Artur Queiroz*, Luanda
O estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) ajuda Angola a elaborar o mapa das suas florestas. Vigarice mais refinada é impossível. O próprio embaixador em Angola fez uma declaração anódina e apalhaçada sobre tão importante cooperação. Tudo à responsabilidade do canal público de televisão. Tanta ignorância. Tanta irresponsabilidade. Tanto colaboracionismo com quem não baixa os braços enquanto Angola não for um mero protectorado de Washington.
Antes que a memória me deixe ficar mal, informo o senhor Tulinabo Mushingi (muxinga que nos vai amarrar) que os EUA financiaram, armaram e municiaram a UNITA, que serviu de capa à devastação das florestas do Cuando Cubango pelos madeireiros sul-africanos. As árvores gigantescas mussivi (guibourtia coleosperma) ficaram em vias de extinção. Uma tragédia humana porque as populações Khoisan alimentam-se do seu fruto e o caroço é tempero para os cozinhados.
Antes que cheguem os “peritos” do estrado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) informo que além desta espécie, a UNITA e seus patrões karkamanos, levaram o girassonde (pterocarpus angolensis) e a muiumba (erythrophleum africanum) às portas da extinção. O mapa está feito. Se querem espiar e dar um chouriço em troca de mil porcos arranjem outra desculpa.
O Executivo quer conhecer o mapa das florestas de Angola? Tem de começar pelo extremo Norte. Vai aos arquivos da Companhia de Cabinda (um estado dentro do estado) e encontra lá tudo. Nos Dembos, Cuanza Norte, Uíge e Zaire temos madeiras preciosas de elevadíssima qualidade. Querem saber tudo? Vão aos arquivos da Junta de Investigação do Ultramar. Não precisam dos bandoleiros representados pelo embaixador Mushingi.
Já agora procurem também uma obra científica fundamental para os nossos investigadores e cientistas de hoje: “Cretaceous and Terteary Nautiloids ftrom Angola”. Os autores são A. K. Miller e Lee B. Carpenter. Temos poucos anos de Independência Nacional mas milénios de existência. É sempre bom sabermos donde viemos para não nos enganarmos no caminho para onde vamos.
Eu sou bom rapaz. Vou dar uma ajuda ao Executivo mas em troca expulsam imediatamente os espiões do estado terrorista mais perigoso do mundo. Agora sou motor de busca. Em vez de mergulharem na biblioteca procurando uma agulha entre milhares de títulos, procurem a obra O COMÉRCIO MUNDIAL DE MADEIRAS TROPICAIS AFRICANAS do cientista Manuel Ferreirinha. O livro foi publicado em 1959.
A administração da Companhia de Cabinda, no seu relatório e contas de 1917 reconhecia que “as dificuldades da empresa devem-se exclusivamente à ignorância quase absoluta do que é o Maiombe e a sua riqueza”. Por isso, estudou. Investiu milhões, juntamente com o Banco Nacional Ultramarino (banco emissor dos angolares e das makutas).
Mas no relatório também se reconhecia que “Cabinda pode ser um centro comercial muito importante, uma vez ligado ao comércio de Chiloango e às explorações madeireiras do Maiombe. Não restando, no entanto, qualquer dúvida de que tanto o cacau, como o café se dão ali, esplendidamente, garantindo de futuro, resultados certos”. Mandem embora os espiões do estado terrorista mais perigoso do mundo. Os mapas das nossas florestas estão feitos há mais de 100 anos!
A I Grande Guerra causou grande escassez de madeiras na Europa. A exploração em Cabinda aumentou e a exportação atingiu números consideráveis. A II Grande Guerra deu mais um impulso. Escassez do produto e melhor conhecimento das espécies locais permitiram que o consumo e exportações atingissem números nunca antes atingidos. A tola branca e a limba representavam mais de 60 por cento do total das exportações de Angola.
A partir de 1950 Angola passou a exportar madeira serrada! Graças à expansão das serrações em Cabinda e todo o Norte da então colónia. O melhor cliente era a África do Sul que importou milhões de travessas para o caminho-de-ferro. Essas travessas eram produzidas a partir de mussivi (Cuando Cubango) e menga-menga (Cabinda). Antes que metam milhões de dólares nos bolsos nos patrões do senhor Tulinabo Mushingi vou fazer o mapa das nossas madeiras mais importantes: Cali, calungue, limba, cambala, moreira, mussivi, n’dola, saya, tola branca, tola xinfuta, undiamunu, undiamuniu preto, girassonde, livuite, menga-menga, quibala, pau ferro, pau preto e pau rosa.
O Presidente Lula da Silva
cometeu hoje um erro gravíssimo
Os usurpadores dos Jornalismo mentem, falsificam, manipulam. O próprio Presidente Lula foi vítima desses exterminadores da profissão de Jornalista. Todos sabiam que ele considerou a invasão da Ucrânia “um erro do Presidente Putin”. No início do seu mandato defendeu a retirada das tropas russas da Ucrânia. O seu governo votou na Assembleia-Geral da ONU contra a in vasão russa à Ucrânia. Mas mesmo sabendo tudo isso, noticiaram que Lula está com Putin. Luta apoia a invasão da Ucrânia.
Os matadores do Jornalismo também afirmaram que Lula emendou a mão depois de denunciar que EUA, OTAN (ou NATO) e União Europeia são a favor da guerra. Querem a guerra. Não emendou mão nenhuma. Confirmou. E voltou a dizer que o Brasil é a favor da paz. Por isso, recusou vender mísseis à Alemanha que depois iriam para a Ucrânia.
O Jornalismo já estava moribundo antes da guerra da Ucrânia. Logo nos primeiros dias do conflito foi assassinado friamente pelos falsificadores do Jornalismo. As redes sociais são inofensivas comparadas com as mentiras, manipulações e falsificações dos grandes conglomerados da comunicação social.
O Presidente Lula da Silva disse que União Europeia, EUA e OTAN (ou NATO) só falam de guerra. E alimentam essa guerra enviando todos os dias armas e munições para a Ucrânia. Ontem numa base militar dos EUA situada na Alemanha (é um país ocupado militarmente pelo estado terrorista mais perigoso do mundo), os senhores da guerra foram muito claros: A Ucrânia é um membro da OTAN. Quando os russos forem derrotados na guerra a adesão passa a ser definitiva. Tudo o que Lula da Silva denunciou.
E quanto à responsabilidade da guerra ser dos dois lados, apesar da censura e da manipulação, também é fácil mostrar que o Presidente Lula tem toda a razão. A guerra na Ucrânia começou com o golpe de estado nazi em 2014. Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, os golpistas desencadearam uma limpeza étnica no Leste do país. O governo de Kiev perseguiu impiedosamente a população ucraniana de origem russa. Um decreto presidencial proibiu a língua falada por milhões de russófonos. Zelelensky anunciou o pedido de adesão à OTAN (ou NATO). Declarou que queria armas nucleares no país. Estavam à espera de quê? Guerra é claro.
Quanto à Crimeia, volto a repetir: Sempre foi território da “Mãe Rússia”. Leiam o meu livro “Vigarices & Sacanices” onde conto a história do Príncipe Potemkine, o amante (no sentido de ser amado) favorito de Catarina a Grande. Ele fez uma revolução económica e social na Crimeia que era um deserto sequioso e de gente paupérrima. Construiu as grandes cidades da Ucrânia. O Povo Ucraniano também fala russo. Também é de origem russa. Partilha a mesma História com o Povo Russo. Todo o mundo sabe disto, menos os Media do ocidente alargado e o Presidente João Lourenço.
E a censura? Nunca no mundo se foi tão longe na febre censória. Nem no tempo do nazismo e do fascismo. A extrema-direita lançou um cerco de morte à liberdade. Em Angola, felizmente, temos o sector público da comunicação social remando contra a maré. Espero que o embaixador Tulinabo Mushingi não nos mande peritos para a sua privatização. Porque o neoliberal Patrício Bicudo (nazi encartado), do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), está pronto para a destruição da soberania nacional e do nosso empresariado. Alta traição!
* Jornalista
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