sexta-feira, 13 de outubro de 2023

GUERRA NO MÉDIO ORIENTE - Os Patronos do Terrorismo e a Tragédia da Síria

Os EUA mandaram o maior porta-aviões do mundo para o Mediterrâneo Oriental e uns tantos “rambos” para apoio a Israel no extermínio de Palestinos. O Reino Unido anunciou hoje que mandou navios de guerra e aviões espiões para ajudarem os sionistas a exterminar Palestinos. Leiam o que escrevi há muitos anos sobre este tema:

Artur Queiroz*, Luanda

A tragédia humanitária que hoje se vive na Europa começou no início dos anos 90 com a primeira guerra do Golfo. Eu vi bombardear Bagdade e assisti, ao vivo, à explosão dos mísseis “cruzeiro” e outras bombas de muitas toneladas, disparadas a partir dos barcos de guerra norte-americanos, contra a capital do Iraque.

Os responsáveis pela tragédia no Médio Oriente, Norte de África e Europa têm nome, endereço e bandeiras. Um dos políticos que assinou a declaração de guerra do Iraque chama-se Durão Barroso. Feito de um material moldável e viscoso, foi ele o mordomo na Cimeira das Lajes, onde Bush, Blair e Aznar resolveram destruir um país soberano e impor a guerra numa região altamente instável, devido ao conflito entre Israel e a Palestina.

Britânicos e norte-americanos já reconheceram o erro que foi plantar a guerra no Médio Oriente. Aznar não reconhece nada porque foi apagado da História e hoje vale menos que um iraquiano anónimo torturado pelos especialistas da CIA nas prisões do Iraque.

Durão Barroso prosseguiu a sua carreira de títere e passou vários anos à frente da Comissão Europeia. Bastava este facto sinistro, para justificar a saída de Portugal da União Europeia, de uma forma inopinada e totalmente desorganizada. Os credores que apresentassem a factura ao mordomo das Lajes que, no auge da irresponsabilidade e falta de carácter, declarou com ar de chico-esperto que viu as provas da existência de armas de destruição maciça no Iraque, durante a cimeira na Base das Lajes.  

O antigo líder do PSD declarou recentemente que foi aos Açores participar na declaração de guerra no Iraque, com o apoio de Jorge Sampaio, então presidente da República. A falta de carácter tem limites! O farsola continua a gozar com a cara dos portugueses e é incapaz de reconhecer que a Guerra do Iraque agravou o conflito entre Israel e a Palestina, deu força inusitada ao fundamentalismo islâmico, foi o sopro vital do Estado Islâmico (DAESH), alimentou terroristas suicidas, levou a guerra a países do Norte de África fundamentais no equilíbrio geoestratégico na região do Mediterrâneo.

Durão Barroso, Aznar, Bush e Blair são responsáveis pela destruição da Tunísia após a deposição de Ben Ali, do Egipto, depois da queda de Hosni Mubarak, do fim da Líbia após o assassinato, pela NATO, do presidente Kadhafi, da guerra sem fim da Síria que já causou milhares de mortos e milhões de refugiados.

Os que se serviram de Durão Barroso hoje chamam “migrantes ilegais” aos que fogem das guerras que EUA e União Europeia atearam no Norte de África e Médio Oriente. O Iraque é uma sombra da grande potência regional que foi, quando Saddam Hussein presidia ao país e travou o regime do Irão. Grupos terroristas põem e dispõem no país. Há alguns dias, combatia-se para expulsar de Ramadi as tropas do “Estado Islâmico”. Acontece que essa cidade era uma espécie de fortaleza militar de Saddam Husseim e fica a pouco mais de 100 quilómetros de Bagdade, na margem da maior estrada asfaltada do país.      

Agora anunciaram que as forças governamentais lutam para “reconquistar” Rutbah.  Mais uma cidade fortaleza, junto da fronteira com a Jordânia. Era lá que estava a principal linha de defesa antiaérea de Saddam Husseim, durante a guerra desencadeada por Washington, Londres e países da União Europeia ou da NATO.

Um país que está a disputar aos rebeldes cidades estratégicas como Rutbah, Ramadi ou Mossul, não existe. Tal como a Síria está em desintegração e os sírios, escorraçados pela guerra, se lançam ao Mediterrâneo em tentativas desesperadas de se salvarem. Do lado da Europa, dirigentes políticos da estirpe de Durão Barroso, assinam acordos com a Turquia para que esses refugiados sejam tratados como “migrantes ilegais”, pelos esbirros de um regime sanguinário e violento, sem qualquer respeito pela democracia. 

O que custa é a impunidade com que Durão Barroso, Aznar, Bush ou Blair lançaram o Ocidente na maior tragédia humanitária, depois da II Guerra Mundial. O antigo primeiro-ministro português ainda se apresenta em público como pessoa de bem, quando faz parte do banditismo político que domina a Europa, com o apoio implícito ou explícito (pelo menos na Líbia e na Síria) do famigerado Estado Islâmico (DAESH). Desta aliança assassina, ninguém pode esperar nada de bom.

*Jornalista

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