PEDOFILIA
Deputados timorenses pediram hoje ponderação e prudência relativamente ao caso do ex-administrador apostólico de Díli, Ximenes Belo, manifestando solidariedade com o prelado e pedindo aos media que publiquem "noticias fundamentadas".
Citados pela agência oficial timorense, a Tatoli, deputados de bancadas do Governo e da oposição, comentaram hoje a polémica que surgiu depois de um jornal holandês publicar entrevistas com dois timorenses que alegam ter sido alvo de abusos sexuais pelo prelado.
António da Conceição, chefe da bancada do Partido Democrático (PD), atualmente na oposição, considera que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação devia coordenar com a Santa Sé, "no sentido de, considerando a cultura e a religião de Timor-Leste, tratar o assunto com a devida ponderação de um modo que não prejudique a fé dos cristãos".
"A nossa bancada prestou a solidariedade ao amo Belo e louvou a sua humildade e a sua obediência face às restrições que lhe foram impostas pelo Vaticano", disse no plenário, citado pela Tatoli na sua página online.
António da Conceição pediu ao MNEC que cooperasse com a embaixada da Holanda -- país onde a primeira noticia foi publicada para "tratando o assunto com a seriedade que ele merece, respeitar a cultura do povo timorense e não fomentar a desagregação da sociedade em nome dos direitos humanos e da justiça".
O deputado ainda solicitou às diversas organizações internacionais que operam em Timor-Leste que respeitem a cultura do povo no modo como divulgam informação sobre o país.
"Peço às organizações internacionais que ponham o interesse nacional acima de tudo e contribuam para criar um ambiente que não seja propício à multiplicação de insultos entre o povo timorense", referiu.
Antoninho Bianco, vice-presidente da bancada da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), maior partido timorense, considerou que o " julgamento dos média e de algumas pessoas não resultaram numa boa imagem" para Ximenes Belo, escreve a Tatoli.
"A bancada da Fretilin e o povo timorense esteve sempre com você [referindo-se a Dom Carlos Ximenes Belo], desde o tempo da resistência e da luta pela libertação do país", disse.
"Peço aos media nacional e internacional que publiquem notícias fundamentadas e que se centrem, também, em notícias que se refiram ao desenvolvimento do país. A nossa bancada presta solidariedade ao Bispo Emérito de Díli", declarou.
Olinda Guterres, líder da bancada do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), outro dos partidos do Governo, dirigiu-se aos media: "Peço aos média nacionais e internacionais que não publiquem notícias sem evidências incontestáveis", disse.
Em resposta, o ministro dos Assuntos Parlamentares e Comunicação Social, Francisco Jerónimo, disse que vai encaminhar as declarações políticas das bancadas do PD e da Fretilin e a preocupação dos deputados ao MNEC para que este as reencaminhe para as entidades relevantes.
O Vaticano anunciou na semana passada ter imposto sanções disciplinares ao bispo timorense Ximenes Belo nos últimos dois anos, após alegações de que o Nobel da Paz teria abusado sexualmente de menores no seu país nos anos 1990.
Em comunicado, o porta-voz do Vaticano diz que o gabinete que lida com casos de abuso sexual recebeu alegações "sobre o comportamento do bispo" em 2019 e, no prazo de um ano, tinha imposto sanções. Estas sanções incluem limites aos movimentos do bispo e ao exercício do seu ministério, bem como a proibição de manter contactos voluntários com menores ou com Timor-Leste.
RTP | Lusa
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