AV | Redação PG
Horas decisivas: o xeque-mate da emigração
Cristina Pombo, coordenadora da secção internacional | Expresso (curto)
Bom dia!
Começo por lhe fazer um convite: amanhã, às 14h00, "Junte-se à
Conversa" com David Dinis e Pedro Cordeiro para falar sobre "Trump vs
Biden: o que esperar do remake?". Inscreva-se aqui.
Ontem foi o dia E, o dia em que começaram a ser contados os primeiros votos dos
círculos da emigração, e que se espera venham desimpedir o caminho para a
governação em Portugal, depois de uma eleição que deixou mais dúvidas do que
certezas. No primeiro dia terão sido contabilizados 150 mil votos,
disse à Lusa o porta-voz da Comissão Nacional das Eleições (CNE), admitindo que
há votos anulados, “como há em todos os atos eleitorais”. O problema, diz
Fernando Anastácio, poderá ter sido gerado por “um número significativo de
votos que não vieram acompanhados do cartão de cidadão”. A azáfama da contagem
no Centro de Congressos de Lisboa vai continuar até quarta-feira, data em que
devem ser conhecidos os quatro deputados dos círculos da Europa e Fora da
Europa.
Mas para já, a contagem parcial dos boletins provenientes do estrangeiro dá os
primeiros sinais sobre a derradeira etapa das legislativas de 10 de março: o
Chega é o partido mais votado nos círculos eleitorais da emigração no final do
primeiro dia de apuramento de resultados, segundo a informação divulgada, esta segunda-feira, pelo
“Público”. O jornal adianta que o partido liderado por André Ventura segue
em primeiro lugar no círculo da Europa, com 21 mil votos, enquanto o PS regista
17.900 e a AD 15.556. Fora da Europa, o Chega registou, para já, 4300 votos,
mas a liderança cabe à AD, com cerca de 6000 votos. O PS segue na terceira
posição com 3800 votos.
Os dados mais recentes da Administração Eleitoral indicavam a receção, até
sexta-feira, 15 de março, de 299.322 cartas com votos de eleitores residentes
no estrangeiro, a maioria provenientes da Europa (230.731, ou 77%), seguida da
América (57.345, 19%), da Ásia e Oceânia (9396, 3%) e de África (1850, 1%).
Ontem, André Ventura foi recebido no Palácio de Belém pelo Presidente
da República, Marcelo Rebelo de Sousa. À saída da reunião, levantou a
hipótese de o PS ainda poder ser o partido mais votado nas eleições
legislativas, um cenário que a verificar-se contará com o chumbo do Chega,
afirmou Ventura: “Não aceitaremos a indigitação de Pedro Nuno Santos como
primeiro-ministro ou um governo PS”. Ao contrário do que tinham feito outros
líderes à passagem por Belém, Ventura quebrou o silêncio e confidenciou que
Marcelo lhe disse que não se opõe a um governo com a presença do Chega. E
voltou a colocar pressão sobre o PSD para que chegue a um acordo com o seu
partido.
O Presidente receberá hoje, pelas 16h, uma delegação do Partido Socialista e,
amanhã às 17h, será a vez da Aliança Democrática - o dia em que se saberá os
resultados finais dos votos da emigração.
OUTRAS NOTÍCIAS
Central solar. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) emitiu uma declaração
de impacto ambiental (DIA) favorável condicionada para o projeto da central solar fotovoltaica de Nisa que contempla um
investimento de 176 milhões de euros. A aprovação é relevante sobretudo porque
é dada para um dos municípios que nos últimos anos mais se têm oposto ao
desenvolvimento de projetos solares de larga escala.
Segurança europeia. O Conselho de Segurança Nacional espanhol adverte para
o “risco real e direto” de aumento do terrorismo devido à guerra em Gaza, pode ler-se no diário “El País” desta terça-feira. A
Estratégia Nacional contra o Terrorismo em Espanha aponta também para os riscos
do aumento de circulação de armas e explosivos na Europa após a invasão da
Ucrânia.
Segunda-feira foi um dia de festa na Rússia: a península da
Crimeia foi anexada há dez anos, e o Kremlin organizou um concerto na Praça
Vermelha para assinalar a data. Leia o resumo de mais um dia da ocupação russa
na Ucrânia. Já os últimos desenvolvimentos da guerra em Gaza podem ser acompanhados em direto ao longo do dia
de hoje no site do Expresso.
Israel - UE. Borrell acusa Israel de usar a fome como arma de guerra,
enquanto avisa que a União Europeia está pronta a sancionar colonos israelitas
violentos. A correspondente em Bruxelas, Susana Frexes, escreve que não é a primeira vez que Josep Borrell é duro nas críticas, mas
esta é uma das mais sérias acusações. Também não é esta a posição comum da
União Europeia, mas à falta de um consenso a 27 para aumentar a pressão sobre
Israel, o espanhol assume o discurso, numa altura em que as Nações Unidas
alertam sobre "a insegurança alimentar catastrófica”.
Recordações neonazis. O Expresso conta-lhe tudo sobre a lista de
encomendas de uma das maiores lojas neonazis do mundo, que inclui alguns
(poucos) clientes portugueses. A Midgård é mais do que uma loja de bairro.
Fundada em 1994, há muito que deixou de ser um pequeno estabelecimento de rua
pensado apenas para satisfazer os gostos dos neonazis locais, para se tornar um vasto repositório online de música, literatura e ‘souvenirs’
procurado por comunidades de supremacistas brancos espalhados um pouco
por todo o mundo.
Agricultores em luta. Quatro tratores ornados com faixas de protesto
estacionaram à frente do edifício onde decorre a 10.ª Cimeira das Regiões e
Municípios da União Europeia, em Mons, na Bélgica. Dois representantes de sectores agrícolas falaram com os
jornalistas sobre os problemas que o sector enfrenta. O socialista
português Vasco Cordeiro, diretor do Comité das Regiões, foi ouvir algumas das
queixas. Os tratores avançam e a Comissão recua, mas pouco, segundo os agricultores e os analistas consultados pelo
Expresso. Os agricultores querem mais rendimentos e a Comissão quer mais
tempo. Apesar das discórdias, a comida não irá faltar no prato.
FRASES
“Depois dos resultados de domingo, tornou-se quase óbvio que Putin não está só
a perseguir o projeto Estalinista fora da Rússia. Também está a fazê-lo dentro
dela.”
Daniela Nunes, no Expresso
“O governo vai cair em seis meses? Não apostava muito nisso.”
João Miguel Tavares, no Público
“Javier Milei comemora 100 dias no poder. Intensas, contraditórias,
quezilentas, as primeiras semanas do presidente libertário na Casa Rosada
oferecem a oportunidade de olhar pelo retrovisor e, a partir do breve caminho
percorrido, vislumbrar para onde caminha a Argentina, com suas luzes, sombras e
intrigas.”
Hugo Alconada Mon, em “El País”
PODCASTS
Cultura portuguesa desce
da cruz e “ressuscita” pintura de Domingos Sequeira, Expresso da Manhã
Como se normaliza a
direita radical? Vicente Valentim responde a Daniel Oliveira, Perguntar não Ofende
A liderança de Francisco Conceição e as
verdades que Kökçü disse, mas não podia ter dito, No Princípio era a Bola
O QUE ANDO A VER
Sábado terminou com uma ida ao teatro imersivo para assistir à peça “A Morte do Corvo” cuja história não vou detalhar
porque arriscaria a estragar a experiência a quem decidir dar lá um salto. Na
verdade, já não resta muito tempo para fazê-lo: a peça que decorre em mais de
Hoje, 19 de março, é um dia especial, e não quero terminar sem desejar um
feliz DIA DO PAI a todos os que têm a sorte de o ser. E se me
permitem vou um pouco mais longe, para fazer um agradecimento especial ao meu,
o melhor de todos os Pais, o Pai Zé, o mais incrível e carinhoso, o que me
acompanha em todos os momentos da vida, que esculpe as mais delicadas peças em
madeira e é também o avô mais extremoso. Obrigada!
Despeço-me, desejando que
continue aí desse lado, onde gostamos que esteja e queremos muito que continue,
a apoiar o jornalismo livre nas diferentes marcas que temos para lhe oferecer:
aqui no Expresso, ali na Tribuna, na Blitz ou na Sic Notícias.
Uma excelente terça-feira!
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