quinta-feira, 18 de agosto de 2022

OS EUA TÊM MUITOS PRESOS POLÍTICOS. AQUI ESTÁ UMA LISTA

Stansfield Smith | Multipolarista | em Toward Freedom

Os EUA acusam constantementeseus adversários de manter presos políticos, enquanto insistem que não têm nenhum dos seus. Mas durante toda a sua história, o governo dos EUA usou o encarceramento de seus oponentes políticos como uma ferramenta para esmagar a dissidência e promover os interesses das elites econômicas.

#Traduzido em português do Brasil

Casos bem conhecidos são aqueles presos ou enquadrados em operações de segurança nacional dos Estados Unidos , ou presos com sentenças extremas por um delito menor por causa de seu ativismo político, como o revolucionário negro George Jackson .

Cada período de luta da classe trabalhadora e dos povos oprimidos contra o controle da classe dominante resulta em alguns ativistas presos por seu trabalho revolucionário. “Prisioneiro político” muitas vezes significa aqueles revolucionários presos por lutar contra sua opressão nacional, como é o caso de um grande número de Panteras Negras .

Em contraste, há um século, a maioria dos presos políticos nos Estados Unidos eram marxistas, sindicalistas e ativistas antiguerra, como Joe Hill, Eugene Debs e Big Bill Haywood.

Hoje, o estado de segurança nacional dos EUA considera seus inimigos mais perigosos aqueles que expõem seus crimes em casa e no exterior.

Há também muitos milhares de pessoas encarceradas que nunca receberam um julgamento justo ou eram inocentes dos crimes pelos quais foram presas. Uma alta porcentagem deles não é branca, pessoas sujeitas à cidadania de segunda classe nos Estados Unidos. Vários são executados, como Troy Davis , ou passam a vida inteira na prisão.

Embora os Estados Unidos representem pouco mais de 4% da população mundial, possuem aproximadamente 20% de seus prisioneiros . Os negros são presos cinco vezes mais que os brancos.

A seguinte lista de presos políticos atualmente detidos pelo governo dos EUA os categoriza em sete grupos:

funcionários do estado de segurança nacional e repórteres presos por divulgar flagrante criminalidade do governo

representantes de governos estrangeiros que Washington procura derrubar que foram presos por “violar” sanções unilaterais ilegais dos EUA

Revolucionários negros, indígenas e latinos lutando pelos direitos de seus povos

Árabes e muçulmanos são alvos após 11 de setembro

prisioneiros detidos no centro de tortura de Guantánamo sem acusações

mulheres presas por se defenderem de ataques violentos

activistas ambientais

ONDA DE CENSURA NA EDUCAÇÃO DOS EUA

A PEN America observa que, embora menos medidas de mordaça tenham se tornado lei este ano em comparação com 2021, o aumento de contas deste ano incluiu propostas muito mais punitivas.

 Jake Johnson*  | Common Dreams | Consortium News

A guerra nacional do Partido Republicano contra a educação pública – especificamente o ensino de raça, história dos EUA e identidades LGBTQ + – levou a um aumento de 250% nas contas estaduais de “ordem de mordaça educacional” este ano, de acordo com um relatório publicado na quarta-feira pela Free grupo de expressão PEN América.

#Traduzido em português do Brasil

Intitulado  America's Censored Classrooms , o relatório conclui que legisladores em 36 estados dos EUA introduziram 137  medidas de ordem  de silêncio em 2022, acima dos 54 projetos de lei no ano passado. Com exceção de um único  projeto de lei democrata  no Arizona, todas as propostas de ordem de silêncio reveladas este ano foram lideradas por legisladores republicanos.

A análise define as ordens de piadas educacionais como “esforços legislativos estaduais para restringir o ensino sobre tópicos como raça, gênero, história americana e identidades LGBTQ+ no ensino fundamental e médio”.

“Nosso relatório documenta em detalhes alarmantes as ameaças à forma como os jovens aprendem e são ensinados nas escolas americanas”, disse a CEO da PEN America, Suzanne Nossel. “Os legisladores estão minando o papel de nossas escolas públicas como uma força unificadora acima da política e transformando-as em um campo de batalha da guerra cultural”.

“Ao tentar silenciar as perspectivas críticas e sufocar o debate”, acrescentou Nossel, “eles estão privando os alunos das ferramentas de que precisam para navegar em um mundo diversificado e complexo”.

A pesquisa do PEN mostra que sete propostas de ordem de mordaça se tornaram lei este ano, incluindo a  legislação “Don't Say Gay”  na Flórida que mais de uma dúzia de estados liderados por republicanos estão  tentando imitar  em meio à crescente resistência nacional de  estudantes , professores,  bibliotecários e outros nas comunidades locais.

A  Associated Press  informou  na segunda-feira que “algumas escolas da Flórida mudaram os livros da biblioteca e debateram a mudança de livros didáticos em resposta [à lei] – e alguns professores temem que fotos de família em suas mesas possam causar problemas”.

“À medida que os alunos retornam das férias de verão”, observou o canal, “os educadores estão se ajustando cautelosamente e esperando para ver como a nova lei que rege as aulas sobre gênero e orientação sexual será interpretada e aplicada”.

Tais impactos reforçam o argumento do PEN de que as leis da mordaça “criam um amplo efeito assustador entre professores e professores, tanto por sua difusão quanto pelo discurso de censura que inspiram – parte de uma campanha nacional de censura em sala de aula que não mostra sinais de diminuir”.

A PEN observa que, embora menos medidas de mordaça tenham se tornado lei este ano em comparação com 2021, “as contas deste ano foram notavelmente mais punitivas”.

“Em 2022, é mais provável que as ordens de silêncio propostas incluam punições, e essas punições têm sido mais severas: multas pesadas ou perda de financiamento estatal para instituições, rescisão ou até acusações criminais para professores”, afirma o relatório. “Em 2023, prevemos que o ataque à educação continuará.”

“Mais contas de ordem de mordaça serão arquivadas em estados onde falharam por pouco este ano”, continua o relatório. “Com base nas tendências atuais, prevemos que outros ataques legislativos à educação, como projetos de 'transparência curricular', projetos de lei anti-LGBTQ + e projetos de lei que obrigam ou facilitam a proibição de livros também provavelmente aumentarão”.

Jeremy Young, gerente sênior do Programa de Livre Expressão e Educação da PEN América e principal autor do novo relatório, alertou em comunicado na quarta-feira que “os educadores estão sob ataque de legisladores empenhados em privar nossos filhos de uma educação aberta a uma ampla variedade de perspectivas.”

“Oportunidades vibrantes de aprendizado são essenciais para o florescimento da cidadania democrática”, disse Young. “Mas este relatório confirma uma realidade sombria: alguns líderes eleitos estão marchando as escolas para trás e pisoteando a liberdade de expressão dos alunos no processo.”

*Jake Johnson é redator da equipe Common Dreams.

Este artigo é da   Common Dreams.

Imagem: Governor Tom Wolf, Flickr, CC BY 2.0

REGIME DE KIEV APOIADO PELA OTAN RECORRE AO TERRORISMO NUCLEAR

Strategic Culture Foundation | editorial

Um teste simples e urgente acena: pare os ataques militares a Zaporozhye. Agora, quem está contestando?

#Traduzido em português do Brasil

A maior usina nuclear da Europa está sob repetidos ataques de mísseis do regime de Kiev, apoiado pela Otan. Deixe esse fato terrível afundar por um momento. Pode-se imaginar algo mais criminoso e imprudente neste momento?

Tenha em mente que os próprios governos (regimes realmente) responsáveis ​​por esta situação abismal são os mesmos que proclamam a “ordem baseada em regras” e a “democracia liberal”. Evidentemente, sua retórica é apenas uma fachada doentia para o totalitarismo e a ilegalidade.

O que está acontecendo é o terrorismo nuclear do regime de Kiev infestado pelos nazistas e seus patrocinadores ocidentais. Os mísseis que atingem a usina nuclear de Zaporozhye (ZNPP) são fornecidos pelos Estados Unidos e seus aliados da OTAN. A usina está sob ataque sustentado de artilharia ou drone desde a semana passada. Um incêndio na instalação já foi relatado, embora os militares russos e os operadores civis ucranianos na fábrica de Zaporozhye tenham conseguido apagar o incêndio. Estima-se que o ZNPP contenha centenas de toneladas de urânio enriquecido e outros combustíveis nucleares usados. Situado no poderoso rio Dnieper, no sudeste da Ucrânia, que deságua no Mar Negro, se o ZNPP for atingido fatalmente, o dano seria catastrófico para a Europa e o resto do mundo. A contaminação radioativa resultante excederia em muito a de Chernobyl ou o desastre de Fukushima.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e a agência internacional de supervisão nuclear da ONU, a AIEA, condenaram os ataques a Zaporozhye como “suicidas”. Eles apelaram para a desmilitarização da área. A ONU está sendo covarde em sua contenção ao não condenar especificamente o regime de Kiev armado com armas da OTAN. A ONU está se escondendo atrás de alegações cínicas de que há “relatos conflitantes” de quem é o culpado pelo bombardeio da usina nuclear.

Os Estados Unidos e seu representante em Kiev estão culpando a Rússia pelos ataques militares. Exibindo uma lógica distorcida, eles dizem que a Rússia está realizando os ataques para manchar o regime ucraniano. Eles também afirmam que a Rússia está usando a planta como cobertura para suas forças militares.

As forças russas comandaram a central nuclear de Zaporozhye no início de março, dias depois de invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro. era uma prioridade máxima dada a imprudência criminosa do regime de Kiev apoiado pela OTAN. Agora, os Estados Unidos e seu bando de Kiev estão absurdamente entendendo que a Rússia está atacando suas próprias forças e território sob seu controle, incluindo o vitalmente importante ZNPP.

A trajetória dos mísseis disparados contra o ZNPP mostra claramente que os ataques estão vindo do território sob o controle das forças ucranianas e seus cúmplices da OTAN. A suspeita racional é que os sistemas de foguetes de lançamento múltiplo de longo alcance fornecidos e supervisionados pelos EUA, Grã-Bretanha e Alemanha estejam envolvidos.

Washington e seus aliados da Otan estão pedindo à Rússia que renuncie ao controle da usina nuclear e a devolva ao regime de Kiev.

Essa exigência absurda expõe quem são os terroristas nucleares. Os Estados Unidos e seu eixo da OTAN são responsáveis ​​por manter a Europa e o mundo reféns com a ameaça de uma catástrofe nuclear.

Devemos observar que qualquer coisa reivindicada pelo regime de Kiev e seus manipuladores ocidentais, incluindo toda a mídia atuando como veículos de propaganda, não pode ser levada remotamente a sério. Esta semana, o presidente fantoche de Kiev, Vladimir Zelensky, admitiu através de seu assessor Mikhail Podolyak que todas as declarações públicas são “guerra de informação” projetada para enganar a Rússia. Os supostos massacres russos em Bucha e Mariupol, as alegações de estupros em massa por soldados russos e as alegações de bombardeios de civis se encaixam nessa admissão de mentiras.

O furor sobre um relatório da Amnistia Internacional na semana passada culpando o regime de Kiev por usar centros civis como hospitais, escolas e casas como escudos militares é apenas a ponta de um iceberg muito sujo. Mas ilustra a depravação e corrupção do regime de Kiev apoiado pela OTAN.

As acusações risíveis de que a Rússia está bombardeando a usina nuclear de Zaporozhye como algum tipo de golpe de propaganda traem a culpa de projetar nos outros o que os próprios acusadores são capazes de fazer.

As forças russas garantiram a maior usina nuclear da Europa e até agora evitaram desastres protegendo-a. Foi a Rússia que convocou o Conselho de Segurança da ONU para se reunir esta semana em uma sessão de emergência para destacar o perigo extremo. Moscou está pedindo a desmilitarização e que os inspetores da AIEA tenham acesso ao ZNPP para relatar as circunstâncias. É o regime de Kiev e seus patrocinadores ocidentais que estão impedindo essas ligações. Os Estados Unidos e seu eixo da OTAN estão fornecendo cada vez mais mísseis de longo alcance para a Ucrânia e caluniando a Rússia com alegações de “terrorismo nuclear”. O eixo dos EUA está de fato dando luz verde ao regime de Kiev para continuar sua ofensiva criminosa.

Esta semana viu o 77º aniversário dos bombardeios atômicos dos EUA em Hiroshima e Nagasaki. Esse horror foi realizado como um ato criminoso de terrorismo de estado. As justificativas americanas para os crimes de 6 e 9 de agosto de 1945 sempre foram conhecidas – embora não amplamente conhecidas devido às mentiras da mídia ocidental – como propaganda infundada. O efeito pretendido do regime imperial dos EUA era aterrorizar o resto do mundo para se submeter ao seu suposto domínio global.

A mesma lógica abominável e sem lei está em evidência novamente com a situação na Ucrânia sobre a usina nuclear de Zaporozhye. Os Estados Unidos estão usando seu representante de Kiev para manter o mundo refém de seus objetivos imperiais.

O jogo psicopático do regime dos EUA é hediondo. A Rússia alertou que, se seu território estiver ameaçado, usará forças nucleares para se defender. A guerra nuclear é um risco crescente. Se o regime de Kiev, patrocinado pelos EUA, der um golpe fatal em Zaporozhye, causando contaminação radioativa incalculável da Europa, Rússia e do resto do mundo, o que os americanos esperam que Moscou faça? No entanto, essa loucura de Washington está sendo perseguida.

O fim diplomático da crise de Zaporozhye, assim como da guerra geral na Ucrânia, está sendo frustrado pelo militarismo da OTAN. O principal regime terrorista nuclear do mundo – em Washington – está brincando com fogo e agindo como o perverso Deus da Morte novamente, mantendo o mundo inteiro em resgate por seus fins perniciosos.

Um teste simples e urgente acena: pare os ataques militares a Zaporozhye. Agora, quem está contestando?

OS MILHÕES EM FUNDOS DA UE QUE AINDA NÃO CHEGARAM AOS PORTUGUESES

O enorme atraso na utilização dos fundos comunitários causa graves prejuízos ao país

– No fim do 1º semestre 2022 ainda estavam por utilizar 6335M€ do “PORTUGAL 2020”, que devia ter terminado em 2020
– Na mesma data, dos 16644 M€ do “PRR” só tinham sido utilizados 762M€, sendo 17 M€ pagos às empresas privadas
– O “PORTUGAL 2030” (22995M€ para 2021-2027) ainda nem começou

Eugénio Rosa [*]

Uma das principais causas do atraso do nosso país é precisamente o novo investimento realizado que tem sido insuficiente até para compensar aquele que desaparece pelo uso e obsolescência, traduzido na baixa percentagem da riqueza criada (PIB) que é investida, o que determina que o “stock” de capital líquido por empregado seja muito inferior à média dos países da UE e tenha mesmo diminuído nos últimos anos. Segundo a AMECO (base de dados da Comissão Europeia), em 2022, o stock de capital líquido por empregado era, em Portugal, apenas de 109200€, enquanto a média nos países da UE era de 196200€ (+79,7%) e nos da Zona Euro 223400€ (+104,7%). E até tem diminuído nos últimos anos que torna mais grave a situação. Entre 2013 e 2022, o “stock” líquido de capital por empregado diminuiu, em Portugal, de 124 600€ para 109 200€ (-12,4%).

A DIMINUIÇÃO SIGNIFICATIVA DO INVESTIMENTO TOTAL E DO INVESTIMENTO PÚBLICO EM PORTUGAL

A diminuição do “stock” líquido de capital por empregado no nosso país, quando comparado com a média dos países da UE ou da Zona, é uma consequência da redução do investimento quer total (publico + privado) quer do investimento feito pelas Administrações Públicas (Central, Local e Regional) medido em percentagem do PIB (riqueza criada no país) como revelam os dois gráficos seguintes com dados do Eurostat.

Em 2010, a FBCF (investimento) total (publico + privado) em Portugal era praticamente igual à média dos países da União Europeia (em Portugal 20,6% do PIB, e na UE 20,7% do PIB). A partir desse ano foi o descalabro. Em 2015, era apenas 15,5% do PIB, enquanto a média na UE era 20,2% do PIB. E apesar de ter aumentado a partir desse ano, mas de uma forma insuficiente, em 2021, em Portugal o investimento total correspondeu apenas a 19,8% do PIB do nosso país quando, nesse mesmo ano, a média nos países da União Europeia era de 22% do PIB. Assim, o atraso (divergência) de Portugal em relação à média europeia era inevitável, como efetivamente aconteceu.

A quebra significativa no investimento publico como mostra o gráfico 2 explica em grande parte a quebra verificada na Formação Bruta de Capital Fixo (investimento) total no país.

Dominado pela obsessão de reduzir o défice, os governos do PSD/CDS, mas principalmente os de Costa/Centeno/Leão, e agora também com Medina cortaram drasticamente no investimento público, o que causou uma profunda degradação dos equipamentos públicos com consequências dramáticas para o desenvolvimento do país que a população sente atualmente (hospitais, centros de saúde, escolas, esquadras da polícia e GNR, transportes, etc). O investimento feito pelas Administrações Publicas que, em 2010, representou 5,3% (a média, nesse ano, nos países da UE foi 3,6%), em 2016 foi reduzido no nosso país apenas a 1,5% (2,8% na U.E.) e nos três anos seguintes (2017 a 2019) correspondeu apenas a 1,8% (na UE entre 2,8% e 3%). Embora em 2021 tenha aumentado, para 2,5% do PIB continuou a ser muito inferior à média da UE que foi 3,2% PIB.

Como se sabe a produtividade dos trabalhadores depende muito dos equipamentos que utiliza e este do investimento realizado. Também a modernização e a inovação do aparelho produtivo, e a criação e desenvolvimento de setores de média-alta e alta tecnologia exigem muito investimento. E o que se assistiu em Portugal, nos últimos anos, foi uma diminuição acentuada no “stock” de capital líquido por empregado o que significa que se desenvolveram fundamentalmente setores de baixa produtividade e de baixos salários, como são os associados ao turismo (restauração, hotéis, os “TuK Tuk”, etc) e a outras atividades de média e baixa tecnologia. Desta forma foi posto em causa a modernização da economia, e o “desenvolvimento” verificado foi baseado fundamentalmente na utilização intensiva do trabalho (o emprego cresceu só na população de 45-64 anos).

A quebra significativa no investimento público, para além deste deixar de ser um dinamizador do investimento privado e do desenvolvimento do país, teve consequências dramáticas quer na prestação de serviços à população, em que face mais visível é a situação de degradação a que chegou o SNS sentida pelos portugueses.

O pais teve de enfrentar e enfrenta graves sociais e económicas, causadas pela pandemia e pelas sanções aplicadas à Rússia, com uma economia muito frágil e com serviços públicos degradados o que teve, está a ter e vai continuar a ter, pois a guerra na Ucrânia e as sanções vão durar, consequência graves e enormes quer para o país, cujo atraso será cada vez maior, e para a população devido à escalada de preços que já é insustentável para as classes médias e para os dois milhões de portugueses pobres que existem no nosso país, perante a passividade do governo e do presidente da República que nada fazem para minorar os efeitos da crise.

Portugal | Batidos recordes de óbitos em quase metade dos dias de julho

No total, morreram em julho 10.602 pessoas. Houve excesso de mortalidade em quase todos os dias do mês de julho, à exceção dos dois primeiros (1 e 2) e dos três últimos (29, 30 e 31).

Em quase metade dos dias de julho foram batidos recordes de mortalidade para este mês, com o dia 14 a ser aquele que maior percentagem de excesso de mortalidade registou (63,4%), segundo dados oficiais.

Os dados da vigilância da mortalidade, elaborado com base no Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO), que a agência Lusa consultou, indicam que houve excesso de mortalidade em quase todos os dias do mês de julho, à exceção dos dois primeiros (01 e 02) e dos três últimos (29, 30 e 31).

O dia 14 de julho (com 458 óbitos) foi o que registou uma percentagem maior de excesso de mortalidade (63,4%). Nos últimos 13 anos, este foi igualmente o dia 14 de julho que mais mortes registou.

Em 12 dias do mês de julho (entre 01 e 04, entre 12 e 16 e nos dias 18, 25 e 28) foram batidos recordes dos extremos máximos de mortalidade: uns datavam de 2010, outros de 2013 e outros de 2020.

Há duas semanas, a Direção-Geral da Saúde (DGS) revelou que Portugal tinha registado um excesso de mortalidade entre 07 e 18 de julho correspondente a 1.063 mortes atribuídas às temperaturas extremas que se verificaram no continente.

Segundo os dados do índice ÍCARO - uma medida numérica do risco potencial que as temperaturas ambientais elevadas têm para a saúde da população, podendo levar ao óbito -- os valores estiveram no seu nível mais elevado precisamente no dia 14 (0.96).

Nos últimos três dias, quando começaram de novo a subir as temperaturas, o valor voltou a aumentar: de 0.04 na sexta-feira (29) passou para 0.38, no sábado (30), e para 0.68, no domingo (31).

Este índice compara os óbitos previstos pelo modelo estatístico subjacente ao sistema de vigilância ÍCARO, com os óbitos esperados sem o efeito das temperaturas extremas.

No total, morreram em julho 10.602 pessoas.

 Diário de Notícias | Lusa

REGRESSO A UM LUGAR ONDE NUNGUÉM É FELIZ

Cristina Figueiredo | Expresso (curto)

Quatro meses depois, o secretário-geral das Nações Unidas regressa à Ucrânia. António Guterres está em Lviv, onde se encontrará esta quinta-feira com o chefe de Estado do país, Volodymyr Zelensky, e com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, com a delicada situação da central nuclear de Zaporijía na agenda. Amanhã visita o porto de Odessa, um dos vários por onde estão a ser escoados os cereais ucranianos através do acordo entre russos e ucranianos apadrinhado pela ONU e pela Turquia.

A presença do secretário-geral da ONU no território não para a guerra. "Estamos num impasse estratégico" afirma Oleksiy Arestovych, conselheiro de Zelensky. Em Kharkiv, ontem à noite, novo ataque russo fez seis mortos e pelo menos dezasseis feridos. “Um ataque desprezível e cínico que não tem justificação”, classificou Zelensky, prometendo vingança. Entretanto há notícias de novo ataque na segunda maior cidade ucraniana, já esta manhã, que terá feito um morto e mais de uma dezena de feridos.

Por cá ainda não se vislumbram quais as ideias do Governo para cumprir a acordada poupança de 7% no consumo energético, mas em Espanha as primeiras medidas em curso já produziram efeito: a redução no consumo de eletricidade foi de 3,7% no período de 8 a 14 de agosto.

Seis meses depois (cumprem-se na próxima quarta-feira), o conflito continua sem fim à vista. Katarzyna Zysk, investigadora na área da segurança, defesa e estudos estratégicos em Oslo, dá uma entrevista ao Expresso onde confirma isso mesmo e defende que o ocidente não tem alternativa senão continuar a apoiar militarmente a Ucrânia.

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

O incêndio na Serra da Estrela foi finalmente dado como dominado, eram 21h30. Onze dias após a ignição inicial e consumidos mais de um quarto da área total do parque. Outro incêndio, que começou ontem à tarde nas Caldas da Rainha, foi extinto já de madrugada. Um bombeiro morreu ontem neste incêndio, vítima de ataque cardíaco. Ministro da Administração Interna e Presidente da República não demoraram a demonstrar o seu pesar pelo sucedido. Os dois políticos vão estar hoje, ao final da tarde, lado a lado no briefing da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, sinal (se mais fossem precisos) de que a época de incêndios ainda está longe do fim e, não menos importante, de que Marcelo está em consonância com o Governo em mais uma provação. Sinal também de que são para levar a sério os avisos do IPMA sobre uma nova onda de calor (a terceira) já a partir de sábado.

E se o calor não faz greve, ”a contestação laboral não tira férias". A Raquel Moleiro foi fazer as contas e concluiu que os pré-avisos de greve comunicados este ano no Ministério do Trabalho mais do que duplicaram até junho, face ao mesmo período de 2021. Já somam 632.

Mais de uma semana foi o tempo que levou Sérgio Figueiredo a apresentar a renúncia ao cargo de consultor para que tinha sido convidado por Fernando Medina. Umas horas depois, o ministro das Finanças fez chegar um comunicado às redações para lamentar "profundamente" que o país tenha assim ficado impedido de contar com "o valioso contributo" do antigo jornalista. Suficiente para por uma pedra sobre o assunto? A oposição, apesar de saudar o que considera ser "o desfecho inevitável", acha que não. Mas sobre o "estranho caso", aos socialistas não se ouviu um pio. Exceção feita a Ascenso Simões, o deputado por Vila Real, antigo secretário de Estado da Administração Interna e (por breves momentos) diretor de campanha de António Costa em 2015, que acha que tudo se resume aquela palavra com que Camões fecha os Lusíadas, e alguns outros socialistas que, ouvidos pela SIC mas mantendo o anonimato, se confessaram "aliviados" pelo fim (será mesmo?) da controvérsia.

Esta quarta-feira foi um dia de sucessos desportivos nacionais (e Marcelo já congratulou os atletas).

No triplo salto: em menos de um ano, Pedro Pablo Pichardo conquistou o ouro nas Olimpíadas, no campeonato mundial e, ontem, ao final do dia, no europeu;

Na natação: depois do bronze de Diogo Ribeiro nos 50m mariposa, Gabriel Lopes conquistou a segunda medalha (também bronze) para Portugal nos Europeus de Roma;

No futebol: o Benfica venceu o Dínamo de Kiev por 2-0, na Polónia, na primeira mão do play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, ficando assim em confortável vantagem para a segunda mão, que se joga na terça-feira, no Estádio da Luz.

Angola | INTESTINO GROSSO LIGADO AO CÉREBRO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O fenómeno começa a ser inquietante e exige uma resposta universal. Em tempo de eleições, o espaço mediático fica saturado de leprosas e leprosos morais em adiantado estado de podridão. Mas isso ainda é pouco. Aparecem seres humanos que nasceram com o intestino grosso ligado ao cérebro e, por isso, das suas bocas só sai porcaria. Algumas e alguns são académicos de papel passado. Outras e outros não passam de mendigos, sempre de mão estendida a quem tem as chaves dos cofres públicos. Manipulam, aldrabam, marcam ciosamente o lugar debaixo da mesa, para abocanharem as migalhas que sobram dos banquetes. É uma forma de estar na vida. 

Paulo Inglês, vice-reitor da Universidade Piaget, é gordo e luzidio. Explicou à empregada de limpeza que a RTP enviou a Angola para “cobrir” as eleições e ser coberta por algum incauto (a sífilis não tem cura…), que “o partido no poder não está preparado para a alternância”. Se eu fosse o privado dono da escola superior, o sujeito passava logo a servente ou, no máximo, a faxina das latrinas. Este tem o intestino grosso ligado ao cérebro e pensa com a cabeça do dedo pequenino do pé direito. Um fenómeno que ganhava uma fortuna no circo. 

O aborto não explicou a sua afirmação. Mas também não disse à empregada da limpeza armada de microfone, quem está preparado para a alternância. O líder da UNITA só fala em fraude eleitoral. É alternância a quem? Se por distracção do acaso ganhasse as eleições, milhões de angolanos gritavam em coro: Ele tem razão, houve fraude eleitoral! E era recambiado para a Jamba onde fazia o seu governo de alterne. Mas tinha de jurar a pés juntos e pelo sangue de boi que não ia queimar as meninas nas fogueiras.

O chefe do Galo Negro prometeu um salário mínimo de 150 mil kwanzas. Se o fenomenal aborto Paulo Inglês acha que essa promessa é de quem está no seu perfeito juízo, então o dono da Universidade Piaget tem de retirá-lo da serventia e da faxina às latrinas. O homem não serve para nada, nem para apanhar restos de comida nos contentores do lixo.

O gerente da Sociedade Civil em consórcio com a UNITA promete fazer das Lundas um sobado de kamanguistas e entregar Cabinda aos abutres do petróleo. Anda a vender, por um punhado de votos, a Integridade Territorial e a Soberania Nacional. Se Paulo Inglês acha que esta besta insanável está preparada para governar, enlouqueceu. A UNITA é um gangue de traidores, assassinos, criminosos de guerra, vigaristas e arruaceiros. Os melhores que existiam no partido abandonaram a política. Outros estão na CASA-CE, no Partido Humanista, no Njango ou até no MPLA. Ninguém governa com criminosos de guerra e vigaristas vulgares.

A UNITA, até 2022 só matou e destruiu. Claro que está diferente dos tempos tenebrosos do Jonas Savimbi. Hoje a direcção apenas expulsa quem pensa. No tempo do criminoso de guerra, os contestatários eram assassinados a tiro ou à paulada. As elites femininas do Galo Negro eram imoladas nas fogueiras da Jamba, algumas com os bebés ao colo. Os maridos delas, os pais dos bebés, corriam à procura de lenha para o fogo! Adalberto tratava dos diamantes de sangue. Sem sangue, estes sicários não vivem. São piores do que vampiros. 

Entre 2002 e 2017, a UNITA apenas traficou diamantes e custou milhares de milhões aos cofres públicos. Ficam mais caros do que todas as obras. Do que todas as prestações sociais. Do que o Orçamento da Saúde e da Educação juntos. É o preço que temos de pagar pela reconciliação nacional. A rebelião de Jonas Savimbi acabou há 20 anos e eles ainda não se reconciliaram com Angola! Odeiam a democracia. Não são capazes de viver em paz. Nasceram belicistas e assim vão morrer. Depois da tremenda tareia eleitoral que vão sofrer em 24 de Agosto, as instituições democráticas têm de obrigar os sicários da UNITA a fazerem alguma coisa de útil por Angola. Porque, até agora, só mataram e destruíram. Basta! Kuabo maka!

Um jovem da Universidade Piaget disse à empregada da limpeza  da RTP que “cobre” as nossas eleições: “ Sou pela alternância. O carro é o mesmo, temos de mudar o motorista”. Um bom aluno do Paulo Inglês. Caro jovem, um país não é um carro e não pode ser governado por motoristas. A governação exige inúmeros quadros bem preparados. Sábias e sábios. Com muita experiência ao serviço da causa pública. Temos poucas e poucos, é certo. Mas 99 por cento são do MPLA. 

Esqueçam, jovens! Um país não se governa com lunáticos, traidores, vigaristas, vândalos e assassinos. Mas se quiserem experimentar, estão à vontade. Damos uma palavrinha ao governador do Cuando Cubango e ele deixa-vos recriar a Jamba savimbista. Antes temos de evacuar todas e todos que lá vivem. Já sofreram quanto baste. Não recomendo a experiência às nossas jovens. Por favor, não se metam nessa.

Vou contar-vos uma estória real. Um inútil aperaltado recebeu uma tonelada de dinheiro para brincar aos jornais. Criou um em Benguela e aquilo era abaixo de péssimo. Poucos números depois aquilo foi à falência. Não sei em quem ele votava nessa altura. Esse mesmo artista foi acomodado num instituto público para formar técnicos da Administração local. Sem concurso, apenas por afinidades partidárias. Acaba de revelar que vai votar no MPLA porque agora os ministros não são criados, a corrupção acabou, os empregos não se conseguem por pedidos e os altos cargos são ocupados por concurso. Viva o MPLA. Mas não disse em quem votava antes de 2017. Só recebia as benesses do partido que fez dele gente.

O voto é secreto, por isso eu não voto. Votei muitas vezes mas de braço no ar, nas assembleias do Sindicato dos Jornalistas nos plenários da Emissora Oficial de Angola (RNA) para toda a gente saber que eu era do MPLA. Receber um boletim de voto, esconder-me numa cabina, colocar um xis no MPLA e em João Lourenço, dobrar o papel e introduzi-lo na urna, não contem comigo. Mas sei por que razão, todas as angolanas e angolanos devem votar no MPLA.

Vamos votar no MPLA (eu é de braço no ar) porque uniu, nos anos 50, todas as forças nacionalistas contra o colonialismo. Vamos votar no MPLA porque em 4 de Fevereiro de 1961 moldou a nossa Matriz Revolucionária que nos trouxe até hoje. Vamos votar no MPLA porque conquistou a Independência, de armas na mão, enfrentando a tenebrosa máquina repressiva colonial. Vamos votar no MPLA porque sob a sua bandeira ganhámos a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Vamos votar no MPLA porque é o único partido que tem quadros para governar Angola. Vamos votar no MPLA porque nos próximos 50 anos não tem alternativa credível. E a culpa é dos que não são capazes de conquistar credibilidade. Uma corja de Incompetentes, impotentes e incapazes não dá alternância.

*Jornalista

Ex-PR morreu de causas naturais. Juiz decidiu entregar os restos mortais à viúva

ANGOLA

Em Espanha o juiz Francisco Collado explica que só agora foi possível deliberar sobre a quem entregar os restos mortais do antigo presidente angolano e decidiu entregar os restos do ex-presidente de Angola à sua viúva argumentando que Ana Paula dos Santos tem preferência sobre os filhos na disputa pelo cadáver e confirmou definitivamente morte por causas naturais.

"O relatório de 9 de julho de 2022 estabelece o tipo de morte natural, causa de morte insuficiência cardiorrespiratória crónica agravada por uma infeção respiratória, cardiopatia isquémica crónica e fibrose pulmonar", lê-se na decisão do juiz, datada de terça-feira e enviada hoje à Lusa.

Nessa decisão, o juiz Francisco Collado explica que só agora foi possível deliberar sobre a quem entregar os restos mortais do antigo Presidente angolano porque só agora ficou definitivamente provado que "o relatório confirma as conclusões preliminares do relatório de autópsia com data de 09 de julho, que assim passam a definitivas".

Depois do esclarecimento sobre a demora de mais de um mês na decisão, o juiz explica porque deu razão à antiga mulher de José Eduardo dos Santos, que pretende fazer o funeral em Luanda, e não a Tchizé dos Santos, que escolheu Barcelona para enterrar os restos mortais do pai, argumentando com a sua vontade expressa em vida.

"Havendo uns filhos que querem a entrega dos restos à mãe e esposa não separada legalmente, e outros filhos que querem a entrega a uma filha do primeiro casamento, não pode ser o termo genérico da vontade do filho a prevalecer, já que os filhos estão divididos", afirma Francisco Collado na deliberação.

Recorrendo à jurisprudência de uma sentença do tribunal de Pontevedra, em 1998, o juiz espanhol lembra que a preferência foi dada, no caso de 1998, ao cônjuge vivo em detrimento dos pais e, por isso, "parece lógico que se o referido preceito impõe a obrigação de satisfazer as despesas funerárias do falecido àqueles que em vida teriam a obrigação de o alimentar, e o Artigo 143.1 estabelece o cônjuge como a primeira parte obrigada, com preferência sobre os ascendentes e descendentes do prestador, então deve entender-se de forma análoga que é também o cônjuge que tem o direito sobre os restos mortais do falecido".

Além disto, acrescenta, há também um "hábito de caráter social" que foi apresentado como argumento numa decisão de janeiro de 2000, que confirma a existência de uma lacuna legal nesta área, mas atribui a razão a quem "tratou" do defunto em vida, no caso, a viúva Ana Paula dos Santos.

Relativamente à questão sobre se os restos mortais devem ficar em Barcelona ou seguir para Angola, o juiz Francisco Collado escreve que "a regulamentação sobre alimentos e prática social atribui a decisão sobre os restos mortais ao cônjuge viúvo" e acrescenta que a vontade da viúva é coincidente com a vontade das autoridades angolanas, que sustentaram as despesas médicas do antigo presidente.

"Uma série de alegações foi feita para compreender que, neste caso, a decisão da viúva de transferir [o corpo] para Angola não é congruente com a realidade dos factos, e com base nisso a sua preferência é criticada, no entanto, dois elementos factuais que não foram rejeitados levam ao contrário: as despesas de vida do falecido foram pagas pelo governo angolano, [José Eduardo dos Santos] recebeu visitas de líderes angolanos enquanto esteve em Barcelona, assim, a decisão expressa pela viúva de transferir os restos mortais para o país de nascimento do defunto não é incongruente e deve, portanto, ser respeitada", conclui o magistrado espanhol.

Tchizé dos Santos, filha do antigo presidente angolano, vai recorrer da decisão do tribunal espanhol que atribui a custódia do cadáver à sua ex-mulher Ana Paula dos Santos, disse esta manhã à Lusa a sua advogada.

"A decisão do juiz de instrução número 11 de Barcelona de entregar o corpo do antigo presidente angolano José Eduardo dos Santos à sua antiga mulher será sujeita a recurso por Tchizé dos Santos", disse a advogada Carmen Varela, explicando que o argumento tem a ver com a competência do tribunal.

"Vamos interpor recurso por entendermos que a jurisdição penal não é competente para deliberar sobre este assunto, que deve ser a jurisdição civil a pronunciar-se sobre ele", argumenta a jurista, lembrando que "atualmente existe um processo em curso no tribunal civil sobre esta questão".

José Eduardo dos Santos, que governou Angola de 1979 a 2017, morreu, em 08 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos.

Duas fações da família dos Santos disputam, na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha, quem ficará com a guarda do corpo de José Eduardo dos Santos.

De um lado, está Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opõem à entrega dos restos mortais à ex-primeira-dama e são contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições de 24 de agosto para evitar aproveitamentos políticos.

Do outro, está a viúva Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que reivindicam também o corpo e querem que este seja enterrado em Angola nos próximos tempos.

Diário de Notícias | Lusa

Angola | O BAIRRO KILAMBA E A MAYOMBOLA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os accionistas da Sociedade Civil em consórcio com a UNITA mereceram três segundos de atenção do cabeça de lista do MPLA, João Lourenço. Tempo precioso perdido. Mas justificado. Eles andam desde o início da campanha preocupados com o voto dos mortos. Alguém por piedade, obra de misericórdia, tinha que lhes explicar que os mortos não votam. Nem voltam da Mayombola, vivos mas frios como pele de osga, olhos baços e mortiços como o criminoso de guerra Jonas Savimbi quando teve o encontro fatal com o longo braço da Lei.

Os mortos morrem mesmo. Mas os sicários têm medo que voltem, votem e lhes apresentem contas. Se os milhares de angolanos mortos pela UNITA durante a guerra colonial, em sociedade com as tropas de ocupação, ressuscitarem, de certeza que vão ajustar contas com os seus matadores. 

Se os milhares de angolanos mortos pela UNITA durante a transição, em 1974, quando Savimbi alugou o movimento e as armas os independentistas brancos ressuscitarem, o ajuste de contas vai ser terrível. Não fica um para amostra.

Se os milhares de angolanos mortos pela UNITA por conta dos racistas de Pretória ressuscitarem, o ajuste de contas vai ser descomunal. Nem um fica para contar como foi. Vão, finalmente, ter o destino merecido. Angola deve ser o único país do mundo onde os assassinos se sentam nas cadeiras do Poder como pessoas de bem e ainda reclamam!

Se os milhares de angolanos mortos pelos sicários da UNITA, por selvajaria de Jonas Savimbi, na Jamba, todas e todos militantes do Galo Negro ressuscitarem, o Abel Chivukuvuku volta a pedir socorro ao Executivo e esconde-se num quartel das FAA até a mortandade voltar para as sepulturas. 

Não, accionistas da Sociedade Civil em consórcio com a UNITA, os mortos não votam. Nem regressam da Mayombola, o mundo dos eternos defuntos, desterro de pobres escravos condenados a escavar montanhas até à raiz da eternidade. Da morte não regressa ninguém, mesmo quando o Sol se extinguir e raiar a última aurora na imensidão da Mayombola. Estou a exagerar. Eu voltei. E na réstia do último clarão estava a minha amada. Deu-me um beijo e desde então, nunca mais morri. Magia! Magia! 

Os mortos não votam. E se votassem era no MPLA. Sem necessidade nenhuma, porque os vivos chegam e sobram para darem a maior tareia eleitoral de que há memória, aos accionistas da Sociedade Civil em consórcio com a UNITA. 

Tristezas não pagam dívidas e os mortos não falam, não votam nem se vingam dos matadores do Galo Negro. Mas isso não significa que não tenhamos de estar vigilantes. Um amigo do peito criticou-me porque, segundo ele, estou a tratar a UNITA como se fosse a mesma que se aliou aos colonialistas e disparou contra o Povo Angolano para impedir a Independência Nacional. Ou ainda é a mesma que Jonas Savimbi alugou ao regime racista de Pretória. A das fogueiras da Jamba onde foram queimadas vivas, as elites femininas do movimento. Ou a mesma da rebelião que terminou em Fevereiro de 2002.

Meu caro camarada. Lamento muito desiludir-te mas a UNITA de hoje é ainda pior. Porque se aliou aos mais perigosos gangues das nossas grandes cidades. É o abrigo dos maiores bandidos de Luanda. Tudo quanto é marginal, alinha na tropa de choque do Galo Negro. Mas além dos bandidos armados¸ saqueadores, ladrões, salteadores à mão armada, desordeiros, vândalos, também é refúgio do pior banditismo de colarinho branco, como é exemplo gritante, o filho do Gentil Viana. Ao inimigo nem um palmo de terra. Vigilância camaradas. Não podemos ser surpreendidos como em 1992. À primeira quem quer cai, à segunda só cai quem é burro, mesmo que fale como gente.

Quando há dúvidas, nada melhor do que visitar a História. Os guerrilheiros do MPLA tinham as suas posições consolidadas na Frente Leste e a direcção do movimento decidiu levar a guerrilha ao Planalto de Malanje. Porque uma vez criadas bases nessa província, tinham Luanda à vista, usando o caminho-de-ferro. Era uma forma de reforçar a isolada I Região. Jonas Savimbi e a sua associação de malfeitores ajudaram os colonialistas a impedir essa vitória. Perguntem ao General Ndalu, ele explica os pormenores.

A direcção do MPLA decidiu levar a guerrilha ao Planalto Central para aí criar bases sólidas e abrir uma frente para o mar. O comboio era o instrumento ideal para as forças da guerrilha chegarem ao Lobito. Os colonialistas impediram a operação com a ajuda da UNITA, que disponibilizou aos Flechas da PIDE os seus dois melhores comandantes: Os majores Pedro e Sachilombo, fundadores do movimento e membros do grupo inicial que fez treino militar na República Popular da China. A UNITA aliou-se aos independentistas brancos para impedir o processo de descolonização. Debandada geral em 1974 e 1975.

Assim ficámos sem gente até para conduzir táxis e camiões. Pesar um quilo de fuba nas cantinas. O Galo Negro atrasou o desenvolvimento de Angola mais de cem anos. Agora, em consórcio com os accionistas da Sociedade Civil, quer impedir a recuperação do tempo perdido. Vão receber nas urnas de voto a resposta que merecem: Tareia eleitoral como nunca se viu.

A RTP mandou uma empregada da limpeza para “cobrir” as eleições. A rapariga só fala de fome, fome, fome. Ó filha daqui não levas nada. Para ti, o que queres, está murcho. A TVI/CNN Portugal mandou um rapaz descabeçado que fala na República Popular de Angola. Hoje foi à Centralidade do Kilamba e disse que “estou aqui no bairro Kilamba”

Ninguém lhe explicou que Angola é o único país do mundo que em plena guerra de agressão estrangeira, além de defender a Soberania e a Integridade Territorial , os governos do MPLA lançaram a Reconstrução Nacional. Construíram novas cidades. U:ma delas é a Centralidade do Kilamba. Para o rapazola perceber, digo-lhe que em Portugal, só Lisboa tem mais habitantes do que aquele “bairro”. Uma cidade nova, construída de raiz, com todas as infra-estruturas. Fui informado que tem hoje 250 mil habitantes. A segunda cidade portuguesa, o Porto, tem 215 mil! Mandam-nos uma empregada da limpeza e um analfabeto “cobrir” eleições. Falta de respeito!

*Jornalista

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