Pedro Neto | TSF | opinião
"(...) trabalhamos no meio de bombardeamentos contínuos e incessantes, tentando identificar os casos mais graves em que civis e pessoas deslocadas foram mortas.
Nestas condições perigosas, somos dos únicos que ainda trabalham no terreno para documentar violações e crimes de guerra.
Durante o meu trabalho de campo, ao recolher informações sobre os crimes, encontro-me com pessoas que perderam toda a sua família, mulheres, crianças, idosos. Ao saber do horror do crime, não consigo mais escrever. Afasto-me um pouco para respirar e chorar e depois retomo o meu trabalho.
(...) não podemos tomar banho ou lavar-nos porque a água na Faixa de Gaza, seja ela potável ou para lavar a roupa, é incrivelmente escassa. (...) comemos principalmente vegetais; comemos frango duas vezes, mas sem pão porque se eu quiser comprar pão, tenho de ficar na fila pelo menos 7 ou 8 horas (...). Por favor, rezem pela nossa sobrevivência nesta guerra suja. E finalmente, colegas, esqueci de acrescentar que estou sem teto porque a minha casa foi bombardeada."
Este é o testemunho de uma
profissional da Amnistia Internacional que trabalha
É com os olhos embargados que lemos estas cartas.
É com os olhos embargados que sabemos que destes que trabalham pela paz e que correm risco de vida todos os dias, mais de 70 trabalhadores humanitários já perderam a vida.
A estas mortes temos de acrescentar os jornalistas. 36 já morreram: 31 palestinianos, 4 israelitas, 1 libanês.
Os civis inocentes que já perderam a vida de ambos os lados, já passam dos 10 000. Um terço, eram crianças com a vida pela frente.
Não há outra solução melhor que o cessar-fogo na Faixa de Gaza. Só ele permitirá resgatar e libertar os reféns, proteger todos os civis. Só ele permitirá que a ajuda humanitária entre com segurança e chegue a quem necessita. Só um cessar-fogo permitirá falar das causas profundas deste conflito e sonhar alcançar aquilo que hoje parece ser uma ideia radical: alcançar a paz.
Imagem: Mohammed al-Masri - Reuters
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