sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

CONLUIO ENTRE GOVERNANTES E EMPRESÁRIOS RESULTA EM TRABALHO INDIGNO

Portugal - Stress e problemas de saúde mental no trabalho contribuíram para perdas de produtividade de 5,3 mil milhões

Mudanças exigem envolvimento de todos, alerta o bastonário da Ordem dos Psicólogos: empresas, sindicatos e Governo.

stress e os problemas de saúde mental no trabalho fizeram disparar os custos das empresas nos últimos dois anos. Um estudo divulgado esta pela Ordem dos Psicólogos mostra que o absentismo e o presentismo - estar de corpo presente no local de trabalho, mas não conseguir trabalhar - contribuíram para uma diminuição da produtividade.

Em declarações à TSF, o bastonário da Ordem, Francisco Miranda Rodrigues, considera que os números encontrados em Portugal são surpreendentes.

"Temos um aumento de 60% no custo com perdas de produtividade, passando dos 3,2 mil milhões de euros, há dois anos para 5,3 mil milhões, basicamente o mesmo que o Estado gastou com as ajudas na sequência da pandemia."

"É um valor tremendo e conclui-se que que há uma necessidade cada vez mais gritante de todos nós, entre trabalhadores, líderes das organizações, Governo, representantes dos próprios trabalhadores como os empregadores, nos unimos no desenvolvimento de novas soluções de melhores práticas de gestão que permitam reduzir este sofrimento que aqui está patente, mas também reduzir aquilo que são perdas que, ainda mais num país como Portugal, não são aceitáveis."

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Neste estudo apenas foram contabilizados os custos diretos do absentismo e presentismo causados pelo stress e problemas de saúde mental nas empresas privadas e no setor social não financeiro.

Para alem da pandemia e de uma maior capacidade reconhecer os sinais de mau estar, e insatisfação, o bastonário diz que o sofrimento sentido pelos trabalhadores é muitas das vezes gerado ou potenciado pelas práticas de gestão empresarial

"Hoje em dia já se não aceitam práticas que antes, se calhar há 50 ou 60 anos, ninguém colocava em questão, e que colocavam riscos às pessoas", lembra Francisco Miranda Rodrigues, como "práticas de maior agressividade ou maior assédio, que sempre existiram".

Contribuem ainda para este tipo de práticas os baixos salários e cargas horárias maiores, mas muitas empresas são "forçadas" mudar, porque não conseguem "vincular pessoas que já não estão disponíveis, hoje em dia, para trabalhar em determinadas condições".

O bastonário dos psicólogos considera ainda que a mudança na gestão empresarial é um imperativo ético para além de proporcionar bem-estar aos funcionários e aumentar a produtividade.

"Às vezes, parece que quando estamos a falar da prosperidade das organizações, da produtividade isto não tem que ver com a nossa qualidade de vida, em termos individuais", mas o que se verifica é que "se as pessoas tiverem mais bem-estar nos locais de trabalho, ou seja, sofrerem menos do ponto de vista psicológico, produzem mais, produzem melhor", o que é bom tanto para as empresas como para os trabalhadores.

Leonor Ferreira | TSF

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