Só em 2023, já foram mortas 40 pessoas nesta província moçambicana, dão conta os dados do Governo. Académico diz que situação é grave e que números das autoridades podem não espelhar a realidade.
Os 40 óbitos resultam de 511 ocorrências registadas durante este período. A situação, quando comparada ao ano passado, espelha um aumento de casos, visto que em 2022, no período homólogo, houve um registo de 269 ocorrências que culminaram em 29 mortes.
O distrito de Mágoe é o ponto da
província com mais casos de óbitos: 10 pessoas morreram em Mutarara e quatro
Números podem ser superiores
Onde há mortes, há também motivos de preocupação, mas os dados apresentados pelo executivo podem estar aquém da realidade. Para o académico e geógrafo Lucas Catsossa, os números divulgados "não dizem muito sob o ponto de vista daquilo que no terreno pode estar a acontecer. Há muitas pessoas que morrem onde as autoridades não chegam para trazer a real situação", diz.
Segundo os dados do Governo, na cidade de Tete perderam a vida apenas três pessoas. Mas no bairro Francisco Manyanga, na unidade Chuingale, nas margens do rio Zambeze, os populares falam em mais mortes.
Suzana Júlia, que escala com frequência aquele local, fala de pelo menos seis mortos desde janeiro.
"Lembro-me de seis pessoas mortas, mas o número pode ser mais elevado. Os crocodilos é que têm matado", conta à DW.
O crocodilo e o hipopótamo são as espécies mais apontadas, seguidas pelo búfalo e elefante. Para amenizar a situação, 54 animais já foram abatidos ao longo deste ano.
Artur Jorge, que também frequenta as margens do rio Zambeze, assume ter consciência do risco de se deslocar ao local, no entanto, diz também não haver outras alternativas, uma vez que falta água no bairro.
"Aqui nós tomamos banho por falta de condições, as mulheres lavam e também tomam banho, temos medo de crocodilos, mas o que fazer? Temos de arriscar, não há mais nada a fazer", lamenta.
O Governo diz estar preocupado com o aumento dos casos de conflito Homem-fauna bravia. E por isso colocou em marcha medidas para travar o cenário.
Segundo o diretor provincial no setor de Desenvolvimento Territorial e Ambiente, Óscar Zalimba, a primeira medida foi "afugentar as espécies que se envolvem nesses casos”. Para além disso, continua, "também temos trabalhado junto das nossas comunidades para as sensibilizar a não desenvolverem atividades e não fixarem residências em corredores definidos ecologicamente como pontos de travessia de animais".
Medidas "ineficazes"
O académico Lucas Catsossa diz
que as medidas tomadas pelo Governo não são eficazes, até porque o número das
ocorrências está
Lucas Catsossa quer um empenho com resultados mais significativos por parte do governo, com a aquisição de meios e capacitação de técnicos, assim como as comunidades para que saibam lidar com a situação.
Deutsche Welle | Lusa
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