segunda-feira, 3 de outubro de 2022

O FORTE E O MERAMENTE PODEROSO – Patrick Lawrence

Patrick Lawrence* | Especial para o Consortium News

Na ordem mundial agora emergente, são as nações genuinamente fortes que prevalecerão sobre aquelas que dependem apenas do poder, e a força terá pouco a ver com isso.

#Traduzido em português do Brasil

O discurso de Vladimir Putin no Kremlin na sexta-feira passada, proferido à nação e ao mundo quando quatro regiões da Ucrânia foram reintegradas à Rússia, foi outro espanto, em linha com vários outros que ele fez este ano, demonstrando uma virada fundamental no pensamento do presidente russo nos últimos oito meses.

As implicações dessa nova perspectiva merecem consideração cuidadosa. Putin começou a olhar para frente e ver algo novo, e nisso ele não está sozinho.

“O mundo entrou em um período de transformação fundamental e revolucionária”, disse Putin ao lado dos líderes das repúblicas de Luhansk e Donetsk e das regiões de Kherson e Zaporozhye. Frases como essa carregam o peso da história. Em termos de magnitude, os discursos presidenciais não ficam maiores. Aqui está como o líder russo expandiu o pensamento:

“Novos centros de poder estão surgindo. Eles representam a maioria — a maioria! — da comunidade internacional. Eles estão prontos não apenas para declarar seus interesses, mas também para protegê-los. Eles veem na multipolaridade uma oportunidade de fortalecer sua soberania, o que significa ganhar liberdade genuína, perspectivas históricas e o direito a suas próprias formas de desenvolvimento independentes, criativas e distintas, a um processo harmonioso”.

Putin fala neste registro desde 4 de fevereiro, 20 dias antes de a Rússia lançar sua intervenção na Ucrânia e às vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim. Na Declaração Conjunta sobre Relações Internacionais Entrando em uma Nova Era e Desenvolvimento Global Sustentável , emitida com Xi Jinping, Putin e o presidente chinês declararam: “Hoje o mundo está passando por mudanças importantes”.

“e a humanidade está entrando em uma nova era de rápido desenvolvimento e profunda transformação. Há cada vez mais inter-relação e interdependência entre os Estados; uma tendência surgiu para a redistribuição de poder no mundo”.

A retórica de Putin ficou marcadamente mais afiada de fevereiro até a última sexta-feira. Ele atacou a União Européia por seu “egoísmo” e covardia, os EUA por sua agressão hegemônica, incluindo o genocídio de nativos americanos, e o Ocidente como um todo pelo caráter “neocolonial” de suas relações com o não-ocidente. Putin e seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, costumavam se referir às nações ocidentais como “nossos parceiros”. Na última sexta-feira, os parceiros de ontem são os “inimigos” da Rússia.

NAVE DOS LOUCOS

A paz tornou-se gradualmente um conceito vazio, transformado propagandisticamente num instrumento ideológico cultivado apenas por minorias supostamente transviadas, por isso vilipendiadas e silenciadas em clima inquisitorial.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Esqueçam as alterações climáticas, o aquecimento global, a pegada de carbono, as mil e uma sustentabilidades prometidas, as energias alternativas, os glaciares a derreter e os mares a subir, as agendas verdes e outros assuntos sérios relacionados com a sobrevivência do planeta. Como há muito se sabe, e agora se tornou existencial para todos nós, a guerra é a principal ameaça contra a Terra e todos os seres vivos que a habitam. Não há combate possível e eficaz contra os problemas parcelares se a guerra não for eliminada, isto é, se não forem encontradas e aplicadas fórmulas de paz capazes de neutralizar a opção dominante pelos conflitos armados.

Alguém acredita que possa ser estabelecido um sistema funcional e global de luta contra as alterações climáticas num mundo em guerra tal como aquele em que vivemos hoje? O recurso a armas de extermínio – de que já estivemos muito mais longe – é capaz de provocar em escassos minutos a extinção da vida do planeta que a degradação do clima pode demorar décadas ou séculos a consumar. O pensamento único dominante inverteu as prioridades de acção, optando no sentido da minimização ou mesmo do risco da extinção da vida, e, por incrível que pareça, isso não aconteceu por acaso. É obra de sociopatas, os que governam efectivamente o mundo de leste a oeste, de norte a sul e perderam a noção de que a própria defesa dos interesses das poderosas elites minoritárias para quem trabalham deveria ter limites, quanto mais não seja o da sobrevivência da humanidade.

A procura da paz nunca poderia ter sido separada e isolada das causas dominantes dos nossos tempos. Mas alguém seria capaz de imaginar hoje um jovem discursando nas Nações Unidas apelando à paz mundial, tal como a sueca Greta Thunberg fez sobre a degeneração climática? À luz da mentalidade dominante seria um absurdo, nem o secretário-geral das Nações Unidas pensaria numa coisa dessas até porque incomodaria os poderes que se apropriaram da organização, por sinal os senhores da guerra.

A paz tornou-se gradualmente um conceito vazio, transformado propagandisticamente num instrumento ideológico cultivado apenas por minorias supostamente transviadas, por isso vilipendiadas e silenciadas em clima inquisitorial. A paz é «subversiva» ou, no dizer de eminentes pensadores e opinadores assumidos como proprietários da opinião única, um conceito «abstracto».

E o mundo tornou-se um lugar vazio de paz agora que o planeta rolou para a beira do abismo, atingindo a posição mais periclitante de sempre. Neste cenário resta a guerra, mas como a guerra não tem solução à vista, a não ser a do confronto fatal, e não há quem consiga fazer ouvir a voz da razão sobre a cacofonia da morte, então nada augura de bom para esta nave dos loucos a bordo da qual somos arrastados. Eles não ouvem nem sentem; estão imunes até às vozes sensatas que conseguem furar o cerco da propaganda terrorista.

PELOS VALORES EUROPEUS CONTRA A EXTREMA-DIREITA

Paulo Baldaia* | Diário de Notícias | opinião

Sem os imigrantes a economia nacional colapsava. O turismo, motor da nossa economia, está altamente dependente da mão-de-obra estrangeira; os frutos vermelhos ficariam por apanhar no Alentejo e a pera-rocha não sairia das árvores no Oeste; a construção civil avançaria a passo de caracol; a limpeza dos hospitais, das empresas e das casas particulares, para quem pode pagar um(a) empregado(a) doméstico(a), não seria feita. A lista é infindável.

Ainda assim, os portugueses não se mostram grandes entusiastas com a imigração. O European Social Survey mostrava, em 2018, que o país dava uma nota de apenas 5,6 (numa escala de zero a 10) quando tinha de definir a imigração como sendo boa ou má para a economia. A avaliação piorava (5,1), quando os portugueses eram chamados a dizer se os imigrantes tornavam o país melhor ou pior para se viver. Dos 23 países europeus analisados, Portugal ficava a meio da tabela, dando o pódio, pela negativa, à Rússia, Hungria e Itália, onde a extrema-direita acabou de ganhar o poder.

Num estudo da Escola de Economia de Paris, onde se avaliaram fluxos migratórios entre 1985 e 2015, conclui-se que nos países que mais receberam imigrantes o PIB per capita aumentou e o desemprego caiu, exatamente o oposto do argumento mais utilizado pelos partidos populistas e xenófobos. Um outro estudo, feito pelo McKinsey Global Institute e pelo FMI, mostra que os imigrantes, que correspondem a cerca de 3,4% da população mundial, produzem no total 9,4% da economia global. Valem o triplo da riqueza face ao seu peso populacional.

Mesmo perante estas evidências, a imigração e a aversão das comunidades ao que é diferente são os fatores que mais têm contribuído para o crescimento da extrema-direita nacionalista na Europa. Raramente se atrevem a pedir o fim da imigração, sabem que não há nacionais para fazer o trabalho desses estrangeiros, mas exigem uma imigração seletiva, cumprindo regras que transformariam esses imigrantes em prisioneiros, remetidos a guetos de onde pudessem sair apenas para trabalhar; sem cultura e sem valores próprios, como novos cristãos-novos; com míseros salários apenas para garantir que ninguém pudesse dizer literalmente que a escravatura voltou. Mas é escravatura o que defendem, à moda do que se fez e faz no Qatar, por exemplo, para que um mundial de futebol possa acontecer.

Trata-se de defender os valores europeus, dizem os que nos pedem que olhemos para a imigração com cautelas e regras apertadas, regras que desumanizam a relação entre os povos e que transformam em máquinas os trabalhadores estrangeiros que garantem o nosso nível de vida. Como se os valores europeus não assentassem no Humanismo, onde impera o amor e o respeito pelos outros, a racionalidade e a valorização do confronto de ideias e valores diferentes como única forma de evoluirmos enquanto sociedade. Os que apregoam que é preciso sair em defesa dos valores europeus devem ser coerentes e lutar para que a extrema-direita não se aproprie desses valores como chavão com o único propósito de os corromper.

A extrema-direita nacionalista é violenta e, sempre que pode, arrasta os povos para a guerra. Já vimos isto acontecer, o que nos leva a pensar que não pode acontecer de novo?

*Jornalista

Deputados timorenses pedem prudência e ponderação no caso de Ximenes Belo

PEDOFILIA

Deputados timorenses pediram hoje ponderação e prudência relativamente ao caso do ex-administrador apostólico de Díli, Ximenes Belo, manifestando solidariedade com o prelado e pedindo aos media que publiquem "noticias fundamentadas".

Citados pela agência oficial timorense, a Tatoli, deputados de bancadas do Governo e da oposição, comentaram hoje a polémica que surgiu depois de um jornal holandês publicar entrevistas com dois timorenses que alegam ter sido alvo de abusos sexuais pelo prelado.

António da Conceição, chefe da bancada do Partido Democrático (PD), atualmente na oposição, considera que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação devia coordenar com a Santa Sé, "no sentido de, considerando a cultura e a religião de Timor-Leste, tratar o assunto com a devida ponderação de um modo que não prejudique a fé dos cristãos".

"A nossa bancada prestou a solidariedade ao amo Belo e louvou a sua humildade e a sua obediência face às restrições que lhe foram impostas pelo Vaticano", disse no plenário, citado pela Tatoli na sua página online.

António da Conceição pediu ao MNEC que cooperasse com a embaixada da Holanda -- país onde a primeira noticia foi publicada para "tratando o assunto com a seriedade que ele merece, respeitar a cultura do povo timorense e não fomentar a desagregação da sociedade em nome dos direitos humanos e da justiça".

O deputado ainda solicitou às diversas organizações internacionais que operam em Timor-Leste que respeitem a cultura do povo no modo como divulgam informação sobre o país.

"Peço às organizações internacionais que ponham o interesse nacional acima de tudo e contribuam para criar um ambiente que não seja propício à multiplicação de insultos entre o povo timorense", referiu.

Antoninho Bianco, vice-presidente da bancada da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), maior partido timorense, considerou que o " julgamento dos média e de algumas pessoas não resultaram numa boa imagem" para Ximenes Belo, escreve a Tatoli.

"A bancada da Fretilin e o povo timorense esteve sempre com você [referindo-se a Dom Carlos Ximenes Belo], desde o tempo da resistência e da luta pela libertação do país", disse.

"Peço aos media nacional e internacional que publiquem notícias fundamentadas e que se centrem, também, em notícias que se refiram ao desenvolvimento do país. A nossa bancada presta solidariedade ao Bispo Emérito de Díli", declarou.

Olinda Guterres, líder da bancada do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), outro dos partidos do Governo, dirigiu-se aos media: "Peço aos média nacionais e internacionais que não publiquem notícias sem evidências incontestáveis", disse.

Em resposta, o ministro dos Assuntos Parlamentares e Comunicação Social, Francisco Jerónimo, disse que vai encaminhar as declarações políticas das bancadas do PD e da Fretilin e a preocupação dos deputados ao MNEC para que este as reencaminhe para as entidades relevantes.

O Vaticano anunciou na semana passada ter imposto sanções disciplinares ao bispo timorense Ximenes Belo nos últimos dois anos, após alegações de que o Nobel da Paz teria abusado sexualmente de menores no seu país nos anos 1990.

Em comunicado, o porta-voz do Vaticano diz que o gabinete que lida com casos de abuso sexual recebeu alegações "sobre o comportamento do bispo" em 2019 e, no prazo de um ano, tinha imposto sanções. Estas sanções incluem limites aos movimentos do bispo e ao exercício do seu ministério, bem como a proibição de manter contactos voluntários com menores ou com Timor-Leste.

RTP | Lusa

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Nampula: Incursões extremistas provocaram 47 mil deslocados em Setembro

MOÇAMBIQUE

As incursões rebeldes registadas em setembro em Nampula provocaram um total de 47 mil deslocados, mas a maior parte voltou às suas zonas de origem com a melhoria das condições de segurança, avança fonte oficial.

"Nós tínhamos registado um total de 47 mil pessoas deslocadas devido a estes ataques na província, mas a maior parte já voltou para as suas regiões de origem. Atualmente, contabilizamos 18 mil pessoas que continuam na condição de deslocados", explicou esta segunda-feira (03.10) à agência de notícias Lusa o delegado do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) em Nampula, Alberto Armando.

A vaga de deslocados registada no início de setembro em Nampula foi provocada por incursões rebeldes em aldeias e comunidades de dois distritos localizados no extremo norte da província, na linha de fronteira natural com Cabo Delgado, e as populações que fugiram foram acolhidas principalmente em Namapa, vila sede do distrito de Eráti, por familiares e pessoas de boa vontade.

"Já arrancaram várias iniciativas de apoio a estes deslocados, coordenadas pelo Governo e parceiros. Vamos apoiá-los em dois níveis: assistência alimentar e não alimentar", acrescentou o delegado do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) em Nampula.

Angola | VIA ABERTA CONTRA A DEMOCRACIA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Angola nasceu como uma democracia popular sob a bandeira do socialismo. Porque quem devia organizar eleições, a potência colonial, fechou os olhos à invasão silenciosa do Norte de Angola pelas tropas do ditador Mobutu. Desactivou as suas unidades militares para ser fácil a ocupação estrangeira. No Sul escancarou a fronteira para o regime racista de Pretória ocupar o país, pelo menos até à linha do rio Cuanza e as províncias do Leste. A FNLA alinhou ao lado dos invasores zairenses. A UNITA serviu de capa às unidades militares sul-africanas. Para fazerem esse papel de traidores, fugiram das eleições. 

Sem a fuga dos movimentos de Holden Roberto e Jonas Savimbi, os angolanos tinham ido mesmo a votos. O “crivo das eleições” de que falava Agostinho Neto, para se saber quem tinha representatividade e apoio popular. O MPLA ficou no Governo de Transição até ao último segundo da data expressa no Acordo de Alvor. A parte portuguesa também assumiu o seu papel até ao fim. O alto-comissário, Almirante Silva Cardoso, ficou até ao arrear da bandeira portuguesa no Palácio da Cidade Alta. Agostinho Neto proclamou a Independência Nacional.

O MPLA estava sozinho contra o mundo. E assim ficou até derrotar o regime racista de Pretória. A vitória na guerra revelou a faceta generosa dos dirigentes angolanos da época. Estenderam a mão à UNITA para não se tornar uma organização pária escorraçada por todos e especialmente pela maioria negra que ia assumir o poder na África do Sul, através do ANC de Oliver Tambo, Walter Sisulu e Joe Slovo. Savimbi traiu os angolanos mas também traiu os patriotas sul-africanos que lutaram heroicamente contra o regime de apartheid.

O Acordo de Bicesse abriu caminho ao multipartidarismo. No Alvor ficou acordado que nas primeiras eleições democráticas só podiam participar os três movimentos de libertação: MPLA, FNLA e UNITA. Em 1992, podiam concorrer todos os partidos devidamente legalizados, em pé de igualdade com o MPLA, que assim pôs o poder em disputa, sem qualquer limitação ou exclusão. O eleitorado recompensou essa coragem política com uma maioria absoluta. Depois das eleições de 1992, a UNITA rasgou o Acordo de Bicesse e preferiu ser pária, mesmo sem o apoio do regime racista da África do Sul, em liquidação. Savimbi já tinha outros donos. Que se serviram da Ucrânia para armar os fora da lei.

Os partidos que surgiram em 1991 tiveram destinos diversos. Os que elegeram deputados foram para a Assembleia Nacional e ocuparam lugares no Governo do MPLA que, generosamente, lhes deu essa possibilidade. Os outros todos foram ao Huambo beijar a mão ao padrinho Savimbi e tornaram-se accionistas do consórcio do Galo Negro. Desapareceram.

Angola | Analista teme que contestação dificulte governação de João Lourenço

Escritores e analistas angolanos prevêem um mandato conturbado para o antigo e novo Presidente angolano, João Lourenço, sobretudo por causa da insatisfação da população com a situação no país.

O Presidente da República de Angola, João Lourenço, vai ter de se confrontar, neste seu segundo mandato, com protestos dos movimentos cívicos e de cidadãos angolanos descontentes com a governação no país, afirma o escritor angolano Jacques Arlindo dos Santos em entrevista à DW África.  

"Vai ser difícil governar com tanta onda de contestação, principalmente em Luanda onde está concentrado o poder político, onde estão concentradas as maiores forças do país e onde a derrota do [Movimento Popular de Libertação de Angola] MPLA foi copiosa”, diz o escritor.

Jacques dos Santos recomenda o recurso ao diálogo para aproximar as forças políticas em torno daquilo que são as ideias corretas dos interesses da nação angolana.  

O escritor diz que, há cinco anos, foi dos mais acérrimos defensores de João Lourenço, pela coragem que o Presidente agora reeleito demonstrou então em modificar o "status quo", nomeadamente no combate à corrupção.

Mas lamenta que "entrámos num regime praticamente autocrático”, acrescentando que "não tenho motivos para estar muito animado, ao menos que surjam factos concretos, que as promessas sejam de facto postas em prática”.

Brasil - eleições | CIRO, SIMONE E SORAYA TÊM DE FECHAR ACORDO COM LULA

"É o que o Brasil e o mundo esperam deles", diz Solnik

Alex Solnik* | Brasil 247 | opinião

Era quase consenso que a maior ameaça à democracia seria um golpe de estado liderado por Bolsonaro. Mas as urnas revelaram uma ameaça maior que essa: a reeleição.

Não importa discutir se as pesquisas enganaram os eleitores ou os eleitores enganaram as pesquisas. Os números de Lula, por sinal, batem com elas. Bolsonaro é que ficou muito acima. Eleitores de Ciro migraram para ele e não para Lula na reta final, desidratando Ciro, que teve 3%.

O fato é que Lula e Bolsonaro vão para um segundo turno imprevisível. E o futuro da democracia está em jogo.

Lula tem uma frente de 6 milhões de votos. Simone, mais Ciro, mais Soraya tiveram, juntos, 9 milhões. Ciro já deu sinais de que pode repensar sua decisão de não apoiar Lula no segundo turno. Simone e Soraya foram, em todos os debates, as maiores algozes de Bolsonaro. 

Agora que a ameaça de destruição de tudo o que foi construído desde 1985 fica maior, é imperativo que esses três defensores da democracia cerrem fileiras com Lula. 

Não há mais espaço para tergiversações. 

É o que o Brasil e o mundo esperam deles.

#Publicado em português do Brasil

*Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

“VAMOS GANHAR, O SEGUNDO TURNO É APENAS UMA PRORROGAÇÃO”, diz Lula

De olho no segundo turno, PT vai intensificar diálogo com MDB e Simone Tebet

Lula agradeceu os mais de 56 milhões de votos e disse que agora é conversar com a população. "Sempre achei que nós iríamos ganhar. E nós vamos. Isso é só uma prorrogação", afirmou

247 - O ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou na noite deste domigo (2) sobre a vitória diante Jair Bolsonaro no primeiro turno. Com 98,86% das urnas apuradas, Lula tem 48,17% dos votos, contra 43,42% de Bolsonaro. 

Em manifestação à imprensa, Lula agradeceu a confiança dos mais de 58 milhões de eleitores brasileiros e disse que o momento agora é de continuar a luta e vencer no próximo dia 30 de outubro. "Ontem falei que toda a eleição eu quero ganhar no 1° turno, mas nem sempre é possível. Mas a crença que nada acontece por acaso me motiva. Todas as pesquisas nos colocavam em 1° lugar, e sempre achei que nós iríamos ganhar. E nós vamos. Isso é só uma prorrogação", afirmou Lula. 

#Publicado em português do Brasil

Imagem: Luiz Inácio Lula da Silva fala sobre a vitória no primeiro turno das eleições (Foto: Reprodução)

SURPRESA, A NOVELA ELEITORAL BRASILEIRA JÁ ESTÁ NO AR


O ato eleitoral realizado ontem, domingo, 2 de Outubro, na República Federativa do Brasil, tem hoje colada a surpresa nos resultados apurados entre os dois candidatos mais votados, Lula e Bolsonaro. Ao contrário do expectável Lula não conseguiu os pouco mais de 50 por cento da votação para atingir a maioria e vencer à primeira volta ou primeiro turno. Cerca de cinco pontos separam Lula de Bolsonaro sem nenhum deles atingir a maioria dos votos necessários para ser eleito presidente da República.

Com 99.9 por cento da votação apurada o resultado entre os dois contendores expressam 48.43 por cento para Lula e 43.20 por cento para Bolsonaro. Cinco pontos de vantagem para Lula. Dentro de quatro semanas vai haver nova corrida às urnas de voto no Brasil e até lá mais uma cansativa campanha eleitoral extremada entre os dois candidatos. Não existe para já quem possa prever neste momento quem será o vencedor. A vantagem de Lula é mínima relativamente a Bolsonaro. Os resultados de sondagens futuras a partir de hoje têm sempre uma margem de erro que enganam pela sua inexatidão. Resta o combate eleitoral entre um homem do povo, Lula da Silva,  e um parasita fascistoide desumano e bronco que nem como militar serviu competentemente as Forças Armadas Brasileiras, chegando só a capitão quase por milagre. Depois salvou a sua veia parasitária na política, até agora, sempre num vislumbre e carreira alimentada pela via fascista - parece que ainda bem viva e a respirar no Brasil desde o tempo da ditadura militar e dos criminosos coronéis.

Surpreendentemente muitos dos brasileiros estão saudosistas do fascismo em que nasceram ou que reprimiu e assassinou tantos antifascistas e democratas. Parece que são quase metade da população eleitora. As contas certas só no final desta contenda eleitoral saberemos seu resultado. Daqui por cerca de um mês. Até lá.

Se então escolherem o pior depois não se lamentem ao mundo. Nem se armem em vítimas por terem sido enganados por Bolsonaro. Como no Brasil se diz: "Está na cara" que esse Bolsonaro é fascista, racista e serve-se da democracia para explanar as suas tendências desumanas, broncas e antidemocráticas. Daquele bronco de boca aberta e das suas políticas desumanas só entra mosca ou sai esterco!

Vamos ver se elegem Lula ou Bolsonaro. Surpresa, a novela eleitoral brasileira.

LULA - BOLSONARO VÃO TER DE DISPUTAR ELEIÇÃO EM SEGUNDO TURNO

Confirmado segundo turno nas eleições presidenciais

Com 96,9% de urnas apuradas, Lula tem 47,8% contra 43,7% de Bolsonaro

Com 96,93% das urnas apuradas, está confirmada a realização de segundo turno entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Lula está à frente, com 47,85% dos votos válidos, tendo virado a corrida quando 70% dos votos haviam sido apurados. Bolsonaro está em segundo, com 43,7%. A diferença entre o primeiro e o segundo colocado não permite mais a resolução da disputa no primeiro turno.

Simone Tebet (MDB) aparece em terceiro, com 4,22%. Ciro Gomes (PDT) está em quarto, com 3,05%.

Lula (PT)

Nascido em Garanhuns (PE), Luiz Inácio Lula da Silva se mudou ainda criança para o estado de São Paulo. Durante a adolescência, completou um curso de torneiro mecânico em uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e, posteriormente, passou a trabalhar como metalúrgico na cidade de São Bernardo do Campo, quando também começou a se envolver com a atividade sindical.

No final dos anos 1970 e 1980, Lula liderou grandes greves de metalúrgicos da região do ABC paulista. Junto a outros sindicalistas, intelectuais e militantes de movimentos sociais, fundou o Partido dos Trabalhadores (PT).

Pela legenda, se tornou deputado da Assembleia Constituinte que aprovou a Constituição de 1988 e foi derrotado nas eleições presidenciais de 1989, de 1994 e de 1998. Foi eleito para o posto mais alto do país em 2002, tendo sido reeleito em 2006. Deixou a Presidência em 2010, sendo sucedido por sua então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que venceu as eleições com o seu apoio.

Em 2017, Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Em 2018, teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro. As condenações foram anuladas em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou que a 13ª Vara Federal em Curitiba não tinha competência legal para julgar as acusações. O STF também considerou posteriormente que Moro agiu sem a devida imparcialidade no processo.

Aos 76 anos, Luiz Inácio Lula da Silva busca seu terceiro mandato como presidente. O candidato a vice em sua chapa é Geraldo Alckmin (PSB) que foi seu adversário na disputa de 2006. Nascido em Pindamonhangaba (SP), ele tem 68 anos, é médico e professor. Alckmin foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e ocupou os quadros do partido entre 1988 e 2021. Ele também foi constituinte e governou São Paulo em duas ocasiões: de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018.

Jair Bolsonaro (PL)

Nascido em 1955 no município de Glicério (SP) e registrado na cidade paulista de Campinas, Jair Messias Bolsonaro formou-se em 1977 na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ). Posteriormente, serviu nos grupos de artilharia de campanha e paraquedismo do Exército. Militar reformado, tendo chegado a capitão do Exército, ele é atualmente o 38º presidente do Brasil, cargo que assumiu em 1º de janeiro de 2019.

Bolsonaro exerceu sete mandatos de deputado federal pelo Rio de Janeiro entre 1991 e 2018. Antes foi também vereador na capital carioca entre 1989 e 1991.

Três de seus cinco filhos também se embrenharam pela política. Carlos Bolsonaro é vereador na capital carioca, Eduardo Bolsonaro é deputado federal por São Paulo e Flávio Bolsonaro senador pelo Rio de Janeiro.

Ao longo de sua trajetória política, Bolsonaro integrou os quadros de nove partidos. Passou por PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP e PSC. Em 2018, foi eleito presidente da República pelo Partido Social Liberal (PSL). Neste ano, candidatou-se à reeleição pelo PL.

O candidato a vice-presidente na chapa é Walter Braga Netto. Tendo alcançado o posto de general do Exército, ele atualmente é militar da reserva. Natural de Belo Horizonte em 1957, Braga Netto chefiou entre fevereiro de 2018 a janeiro de 2019, a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Na época, ele era comandante Militar do Leste, posto que ocupou até fevereiro de 2019, quando assumiu a chefia do Estado-Maior do Exército. Como integrante do governo comandado por Bolsonaro, ele foi ministro-chefe da Casa Civil e é atualmente ministro da Defesa.

Agência Brasil | Edição: Wellton Máximo

#Publicado em português do Brasil

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