<> J. Bazeza, Luanda ---
Mafioso, nas últimas horas, tem estado preocupado com os desabafos do seu amigo Boca Azul. As dúvidas explodem na cabeça de quem tem cabeça ou ainda não a vendeu aos ajudantes do grande chefe executivo, o pai e todos nós que caba de entregar a taça de campeão da paz em África. Coitado do mano Tete do Bembe.
Afinal na República da Sanzala existe mesmo um partido maioritário que apoia o desgoverno totalmente descomandado, que choca de frente com o povito. O maioritário e seu chefão emitem desorientações em vez de orientações. Está tudo nas mãos e à vontade do grupinho de aventureiros, que brinca aos governos. Só levam a missão a sério, sem pestanejar, quando o assunto é gamar ou maltratar os velhotes com pensões miseráveis, comidas anualmente pela inflação galopante, amiga íntima da kingila das Finanças.
O grupinho do chefe aumenta descomunalmente os preços dos produtos da cesta básica. As crianças não comem, não estudam, não crescem saudáveis. A água em vez de chegar às casas, anda a correr pelas ruas, toda vaidosa. As mamãs zungueiras são corridas e surradas. As diarrumbas continuam à solta. Face a tanta tragédia, os Media públicos espalham propaganda bajulam o chefão e seus auxiliares.
Mafioso entende, quando Boca Azul fica ngone. Os velhotes que pegaram em armas e deram as suas vidas para que na República da Sanzala, todos, mas absolutamente todos, vivessem com dignidade, são os primeiros a ser abandalhados e maltratados.
Os responsáveis dos comités comunais, municipais e provinciais do partido que é o povo e o povo é o partido, viraram carrascos. Esqueceram que a cor da bandeira é vermelha como o sangue derramado pelos verdadeiros militantes que deram as suas vidas pela Independência Nacional. A cor preta é o luto das mamas zungeiras. Das famílias que não conseguem alimentar os filhos. Dos jovens que viram morrer os sonhos. Dos famintos que perderam a esperança.
O chefão e os seus auxiliares fingem que governam visitando obras que dão chorudas comissões. Não acreditam que a fome está em muitas casas. Mães e pais choram de desespero porque os candenges não enganam a fome. Andam de barriga vazia. E os chefões inaugurando, visitando, gastando, gozando.
O chefão e os seus auxiliares exibem grandes carros quando se aproximam do povo nas inaugurações e visitas às obras, que dão chorudas comissões. Quando acaba a visita oficial, as comitivas bazam sem um até já, um até breve, deixando o povito a ver betão. Alguns já juram vingança contra os vigaristas que andam pela Sanzala a fazer falsas promessas.
Como Mafioso conhece bem a realidade da República da Sanzala, não comparou essa verdade ou mentira com a da República do Muceque. Apenas disse que conhece bem o partido que é o povo e o povo é o partido. Tem um “slogan” que já foi realidade e mandamento de governantes e dirigentes: “O mais importante é resolver os problemas do povo”.
No tempo de Agostinho Neto, o nosso Manguxi, ou de Ngazuza, o nosso Zedu, por onde passavam, todos estavam lá para os saudar. Não era preciso intrujar o pobre povo com cestas básicas vazias. Ou cheias, porque os produtos são tão caros que ninguém consegue comprar. Hoje para juntar o povo nas recepções ao chefão é preciso pagar. O povito finge que está com o executivo e auxiliares. Os organizadores enchem os locais para agradar ao soba grande. E acredita que o povo está com ele. Pura mentira, como diz o Boca. Não o gramam. E um dia destes desejam-lhe mal.
Até no partido e no Executivo, muitos são os que não gramam o chefão. Só querem que o tempo passe rapidamente para deixar de ser o que é. Que entregue o Executivo e a direcção do partido a quem merece. Cumpra o seu mandato e descanse em paz!
Para Mafioso, o partido é mesmo do povo. E como conhece bem o povo da Sanzala tem esperança que pode vencer as próximas partidas. Mas para tal, tem de mandar os oportunistas que estão no comité central e no bureau político para a escola, a fim de aprenderem o hino do partido, estudarem bem os estatutos, aprenderem a resolver os problemas do povo.
Assim, o partido renasce sem enganar o povito com cestas básicas que só os milionários podem comprar. A mentira em que vivemos é comparada a tortura e cheira a desgraça.
Sem comentários:
Enviar um comentário