A invasão da Rússia à Ucrânia completou um ano. Enquanto a guerra prossegue na Europa e, aparentemente, sem um desfecho à vista, África transformou-se num campo de batalha diplomática entre o Ocidente e a Rússia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, já teve três viagens a África. A última das quais foi em janeiro passado, tendo escalado Angola, África do Sul e Swatini.
Vários chefes de Estado e de Governo europeus também visitaram no ano passado o continente africano. Um dos exemplos foi a visita do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell. O que estaria na origem dessa apetência pelo continente africano pelos países direta ou indiretamente envolvidos no conflito em curso na Europa?
O especialista
"A Europa está em busca de outros mercados e a África tem esse potencial todo, embora ainda não exista um grande investimento nesta matéria, fora o caso de Moçambique, mas tem todas essas componentes que podem, de certa forma, serem extremamente importantes. Então, toda esta corrida dá-se necessariamente pelos recursos existenciais em África", avalia.
Interesse da Rússia em África
Por outro lado, de acordo com Wilker Dias, a Rússia estaria à procura de uma expansão militar no continente.
"Temos vários países ao
nível de África que passam por situações de grandes conflitos e nada mais nada
menos que uma potência como a Rússia, que tem um histórico e experiência
militar com o continente africano para poder exercer essa influência armamentista.
Se num país como o Mali,
que está em guerra já há bastante tempo, consegue implementar a paz através da
sua intervenção armada é uma mais valia", explica o especialista
O analista de política internacional André Thomashausen, da Universidade da África do Sul, acrescenta que o continente africano representa mais de um bilião de pessoas, "um decimo da população mundial e é o continente que tem o território maior neste planeta e tem a maior parte dos recursos dos recursos mineiros".
"A África tem a sua importância. O apoio do continente africano, por exemplo, na Assembleia das Nações Unidas é importante e ninguém está com indiferença para com este continente", considera Thomashausen.
E África?
O analista Wilker Dias diz que a África poderá tirar maior proveito dessa apetência do Ocidente e da Rússia ao continente, mas alerta que seria necessário líderes comprometidos e com uma planificação muito bem estruturada.
"São vários os recursos que a África tem e se conseguir negociar a exploração desses recursos, [envolvendo] também componente de formação educacional em termos de exploração dos recursos existentes, através de acordos de cooperação, poderíamos de certa forma ganhar um certo conhecimento para o desenvolvimento das nossas economias", conclui.
Delfim Anacleto | Deutsche Welle
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