terça-feira, 16 de maio de 2023

Angola | PIRATAS SUBORNAM E BANDOLEIROS ABUSAM – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A empresa holandesa Frank's Internacional admitiu a “prática de subornos” em Angola, num processo que lhe foi movido pela entidade reguladora do mercado de valores imobiliários dos EUA, o estado terrorista mais perigoso do mundo. O período das suas actividades criminosas (corrupção) foi de Janeiro de 2008 a Outubro de 2014. Portanto, já sabemos que os piratas holandeses são corruptos. Mas não sabemos quem são os angolanos corrompidos porque eles não disseram. Surpresa! Isabel dos Santos só foi nomeada presidente do Conselho de Administração da Sonangol em 2016. E saltou em 2017. Mais sarna para Pita Grós se coçar.

O Presidente João Lourenço nomeou para a administração da Sonangol pessoas subornadas pelos piratas holandeses. E tiveram tanta pressa em deitar abaixo Isabel dos Santos que ignoraram o óbvio. Ela não estava sozinha no conselho de administração e todas as decisões desse órgão de gestão são colegiais. Um dos responsáveis era Paulino Jerónimo, que o Titular do Poder Executivo nomeou secretário de Estado dos Petróleos. Mais sarna para coceira.

O major Lussaty e outros arguidos foram julgados no Tribunal da Comarca de Luanda. Todos tiveram direito à defesa. A sentença foi lavrada. Houve condenações e absolvições. Mas o General Eusébio de Brito Teixeira não constava entre os que foram julgados, condenados ou absolvidos. Estava sim na longa lista de testemunhas, quase trezentas!

A rede de intoxicação, manipulação e falsificação de informação ao serviço de forças ilegítimas mas legitimadas pelo poder, iniciou o julgamento do General Eusébio de Brito Teixeira na praça pública. Mau sinal. O “Caso Lussaty” já escrevi e vou repetir, serviu exclusivamente para humilhar um sector das Forças Armadas que se bateu na Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Pôr de joelhos os chefes militares que ganharam a guerra. Porque alguém acreditou que faziam sombra ao poder político nascido das eleições de 2017.

Antes que o julgamento continue sem defesa da vítima, venho lembrar que o Presidente José Eduardo dos Santos tinha a noção exacta que ao longo de décadas, apenas a sociedade castrense evoluiu e ganhou competências. Por isso os nossos militares ganharam a guerra. Um dos vencedores chama-se Eusébio de Brito Teixeira. Em 2002, o Chefe de Estado mobilizou os seus generais para a Reconstrução Nacional.

Por muito que custe aos demolidores das FAA sou forçado a revelar que a Casa Militar do Presidente da República teve um papel central no processo de reconstrução. Os militares despiram a farda e cumpriram missões civis de importância decisiva. Quando os “doadores” do ocidente alargado nos viraram as costas, o cerco financeiro a Angola não resultou porque foi aberta a linha de crédito da China. Um General das FAA estava entre os negociadores vitoriosos. Não revelo o seu nome porque podem incluí-lo na lista de inimigos a abater onde quer que se encontrem.

A República de Angola foi construída por sucessivas gerações de patriotas mas está a ser demolida, tijolo a tijolo. A honra do MPLA está a ser trucidada, desde 2017. Esvaziado dos seus valores de sempre, vai ser fácil arrastar o partido pelas ruas da amargura até à irrelevância política e eleitoral. Estou aberto a outras análises e pontos de vista. Mas ate lá vou continuar a bater-me pela República de Angola cuja Bandeira Nacional ajudei a subir e pela honra do MPLA, instituição à qual devo tudo o que sou e sei.

Joaquim Kapango, meu saudoso amigo e camarada, dizia-me que era filho do MPLA. Eu nunca fui capaz de estar tão perto do núcleo central da família. Sou uma espécie de amigo que vai às festas do quintalão. Mas sem os seus ensinamentos, sem o exemplo dos seus dirigentes e militantes hoje era apenas um retornado ressabiado. Sou um patriota preocupado e sempre na primeira linha para que a vitória seja certíssima. Devo isso aos nossos Heróis e aos nossos mártires. 

No Primeiro de Maio A TPA mostrou imagens de uma manifestação de reformados, Na linha da frente vinha Luzia Inglês (Inga). A nossa Heroína ainda não se cansou de lutar. Começou no maquis e nunca mais parou. Antes de ver aquelas imagens estava a pensar mergulhar na leitura, deixar a escrita e esquecer o que vai lá fora. Tenho uns 20 livros que quero ler antes de morrer. A nossa Mamã da OMA estava ali, lutando pelos interesses dos reformados. Como posso parar? A traição ao povo e aos valores do MPLA não é, definitivamente, a minha praia.

O criminoso de guerra amnistiado Abílio Camalata Numa deu uma entrevista à Voz da América, estação da CIA, e falou sobre a presença do Presidente João Lourenço nas manobras militares do Cuando Cubango. Disse ele que “isso só acontece em países como a Rússia, China e Coreia do Norte, nos países ocidentais é muito raro”. Primeira mentira. Nos países onde o Presidente da República é também o chefe supremo das Forças Armadas, isso acontece e muitas vezes. João Lourenço é o comandante em chefe. Tem de cumprir esta parte do seu mandato. Que é importantíssima!

O dirigente da UNITA afirmou que “João Lourenço está a aproximar-se das forças armadas para ver se obtém delas apoio para a realização dos seus projectos. Um desses projectos é um terceiro mandato e outro, o adiamento das eleições autárquicas. Quer acomodar-se junto de um instrumento que o possa defender no meio dessa inconstitucionalidade”. 

Abílio Camalata Numa, dirigente da UNITA, acusa o Presidente da República de preparar um golpe de estado militar. Assim se faz a demolição da República de Angola. Assim se espezinham as instituições. Assim se abatem os órgãos de soberania. Em nome da Liberdade de Imprensa e do Estado de Direito estão a matar com requintes de malvadez o Jornalismo e a demolir tijolo a tijolo o Poder Judicial. 

O senhor Procurador-Geral da República ainda está a comemorar a sua recondução no cargo. Mas quando acabar a festa peço-lhe encarecidamente que mande abrir um inquérito às declarações do general de cabidela. Acusar o Presidente da República de preparar um golpe de estado militar é gravíssimo. E quem faz tal acusação tem de responder pelo seu crime. A não ser que esteja decidido em conversas ao pé da orelha que os sicários da UNITA estão protegidos por um manto de impunidade. 

A nova doutrina, pelos vistos garante à estação da CIA (Voz da América) graves violações das Leis nacionais e inaceitáveis abusos de liberdade de imprensa. Mas se é esse prato que querem comer, quem sou eu para recomendar o fim de ingerências e abusos da liberdade de imprensa.  

* Jornalista

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