<> David Dinis, diretor-adjunto | Expresso
Órgão oficial do Chega fez uma notícia falsificando dados oficiais sobre estrangeiros condenados por violação. Líder do Chega partilhou-a nas redes usando a imagem e tipo de letra semelhantes aos do site do Expresso, para credibilizar uma informação falsa. Chega já foi recriminado pelo regulador dos media por usar imagem do Público e Renascença para criar “desinformação”
O líder do Chega, André Ventura, publicou um post com informação falsa na rede social X, com um layout em tudo semelhante ao do site do Expresso, uma notícia que o jornal nunca deu e que não corresponde à verdade dos factos.
SETE
A notícia falsa foi originalmente publicada esta quinta-feira no site do órgão oficial do Chega, neste link, e diz que “sete em cada dez condenados por violação são estrangeiros”. Mas esta sexta-feira, André Ventura publicou na rede social X o título dessa notícia, mas usando a cor, tipo de letra e posicionamento da imagem iguais aos do site do Expresso – muito diferentes dos usados na Folha Nacional.
Nesse post, o líder do Chega alega, com base nessa notícia, que “o argumento de que tudo o que se vê nas ruas são percepções caiu por terra”.
Os dados da notícia em causa são,
porém, falsos, de acordo com os dados divulgados oficiais. Segundo os dados publicados pela Direção-Geral dos Recursos
Prisionais, estavam detidos por crime de violação 131 pessoas: destas, 27
eram homens estrangeiros, 102 homens portugueses e duas mulheres também
portuguesas. Isto faz com que os estrangeiros condenados a pena de prisão pelo
crime de violação constituam cerca 20,6% do total dos detidos em
estabelecimentos prisionais
A proporção é, portanto, a inversa ao que Ventura alega. São oito portugueses e dois estrangeiros condenados por cada 10 casos de violação.
Esta não é a primeira vez que
André Ventura usa a imagem de órgãos de comunicação social de referência para
credibilizar informação falsa. Em setembro de
“A publicação, por André Ventura, de imagens que emulam o Público e Rádio Renascença pode configurar uma acção de desinformação, na medida em que pretende apoiar-se na imagem daqueles dois órgãos de comunicação social conhecidos do público para credibilizar as mensagens que o próprio pretende promover”, dizia a deliberação, acrescentando que estes atos podem “afetar a atividade de comunicação social” em Portugal.
A Renascença noticiou a 14 de agosto a partilha na rede social X pelo deputado e dirigente do Chega, de uma imagem de uma notícia graficamente semelhante à do site da Renascença, que nunca foi publicada por este órgão de informação. E dizia que confrontado pela Renascença nesse dia, André Ventura não esclareceu a origem da publicação.
O Expresso, esta sexta-feira e até à hora de publicação desta notícia, também não teve resposta às mensagens enviadas a Ventura. A meio da tarde, porém, André Ventura apagou o post.
Ler/Ver em Expresso:
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