quinta-feira, 6 de julho de 2023

Portugal desmaiado | "BADAGAIO" DO PRESIDENTE OU O PRESIDENTE "BADAGAIO"?

Os portugueses interessados, ontem, apanharam novo cagaço com o desmaio do presidente Marcelo. Que se saiba, oficialmente, é o segundo. Primeiro no Minho e ontem na Costa da Caparica, na Universidade daquele burgo às portas de Lisboa. Grande alarido mas afinal foi Nada - como disseram. É isso que abre o Curto de hoje de que temos andado arredados para fazer o gosto aos "enjoados".

Dito isto só resta abordar pela rama de que trata este Curto do prestimoso Expresso do tio Balsemão Bilderberg à Força Toda que nos faz o ninho atrás das orelhas. Pois. Adiante.

Adiante-se ainda sobre o "badagaio" do presidente Marcelo que ficámos a saber que ele não pode continuar a andar a meter-se nos copos. Não vai mais moscatel para a mesa do presidente. Cumpra-se o chavão: "Se presidir não beba!". As melhoras, caro "conservador", "moderador", "comentador". Saúde.

Lá vai a lista indiciativa:

Badagaio com todos, subida de juros nos EUA... Pois. Médicos em greve mas à prova de badagaios do presidente. Se for gente perrapada é que já não será bem assim. Pois. Pois. A direita em força por esta Europa dita da união (dos mais ricos), em Espanha também é o caso. Direita volver 'hermanos'. Conho. Portugal e o Relatório CPI à TAP, mais uma distração para este verão. Pode ser que assim os portugueses não sintam tanto a fome nem a miséria, nem que se lembrem que os ricos mais energúmenos estão ainda mais ricos, mais salafrários, mais prejudiciais à justiça que devia ser direito de todos mas que é só de uns quantos... A vida custa, Costa. Mas não para ti nem para esses tais energúmenos que apaparicas. Adiante.

Depois, neste Curto ainda vai poder conhecer: vem aí nova rede social, que é como quem diz Nova Lixeira e novo pivete à Elon Musk/Mark Zuckerberg, salafrários de primeira apanha. Ainda há mais. Vá ler.

Bom dia e bom quase fim-de-semana ou boas férias. Feliz natal. Boas misérias... E continuem a balir todos juntos mas cada um a pensar no seu umbigo. O costume.

Curto a seguir. Já! Vá ler.

MM/PG

Fortimel e um copo de moscatel: receita total de um “badagaio” presidencial

João Miguel Salvador, jornalista | Expresso (curto)

Olá,

E obrigado por começar o dia connosco.

Quando a notícia começou a circular, muito pouco se sabia sobre o que realmente tinha acontecido ao Presidente da República. O tom geral era de preocupação ao início da tarde - a saúde de Marcelo é considerada um assunto de Estado - e apenas estava confirmado que este tinha desmaiado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, na Caparica. Como aconteceu? O Presidente sentia-se bem até este episódio em que perdeu os sentidos? O que se seguiu? Nada.

O evento não estava na agenda pública, a comunicação social não se encontrava no local, e a sua falta teve o efeito contrário ao esperado. É que, quando não há ninguém a reportar a realidade, é como se ela não existisse e apenas sobra lugar para as suposições. Felizmente, rapidamente se emendou a mão e o prognóstico era positivo. A comunicação da Presidência geriu a informação médica à medida que esta era conhecida e em menos de nada se percebeu que Marcelo não inspirava tantos cuidados como se supôs num primeiro momento. Na verdade, ainda o Presidente não tinha chegado ao Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, e já as televisões se encontravam em direto junto à entrada.

Costa rapidamente veio garantir que o Presidente estava “bem disposto” e Montenegro descansou a direita - ao falar de um Marcelo “tranquilo, sereno, apenas a aguardar o resultado dos exames” -, mas isso não bastava. Era preciso uma voz que deitasse por terra quaisquer preocupações. Eduardo Barroso, médico e amigo de uma vida que conhece desde os 16 meses, foi essa voz: tratava-se afinal de uma“crise vagal” num homem que é “um bocadinho médico de si próprio”, disse no seu tom bem disposto sobre o chefe de Estado e o seu “badagaio”.

Agora, o país mediático já só esperava pelas palavras de Marcelo sobre o dia em que, por razões de saúde, todos falavam mais do que ele. Mas elas chegaram e só faltou parafrasear Mark Twain para dizer que as notícias sobre a sua morte eram manifestamente exageradas. De resto, Marcelo Rebelo de Sousa fez o pleno e nem se coibiu de dizer o habitual “ainda não é desta que eu morro” ao primeiro-ministro. Num dia em que a sua saúde pregou uma partida, o chefe de Estado também não resistiu a comentar que “calhou num mau dia” - tratava-se do primeiro de dois dias de greve, convocada pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam) -, mas no qual o SNS não falhou.

A única coisa a falhar ontem foi mesmo a digestão presidencial. “Tomei aquilo que tomo normalmente e fui a conduzir bem (…) Antes da parte dos discursos da cerimónia tinham-me proposto um brinde com moscatel e eu disse não, porque vou falar. Com isto, acabei por beber o moscatel quente, mais tarde. Acho que deve ter interagido, provavelmente, com a digestão”, justificou. O melhor é não arriscar.

Outras notícias

A ver no que dá. A Reserva Federal norte-americana decidiu fazer uma pausa pontual na subida de juros em junho, confirmam as atas agora conhecidas. De acordo com os documentos, o objetivo da paragem no mês passado é “permitir ter mais tempo para avaliar a evolução da atividade económica”. À exceção de um restrito grupo que defendia nova escalada, a maioria dos banqueiros centrais norte-americanos levantaram dúvidas sobre quais seriam os efeitos da política de aperto monetário até ao final de 2023. Já em solo europeu há boas notícias: os preços na produção desceram 1,5% na zona euro em maio. É a primeira vez em mais de dois anos, mas a luta contra a inflação continua a fazer vítimas: em Portugal, a taxa de juro média nos novos contratos de crédito à habitaçãojá passa os 4%.

A adivinhar o que virá. De Espanha, os ventos políticos parecem não ser os melhores, com a direita a normalizar o partido Vox, com vista a um casamento pós-eleitoral à escala nacional (depois dos matrimónios regionais entre o PP e o Vox). Estará em causa um Governo de coligação após as legislativas, segundo apontam os dados mais recentes - que tornam mais plausível um executivo conjunto depois da ida às urnas no dia 23. Aconteça o que acontecer, Sánchez garante e Von der Leyen acredita que o processo eleitoral em Espanhanão vai atrapalhar as decisões à escala europeia - numa altura em que o país assume a presidência da UE.

A ver no que deu. O final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP não ditou o fim das polémicas. É que no relatório sobre a TAP ficaram de fora os desacatos com Frederico Pinheiro e atuação das secretas de fora, mas não é esta a única questão a justificar a estupefação da oposição. Segundo o mesmo relatório, não foram encontradaspressões do Governo sobre a TAP; nem é feita qualquer crítica a Pedro Nuno Santos - agora regressado ao Parlamento - na indemnização a Alexandra Reis. A relatora da CPI à TAP defende-se, negando ser voz do PS, recusa estar a desresponsabilizar Pedro Nuno Santos edeixa 13 recomendações a empresas públicas, aos governantes e ao funcionamento das comissões de inquérito. Ainda assim, não faltam críticas vindas dos partidos, que consideram “feito à medida de Galamba e Costa”: é “parcial”, “levezinho”, “um embaraço”. Se não teve tempo para acompanhar tudo, o Expresso preparou um resumo das conclusões da CPI da TAP, para perceber tudo em dois minutos.

Deu no que se vê. Elon Musk desafiou Mark Zuckerberg para um duelo corpo a corpo, mas a verdadeira batalha não será travada no ringue. O criador do Facebook lança hoje uma nova rede social e depois de meses de desenvolvimento não há margem para dúvidas: é mesmo para competir com o Twitter - que no final da semana passada restringiu o número de tweets que podiam ser vistos por cada utilizador. Chama-se Threads e funciona assim, mas ainda não está disponível em Portugal. Em causa está a extensão da recolha de dados por parte da Threads, que está a dificultar a sua entrada em território europeu. Recentemente, foi tornado público que a dona do Facebook enfrenta uma multa de €1,2 mil milhões por transferir dados de clientes da Europa para os Estados Unidos.

Frases

“Há coisas que vi nesta comissão de inquérito que me inquietam como cidadão"
Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, sobre o caso TAP.

“A única coisa que é para sempre é a vida. Não os humanos, mas a natureza”
Ailton Krenak, líder indígena, na conferência Futuro ancestral: conversa para adiar o fim do mundo, em Lisboa.

“Já
repararam como as pessoas se esqueceram das boas maneiras durante os concertos?”
Adele, cantora, sobre os recentes casos de objetos arremessados contra artistas em palco.

“Há
mais sulfitos numa sandes de fiambre do que numa garrafa de vinho”
Anselmo Mendes, enólogo que se dedicou à casta alvarinho, diz ainda que o maior problema do vinho não são os sulfitos, mas sim o álcool.

O que eu ando a ver

Lembro-me de começar a ver “Black Mirror” e desde logo tornar-me fã, ainda antes de a série original do britânico Channel 4 ganhar distribuição mundial na Netflix. Mas esse terá sido o momento em que tudo mudou para Charlie Brooker, o criador da distópica produção televisiva que também criou “O Nosso Mundo, Segundo Philomena Cunk”. Entrevistei-o na altura em que deu esse salto e desde aí que nunca mais parou. Agora, voltou à carga com a sexta temporada - onde projeta o medo no passado e não põe de parte o sobrenatural.

A questão impõe-se: para onde nos levas, Charlie Brooker? Veremos, enquanto aproveitamos outros conteúdos também disponíveis em streaming.

Não é novidade para quem já aderiu há muito ao plano premium da Opto, mas agora está disponível gratuitamente para todos - e é essa a razão para regressar ao tema de “O Clube”. A primeira temporada da polémica série sobre a noite lisboetajá pode ser vista sem custos na plataforma de streaming, pelo que agora não há qualquer desculpa para não conhecer a produção portuguesa, internacionalmente premiada.

Se já viu a primeira temporada e quer saber o que reserva a segunda, o melhor é seguir por aqui. Se já estiver viciado na história da “melhor casa noturna da capital”, há três temporadas para ver. E eu estou à espera da quarta, entretanto confirmada.

Podcasts

Henrique Monteiro e Lourenço Pereira Coutinho conversam sobre a independência dos EUA declarada a 4 de julho de 1776. O que a motivou? Quais os princípios políticos em que se baseou? Quais os desafios e contradições do jovem estado que, no século XX, ascenderia a superpotência? Ouça onovo episódio do podcast A História Repete-se.

Daniel Oliveira, Pedro Delgado Alves, Francisco Mendes da Silva e José Eduardo Martins passam pela realidade francesa, onde cinco noites de distúrbios abalaram as instituições republicanas e expuseram as fraturas sociais do país. Ouça o Sem Moderação desta semana.

Corte de cabelo “à tigela”, “cara redonda” e tantas vezes “sozinho a inventar brincadeiras”: assim era João Miguel Tavares nos seus primeiros anos. O conhecido cronista veio ao Geração 70 contar a sua história. “Eu não sou de direita, sou um centrista radical. Quero políticas moderadas, mas que aconteçam com grande intensidade”, comenta na conversa com Bernardo Ferrão. Ouça o episódio.

Este Expresso Curto fica por aqui. Tenha uma ótima quinta-feira, acompanhe os nossos Exclusivos, vá preparando os dias de descanso com a ajuda das sugestões Boa Cama Boa Mesa e divirta-se com os nossos jogos (palavras cruzadassudoku sopas de letras). Quanto a nós, já sabe que estaremos sempre por cá: no Expresso e na SIC, na Tribuna e na Blitz.

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