Artur Queiroz*, Luanda
Abel Chivukuvuku, angolano do Bailundo, fez carreira ao serviço do regime racista de Pretória e particularmente da sua polícia política. Na área policial fez formação em Marrocos (terrorismo), República Federal da Alemanha e Inglaterra. Tendo frequência do ensino secundário no liceu do Huambo, foi aluno da Universidade da África do Sul (anos 80), Cidade do Cabo, exclusivamente para negros. Estes “estudos” numa escola só para pretos fizeram dele linguista e administrador. Terrorista e polícia nas escolas de Marrocos, Alemanha, Inglaterra mais umas actualizações em França e Portugal.
Entre 1982 e 1986 foi chefe
adjunto dos Serviços de Inteligência Militar das FALA, com escritório
Em 1992, foi cabeça de lista da UNITA nas primeiras eleições multipartidárias. Coroa de glória. Savimbi presidente e ele, primeiro-ministro. Foi eleito deputado mas gritou alto e bom som que houve fraude eleitoral. Juntou-se a Savimbi no Huambo para lançar ameaças, caso os resultados eleitorais fossem publicados. Mostrou a sua face de político amestrado em terrorismo e tortura ao dizer: “Se publicarem os resultados eleitorais reduzimos Angola a pó. Se a ONU proclamar os resultados balcanizamos Angola.
Abel Chivukuvuku regressou a Luanda e com Ben Ben, Salupeto Pena, Alicerces Mango e Jeremias Chitunda puseram em marcha um plano para a tomada de poder pela força. Da direcção política e militar do golpe foi o mais sortudo. Ben Ben fugiu a sete pés quando viu tudo perdido, mas sofreu imenso na fuga. Chivukuvuu foi ferido no Sambizanga e deu um trabalhão aos médicos do Hospital Militar. Salvaram-lhe a pele, as pernas e a vida. Quando estava em recuperação fui visitá-lo na condição de repórter. Garantiu-me que foi bem tratado. Depois ia ocupar o seu lugar de deputado. Cumpriu.
O linguista, administrador, polícia e terrorista encartado pela academia de Marrocos é deputado desde 1992. Nunca mais largou o osso. Mais um que subiu a corda a pulso. De miserável passou a dono e senhor de mundos e fundos. Que lhe façam bom proveito. Nesta curta biografia recordo que Chivukuvuu é o decano dos deputados. Mais nenhum tem tanto tempo de parlamento como ele.
Em 2010, recebeu ordens para abandonar a UNITA a fim de facilitar a ascensão de Adalberto da Costa Júnior. Fundou então a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE). Foi eleito deputado. Em Fevereiro de 2019 foi destituído da liderança por makas de dinheiros e lugares de destaque só para familiares. André Mendes de Carvalho (Miau) e mais tarde Manuel Fernandes assumiram a liderança.
Antes de interromper a sua longa carreira de deputado tentou fundar o Partido do Renascimento Angolano-Juntos por Angola (PRA JA-Servir Angola). Já não conseguiu clientes para as assinaturas e sem a desnatadeira de fundos públicos regressou à UNITA, para continuar deputado. Foi eleito e saltou para as costas de Adalberto da Costa Júnior. É o líder do Galo Negro por procuração passada ao líder oficial, reconhecidamente um pobre de espírito.
O regresso triunfal à UNITA deu a Chuvukuvuku uns restos dos diamantes de sangue. Investiu numa biografia com muitas vidas. Contratou o escritor favorito de João Lourenço, mais conhecido por Mártir da Gramática. Escreve “agualusa” em vez de água do luso. Como o dinheiro não abunda, biógrafo e biografado fizeram um truque. Dizem que aconteceram coisas estranhas no lançamento do livro em Angola.
O Agualusa queria levar para o lançamento 5.000 exemplares. A editora só mandou 500. O gafanhoto da escrita ficou lixado: “Para mim, é claro que se tivéssemos tido mais livros, mais teríamos vendido. Obviamente, os leitores angolanos ficaram prejudicados e eu, pessoalmente, como escritor, estou prejudicado”. Fingem que houve sabotagem! O poder em Angola tem medo do Chivukuvuku e do Agualusa!
A operação meteu Ondjaki, escritor, editor e livreiro. Vai editar em Angola o livro sabotado! O ladino escriba disse à agência Lusa (órgão oficial da UNITA): “Fico feliz por editar um livro que contribui para o debate social”. E tem razão. As vidas do Chivukuvukiu merecem um debate. Conseguiu reduzir Angola a pó? Conseguiu balcanizar Angola? Além de lhe salvarem as pernas baleadas, os médicos do Hospital Militar repararam-lhe os miolos? Além de terrorista, polícia, administrador, linguista e deputado ainda pode ser mais alguma coisa?
O difícil comércio das palavras é lixado. Fiquem sabendo que 5.000 exemplares não chegam. Ondjaki, tira 50.000 e saca ao sicário Chivukuvuku o que resta dos diamantes de sangue! Se há-de ser para os bandidos, que seja para ti que és bom rapaz e consegues acertar o sujeito com o predicado. Não é coisa pouca! O Agualusa ainda só conseguiu acertar o masculino com o feminino. Se lhe falam do neutro o rapaz atrapalha-se e nunca mais garatuja, nem sequer uma palavra monossilábica!
A campanha contra órgãos de
soberania e seus titulares continua
Se não forem promessas vãs, finalmente é cumprido o sonho de gerações de angolanos do Norte de Angola. Ver para crer. Venha daí o Caminho-de-Ferro de Ambaca com 100 anos de atraso. Os ramais de Maquela e Soio. O porto do Ambriz. Caso se confirme, juro emendar-me e nunca mais voltar a pecar. E peço humildemente desculpa ao Presidente João Lourenço. Oxalá!
*Jornalista
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