domingo, 21 de abril de 2024

Câmara dos EUA aprova US$ 61 bilhões em ajuda à Ucrânia

Deutsche Welle | # Publicado em português do Brasil

Depois de meses de impasse e de apelos calorosos de Kiev, pacote foi aprovado em acordo entre democratas e republicanos.

Após meses de bloqueio dos republicanos e de intensos apelos de Kiev, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou neste sábado (20/04) um pacote de ajuda à Ucrânia no valor de 61 bilhões de dólares para defesa contra os invasores russos.

O projeto aprovado com o respaldo de republicanos e democratas é resultado de meses de negociações e pressões de aliados dos EUA. Foram 311 votos bipartidários a favor e 112 contra, em uma sessão em que os democratas aplaudiram e agitaram bandeiras ucranianas. O texto também autoriza que os EUA confisquem e vendam ativos russos e entreguem o dinheiro à Ucrânia para obras de reconstrução.

O pacote segue agora para aprovação no Senado, o que deve ocorrer na terça-feira. O aval é dado como certo, já que os democratas detêm a maioria apertada na casa. 

O presidente dos EUA, Joe Biden, elogiou os legisladores de ambos os partidos, dizendo que "neste ponto de inflexão crítico, eles se uniram para responder ao apelo da história".  

"Peço ao Senado que envie rapidamente este pacote para a minha mesa para que eu possa sancioná-lo e possamos enviar rapidamente armas e equipamentos para a Ucrânia para atender as suas necessidades urgentes no campo de batalha", acrescentou.

Zelenski saúda aprovação

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, comemorou a aprovação da ajuda e disse que ela "salvará milhares e milhares de vidas".

"Esperamos que (os) projetos de lei sejam apoiados no Senado e enviados à mesa do presidente [Joe] Biden. Obrigado, América!", disse.

O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, também saudou a notícia.

"A Ucrânia está utilizando as armas fornecidas pelos aliados da Otan para destruir as capacidades de combate russas. Isto torna todos nós mais seguros, na Europa e na América do Norte", escreveu Stoltenberg na rede social X.

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, destacou que a aprovação da ajuda à Ucrânia envia uma "mensagem clara" à Rússia. "Aqueles que acreditam na liberdade e na Carta da ONU continuarão a apoiar a Ucrânia e o seu povo", escreveu no X.

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que foi um dia de otimismo para a Ucrânia e a segurança europeia. “Um grande obstáculo para a ajuda dos EUA à Ucrânia foi superado. Os corações dos apoiadores mais importantes da Ucrânia estão batendo em uníssono novamente", postou no X.

Também na sessão deste sábado, a Câmara dos Representantes aprovou um pacote de 14 bilhões de dólares para Israel e 9 bilhões para ajuda humanitária à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, e 8,12 bilhões de dólares para a defesa do Indo-Pacífico, em especial de Taiwan.

Crítica de Moscovo, elogio de Israel

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o pacote "defende a civilização ocidental" e "demonstra um forte apoio bipartidário a Israel".

Moscou, por outro lado, condenou a ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia, a Israel e a Taiwan, afirmando que ela "vai agravar as crises mundiais".

"A ajuda militar ao regime de Kiev é um apoio direto às atividades terroristas; a Taiwan, uma ingerência nos assuntos internos da China; a Israel, uma via direta para um agravamento sem precedentes da situação na região", criticou a porta-voz do Ministério dos Relações Exteriores, Maria Zakharova, na plataforma digital Telegram.

Meses de impasse

Nos últimos meses, a Ucrânia tem sofrido intensas campanhas de bombardeio das forças de Moscou contra suas principais cidades e infraestruturas energéticas, provocando vítimas civis.

Há vários meses, as autoridades de Kiev clamam por mais armamento e munições para poder conter os ataques aéreos da Rússia e o avanço das tropas de Moscou nas frentes de combate no leste do país.

Principal aliado militar da Ucrânia, os Estados Unidos não adotavam um grande pacote de ajuda a Kiev há quase um ano e meio, sobretudo devido ao bloqueio da ala radical dos republicanos no Congresso.

Durante meses, o líder da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, recusou-se a colocar em votação a ajuda externa solicitada pelo presidente Joe Biden.

No entanto, o ataque do Irã a Israel, há uma semana, pressionou Johnson para que avançasse pelo menos com a proposta de ajuda a Israel, o principal aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio e que goza de grande apoio entre os republicanos. Desta forma, Johnson acabou colocando em votação um grande pacote de ajuda externa de 95 bilhões de dólares que, embora tenha contado com votações separadas neste sábado, incluiu também ajuda à Ucrânia e a Taiwan.

A decisão de Johnson, porém, pode acabar lhe custando o cargo, já que dois congressistas radicais do seu partido ameaçaram apresentar uma moção de censura, acusando-o de estar colaborando com os democratas.

Banimento ao TikTok

Paralelamente ao pacote de ajuda, a Câmara dos Representantes aprovou um texto que lança um ultimato ao TikTok, prevendo a interdição do aplicativo nos Estados Unidos caso não corte os laços com a empresa ByteDance e, de forma mais ampla, com a China. 

A plataforma de vídeos, pertencente a ByteDance, é acusada pelos EUA de permitir que Pequim espione e manipule seus 170 milhões de usuários no país. A interdição deve agora ser validada pelo Senado.

Deutsche Welle | le/md (Lusa, EFE, AFP, ots)

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