domingo, 19 de novembro de 2023

Portugal | Especialização económica e profissões

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Com a evolução demográfica e os ganhos conquistados pelo sistema educativo nas últimas décadas, Portugal entrou numa fase nova com repercussões significativas no “mercado de trabalho”. A força de trabalho nacional pode diminuir, mas tem mais educação e formação e muito maior potencial de qualificação profissional. A resposta às justas aspirações dos nossos jovens e o aproveitamento das suas capacidades a favor dos interesses de toda a sociedade exigem a criação de emprego mais qualificado e valorizado. Em grande medida não estamos a ir nesse sentido.

Parece projetar-se para o futuro a via alternativa: o modelo dos baixos salários alimentado por contingentes massivos de imigrantes, cujas dependências os colocam em condições de sujeição a salários baixos. A eles juntam-se os jovens portugueses que tentam a todo o custo não emigrar. O total de jovens licenciados que faz parte do conjunto de trabalhadores não qualificados não pára de crescer. Muitas vezes, patrões e governantes que nos dizem andar à procura de “talento” andam somente à pesca de quem tem qualificações, mas não pode fugir à sujeição ao baixo salário.

A relação entre o perfil de especialização da economia e a qualidade do emprego e das profissões é total e recíproca. A persistência de setores de atividade de baixo valor acrescentado não potencia a criação de emprego de qualidade nem gera (com exceção de pequenos nichos) profissões valorizadas. A aposta na industrialização é adiada ou até contrariada. A entrega da Efacec a um fundo financeiro é um triste exemplo. Todavia o que está em marcha com a utilização do sol (restringida à exportação de turismo barato), do hidrogénio e até do lítio é mais revoltante. Num seguidismo pleno das políticas da União Europeia, abstemo-nos de tomar posse e de gerir os nossos recursos naturais.

Em Sines, prepara-se, com interesses estrangeiros, a produção de hidrogénio com dois destinos: uma boa parte será utilizada para alimentar a central de dados, que tem um enorme consumo de energia; e a outra parte parece encaminhar-se para exportação. São estes projetos que vão transformar qualitativamente o emprego e as profissões? Não. Todavia, se a energia produzida e armazenada a baixo custo fosse colocada ao serviço das empresas para modernizarmos a indústria e fosse disponibilizada às populações, teríamos uma oportunidade para irmos transformando positivamente a nossa matriz de desenvolvimento.

O discurso empresarial dominante deixou de se referir a trabalhadores e também, em grande medida, a profissões concretas. Reclamam “colaboradores” o mais polivalentes possível e de preferência, precários. Ora, as profissões definem-se, estruturam-se e valorizam-se no trabalho e no emprego; não se confundem com outras ocupações. A profissão é uma ocupação especial, que incorpora vocação (natural e trabalhada), e sempre, valores sociais, éticos, culturais, códigos deontológicos e conhecimentos específicos. E exigem contextualização nas relações de poder.

Na Escola - no Ensino Superior em particular - hoje, o grande foco é tornar cada jovem um “empreendedor”, numa perspetiva fechada e individualista. Ignora-se a observação de que nunca houve tanto emprego, nomeadamente por conta de outrem, como atualmente. Não se preparam os jovens para a perceção das profissões. No momento em que estas estão em reformulação profunda e muitas a nascer, as universidades abandonaram a sociologia das profissões. Mais uma consequência do alastramento do neoliberalismo.

* Investigador e professor universitário

 Imagem: José Viana, «Força», 1947, col. do CAM da FC Gulbenkian -- (quadro apreendido pela PIDE na II EGAP [1] - Exposição Geral de Artes Plásticas, 13 Maio 47)

Portugal | Encontrámos 156 políticos na agenda de Ricardo Salgado

A história que publicámos na quarta-feira à noite não é sobre a já muito badalada criminalidade financeira que Ricardo Salgado e o Banco Espírito Santo protagonizaram nas últimas décadas. O que quisemos atestar com os 3005 ficheiros a que tivemos acesso e que serviram de base para este projeto foi algo diferente: qual o alcance da influência política de Ricardo Salgado?

No lote de 3005 ficheiros, entre atas, e-mails, balanços, extratos de contas, escutas e transcrições de escutas, memorandos de negócios e outros tantos documentos, havia seis cadernos escritos à mão (digitalizados) de particular relevância para poder fazer essa análise – a agenda de Ricardo Salgado.

São nada mais nem nada menos do que 2268 dias da vida profissional do financeiro mais famoso do país, entre outubro de 2008 e dezembro de 2014. Após uma análise detalhada da agenda, que nos obrigou a um trabalho de dados complexo, percebemos que lá estavam referenciados 156 políticos do PSD, PS, CDS/PP e PCP.  Todos os governos, excetuando o terceiro e quinto governos constitucionais, estão representados na agenda daquele que foi o banqueiro mais poderoso do país durante duas décadas. Muitas das figuras que revelámos ontem e que iremos revelar nas próximas semanas continuam a ser personagens relevantes na nossa praça pública.

Foi quase um ano a investigar, a ler documentos, a cruzar informações, a contactar pessoas. E foi, sem sombra de dúvida, a melhor experiência jornalística que alguma vez tive. Não só pela complexidade e relevância da matéria. Trabalhar com profissionais do calibre de Pedro Coelho, João Venda, Paulo Barriga, Micael Pereira, Diana Matias e Jorge Araújo é um privilégio que muito poucos jovens jornalistas como eu têm. Saio deste trabalho um jornalista muito mais completo e capaz. E com uma certeza, que já tenho há algum tempo mas que se solidificou com este trabalho: o jornalismo é um trabalho muito mais gratificante quando é feito em equipa.

Espero que gostem de ler a história tanto como eu gostei de a escrever. Nas próximas semanas publicaremos mais dois textos.

Filipe, em newsletter de Setenta e Quatro

PARA LER JÁ – em Setenta e Quatro

Encontrámos 156 políticos na agenda de Ricardo Salgado – por Filipe Teles, Pedro Coelho, Paulo Barriga e Micael Pereira

Israel Louvado e Livre de Sanções -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Peritos da ONU alertaram o mundo para um "genocídio em preparação" por parte de Israel na Faixa de Gaza. Várias agências das Nações Unidas denunciaram crimes de guerra na Palestina. Compreende-se. Dezenas de funcionários foram mortos pelas bombas da força aérea israelita que também destruíram escolas e instalações. 

A comida acabou. Água potável igualmente. Energia cortada. Combustível não entra. Centenas de milhares de palestinos foram forçados a ir para o sul. E agora receberam ordens para se esconderem onde não existem esconderijos. Tudo isto acontece num território onde não existem quarteis ou bases militares. Apenas civis armados que se ergueram contra os ocupantes estrangeiros. Para enfrentar os combatentes da Liberdade o governo de Israel mobilizou aviões, canhões, tanques e 300.000 soldados!

O governo da Faixa de Gaza, eleito democraticamente, não pediu a adesão imediata à União Europeia. Não pediu a adesão à OTAN (ou NATO). Não assinou acordos em Minsk e depois rasgou. O HAMAS apenas quer governar em paz e sem a opressão dos ocupantes israelitas. 

As Brigadas Al-Qassam querem simplesmente libertar a Palestina. Como os guerrilheiros da Sierra Maestra em Cuba, a Frente de Libertação Nacional na Argélia, o MPLA e a FNLA em Angola, o PAIGC na Guiné e Cabo Verde, a FRELIMO em Moçambique, a SWAPO na Namíbia, o ANC na África do Sul. Armas na mão e aí vamos nós rumo à Liberdade! A Frente Polisário continua a lutar pela libertação do Saara Ocidental.

A União Europeia já vai no 11º pacote de sanções à Federação Russa porque invadiu a Ucrânia em Fevereiro de 2022. A ONU revelou que até final de Agosto tinham morrido 9.177 civis. A Procuradoria-Geral da República da Ucrânia anunciou que até final de Junho morreram na guerra 484 crianças e jovens. 

O cartel europeu confiscou 300 mil milhões de activos do Banco Central da Rússia em bancos da Europa. Mais os milhares de milhões roubados aos “oligarcas”. E quer despachar esses fundos para Kiev. Claro que os despachantes também ganham. Quem reparte e não fica com a melhor parte é atraso mental ou não tem arte.

O Reino Unido já sancionou mais de 1.300 individualidades e entidades russas desde o início da operação militar especial na Ucrânia. Mais sanções económicas em coordenação com “parceiros internacionais”. 

Os EUA vão à frente nas sanções. Até a presidente do Banco Central da Federação Russa, Elvira Nabiulina e as famílias dos membros do Conselho de Segurança Nacional foram sancionados. O estado terrorista mais perigoso do mundo deu ordens aos seu empregado do Tribunal Penal Internacional,  Karim Khan, para emitir um mandado de captura contra o Presidente Putin.

Na Faixa de Gaza, desde o dia 8 de Outubro até hoje foram feridos nos bombardeamentos 30.000 civis. Mortos identificados são 15.000 mas mais mil podem estar soterrados nos escombros dos prédios e outras habitações. Mais de 70 por cento das vítimas mortais são mulheres e crianças. Leiam o número exacto das crianças: 4.560 corpos identificados. Centenas de copos estão soterrados nos escombros. O genocídio tem pouco mais de um mês.  

O trio assassino Biden, Blinken e Austin apoia o genocídio. Os três foram a Telavive exigir aos nazis do governo que matassem palestinos até onde for preciso. O sargento lateiro obedeceu. Está a matar mais e mais em Gaza e na Cisjordânia. A nazi Úrsula von der Ledyen foi a Telavive apoiar o genocídio: Matem os palestinos até onde for preciso. Depois foram o Sunak do Reino Unido e o Macron de França. As mesmas ordens: Matem os palestinos até onde for preciso.

Até este momento não há sanções aos matadores de palestinos, invasores e ocupantes da Palestina. Os fundos dos bancos israelitas no estrangeiro são intocáveis. Os milionários apoiam o nazismo e o genocídio mas nada lhes acontece. O TPI não emitiu mandados de captura contra os nazis de Telavive.

Josep Borrell, o chefe da diplomacia europeia, foi a Israel dizer aos nazis do governo para matarem palestinos mas sem ódio nem raiva. Parece mal. E eles matam. Sem medo de sanções, pelo contrário, sob os aplausos do ocidente alargado. O mundo está mesmo a ficar um sítio mal frequentado.

Hoje o HAMAS voltou a informar que 60 prisioneiros ou reféns foram mortos nos bombardeamentos de Israel. É assim mesmo. Não querem testemunhas do que aconteceu verdadeiramente naquele terrível dia 7 de Outubro. 

Quem matou quem e porquê. Como os miúdos das motorizadas, carrinhas e parapentes passaram a muralha intransponível e porquê. Quem desligou o sistema de segurança. Quem adormeceu as sentinelas e para quê. Mortos os prisioneiros militares e reféns civis, as questões ficam sem resposta. E se tudo correr bem já não existem palestinos. Este mundo está mesmo muito mal frequentado. Hitler comparado com os líderes do ocidente alargado era um menino de coro com asas e tudo.

Os Media do ocidente alargado mais a TPA chamam ao genocídio na Palestina a “Guerra Israel-HAMAS”. Um país armado até aos dentes (com bombas atómicas e tudo) contra um partido político!

* Jornalista

Tropas Assaltam Hospital de Gaza -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O ocidente alargado é um sítio mal frequentado. As lideranças políticas balançam entre o fascismo e o nazismo. As potências económicas estão falidas. As forças armadas mais potentes do mundo estão capadas. Têm armas obsoletas e sem munições. As tropas começam a virar as costas ao combate. O estado terrorista mais perigoso do mundo entrou de peito feito no Afeganistão e saiu de gatas. Os Talibãs foram generosos e deixaram sair os assassinos. Até permitiram que o presidente fantoche fosse gozar as delícias do Dubai. Afinal quem é terrorista?

Hoje o estado terrorista mais perigoso do mundo conseguiu a vitória militar mais retumbante dos últimos 1.000 anos. Os sargentos pançudos e lateiros de Israel conseguiram o que nunca forças armadas de um país tinham conseguido. Tomaram de assalto o Hospital Al Shifa com 600 doentes internados e quase 2.000 refugiados, espalhados pelos corredores e salas de estar. 

O exército mais poderoso do Médio Oriente colocou um tanque de guerra à porta do serviço de urgência do maior hospital da cidade de Gaza. Os “rambos” entraram aos tiros e dominaram os inimigos: médicos, enfermeiros, outros técnicos de saúde, doentes e refugiados. Em menos de nada, todos se renderam.

Noutro hospital da cidade que foi bombardeado e fechou por falta de energia, água e medicamentos, os poderosos militares de Israel dizem que encontraram armas e explosivos. Um “posto de comando” do HAMAS. Mas não apresentaram prisioneiros.

Uma bomba inteligente que não faz danos colaterais destruiu a morada de uma família palestina. Marido e mulher morreram. O filho, de cinco anos, ficou sem as duas pernas. Está no Hospital Al Shifa e diz que não quer viver. Eu estou a cair da tripeça mas agarro-me à vida com unhas e dentes. Um menino de cinco anos quer morrer!

Nos corredores do poder em Washington, Londres, Paris, Bruxelas e Berlim as elites políticas, quando lhes mostram as crianças mortas ou hospitalizadas, dizem enfadados: Deixem-nos morrer. É melhor que morram já. Se chegarem a adultos temos de matá-los como terroristas. 

Todos os dias comemoram a morte das crianças palestinas. Luanda telefona a Biden e felicita o assassino de crianças e mulheres. Os campeões da paz são assim.

E os reféns? Ninguém sabe. Uma militar prisioneira apareceu ontem morta em Gaza. Quem a matou? O HAMAS não foi. Se fosse para matar já tinham começado quando caiu a primeira bomba na cidade de Gaza. Das duas, uma: Ou não têm reféns nem prisioneiros ou não têm. Hoje Joe Biden mandou uma enigmática mensagem aos familiares dos reféns norte-americanos: “Estamos quase a chegar”. 

Uma declaração muito parecida com aquela do Nord Stream II: “Nunca vai funcionar”. E cumpriu. Depois pôs a criadagem das fossas televisivas e dos monturos de papel sujo a dizerem que foram os russos que rebentaram com o equipamento!

Hoje disse aos familiares dos reféns supostamente nas mãos do HAMAS: “estamos a chegar”. Ele tem um qualquer jogo sujo na manga. Vamos esperar para ver. A primeira grande vitória conseguida até agora pelo estado terrorista mais perigoso do mundo foi o início do genocídio de palestinos, em directo nas televisões. A segunda foi a tomada do Hospital Al Shifa. Outras mais retumbantes se seguirão. Mas está a correr mal. As tropas que conquistaram o maior hospital da cidade de Gaza deram ordens para toda a gente sair das instalações. Os médicos e outro pessoal da saúde recusaram! Não têm medo das bombas atómicas dos nazis de Telavive.

Até hoje, 4.650 crianças palestinas foram mortas pelas tropas de Israel na Faixa de Gaza. Linda Thomas-Greenfield, a embaixadora dos EUA na ONU, confirmou essa tragédia no Conselho de Segurança. Parece mentira mas é verdade. Desta vez os nazis e de Telavive não podem dizer que é propaganda do HAMAS. Foi a embaixadora Linda que fez tal declaração. Mas também lhe ficava bem revelar este número de hoje: Mais de 2.600 técnicos da área da saúde (médicos, enfermeiros e outros profissionais) foram mortos nos bombardeamentos de Israel. 

O exército mais poderoso do Médio Oriente é especialista a matar civis indefesos (12.000), trabalhadores humanitários, socorristas e técnicos de saúde. Biden e Netanyahiu vão ser galardoados com o Prémio Nobel da Paz no próximo ano. João Lourenço oferece-lhes o título de campeão. Pode ser que seja recompensado com uma audiência a sós na Casa Branca. Mas cuidado com a carteira. Aquilo é um covil de ladrões.

A embaixadora Linda fez hoje esta declaração solene no Conselho de Segurança da ONU: “Todos os civis têm de ser protegidos”. Esqueceu-se de dizer que essa protecção só abrange os mortos. Seres humanos mais repugnantes não há. Mandam matar e depois exigem protecção aos mortos! 

Esta noite Israel bombardeou o sul da Faixa de Gaza. Foi para lá que foram empurrados pelos nazis de Telavive, centenas de milhares de palestinos. Em Beit Lahia, a norte de Jabalia, foi a desgraça total, dezenas de mortos e feridos. Ninguém trava o genocídio. 

Estou com o mesmo sentimento de impotência que sentia quando os ocupantes tratavam os angolanos como lixo. Uns miseráveis mentais, analfabetos de pai e mãe, criados dos ricaços, com a sua boçalidade e bestialidade oprimiam mais do que as tropas de ocupação. Tinha vontade de entrar a matar. Como não podia, restava a mais dolorosa impotência. Na Palestina está a acontecer pior do que aconteceu em Angola, Guiné e Moçambique.

O Presidente Erdogan hoje avisou os nazis de Telavive com voz grossa: A vossa vida está a chegar ao fim. Olho por olho, dente por dente, vida por vida. 

* Jornalista

Guerra nuclear preventiva: o papel de Israel no desencadeamento de um ataque ao Irão

Capítulo III de "A Globalização da Guerra", de Michel Chossudovsky

Prof  Michel Chossudovsky* | Global Research, 17 de novembro de 2023 | # Traduzido em português do Brasil

Introdução do autor

Num artigo recente intitulado “Um ataque planeado dos EUA e de Israel ao Irão está contemplado”, concentrei-me na forma como o ataque criminoso de Israel ao povo da Palestina poderia evoluir para uma guerra prolongada no Médio Oriente. 

No momento em que este artigo foi escrito, os navios de guerra dos EUA-OTAN – incluindo dois  porta-aviões, aviões de combate, para não mencionar um submarino nuclear – estão estacionados no Mediterrâneo Oriental e no Mar Vermelho, todos destinados a confrontar o que tanto os políticos ocidentais como os a mídia descreve casualmente como “a agressão da Palestina contra o Estado Judeu”. Pergunte-se: por que razão Israel precisaria do apoio de  porta-aviões para combater os palestinianos que têm capacidades militares limitadas? 

“EUA alertam Hezbollah, Irã. Irá intervir se eles escalarem”

Quem está “escalando”? O Pentágono já deu a entender que atacará o Irão e o Líbano, “se eles escalarem” . O Pentágono está tentando desencadear uma “bandeira falsa”?

Também significativa (menos de 4 meses antes de 7 de outubro de 2023) é a adoção, em 27 de junho de 2023, da  Resolução do Congresso dos EUA (H. RES. 559)  que acusa o Irão de possuir armas nucleares. H.RES 559  permite o uso da força contra o Irã , insinuando que o Irã possui armas nucleares. 

Enquanto o Irão é rotulado (sem qualquer evidência) como uma potência nuclear pelo Congresso dos EUA, Washington não reconhece que Israel é uma potência nuclear não declarada.  

O artigo abaixo foi publicado pela primeira vez em meu livro intitulado “ A Globalização da Guerra. A longa guerra da América contra a humanidade” (2015). 

Continuo  em dívida   com o ex-primeiro-ministro da Malásia, Tun Dr. Mahathir Mohamad, que tomou a iniciativa de lançar meu livro em Kuala Lumpur.

Firmemente empenhado  na “ criminalização da guerra” ,  Tun Mahathir é uma voz poderosa em apoio à Palestina .

O artigo abaixo (Capítulo III de “Globalização da Guerra”) fornece uma análise numa perspectiva histórica dos planos de guerra dos EUA dirigidos contra o Irão. 

Foram contemplados numerosos “cenários de teatro de guerra” para um ataque total ao Irão. 

Encruzilhadas perigosas em nossa história

O actual e actual destacamento militar dos EUA-NATO no Médio Oriente – casualmente apresentado pelos meios de comunicação social como um meio de resgatar Israel – é o auge dos preparativos de guerra dos EUA que se estendem por um período de mais de 20 anos.

Foi contemplado pelo Pentágono em 2005 um cenário em que um ataque de Israel seria conduzido em nome de Washington: 

“Um ataque de Israel poderia, no entanto, ser usado como “mecanismo de gatilho” que desencadearia uma guerra total contra o Irão, bem como uma retaliação do Irão dirigida contra Israel.” (citado do texto abaixo)

No início do segundo mandato de Bush

“O vice-presidente Dick Cheney sugeriu, em termos inequívocos, que o Irão estava “bem no topo da lista” dos “inimigos desonestos” da América, e que Israel iria, por assim dizer, “estar a fazer o bombardeamento por nós”. ”(Ibid.)

O artigo também centra-se nos perigos de um ataque nuclear EUA-Israel contra o Irão, que tem sido contemplado pelo Pentágono desde 2004.

A “Parceria” EUA-Israel: Acordo Militar “Assinado”

Amplamente documentado, o aparelho militar e de inteligência dos EUA está firmemente por trás do genocídio de Israel. Nas palavras do  Tenente General Richard Clark:

As tropas americanas estão “preparadas para morrer pelo Estado Judeu”.

O que deve ser entendido por esta declaração é que os EUA e Israel têm uma “Parceria ” Militar de longa data, bem como (Jerusalem Post)  um Acordo Militar “Assinado”  (classificado)  relativo ao ataque de Israel a Gaza. 

O Tenente-General Richard Clark é Comandante da Terceira Força Aérea dos EUA, um dos oficiais militares de mais alta patente nas Forças Armadas dos EUA. Embora se refira ao Juniper Cobra, “um exercício militar conjunto que tem sido conduzido há quase uma década”, a sua declaração aponta para um acordo de inteligência militar “assinado” muito mais amplo (classificado) com Israel, que sem dúvida inclui a extensão do -Bombardeio dos EUA em Gaza até ao Médio Oriente mais amplo. 

Embora este chamado acordo militar “assinado” permaneça confidencial (não seja do domínio público), parece que Biden está a obedecer às ordens dos perpetradores desta diabólica agenda militar.

O Presidente Biden tem autoridade (ao abrigo deste Acordo “Assinado” com Israel) para salvar as vidas de civis inocentes, incluindo as crianças da Palestina:

P (Inaudível) Cessar-fogo em Gaza, Senhor Presidente?

O PRESIDENTE: Desculpe?

P Quais são as chances de um cessar-fogo em Gaza?

O PRESIDENTE: Nenhum. Nenhuma possibilidade.

Conferência de imprensa da Casa Branca , 9 de novembro de 2023

O Tenente General Clark confirma que:

“As tropas dos EUA poderiam ser colocadas sob o comando de comandantes israelitas no campo de batalha” , o que sugere que o genocídio é implementado por Netanyahu em nome dos Estados Unidos.

Tudo indica que o aparelho militar e de inteligência dos EUA está por trás do bombardeamento criminoso e da invasão de Gaza por parte de Israel.

Ler/Ver:

Israel e a Aliança EUA-OTAN. Rumo à escalada militar? “Teatro Irã a Próximo Prazo (TIRANNT)”? A guerra contra o Irã não está mais em espera?

Mantemo-nos firmemente em solidariedade com a Palestina e o povo do Médio Oriente.

É minha intenção e espero sinceramente que os meus escritos (incluindo o texto abaixo) contribuam para  “Revelar a Verdade”  e também para  “Reverter a Maré da Guerra Global”. 

Michel Chossudovsky , Global Research, 17 de novembro de 2023

Introdução 

Embora se possa conceptualizar a perda de vidas e a destruição resultantes das guerras actuais, incluindo o Iraque e o Afeganistão, é impossível compreender plenamente a devastação que poderá resultar de uma Terceira Guerra Mundial, utilizando “novas tecnologias” e armas avançadas, até que ocorra. e se torna realidade.

A comunidade internacional apoiou a guerra nuclear em nome da paz mundial. “Tornar o mundo mais seguro” é a justificação para lançar uma operação militar que poderia potencialmente resultar num holocausto nuclear.”

O armazenamento e a implantação de sistemas de armas avançados dirigidos contra o Irão começaram imediatamente após o bombardeamento e a invasão do Iraque em 2003. Desde o início, estes planos de guerra foram liderados pelos EUA em ligação com a NATO e Israel.

Após a invasão do Iraque em 2003, a administração Bush identificou o Irão e a Síria como a próxima etapa do “roteiro para a guerra”. Fontes militares dos EUA sugeriram na altura que um ataque aéreo ao Irão poderia envolver uma mobilização em grande escala comparável aos bombardeamentos de “choque e pavor” dos EUA no Iraque em Março de 2003:

Os ataques aéreos americanos ao Irão excederiam largamente o âmbito do ataque israelita de 1981 ao centro nuclear de Osiraq, no Iraque, e assemelhar-se-iam mais aos primeiros dias da campanha aérea de 2003 contra o Iraque.1

BLOG DE GAZA: 31 palestinos mortos em ataques noturnos

Quatro bebés prematuros morrem em Al-Shifa - Ataques israelitas destroem quatro mesquitas em Jabaliya – DIA 44

Palestine Chronique | # Traduzido em português do Brasil

Pelo menos 31 palestinos foram mortos quando Israel atacou casas palestinas no centro da Faixa de Gaza durante a noite. Outros dois foram mortos em Khan Yunis e quatro bebés prematuros também foram declarados mortos no Hospital Al-Shifa. 

Entretanto, o número de vítimas palestinianas aumentou para mais de 12.300 desde o início da operação militar israelita em Gaza, em 7 de Outubro. 

Em Beit Hanoun, a Jihad Islâmica Palestina declarou que travou batalhas ferozes contra soldados israelenses, causando muitas perdas entre as tropas israelenses.

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ULTIMAS ATUALIZAÇÕES:

Domingo, 19 de novembro, 12h15 (GMT+3)

HEZBOLLAH: Alvejamos o site israelense, Al-Marj, e o atacamos diretamente.

MÍDIA ISRAELITA: Suspeita de infiltração de dois drones do Líbano.

Primeiro-ministro norueguês: O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Sture, apelou mais uma vez a um cessar-fogo imediato, sublinhando que as passagens devem ser abertas para levar ajuda a Gaza.

BRIGADAS AL-QUDS: As Brigadas Al-Quds, o braço militar do Movimento da Jihad Islâmica, disseram que bombardearam com morteiros um grupo de soldados do exército de ocupação israelense no eixo Al-Taqadum, a oeste de Beit Lahia, no norte de Gaza Faixa.

Domingo, 19 de novembro, 10h20 (GMT+3)

HEZBOLLAH: O Hezbollah disse que os seus combatentes atacaram três locais israelitas em Al-Dahaira, Jal Alam e Al-Jardah, conseguindo “ataques confirmados”.

AL-JAZEERA: Aviões israelenses destruíram 4 mesquitas no campo de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza.

DIRETOR GERAL DOS HOSPITAIS DE GAZA: Quatro em cada 36 bebês prematuros no Complexo Médico Al-Shifa morreram. Uma equipe da OMS irá até Al-Shifa para levar os demais.

FM TURCA: Türkiye condena o bombardeio da Escola Al-Fakhoura e exige que Israel seja responsabilizado.

Domingo, 19 de novembro, 9h (GMT+3)

GOVERNO DA MÍDIA DE GAZA: Fortes tiros ocorreram nas proximidades do Hospital Batista Al-Ahli, indicando que as forças de ocupação israelenses estavam bombardeando deliberadamente áreas lotadas para deslocar residentes.

AL-QUDS: Os nossos combatentes “entraram em confronto ontem à noite com um grupo de soldados inimigos em Beit Hanoun, na Faixa de Gaza, infligindo-lhes pesadas perdas”.

AL-JAZEERA: Sirenes soam em duas áreas israelenses na fronteira com o Líbano.

Domingo, 19 de novembro, 8h (GMT+3)

AL-JAZEERA: 31 palestinos foram mortos em ataques israelenses que tiveram como alvo casas no centro da Faixa de Gaza na noite passada.

AL-JAZEERA: Duas mulheres foram mortas e vários palestinos ficaram feridos num bombardeio israelense que teve como alvo uma casa a leste de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.

Domingo, 19 de novembro, 7h (GMT+3)

EXÉRCITO ISRAELITA: O exército israelense anunciou a morte de um soldado e um oficial nas batalhas ocorridas ao norte de Gaza.

Domingo, 19 de novembro, 6h (GMT+3)

CRESCENTE VERMELHO PALESTINO: 2 palestinos foram mortos pelas forças de ocupação na Cisjordânia.

Domingo, 19 de novembro, 5h (GMT+3)

CRESCENTE VERMELHO PALESTINO: As forças israelenses invadiram várias áreas na Cisjordânia.

Domingo, 19 de novembro, 4h (GMT+3)

FONTES PALESTINAS: Uma intensa troca de tiros estava ocorrendo entre jovens palestinos e as forças de ocupação israelenses que invadiram o campo de Qalandia.

RÚSSIA: Mais de 550 cidadãos, incluindo 230 crianças, evacuados de Gaza.

MÍDIA AMERICANA: Milhares de pessoas manifestaram-se na cidade americana de Chicago, levantando bandeiras e slogans em apoio à Palestina e exigindo o fim da guerra em Gaza.

Domingo, 19 de novembro, 3h (GMT+3)

BERNIE SANDERS DOS EUA: Qualquer ajuda a Israel deve estar ligada à interrupção da sua operação em Gaza por um longo período, a fim de fornecer ajuda humanitária.

AUTORIDADE PARA ASSUNTOS DE DETIDOS E EX-DETINADOS: O prisioneiro palestino Thaer Samih Abu Assab (38 anos), detido desde 2005 e condenado a 25 anos de prisão, morreu na prisão do deserto de Naqab.

Domingo, 19 de novembro, 2h (GMT+3)

QUEM: O Hospital Al-Shifa em Gaza é uma “zona de morte”.

AL-JAZEERA: As forças de ocupação israelenses atacam a cidade de Jenin por várias frentes.

Equipa do Palestine Chronicle

ONDE ESTÁ O MUNDO CONSCIENTE?

Khalaf Ahmad Al-Habtoor* | Arab News | # Traduzido em português do Brasil

O mundo foi surpreendido no dia 7 de novembro pela declaração do ex-presidente dos EUA Barack Obama em entrevista ao programa “Pod Save America” sobre a guerra em Gaza, onde disse: “Temos que admitir que ninguém está com as mãos limpas de o que está acontecendo (entre o Hamas e Israel), e que somos todos cúmplices até certo ponto.”

Isto coincidiu com outra surpresa; onde um grupo de membros do Congresso dos EUA enviou uma carta ao Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken - apesar do seu apoio ao direito de Israel em “autodefesa” - sublinhando a importância de entregar ajuda humanitária a Gaza, e o compromisso do governo israelita seguir as leis internacionais nas suas operações militares para evitar mais violência e preparar o caminho para esforços diplomáticos intensivos para alcançar uma paz sustentável.

Boas posições que reflectem esperança, mas quando consideramos o que está a acontecer no terreno, elas permanecem apenas conversas desacompanhadas de acção. O ditado americano “falar é fácil” é adequado como título temporário para a crise de violência não convencional em que vivemos.

Na realidade, “as ações falam mais alto que as palavras”. As posições do Ocidente e dos EUA são retumbantes e a sua inclinação absoluta em relação a Israel é desavergonhada e sem hesitação.

Uma semana após a operação do Hamas em Al-Aqsa, em 7 de outubro, os EUA enviaram dois dos maiores e mais poderosos porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford e o USS Dwight D. Eisenhower, para prestar assistência ao seu primeiro aliado. , como a agência Associated Press descreveu. A 6 de novembro juntou-se a eles um submarino nuclear da classe Ohio, capaz de transportar ogivas nucleares, conforme anunciado pelo Comando Central dos EUA nas redes sociais.

Estes passos foram seguidos por um apoio sem precedentes do Ocidente a Israel. As imagens do vídeo do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, chegando a Israel em um avião militar carregando armas e equipamentos de apoio ainda estão frescas em nossa mente.

Quarenta dias após o início do genocídio liderado por Israel contra os palestinianos, o chanceler alemão Olaf Scholz confirmou, durante a sua recente visita a Tel Aviv na terça-feira, que o seu país “tem apenas um lugar, durante os tempos difíceis em que o Estado judeu se encontra”. em si, e isso está ao lado de Israel.”

Temos esta guerra de dualidade, como nunca vimos antes. Indica até a extensão do fanatismo oculto de alguns ocidentais contra árabes e muçulmanos. Tornou-se um modelo tradicional para ganhar votos e até mesmo uma estratégia opcional na América, utilizada por Donald Trump, pelo candidato republicano Ron DeSantis e outros. Ameaçam impedir que árabes e muçulmanos entrem nas universidades e proibi-los de entrar nos EUA. 

Quanto aos europeus, não são menos obstinados, uma vez que vários jogadores de futebol europeus de origem árabe enfrentam ondas de perseguição pela sua simpatia para com o povo palestiniano. A equipa alemã Mainz rescindiu o contrato do seu jogador Anwar El-Ghazi devido ao seu apoio ao povo de Gaza. Políticos na França pediram a retirada do prêmio Bola de Ouro de Karim Benzema e da cidadania francesa. Onde está a liberdade de expressão que tanto os europeus como os americanos exigem? Será que o Ocidente, que santifica este direito, não acredita que as acções dos seus governos são agora repugnantes dois pesos e duas medidas?

A catástrofe humanitária que testemunhamos diariamente na Palestina acrescenta mais dor a estas posições no Ocidente. Além disso, muitas cidades e capitais estão a testemunhar protestos eleitorais distintos contra as políticas dos seus governos e o seu apoio absoluto às acções do governo israelita. Será que o argumento da “autodefesa” que os partidos da comunidade internacional usam para apoiar Israel também se aplica aqui?

O discurso do Ministro do Património israelita, Amichai Eliyahu, no qual disse que um ataque nuclear a Gaza era uma “possibilidade”, foi amplamente condenado pelo mundo. No entanto, Eliyahu não teria expressado estas declarações extremistas e brutais se lhe faltasse confiança no gigantesco apoio ocidental ao seu país até este momento.

Qual é o segredo do “apoio absoluto” da Europa e dos EUA a Israel? Eles foram afetados pela culpa histórica? A campanha de décadas que Israel lidera contra o povo palestiniano é tão brutal como o genocídio do Holocausto contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, sob o olhar e o estranho silêncio do Ocidente. O Chanceler Scholz explicou a posição do seu país dizendo que “a história da Alemanha e a responsabilidade que teve pelo Holocausto exige que ajudemos a manter a segurança e a existência de Israel”. Mas deverão os palestinianos continuar a pagar o preço por estes pecados?

Percebemos que Israel é o primeiro aliado dos EUA e do Ocidente e o protector dos seus interesses na região, e testemunhamos diariamente como o mundo se mobiliza para agir contra qualquer coisa que ameace a segurança de Israel. Mas ninguém nega a existência do Estado israelita. Os esforços são intensificados diariamente para conviver com a existência de Israel em paz. Sendo os maiores perdedores nesta região, estarão os palestinianos proibidos de viver em segurança e estabilidade num Estado com uma entidade independente?

Na ONU, 139 dos 193 Estados-membros reconheceram os territórios palestinianos como um Estado palestiniano, enquanto os EUA, a França e o Reino Unido recusaram reconhecer um estado pacífico da Palestina até que o conflito com Israel seja resolvido. Podemos negociar pacificamente entre as duas entidades com esta enorme diferença de poder?

A situação de segurança na Palestina não conseguirá estabilizar enquanto o seu povo não puder viver com dignidade, independência e segurança, e enquanto o seu poder de decisão lhes for retirado, e eles estiverem praticamente a lutar contra um gigante que não conseguem sequer obrigar a ouvir. seus pedidos.

Face a este desequilíbrio entre as partes, os EUA e o Ocidente são obrigados a pôr fim a este derramamento de sangue, que resultou em dezenas de milhares de mortes. Devem supervisionar as eleições palestinianas que resultarão num governo de homens honestos e patrióticos, capazes de negociar com Israel e alcançar uma paz sustentável.

* Khalaf Ahmad Al-Habtoor é um proeminente empresário e figura pública dos EAU. Ele é conhecido pelas suas opiniões sobre assuntos políticos internacionais, pela sua atividade filantrópica e pelos seus esforços para promover a paz. Ele atua há muito tempo como embaixador não oficial de seu país no exterior.

A realidade do êxodo forçado de Gaza: Revelando o plano secreto de Israel

OS EUA SÃO 'CÚMPLICES'

No fim-de-semana passado, o jornal israelita Local Call divulgou um documento oficial do governo israelita recomendando o que os palestinianos têm dito que Israel já está a tentar executar com a sua guerra contra Gaza – a transferência forçada dos 2,3 milhões de habitantes palestinianos de Gaza para a Península do Sinai, no Egipto.

Jessica Buxbaum* | MintPress News | # Traduzido em português do Brasil

O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reconheceu que a proposta do Ministério da Inteligência existe. Ainda assim, numa declaração ao Times of Israel, rejeitou-o como um “documento conceptual, do tipo que está preparado a todos os níveis do governo e das suas agências de segurança”.

No entanto, as acções israelitas, a circulação de informação e o apoio internacional sinalizam que esta política no papel está a transitar rapidamente para a política no terreno.

DO PROJETO DE POLÍTICA À REALIDADE

O documento datado de 13 de Outubro apela a Israel “para evacuar a população civil [de Gaza] para o Sinai”, primeiro estabelecendo cidades de tendas e depois construindo novas cidades no norte do Sinai. Após o reassentamento, o documento recomenda “criar uma zona estéril de vários quilómetros dentro do Egipto e não permitir que a população regresse à actividade ou residência perto da fronteira israelita”.

Netanyahu já está a tentar pôr este plano em acção. Na semana passada, o primeiro-ministro israelita tentou convencer os líderes europeus a pressionar o Egipto a aceitar refugiados de Gaza, segundo o Financial Times . Diplomatas de França, Alemanha e Reino Unido, no entanto, rejeitaram a ideia, citando a forte rejeição do Egipto à deslocação de palestinianos de Gaza.

Com esse caminho a falhar, Netanyahu propõe agora amortizar uma grande parte da dívida do Egipto através do Banco Mundial para incentivar o país a acolher a população de Gaza.

“Tudo o que foi explicado neste documento em termos de modalidades é tudo o que estamos vendo agora”, disse a advogada internacional de direitos humanos Diana Buttu ao MintPress News.

A primeira fase do plano detalha o bombardeamento aéreo de Israel na parte norte da Faixa de Gaza e a deslocação da população de mais de um milhão de pessoas para o sul. A segunda fase descreve a invasão terrestre de Israel, começando no norte e depois dominando toda a região.

“Comprimir os palestinos em áreas cada vez menores pode ser apenas o primeiro do que acabará por ser o cumprimento desses planos no papel”, disse Adam Shapiro, diretor de Israel/Palestina do grupo de direitos Democracia para o Mundo Árabe Agora (DAWN), ao MintPress News. .

O controverso documento do Ministério da Inteligência não é o único documento político que recomenda a transferência forçada de 2,3 milhões de habitantes de Gaza para o Egipto. O think tank de segurança israelense Misgav (ou Instituto de Segurança Nacional e Estratégia Sionista) publicou um artigo escrito pelo pesquisador do Misgav, Amir Weitmann, em 17 de outubro, intitulado “Um plano para reassentamento e reabilitação final no Egito de toda a população de Gaza: aspectos econômicos .” Weitman é um ativista do partido Likud de Netanyahu e supostamente um colaborador próximo da ministra da Inteligência, Gila Gamliel.

O relatório apela a que “Israel… transfira o maior número possível de habitantes de Gaza para outros países; Qualquer outra alternativa, incluindo a regra da AP, é um fracasso estratégico. Portanto, a população de Gaza deveria ser transferida para o Deserto do Sinai e os deslocados absorvidos em outros países.”

Misgav publicou o artigo no X (anteriormente conhecido como Twitter) junto com um tweet descrevendo os argumentos centrais do jornal. A postagem foi excluída após reação generalizada.

O afundamento de Israel e dos Estados Unidos -- Thierry Meyssan

Thierry Meyssan*

Pela primeira vez, o mundo assiste em directo pela televisão a um crime contra a Humanidade,. Os Estados Unidos e Israel, que há muito tempo uniram a sua sorte, serão ambos tidos como responsáveis dos massacres em massa cometidos em Gaza. Por todo o lado, salvo na Europa, os aliados de Washington retiram as suas embaixadores em Telavive. Amanhã, eles fá-lo-ão de Washington. Tudo se passa como durante a desagregação da URSS e terminará da mesma maneira : o Império americano está ameaçado na sua existência. O processo que acaba de se iniciar não poderá ser parado.

nquanto temos os olhos fixos nos massacres de civis em Israel e em Gaza, não apreendemos nem as divisões internas em Israel e nos EUA, nem a mudança considerável que este drama provoca no mundo. Pela primeira vez na história, mata-se massivamente e em directo civis na televisão.

Por todo o lado — salvo na Europa — os judeus e os árabes se unem para gritar a sua dor e apelar à paz.

Por todo o lado, os povos dão-se conta que este genocídio não seria possível se os Estados Unidos não estivessem a fornecer em tempo real bombas ao Exército israelita (israelense-br). Em todo o lado, os Estados chamam de volta seus embaixadores em Telavive e interrogam-se se deveriam chamar de volta aqueles que enviaram para Washington.

Escusado será dizer que os Estados Unidos aceitaram este espectáculo a contra-gosto, mas eles não o autorizaram simplesmente, eles tornaram-no possível através de subvenções e de armas. Eles estão com medo de perder o seu Poder depois da sua derrota na Síria, da sua derrota na Ucrânia e talvez, em breve, da sua derrota na Palestina. Com efeito, se os exércitos do Império não mais provocam temor, quem é que continuará a realizar transações em dólares em vez de na sua própria moeda ? E, nessa eventualidade, como é que Washington fará com que os outros paguem aquilo que despende, como é que os Estados Unidos manterão o seu nível de vida?

Mas o que é que se passará no fim desta história ? Será que o Médio-Oriente se revolta ou será que Israel esmaga o Hamas ao preço de milhares de vidas ?

Devemos recordar que primeiro o Presidente Joe Biden apelou a Israel para renunciar ao seu plano de deslocar os Palestinianos para o Egipto ou, na impossibilidade, de erradicar o povo palestiniano da face da Terra, e que Telavive não lhe obedeceu.

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