Artur Queiroz*, Luanda
O MPLA nasceu no dia 10 de Dezembro de 1956, há 67 anos, fruto da fusão de várias organizações nacionalistas tradicionais. Entre o dia 4 de Fevereiro de 1961 e Setembro de 1974, conduziu a Luta Armada de Libertação Nacional. Venceu todos os obstáculos militares: Tropas portuguesas, tropas da FNLA, tropas da UNITA e as unidades especiais constituídas por angolanos que abandonaram a guerrilha, os TE, GE e Flechas, estes últimos criados pela PIDE/DGS e alimentados pela UNITA, quando Savimbi alugou as suas armas ao regime colonialista português.
O MPLA, fruto das suas
retumbantes vitórias em todas as frentes, tornou-se naturalmente a vanguarda
revolucionária do Povo Angolano. Em finais dos anos
O caminho vitorioso do MPLA tinha de ser travado a todo o custo, pelas grandes potências ocidentais com o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) à cabeça. Assim surgiram dissidências, deserções, golpes mais ou menos armados, enxurradas de mentiras e calúnias contra a direcção e o seu programa revolucionário.
Agostinho Neto, o líder do MPLA
que dirigiu a luta armada até à vitória final, tantos anos depois da sua morte
continua a ser vítima de calúnias soezes e mentiras, chanceladas por filhotes
do colonialismo ou os amargurados da queda do império que ia do Minho a Timor.
A dupla Francisco Queiroz/João Lourenço engendrou um esquema que chama aos
assassinos do 27 de Maio de 1977 vítimas e às vítimas criminosos. Uma forma
infame de atacar a memória de Agostinho Neto e seus companheiros, alguns assassinados
pelos golpistas. O golpe teve também o dedo da CIA mais os serviços secretos
franceses e britânicos para a Operação Cobra ou Operação Natal
A UNITA tem o cordão umbilical ligado aos generais do fascismo e ao ditador Marcelo Caetano. Depois cresceu sob a asa protectora do regime racista de Pretória. Ganhou “amigos” à custa dos diamantes de sangue, fazendo da Jamba um supermercado do tráfico de droga, marfim e kamanga. Só foi reconhecida como “movimento de libertação” no final de 1974 quando já nada existia para libertar
A FNLA jamais conseguirá limpar a nódoa que colou a si própria quando serviu de Cavalo de Troia, introduzindo em Angola milhares de mercenários, tropas portuguesas contrárias ao 25 de Abril de 1974 (ELP), oficiais da CIA e as forças regulares do Zaire de Mobutu. Uma coligação raivosa, reaccionária, desumana, para impedir a Independência Nacional, colocando o MPLA fora do processo de transição. Perderam. É mesmo verdade: O MPLA É o Povo e o Povo É o MPLA. Mesmo que João Lourenço faça tudo para acabar essa aliança.
Neste aniversário do MPLA quero recordar, mais uma vez, que os jovens da minha geração devem tudo ao movimento. Nem imagino o que seria hoje, se não tivesse aprendido a lutar sob a bandeira do “amplo movimento” que na época era a mais ampla aliança de classes. Até admitia os anarco-libertários. Por falar nisso, hoje quero fazer justiça à injustiçada Diplomacia Angolana.
O primeiro grande diplomata foi Mário Pinto de Andrade, um dos fundadores do MPLA. Quando Agostinho Neto assumiu a liderança, criou imediatamente condições para a abertura de uma frente diplomática que ajudasse na arte de fazer amigos e aliados. Câmara Pires, anarquista, herói da resistência aos nazis em França e antigo combatente na guerra antifranquista em Espanha, foi o braço direito do líder. A sua casa em Paris era a “Embaixada do MPLA”. Teve um papel fundamental no ganho de apoios à Luta Armada de Libertação Nacional em toda a Europa, particularmente França, Itália e países nórdicos.
A fabulosa Diplomacia Angolana
ganhou a sua expressão máxima quando surgiu a chamada Revolta do Leste,
liderada por Daniel Chipenda, e em cima do 25 de Abril de
O MPLA defendeu sempre que os seus militantes eram políticos obrigados a empunhar armas para a Libertação do Povo Angolano. Todos eram militares, todos eram civis, todos eram diplomatas. No período de transição Paulo Jorge teve um papel fulcral. Um jovem que era funcionário da TAP em Lisboa, Venâncio de Moura, deixou tudo e veio para Luanda ajudar na luta. Revelou-se um diplomata de mão cheia. Foi também ministro das Relações Exteriores.
Ao lado de Agostinho Neto,
colados aos passos do líder, estiveram sempre Afonso Van-Dúnem (Mbinda) e
Hermínio Escórcio, aquele que nasceu diplomata e embaixador de todos os que
caíam
As grandes vitórias do MPLA ao longo dos seus 67 anos de História só foram possíveis porque ganhou a luta na frente diplomática.
Em 27 de Maio de 1977 perdi um grande amigo Garcia Neto. Um irmão. Um grande camarada. A primeira coisa que fazia quando nos encontrávamos em casa do Comandante Tetembwa era criticar a minha “vida viciosa”. Os meus vícios públicos. Eu chamava-lhe “camarada embaixador”. Um dia disse-lhe que as ocupações nos últimos meses de 1975 foram mais anárquicas do que os próprios anacas permitem. Mas uma ocupação foi perfeita.
O Palácio do Comércio foi e ainda
acho que é a mais grandiosa obra privada alguma vez foi construída
Parabéns ao MPLA, parabéns à Diplomacia Angolana nada e criada no seio do MPLA e hoje ao serviço do Estado Angolano. Muito obrigado ao Camarada Neto, muito obrigado ao MPLA.
* Jornalista
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