<> António Cascais | Deutsche Welle - entrevista
O que esperar dos primeiros 100 dias de governação de Daniel Chapo? Otimista, analista diz que o novo Presidente de Moçambique "conhece os problemas do país" e "mostra vontade de contribuir para a solução dos mesmos".
Em Moçambique, após a tomada de posse de Daniel Chapo como Presidente de Moçambique e a nomeação do novo Governo, questiona-se como serão os primeiros 100 dias de governação. O novo executivo trará as reformas desejadas pelos moçambicanos?
Em entrevista à DW, o politólogo Justino Quina mostra-se otimista e afirma que Daniel Chapo olha para os problemas do país "com uma abordagem diferenciada".
O analista sublinha que será "pedir muito" ao novo Governo que consiga "materializar" as promessas feitas em 100 dias.
DW África: O que podemos esperar dos primeiros 100 dias de governação de Daniel Chapo?
Justino Quina (JQ): Creio que na primeira interação que Daniel Francisco Chapo faz, como Presidente de Moçambique, no seu discurso inaugural, apresenta-se com um Presidente que conhece os problemas do país. Mas também traz no seu discurso uma radiografia onde mostra estar atento a essas preocupações e mostra vontade de contribuir para a solução desses problemas.
É minha perceção que podemos estar a pedir muito a este executivo olhando para as preocupações ou os desafios que todos já conhecemos neste momento. Há problemas que resultaram das últimas manifestações pós-eleitorais, por exemplo na cidade de Maputo, na Matola e alguns outros pontos. E parece-me que, em 100 dias, estaríamos a pedir muito a este Governo no sentido de rapidamente resolver esses problemas.
DW África: Portanto está a dizer que Daniel Chapo tem ferramentas e apresentou soluções para resolver os problemas. Pode dar exemplos das soluções que apresentou até agora?
JQ: Daniel Chapo fala, por exemplo, de reformas na economia, fala de medidas concretas para contornar o aumento do custo de vida, também de medidas para contornar as desigualdades sociais, medidas para eliminar ou contornar as assimetrias regionais, medidas concretas para a empregabilidade, sobretudo dos jovens. Chapo fala ainda de habitação, da educação, da saúde e ainda restrutura ministérios.
DW África: Daniel Chapo mostrou que sabe o que quer e tem uma estratégia bem definida? Há vozes críticas que dizem que há o perigo de se colocar "a reboque” da agenda de Venâncio Mondlane…
JQ: Tenho uma leitura completamente diferente. Prestei atenção ao discurso dele na tomada de posse e depois também verifiquei que há uma continuidade discursiva no sentido de olhar para os problemas com uma abordagem diferenciada. Por exemplo, quando empossa os ministros dá uma indicação clara a cada ministro dizendo o que tem de fazer. Verificarmos o mesmo quando empossa os governadores. Parece-me, assim, que Chapo sabe o que pretende, tem um foco concreto, sabe onde pretende chegar.
DW África: O Presidente da República está a trazer as reformas desejadas pelos moçambicanos?
JQ: Acho que isso ficou visível, por exemplo, nas redes sociais e em várias plataformas digitais. Depois de Chapo ter falado houve amplo apoio e as pessoas ficaram muito satisfeitas. Naturalmente que espera-se que tudo o que foi dizendo seja materializado na prática. Devemos dar espaço suficiente a este novo executivo para que todas as reformas que Chapo anunciou sejam, de facto, materializados. E, a partir daí, devemos então começar a analisar se, efetivamente, o que anunciou está a acontecer.
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