Artur Queiroz*, Luanda
Ninguém me contou, eu vi a
embaixadora da União Europeia em Luanda, Jeannette Seppen, falar aos angolanos
como o governador Agapito falava nos anos 50. Sem o cartel europeu, belicista e
falido, nós andávamos a saltar de galho
A embaixadora réplica do Agapito, representante do cartel belicista e falido chamado União Europeia, disse que os meninos se portaram bem por isso Angola fez imensos progressos “no ranking internacional da transparência, combate à corrupção e branqueamento de capitais”. Não disse que os angolanos também pagam triliões aos terroristas do ocidente alargado mas essa parte é segredo do negócio.
Bons meninos. Bem comportados.
Graças à União Europeia e ao esforço da colonialista pirata agora já não há
ladrões
A Agapita da União Europeia disse que “entre as conquistas realizadas, podemos aqui referir a vigência de legislação sobre o branqueamento de capitais, a criação de serviços de combate à corrupção e recuperação de activos, a acção da Unidade de Informação Financeira, captura efectiva de activos, trabalho do Serviço de Investigação Criminal e dos Tribunais e, sem margem para dúvida, a capacitação crescente dos quadros nacionais, na generalidade dos serviços”. Como foram conseguidas estas maravilhas?
A Jeannette Seppen não tem dúvidas. O dinheiro dos angolanos agora vai directamente para os bolsos dos ladrões, piratas e colonialistas do ocidente alargado. Tais conquistas “são resultado dos programas de cooperação e da parceria que Angola estabeleceu com a União Europeia”. Sem a ajuda dos esclavagistas, piratas e colonialistas do ocidente alargado continuávamos com aquela mania de sermos independentes, como nos foi ensinado por Agostinho Neto e seus companheiros de luta sob a Bandeira do MPLA.
De um lado, a Jeannette Seppen diz que somos bons meninos, obedientes e submissos. Do outro apareceu a Dra. Eduarda Rodrigues acompanhada de trombetas, gaitinhas e funfuns anunciando que até agora já foram recuperados 19 mil milhões de dólares. Ena tantos! Menos de um terço do dinheiro enviado pela União Europeia belicista e falida para queimar na Ucrânia e enfraquecer a Federação Russa que está cada vez mais potente. Os EUA dizem que mandaram 250 mil milhões! Portanto, a senhora da recuperação de activos já conseguiu dez por cento desse total. Muito bom.
A directora do Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SENRA) da Procuradoria Geral da República (PGR), Dra. Eduarda Rodrigues, ainda não fez as contas ao valor destruído para “recuperar” os 19 mil milhões. O meu consultor financeiro (na clandestinidade antes que o Miala lhe trate da saúde) fez as contas e concluiu que o truque do combate à corrupção já custou aos cofres do Estado em empresas oferecidas aos estrangeiros, grandes grupos empresariais angolanos atirados para o lixo, postos de trabalho destruídos e impostos não cobrados já voaram mais de 50 mil milhões! E até agora, sentenças transitadas em julgado, temos duas. O resto é fogo devista que pode nunca acontecer. Não há mal que sempre dure.
À Dra. Eduarda Rodrigues quero informar que o meu consultor financeiro fez as contas e 19 mil milhões de dólares são trocos para o senhor Álvaro Sobrinho. Isto para não falar de outras aves de rapina que debicam vorazmente no corpo inerte de Angola. Estes almoçam e jantam à mesa do Presidente João Lourenço, do General Hélder Pita Grós, dos motoristas milionários do Grupo Carrinho e outros beneficiários do pesadelo que estamos com ele desde 2017.
Não vá a senhora Dra. Eduarda Rodrigues não saber, quero lembrar que por trás de todas as grandes fortunas há um qualquer conluio com o Estado. A tal de corrupção. Sem essa relação espúria, sem o combustível mais potente do sistema (a corrupção) não existiam milionárias e milionários. Todos tinham o suficiente para uma vida digna. Espero que sua excelência acredite em mim, mas o MPLA, logo no primeiro instante da sua existência, desfraldou as bandeiras da Liberdade, da Dignidade e da Independência.
A máquina colonial era ferocíssima na repressão às angolanas e angolanos que ousaram partir para a Luta Armada de Libertação Nacional. Só quem viveu esse tempo sabe que essas mulheres e homens eram excepcionais. Alguns (talvez mil…) aguentaram esse peso até ao dia 11 de Novembro de 1975. Outros cansaram-se de ser excepcionais e abandonaram a luta. Outros (muito menos) traíram.
O traidor mor chama-se Viriato da Cruz. Quando Agostinho Neto anunciou que tinham todos que partir para a luta armada no interior, escondeu-se atrás da capa de maoista de faca na boca e fugiu. Só parou em Pequim com uma paragem na FNLA onde foi abandalhado.
Graças a essas Heroínas e Heróis Nacionais, excepcionais, hoje somos gente. Devemos-lhes tudo o que somos e temos, mesmo que não sejamos nada. É verdade, algumas e alguns eram analfabetos. Mas também não precisavam de saber o ABC para disparar as armas, lançar granadas e colocar minas nas picadas. Os doutores de hoje devem tudo a essas e esses analfabetos. E muitos, nada fizeram pela Pátria Angolana. Limitaram-se a abrir a boca e comer. Gastar os milhões que lhes puseram à disposição. Mostrarem a banga dos seus tachos e cargos.
Os excepcionais da luta armada sob a Bandeira do MPLA já são poucos. Termino manifestando-lhes a minha eterna gratidão. Não me levem a mal que envolva todas e todos, mortos ou vivos, nas figuras excepcionais de Inga, Toka, Xietu, Kianda, Nvunda, Petrof e Ndalu. Estes deram garantidamente gás aos oportunistas que hoje lhes chamam analfabetos. Mesmo que fossem! Não se cospe na cara de quem nos deu tudo e mais alguma coisa, de mão beijada.
* Jornalista
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