quarta-feira, 13 de setembro de 2023

AS "AMIGAS DO CUSPO" ANDAM A TRAMAR OS EUROPEUS ULTRA FALIDOS?

No Curto de hoje o trato amigo é do autor, Rui Gustavo. O chamado "cuspo" é nosso, do PG. A trama à vista é dessa tal Ursula com a adicional patroa do BCE, Lagarde Magnifique. Pela parte do PG não queremos pôr mais na escrita, por agora. Deixamos o trato amigo para a prosa de Gustavo, trabalhador a expensas do veterano simpático Balsemão Bilderberg. Ilustramos com aquelas fantásticas "par de jarra" o que se segue, sem amizade. Vá ler e não se esqueçam de pensar, a sério e com seriedade. Olhem para vós! - Redação PG

Minha cara amiga

Rui Gustavo, jornalista | Expresso (curto)

Bom dia,

Antes de mais um convite: hoje às 14h00, "Junte-se à Conversa" com João Vieira Pereira, Eunice Lourenço e David Dinis, para falar sobre se "As novas medidas chegam para segurar os jovens?". Inscreva-se aqui.

Cara Ursula von der Leyen,

Peço desculpa pela falta de formalismo devido a uma presidente da Comissão Europeia, mas ouso, tal como o nosso primeiro-ministro, dirigir-lhe umas linhas que certamente nunca lerá.

É que, Ursula, o seu discurso de hoje sobre o Estado da União Europeia agendado para umas madrugadoras oito da manhã de Portugal é, desta vez, aguardado com alguma expectativa pelos habitantes deste país que faz parte da União Europeia desde janeiro de 1986.

À hora a que este Curto/carta é publicado, ainda não é claro se vai aproveitar o discurso para responder à carta que António Costa lhe escreveu e que, com toda a certeza, e ao contrário desta, mereceu a sua melhor atenção.

É evidente que um discurso sobre o Estado da União serve para fazer grandes balanços e apontar soluções para o futuro para situações graves como a guerra na Ucrânia e a adesão deste país à nossa família europeia, mas acredite que gostaríamos mesmo de saber se aceita a proposta do nosso primeiro-ministro para a criação de uma “iniciativa europeia de habitação acessível”, que fomente “o alargamento do parque público e privado de habitação, alinhado com as técnicas de construção adequadas ao momento de transição ecológica e digital que vivemos”. Sozinho, o nosso Governo não está a ter grande sucesso. E o “Pacote Mais Habitação” até tem a oposição declarada do mais alto magistrado da nação, Marcelo Rebelo de Sousa.

Sim, Ursula, “a coisa aqui está preta” e, mesmo sabendo que está em final de mandato e que ainda não decidiu se se recandidata, era bom saber que a União podia ajudar-nos a segurar este rojão.

É que a crise da habitação é só um sinal de que a vida não está fácil neste canto ocidental da União: hoje mesmo há greve dos médicos, dos professores e dos funcionários judiciais. E uma marcha lenta de protesto dos motoristas da TVDE muitas vezes obrigados a dormir nos carros para pagarem dívidas às máfias. E milhares de crianças e jovens sem aulas porque, muitas vezes, não há professores que consigam pagar as rendas das casas nas áreas onde foram colocados.

E para provar que levamos a sério o seu discurso, hoje mesmo, a umas mais saudáveis dez da manhã, um grupo de sábios reúne-se na faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para dissecar as suas palavras.

A todo o pessoal aí da União, adeus.

OUTRAS NOTÍCIAS

O Conselho do Banco Central Europeu reúne-se amanhã para decidir o futuro próximo das nossas vidinhas: aumentar os juros pela décima vez consecutiva, ou aliviar o aperto do cinto monetário que se iniciou em julho de 2022. De um lado da barricada estão os “falcões” que brandem uma inflação de cinco por cento; e do outro os que temem a recessão económica que já começa a dar os primeiros sinais. Os efeitos imediatos da decisão que será anunciada amanhã em Francoforte, na Alemanha, sentem-se, por exemplo, na prestação da casa.

Em Marrocos, um sismo matou, pelo menos, 2900 pessoas. Mas há aldeias no Atlas, a poucos quilómetros de Marraquexe, onde “toda a gente morreu”. Os enviados do Expresso, Marta Gonçalves e José Cedovim Pinto, foram os primeiros a chegar a Anougal, uma aldeia reduzida a escombros com pessoas escondidas em acampamentos improvisados. Os relatos ajudam a pôr a nossa vida em perspetiva.

A 4072 quilómetros, na Líbia, “pelo menos” 5200 pessoas perderam a vida “só na cidade costeira de Derna”. A tragédia foi provocada pela passagem da tempestade Daniel e pela divisão política do país, partido em dois.

Teodora Cardoso, economista e primeira presidente do Conselho de Finanças Públicas, é cremada hoje em Lisboa. Marcelo Rebelo de Sousa fez-lhe a elegia no dia em que a especialista em Finanças morreu, mas não estará presente nas cerimónias fúnebres.

O Presidente da República chega hoje ao Canadá, país onde vivem 450 mil pessoas de origem portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa lidera uma comitiva que integra seis deputados, um ministro (Cravinho) e um secretário de Estado (Cafôfo). A visita decorrerá até domingo e terá, previsivelmente, o ponto alto na sexta-feira com um encontro com o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau que há pouco mais de um mês anunciou publicamente o fim do casamento de dezoito anos com Sophie Gregoire. Veremos se Marcelo arranja tempo para falar da relação em crise com Costa durante este périplo pela América do Norte.

A juíza que vai julgar o processo que envolve Manuel Pinho quer que o Instituto de Medicina Legal faça uma perícia neurológica a Ricardo Salgado, também acusado no processo. Este pedido já tinha sido recusado por outros juízes de dois tribunais diferentes e aceite por um terceiro, de um tribunal Cível. Mas a perícia está ainda por fazer.

Em Aveiro, começa a ser julgado um grupo acusado de uma onda de assaltos reveladora da sua qualidade humana: os alvos eram idosos que viviam sozinhos ou casais que, pela idade, seriam incapazes de qualquer resistência. Os 16 arguidos detidos na operação Teia Dourada terão roubado bens e dinheiro no valor total de 650 mil euros que o MP quer reverter a favor do Estado.

Chuck Shumer, líder da maioria democrata no Senado dos Estados Unidos arbitra hoje um encontro entre Mark “Meta - Facebook” Zuckerberg e Elon “X-Twitter” Musk. Os dois milionários da área tecnológica têm-se picado mutuamente com ameaças de um combate de MMA ou Jiu -Jitsu, mas neste primeiro round em Washington está previsto que troquem apenas opiniões sobre Inteligência Artificial. Oh.

FRASES

“Caetano Veloso reconciliou-nos com a nossa própria poesia, o nosso fado, e ajudou-nos a redescobrir os nossos próprios heróis e heroínas”

António Costa, o melómano, no discurso de atribuição da medalha de mérito cultural ao génio brasileiro que em 1985 cantou uma versão de “Foi Por Vontade de Deus” que reconciliou o público português com a diva Amália

“Confrontado com a sua promessa tão solene de há oito anos, garantir nos 50 anos do 25 de Abril casas para todas as pessoas necessitadas, o primeiro-ministro escolheu o truque, dizendo em discurso aos jovens que há 17 mil construídas ou em projeto"
Louçã e o descodificar de Costa

“O ambientalismo ainda não encontrou o seu Novo Testamento; parece que estamos de volta ao Velho Testamento: a ideia permanente de castigo apocalítico, a ideia de culpa civilizacional (os filhos e netos marcados pelos pecados dos pais e avós)”

Henrique Raposo e o Antropoceno

“Não aceito a punição”

Simona Halep, tenista romena vencedora de dois títulos do Grand Slam e ex-número mundial depois de ter sido condenada a quatro anos de suspensão por uso de Roxadustat, uma substância dopante. A jogadora vai recorrer da sentença que, na prática, põe um fim à sua carreira.

“Oito é um número melhor”

Serena Williams, que foi impedida de ganhar um oitavo titulo em Wimbledon por Simona Halep

O que eu ando a ler

“Berta Isla”

Javier Marias

Alfaguara

É o penúltimo livro do romancista espanhol e o primeiro que leio dele. Conta a história da mulher que dá o título à obra e que se vê isolada na ilha – isla, em castelhano – em que o relação e o casamento com o namorado de adolescência se transformam, ao ponto de não mais o reconhecer. Berta não sabe, mas vai descobrir que o marido, Tom (protagonista do último livro de Marias, Tomas Nevinson) é um espião em missão quase permanente que a vai sujeitando a esperas cada vez mais longas e que a fazem duvidar se ainda estará vivo. A história é contada pela protagonista e por um narrador omnisciente. A trama da espionagem internacional é só uma tela que o autor usa para um tema maior: o do amor imperfeito (há algum que não seja?).

Marias morreu há um ano, a 11 de setembro, ganhou e recusou receber vários prémios literários e de tradução, mas nunca foi laureado com o Nobel que muitos acreditavam merecer e que ele desdenhava. Tinha uma relação meio à distância com a mulher com quem sempre viveu e usava um pin de Shakespeare num blazer azul que vestia sempre em ocasiões públicas. Fumador inveterado – recusava andar de avião porque não podia fumar - escrevia e pensava muito bem. “Temos tendência a pensar que as pessoas dizem a verdade e não prestamos muita atenção nem perdemos muito tempo com desconfianças. A vida não poderia ser vivida se o fizéssemos”.

Pode acreditar.

Despeço-me com as sempre acertadas sugestões de podcasts da equipa multimedia do Expresso.

PODCASTS A NÃO PERDER

“Sobre isto”. Sim, é mesmo este o título do primeiro episódio de 'Coisa que não edifica nem destrói'. Ricardo Araújo Pereira discorre chatamente sobre a evolução semântica da palavra humor. Fala as línguas latina, francesa, inglesa e portuguesa, nenhuma delas correctamente.

“A sustentabilidade não é só fazer doações, é criar um negócio que seja gerador de riqueza para a comunidade”. No primeiro episódio do novo podcast do Expresso, 'Ser ou não ser' , o líder da Delta, Rui Miguel Nabeiro, admite ser importante ganhar dinheiro: “não podemos ficar com os grãos todos na mão. O outro também tem de ficar feliz, tem de ganhar dinheiro”

Pêpê Rapazote: “Eu sou da geração das juventudes partidárias que fazem vida política e não tiveram capacidade para acabar sequer o liceu”. Nascido em 1970 e dono de uma voz inconfundível, é um dos atores nacionais que mais cartas tem dado fora de Portugal. Em entrevista a Bernardo Ferrão, no podcast 'Geração 70', fala sobre a paixão pela arquitetura, os desafios na arte da representação e as fortes raízes familiares.

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