico e essa saga com curto lapso de tempo, foi a única que se aproximou dos episódios sangrentos da guerrilha urbana que a FNL da Argélia se viu obrigada a fazer!…

Advogados dos EUA instam Biden a apoiar direito dos sahauris à autodeterminação

Ordem de advogados americana insta Presidente dos EUA a apoiar o direito do povo do Sahara Ocidental à autodeterminação

Por un Sahara Libre

ORDEM AMERICANA DE ADVOGADOS – ORDEM DE ADVOGADOS DA CIDADE DE NOVA IORQUE -- SECÇÃO DE DIREITO INTERNACIONAL – CENTRO PARA OS DIREITOS HUMANOS -- APRESENTA RELATÓRIO À CASA DOS DELEGADOS

RESOLUÇÃO

RESOLVIDO, Que a Ordem dos Advogados Americana insta o Presidente dos Estados Unidos a apoiar o direito do povo do Sahara Ocidental à autodeterminação sob os princípios da Resolução A/RES/1514 (XV) da Assembleia Geral das Nações Unidas, da Carta das Nações Unidas, e do direito internacional:

1. Rescisão da “Proclamação sobre o Reconhecimento da Soberania do Reino de Marrocos sobre o Sahara Ocidental” emitida pelo Presidente Donald Trump a 10 de Dezembro de 2020, e retirada do reconhecimento pelo governo dos Estados Unidos da soberania de Marrocos sobre o Sahara Ocidental.

2. Instando Marrocos, através de todos os canais diplomáticos disponíveis, a conceder ao povo do Sahara Ocidental a autodeterminação e a aderir aos princípios do direito internacional:

(a) permitir ao povo do Sahara Ocidental escolher livremente se deseja estabelecer um Estado independente ou aceitar a incorporação em Marrocos;
(b) permitir ao povo do Sahara Ocidental exprimir livremente o seu apoio à independência ou a um referendo para determinar o estatuto do território;
(c) afirmando o direito do povo do Sahara Ocidental a usufruir dos seus recursos naturais e o seu direito de dispor desses recursos no seu melhor interesse, tal como afirmado na Resolução A/RES/61/123 da Assembleia Geral das Nações Unidas; e
(d) Utilizar os recursos do território do Sahara Ocidental apenas com a permissão do povo do Sahara Ocidental e se essa utilização beneficiar principalmente essas pessoas, tal como exigido pelos princípios do direito internacional aplicável.

3. Continuação da política de exclusão dos produtos do Sahara Ocidental do Acordo de Comércio Livre EUA – Marrocos.

RESOLVIDO AINDA, Que a Ordem dos Advogados Americana insta os membros do Congresso a adoptarem políticas e medidas que sejam consistentes com os princípios do direito internacional:

(a) assegurar que qualquer ajuda humanitária ou militar a Marrocos incluída em dotações ou outros projectos de lei aprovados pelo Congresso seja condicionada à eliminação por parte de Marrocos das restrições à liberdade de expressão ou de circulação do povo do Sahara Ocidental, à sua vontade de permitir o livre acesso dos jornalistas ao Sahara Ocidental e à sua vontade de aceitar uma solução que inclua a opção da independência do território; e
(b) aprovar no Congresso legislação que garanta que todas as importações provenientes do Sahara Ocidental, bem como os negócios entre entidades dos Estados Unidos e o Sahara Ocidental, respeitem os princípios do direito internacional relativos à utilização dos recursos dos Territórios Não Autónomos.

RESOLVIDO AINDA, que a Ordem dos Advogados Americana insta o Presidente dos Estados Unidos a ter o Embaixador dos EUA junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas a apoiar a expansão do mandato da Missão da ONU para o Sahara Ocidental (MINURSO) para monitorizar as violações dos direitos humanos tanto no Sahara Ocidental como nos campos de refugiados da Polisario e para introduzir uma resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas para esse efeito.

*porunsaharalibre

UCRÂNIA OBTÉM CBS PARA RETIRAR RELATÓRIO CRÍTICO -- Caitlin Johnstone

Não são apenas os comentaristas críticos que veem a imprensa ocidental como propagandista. É como eles se vêem. 

Caitlin Johnstone* | Consortium News

#Traduzido em português do Brasil

Após objeções do governo ucraniano, a CBS News  removeu um pequeno documentário  que relatava preocupações de várias fontes de que uma grande quantidade de suprimentos enviados para a Ucrânia não está chegando às linhas de frente.

O governo ucraniano  listou suas objeções  ao relatório em um site do governo, nomeando funcionários ucranianos que se opuseram a ele e explicando por que cada uma das fontes de notícias da CBS que não gosta devem ser descontadas. Depois que o relatório foi retirado e o post no Twitter sobre isso removido, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que este era um bom começo, mas ainda não o suficiente.

“Bem-vindo primeiro passo, mas não é suficiente”,  twittou Kuleba . “Você enganou um grande público ao compartilhar alegações infundadas e prejudicar a confiança em suprimentos de ajuda militar vital para uma nação que resiste à agressão e ao genocídio. Deve haver uma investigação interna sobre quem permitiu isso e por quê.”

O artigo da CBS News sobre o documentário foi renomeado, de “ Por que a ajuda militar à Ucrânia nem sempre chega à linha de frente: 'Como 30% dela chega ao seu destino final' ” para o muito mais suave “ Por que a ajuda militar na Ucrânia pode nem sempre chegam à linha de frente .”

Uma nota do editor sobre a nova versão do artigo admite explicitamente receber conselhos sobre suas mudanças do governo ucraniano, com a seguinte redação:

“Este artigo foi atualizado para refletir as mudanças desde que o documentário da CBS Reports 'Arming Ukraine' foi filmado, e o documentário também está sendo atualizado. Jonas Ohman diz que a entrega melhorou significativamente desde as filmagens com a CBS no final de abril. O governo da Ucrânia observa que o adido de defesa dos EUA, brigadeiro-general Garrick M. Harmon chegou a Kyiv em agosto de 2022 para controle e monitoramento de armas.”

A CBS News não diz por que demorou tanto para que este relatório fosse divulgado, por que não verificou se algo havia mudado nos últimos meses durante uma guerra que se desenrolava rapidamente antes de divulgar seu relatório, ou por que sentiu sua as alegações foram boas o suficiente para ir ao ar antes de Kiev levantar suas objeções, mas não depois.

Portugal | COSTA, A GALP E A ENDESA

Percebe-se que o Governo não queira responder com clareza. Qualquer resposta clara só ajudará a deixar também mais clara a total perversidade de todo o mercado liberalizado da electricidade, mecanismo ibérico incluído.

Manuel Gouveia | AbrilAbril | opinião

odos temos uma ideia – mais ou menos vaga – do episódio entre António Costa e a Galp. Em Maio de 2021 o primeiro-ministro disse publicamente que era necessário dar uma lição à Galp por causa do encerramento de Matosinhos. Por acaso, até era. Mas o que fez o primeiro-ministro?

O Governo português tem 7,48% das acções da Galp. Usou essa posição para questionar as opções da gestão na Assembleia Geral da Galp ou em qualquer outro local? Não, claro que não.

O Governo fez alguma coisa para reverter a decisão de encerramento da Refinaria? Não fez nada, antes pelo contrário, deu cobertura a esse encerramento. E podia ter feito muito, desde a nacionalização da própria Galp até à tomada de posse administrativa da Refinaria.

Um membro do seu governo, o ministro do Ambiente, antes e depois das declarações de António Costa, louvou e justificou a decisão de encerrar a Refinaria. O primeiro-ministro demitiu-o? Fez-lhe algo do género do que fez agora a Pedro Nuno dos Santos? Não, não fez nada.

Quando a Galp começou a especular escandalosamente com o preço dos combustíveis, o Governo fez algo? Bem, algo fez, mas foi para recusar as propostas do PCP de travar a especulação com a fixação de preços ou de criar um imposto que expropriasse este tipo de lucros. Ou seja, defendeu os interesses dos accionistas da Galp.

Portugal | O PLANO ENERGÉTICO


Henrique Monteiro | Henricartoon

GOVERNO GASTA MILHÕES PARA "ESTUDAR" MISÉRIA E FOME DE QUASE TUDO

Procura-se especialista

Pedro Ivo Carvalho* | Jornal de Notícias | opinião

1. E, de repente, acordamos num país que precisa dos serviços de especialistas em políticas públicas como de pão para a boca. À duvidosa mas bem paga contratação por ajuste direto de Sérgio Figueiredo para o Ministério das Finanças, precisamente para acompanhar as políticas públicas, o Governo junta a de um pequeno exército de consultores e peritos, que vão figurar nas fileiras do Centro de Competências de Planeamento, de Políticas e de Prospetiva da Administração Pública, o PlanAPP. O nome é pomposo e o orçamento também: só em serviços de consultoria, formação e informação, serão gastos quase 12 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência, o famigerado PRR. E não estão incluídas nesta folha salarial as despesas com os pelo menos 65 funcionários já contratados. Garante o Governo que, apesar de centralizada, esta estrutura envidará esforços para canalizar o nível de especialização em benefício de todas as regiões. Mas com tanta gente debruçada sobre estudos, corremos o risco de gastar o dinheiro todo na radiografia e quase nenhum no doente.

2. Ora, o doente são as pessoas. E, em matéria de políticas públicas, o que interessa mesmo definir é o plano que, findo o torpor estival das férias, o Governo vai apresentar para mitigar os efeitos, já a partir de setembro, da escalada inflacionista no bolso dos portugueses. Tendo por base o resto da Europa, não se preveem soluções inventivas: baixar os impostos (quais? e haverá novos sobre os grandes lucros?), aumentar as prestações sociais para as famílias desfavorecidas, e criar incentivos que permitam às empresas acomodar os elevados custos com energia. O inverno vai bater-nos à porta com violência. Espera-se, por isso, que a prioridade seja a de encontrar respostas claras para manter os empregos da maioria dos portugueses e não criar expedientes nublosos que garantam emprego a apenas meia dúzia.

*Diretor-adjunto

Portugal registou 19.643 casos de Covid-19 e 62 mortes na última semana

Dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelam que foram registados menos novos casos, menos óbitos e menos internamentos

Portugal contabilizou, entre 2 e 8 de agosto, 19.643 casos de Covid-19 e 62 mortes associadas à doença, o que revela um descida no que diz respeito a novas infeções, mas também nos óbitos, comparativamente ao último balanço.

Segundo revela o boletim epidemiológico divulgado esta sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS), registaram-se menos 1.615 casos face ao último relatório, divulgado há uma semana.

A incidência da doença, cumulativa a sete dias, é agora de 191 casos por 100 mil habitantes, uma diminuição de 7%, e o Índice de Transmissibilidade - R(t) - é agora de 0,89.

Quanto à mortalidade, ocorreram menos seis mortes face ao boletim anterior. Registaram-se seis mortes por milhão de habitantes, uma redução de 9% comparativamente à última semana que tinha sido analisada. 

Esta tendência de descida é acompanhada pelos internamentos. Há agora 568 pessoas internadas nos hospitais portugueses devido à Covid-19, menos 111 pacientes. Nos Cuidados Intensivos estão 43  doentes, menos cinco.

Analisando os dados por regiões, foi em Lisboa e Vale do Tejo que foram diagnosticados mais novos casos, com 7. 126 infeções. Segue-se o Norte, com 4.696, o Centro com 3.403, o Algarve, com 1.440, e o Alentejo, com 1.056. Nos Açores foram reportados 1.114 novos casos e na Madeira 808.  O boletim mostra que houve menos casos confirmados em todas as regiões, à exceção do Algarve, que regista mais 74 casos do que na semana anterior.

Quanto aos óbitos, 18 ocorreram em Lisboa e Vale do Tejo, 12 no Norte, 16 no Centro, seis no Algarve, quatro na Madeira, seis no Alentejo e um nos Açores.

Marta Amorim | Notícias ao Minuto

Guiné-Bissau | Ex-chefe da Armada guineense Bubo Na Tchuto está sob sequestro

Advogado do ex-chefe da Armada guineense afirma que Bubo Na Tchuto está sob sequestro

O advogado Marcelino Intupé do vice-almirante Bubo Na Tchuto afirmou hoje que o ex-chefe da Armada guineense está sob sequestro, após ter sido detido no caso da tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro passado.

Intupé, que é advogado de 18 detidos no caso da tentativa de golpe de Estado, fez a acusação hoje, durante uma conferência de imprensa em Bissau, na qual falou da situação dos acusados para reafirmar a sua convicção em como "as autoridades da Guiné-Bissau estão a desrespeitar às leis".

No dia 01 de fevereiro passado, homens armados irromperam no palácio do Governo da Guiné-Bissau onde decorria uma sessão do Conselho de Ministros, presidida pelo Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, tendo atirado contra os presentes com armas de uso militar durante largas horas.

Da ação morreram 11 pessoas, na sua maioria elementos da Guarda Presidencial.

Vários militares e civis foram detidos acusados de uma tentativa de golpe de Estado.

"A situação está como está porque, de facto, esses militares estão a ser sequestrados. Não estamos perante detenção, não estamos perante prisão preventiva, porque num caso como noutro, estão ultrapassados os prazos legais", observou o advogado.

Marcelino Intupé afirmou que "vários militares e civis" foram detidos nas celas da Segunda Esquadra em Bissau, desde fevereiro, com base "numa denúncia do Ministério do Interior, formulada num relatório de duas páginas em como estão envolvidos na tentativa de golpe de Estado".

O advogado denuncia as condições das celas em que aquelas pessoas se encontram detidas, fala em risco de desabamento do teto e ainda chama atenção pela sua situação de saúde.

"Muitos deles estão doentes, fracos e alguns estão a vomitar sangue", disse.

Marcelino Intupé estranha que militares tenham sido ouvidos nos autos por magistrados do Ministério Público civil e que agora se tente remeter os mesmos processos para o Tribunal Militar, onde, disse, foi nomeado um novo presidente "apenas com o propósito de tratar deste caso".

"O Procurador-Geral da República sabe que eu sei que ele tem sido pressionado para que transfira os processos para o Tribunal Militar", sublinhou o advogado para quem o Procurador "já não pode fazer nada" porque, disse, os processos já não estão sob a sua alçada.

Marcelino Intupé afirmou que os processos estão sob a alçada de juízes de instrução criminal que, por sua vez, apontou, ordenaram a soltura de todos os detidos, uns para aguardarem o julgamento em liberdade outros por falta de provas.

O causídico lamenta que "várias decisões judiciais não estejam a ser cumpridas" por parte das autoridades políticas e avisa que os "prevaricadores" estejam a incorrer no cometimento de crimes.

RTP | Lusa

Cidadãos em Luanda temem "focos de intolerância" nas eleições gerais angolanas

A semana e meia das eleições gerais marcadas para 24 de agosto, os cidadãos de Luanda elogiam a propaganda eleitoral, entre bandeiras e cartazes, que enfeitam as principais ruas e avenidas da capital angolana, mas temem os "focos de intolerância" que se notam no "ambiente de festa".

As bandeiras e cartazes das oito forças políticas concorrentes, maioritariamente afixadas em postes de iluminação pública, não passam despercebidas a quem circula pela capital angolana.

Nas avenidas mais movimentadas de Luanda, como a Deolinda Rodrigues, Ho-Chi-Minh, Ngola Kiluanje, e nos largos da Mutamba e 1.º de Maio, há postes de iluminação disputados por quatro bandeiras de adversários políticos.

Imagens dos candidatos à Presidência da República são também visíveis em toda a cidade, variando entre cartazes médios e pequenos e outros em enormes "outdoors".

Para Diogo Rosa, 52 anos, que vai votar pela quinta vez, o ambiente de propaganda eleitoral é típico da época que o país vive, com "cada partido a fazer a sua publicidade".

"E agora que ganhe o melhor, o ambiente (eleitoral) vai bem, está a correr bem, todo mundo está pronto a eleger o novo Presidente e que ganhe o melhor", afirmou à Lusa.

A enfermeira Noémia Carneiro, 23 anos, classifica o período de campanha eleitoral como "uma festa para melhorar o país" e elogia a "dinâmica" dos concorrentes na caça ao voto.

"Estou a gostar da dinâmica dos partidos a motivarem o povo para o voto, apesar de não ter muita simpatia pela política. Espero apenas que vença o melhor, quando tem uma eleição muda sempre alguma coisa no país", considerou.

As bandeiras hasteadas pelas avenidas em Luanda simbolizam "preparação para a grande festa democrática, porque é já no dia 24 de agosto que será eleito o Presidente, o vice-Presidente e os deputados", disse à Lusa o professor Euclides José Monteiro.

O professor que passava num dos mercados à berma da estrada no interior do bairro Cassequel, distrito urbano da Maianga, em Luanda, reprovou também os atos de "intolerância entre militantes de partidos opostos", que diz já ter constatado, sobretudo na colocação de bandeiras.

"Há um problema que está a ser conjuntural, que resulta da intolerância política e há vários relatos em quase todos os cantos de Luanda, de um grupo para outro a arrancarem bandeiras, uns a proibirem os outros de fazer a propaganda", relatou.

O teor da mensagem partilhada pelos concorrentes também foi enaltecido pelo professor de 32 anos, observando, no entanto, que alguns partidos ainda exteriorizam mensagens que incitam a intolerância.

"Há uma boa mensagem, embora em algumas mensagens, de alguns líderes políticos, ainda haja manifesta intolerância. Tem um fundo histórico de situações que o país já viveu e não é bom neste ano, nessa quinta festa democrática do país", atirou.

Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição, Convergência Ampla de Salvação de Angola -- Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS) e a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) são os concorrentes .

Na corrida eleitoral estão também a Aliança Patriótica Nacional (APN), o Partido Humanista de Angola (PHA) e o Partido Nacional para a Justiça em Angola (P-Njango), os dois últimos aprovados este ano pelo Tribunal Constitucional.

A campanha eleitoral, que se iniciou em 24 de julho, decorre até 22 de agosto.

O Presidente será o cabeça de lista do partido mais votado pelo círculo nacional. O atual chefe de Estado tenta o seu segundo mandato.

DYAS // PJA -- Lusa

A CAUSA NACIONAL E O PROGRAMA ANGOLA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O cabeça de lista do MPLA, João Lourenço, é também Presidente da República. Os accionistas da Sociedade Civil em consórcio com a UNITA e o apoio do banditismo mediático criticam o facto de se deslocar nos meios ao seu dispor na Presidência da República, mesmo quando está em funções partidárias. Os críticos apenas revelam baixo nível e estupidez natural. Mesquinhice, maledicência e demagogia barata. Não são capazes de mais.

O senhor deputado da UNITA Liberty Chiyaka tem uma viatura protocolar marca Lexus. Comprada com o dinheiro do Povo Angolano e fornecida pelos serviços da Assembleia Nacional. Custou 150 mil euros. Isso quer dizer que o parlamentar do Galo Negro se desloca numa viatura que custa mais de dez anos de salários de um trabalhador no comércio e indústria extractiva. Quase 20 anos de salários de um trabalhador na agricultura. Quase 15 anos de salários de um trabalhador dos transportes, serviços e indústria transformadora. Mais de 20 anos de salários dos milhões de trabalhadoras e trabalhadores que auferem o salário mínimo nacional.

Liberty Chiyaka foi eleito pelo círculo eleitoral do Huambo. No dia 10 de Agosto estava no Lubango em “actividades partidárias no quadro da Campanha Eleitroral” como simpaticamente o Grupo Parlamentar da UNITA informou a opinião pública, dado que a viatura do senhor deputado sofreu um aparatoso acidente no Lubango, às 22 horas da passada quarta-feira.

O comunicado do Grupo Parlamentar da UNITA esclarece que o senhor deputado, que tem como guia e farol o criminoso de guerra Jonas Savimbi, estava no hotel no momento do acidente a beber uns inofensivos copos com os amigalhaços. O comunicado esclarece que “na viatura estava apenas o motorista que minutos antes do acidente tinha deixado o ajudante de campo do Deputado em sua casa, quando uma outra viatura Toyota Fortuner embateu contra ela na parte central do lado direito o que provocou o capotamento, tendo saído ileso”.

O senhor deputado Liberty Chiyaka tem motorista às ordens, ajudante de campo, secretária, chefe de gabinete tudo pago pelo Estado. Quando a UNITA ganhar as eleições, no ano 3000, ele vai exigir também e manicura, sete acompanhantes de luxo (uma por cada dia da semana), cozinheira  para fazer pirão com lombi, cozinheira para a galinha grelhada e ainda a assessoria da senhora deputada Michaela Webba para fantasias sexuais.  

Como sempre, a UNITA suja tudo. Suja as palavras. Suja os actos. E até vai sujar a sua estrondosa derrota eleitoral, chamando-lhe fraude. O motorista do deputado Libertry Chiyaka teve um acidente. E o Grupo Parlamentar do Galo Negro veio logo com insinuações maldosas. Leiam: “Agradece as diligências feitas por pessoas anónimas e espera que as autoridades competentes tragam à luz os resultados das suas investigações.” Obrigado, anónimos! Autoridades competentes investiguem!

Investigar o quê? Que o motorista teve um acidente, claro. Que o deputado estava a fazer trabalho partidário no Lubango. Mas ele pode, porque é um dos sicários da UNITA. O Presidente da República é que só pode deslocar-se na bicicleta dele, quando está a fazer trabalho partidário. É esta gente que quer governar Angola. A propósito, hoje o cabeça de lista do MPLA, João Lourenço, chegou ao aeroporto do Lubango. Um edifício belíssimo, moderno, como nunca a cidade teve. Accionistas da Sociedade Civil em consórcio com a UNITA! O aeroporto do Lubango foi arrasado pelos sicários do Galo Negro ao serviço dos racistas de Pretória, durante a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Depois de 20002, com o impulso da Paz e do processo de Reconstrução Nacional, foi reconstruído e é a maravilha que está à vista.

A empregada da limpeza disfarçada de repórter da RTP, Cândida Pinto, hoje descobriu um “sociólogo” accionista da Sociedade Civil em consórcio com a UNITA. Fome, muita fome em Angola. Por isso, os mototaxistas andam no transporte de passageiros para enganarem a fome. Benguela está cheia de fome, diz a simpatizante de jornalista, incomodada com o Inverno.

Menina, nos trópicos não existe isso. Só temos duas estações, a mais quente (Chuva) e a mais amena (Cacimbo). Tem calma, ainda podes dar força à vassoura e à esfregona, o Cacimbo só acaba oficialmente no dia 15 de Agosto. Como é hábito dos simpatizantes de jornalistas portugueses, ela também mostrou uma vala de drenagem cheia de lixo. É a marca do banditismo mediático à portuguesa. Nunca mais nos vemos livres de colonialistas acéfalos com um fascista e um torcionário da PIDE na cabeça.

O MPLA é uma Causa Nacional. Já foi um movimento de libertação e libertou mesmo. Foram longos anos de luta armada, entre 4 de Fevereiro de 1961 e Setembro de 1974. A direcção do movimento, encabeçada por Agostinho Neto, só assinou o cessar-fogo quando Lisboa reconheceu o direito dos angolanos à Independência. O MPLA já foi um partido. Abdicou da democracia popular e pôs o poder em disputa, no ano de 1992. Eleições gerais que venceu esmagadoramente. Continuou a ser o partido defensor da democracia e da liberdade até Fevereiro de 2022.

 O Povo Angolano, desde então, deu ao MPLA o estatuto de Causa Nacional que é preciso defender a todo o custo. Que todas as angolanas e todos os angolanos têm de servir, preservar, acarinhar, engrandecer. Uma Causa Nacional está acima de disputas, de divergências, de frustrações, de descontentamentos justos ou injustos. Uma Causa Nacional é de todos e todos têm a responsabilidade de defender custe o que custar.

A Causa Nacional cumpre o ritual das eleições. O MPLA apresentou um Programa de Governo e um Manifesto. Está na campanha eleitoral em pé de igualdade com todos os concorrentes. Mas o Programa do MPLA é Angola. Como sempre, desde 10 de Dezembro de 1956. O nosso programa é Angola, disse ontem em Luanda o general Higino Carneiro, numa acção política, pela Causa Nacional. 

O programa de acção das angolanas e dos angolanos é Angola. E assim vai ser por muitos e longos anos. O Liberty Chiyaka vai continuar a partir carros do Estado. Os seus colegas do Galo Negro estão ansiosos por destruir Angola e assassinar angolanas e angolanos. Missão impossível. Na hora da verdade vão perceber porquê. A Causa Nacional é de todos e tem de ser defendida por todos. Quem se puser de fora, fica avisado: Já não tem o apoio das tropas colonialistas nem das forças armadas do regime racista de Pretória. 

*Jornalista

Angola | A FESTA DA DEMOCRACIA

Jornal de Angola | opinião

“Vamos votar com civismo. As eleições são a festa da democracia e o êxito depende do cidadão consciente, disciplinado e organizado”, eis uma entre dezenas de mensagens que estão a ser partilhadas pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e sobre as quais importa reflectir e actuar em conformidade.

Numa democracia, como a angolana, que se esforça por se consolidar durante os actos eleitorais e ao longo das sucessivas legislaturas, deve-se partir do princípio de que haverá sempre eleições a cada quinquénio.

Não faz qualquer  sentido que se encarem as eleições do dia 24 de Agosto como se fossem as últimas, em que estejam a ser depositadas tudo ou ao ponto de as mesmas serem disputadas sob o signo da vida ou morte.

Tal como defende a CNE, a consciência, a disciplina e a organização pessoal, familiar, comunitária e social no seu todo devem vir à superfície na hora de nos prepararmos para exercer o direito de voto.

E felizmente esse movimento está a ser feito desde há algum tempo, por parte dos agentes eleitorais, enquadrados aqui nesta expressão todos os que, directa e indirectamente, participam das eleições. Isto além de que não se tratam das primeiras eleições que realizamos em Angola, numa altura em que, como acreditamos, podemos dar mais uma vez exemplo de estabilidade, tranquilidade e sobretudo de respeito pelo acto em si, pelas leis, pelas instituições do Estado e pelos adversários.

A outra mensagem da CNE, e que importa realçar, tem a ver com a natureza do voto, um exercício que, como sabemos e em condições normais, deve ser da inteira responsabilidade do cidadão, na hora do exercício.

"Votar livremente é um direito e dever de cidadania de todo o cidadão eleitor”, assim consta a exortação do órgão nacional responsável pela condução do processo eleitoral em Angola e sobre o qual vale a pena insistir junto das comunidades para que cumpram o primado da lei.

Atendendo à natureza secreta do voto e até para se evitarem situações persecutórias, discriminatórias e acções eventualmente malévolas que atinjam a integridade física das pessoas, a honra ou o bom nome por causa das opções de  voto, não faz sentido todo e qualquer debate em torno das escolhas. Embora pareça uma observação banal, esperar que as pessoas evitem falar sobre as opções eleitorais, na hora do voto, e além de decorrer da própria lei, na verdade, é também uma forma de evitar potenciais conflitos.

E como melhor forma de manter a paz e estabilidade nas comunidades, nas relações de proximidade e demais contextos, vale a pena desincentivar conversas que tenham como teor a revelação das opções de voto, antes, ao longo e depois da votação.

O melhor e recomendável é nos atermos às mensagens e conselhos advertências das instituições públicas, nesta altura, em que sobressaem a CNE, por razões óbvias, para que sejamos capazes de transformar as Eleições Gerais de 24 de Agosto no exercício de cidadania, civismo e festa de democracia, de forma consciente, disciplinada e organizada.

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