quarta-feira, 30 de abril de 2025

Portugal | PARECE QUE HÁ POVOS QUE ESTÃO CEGOS, VÍTIMAS DO APAGÃO MONTENEGRO

Ainda sobre o apagão por quase 12 horas em Portugal Joana Pereira Bastos, jornalista, traz-nos hoje, via Expresso Curto, o recalque do pouco daquilo que se sabe sobre o inopinado incidente e deixa-nos em branco e às escuras sobre o que ainda não se sabe e que, provavelmente, nem nunca iremos ficar a saber. A desconfiança neste mau governo Montenegro conduz-nos sempre a essa quase certeza. O parlapatão primeiro-ministro Montenegro habituou-nos a falar só quando quer para fazer propaganda e enaltecer-se e ao seu séquito mas muito pouco nos esclarecer de veras e inequivocamente. Aliás, este apagão tem sido usado por Montenegro para fazer propaganda eleitoral (ele e outros da sua ‘escola PSD/CDS e agora também a IL’).

Todos nós, portugueses, vulneráveis à propaganda descarada em curso sabemos daquilo que Montenegro é capaz. Tem potencialidades a convencer o eleitorado português de que o preto é branco e de que o vermelho é cor de laranja. Assim sendo estamos conversados. A máquina poderosa da propaganda parece ser capaz de vencer os esclarecimentos por esclarecer e relegar-nos a aduladores da opacidade em que se acoita… Gente assim, quer se queira ou não queira é perigosa e péssima. É o que temos na governação de antes, por um ano, e no futuro próximo de acordo com as sondagens.

Não adiante pôr mais na escrita pela nossa parte. Vêm aí tempos horríveis para Portugal e para os portugueses. Preparem-se a andar a balir e sem coragem para reagir num não rotundo à panóplia Montenegro e mais uns quantos já identificados e que provavelmente aqui citámos. Haja paciência e capacidades de muitos mais sofrimentos na realidade somados por muitos mais que aí vêm. Vocês é acham que sabem o que devem fazer e em quem votar… Pois. Não abram os olhos… mulas! Votem no apagão de Portugal, na liberdade, justiça e na democracia. Pois. Pois.

O Curto do Expresso para já. Usem a parca liberdade ainda disponível para pensarem. Não dói nada. Bom dia, se conseguirem.

Mário Motta | Redacção PG


APAGÃO | O QUE O ESCURO TORNOU CLARO

O incidente inédito deixou visíveis muitas fragilidades, infelizmente nada inéditas, na resposta do país a situações de crise…

Joana Pereira Bastos, jornalista | Expresso (curto)

Bom dia,

Depois do caos provocado pelo apagão que deixou o país às escuras na segunda-feira, ontem foi dia de regressar à normalidade . Os transportes circularam, as comunicações foram repostas, as escolas abriram, as lojas e restaurantes também e as prateleiras dos supermercados voltaram a encher-se , depois do açambarcamento da véspera. Mas, com o regresso da luz, também foi tempo de fazer contas aos prejuízos e de tirar lições do que aconteceu.

O incidente inédito deixou visíveis muitas fragilidades, infelizmente nada inéditas, na resposta do país a situações de crise . Mais uma vez ocorreram falhas no SIRESP , na rede de comunicações de emergência do Estado, e o INEM teve dificuldades no socorro , com uma centena de chamadas para o 112 a ficarem sem resposta imediata. Mas não só. Por mais incrível que pareça, a Proteção Civil só acionou o alerta laranja às 20:00 , quase nove horas depois do colapso geral da eletricidade. E, por decisão do Governo, o SMS à população foi enviado tardiamente , quando as comunicações móveis já estavam muito comprometidas, acabando por chegar aos portugueses apenas quando a luz já estava a ser restabelecida.

Ainda assim, Luís Montenegro considera que “o país teve uma resposta altamente positiva e forte” . Já a oposição não poupa nas críticas . Pedro Nuno Santos diz que “faltou voz de comando” e que a “ausência de liderança” revela que houve também “um apagão no Governo central” . O tema promete marcar a única frente a frente eleitoral entre os dois, que vai realizar-se esta noite .

Também hoje vai decorrer no Parlamento um debate de urgência sobre como o país lidou com o passado histórico que atingiu toda a Península Ibérica e que ainda ninguém sabe ao certo o que provocou . O primeiro-ministro já anunciou a criação de uma comissão técnica independente e, tal como Pedro Sanchéz , pediu uma auditoria europeia, que poderá levar até seis meses para apurar o que realmente se passou .

Em Espanha, o Governo e o Tribunal Nacional não descartaram a possibilidade do incidente ter sido provocado por um ciberataque , ainda que a empresa responsável pela gestão da rede elétrica no país tenha afastado, para já, esse cenário. Por cá, a REN e a Entidade Reguladora não arriscaram nenhuma causa. E, sem explicação, uma onda de desinformação e notícias falsas continuam a inundar as redes sociais .

Por agora, a única coisa que se sabe ao certo é que bastaram cinco segundos para fazer dois países recuperarem várias décadas no desenvolvimento. Por 12 horas, voltamos a um (admirável) mundo antigo, com muitos constrangimentos, mas também com outras coisas de que sentimos saudades . E, no meio do escuro, tornou-se claro que tudo aquilo que damos por garantido é afinal muito mais frágil do que julgamos.

OUTRAS NOTÍCIAS

Segurança. O terceiro detido na concentração ilegal de extrema-direita que provocou desacatos e confrontos em Lisboa no 25 de Abril é guarda prisional e militante do Ergue-te . Em 2022, João Vaz foi condenado a seis meses de prisão no processo dos Hammerskins, grupo neonazi, racista e especialmente violento. Tal como Mário Machado e Rui Fonseca e Castro, deviam ter sido interrogados pelo Ministério Público na última segunda feira, mas o pagamento fez com que a diligência fosse adiada.

Suécia. Três pessoas morreram e várias feridas depois de um ataque a tiro que ocorreu cerca das 17h00 locais (16h00 em Lisboa) na cidade de Uppsala, a 70 quilómetros de Estocolmo. As autoridades já identificaram um suspeito do atentado e montaram uma operação em larga escala para a localização.

Canadá . O Partido Liberal, de centro-esquerda, venceu as eleições legislativas, mas ficou aquém da maioria absoluta, obrigando a um acordo com outros partidos para a formação de Governo. No discurso de vitória, o primeiro-ministro Mark Carney sublinhou que a relação que o país mantinha com os Estados Unidos acabou e prometeu que os canadianos nunca esquecerão “a traição norte-americana”, numa alusão às ameaças de Trump, que já se referiu ao Canadá como o 51º dos EUA

Caxemira . A Índia acusa o Paquistão de violar o cessar-fogo na fronteira, na região de Caxemira, disputada pelos dois países. A denúncia surge horas depois do Governo paquistanês ter garantido que está iminente um ataque militar do exército indiano . A troca de acusações visa aumentar a tensão entre as duas potências nucleares.

FRASES

“As ruas encheram-se de famílias, ao fim da tarde quente. Miúdos, sem computadores ou smartphones, jogaram à bola na rua. Jovens apinharam-se em esplanadas sem estarem a olhar para telas. Foram um pouco mais de dez horas sem redes sociais e televisões. (…) De regresso à rua, ao corpo, à vida.”

Daniel Oliveira , recordando, a propósito do apagão, que “longe das redes sociais e dos que se alimentam da sensação de fim do mundo, ainda somos uma sociedade coesa”

“Viajei toda a vida, inclusive no 11 de Setembro, e nunca vi nada assim” ,

Anique Niemeyer , turista brasileira, sobre o caos no aeroporto de Lisboa, onde milhares de passageiros que ficaram sem malas ou voos de ligação perdidos se acumularam à procura de respostas.

SUGESTÕES DE PODCASTS

Na Comissão Política , os jornalistas do Expresso David Dinis, Eunice Lourenço, Liliana Valente e Miguel Prado analisam a forma como o Governo lidou com o apagão e o impacto que este inédito incidente poderá ter na campanha.

No Geração 60 , Conceição Lino conversa com Mário Centeno, que foi considerado o homem das “contas certas” na União Europeia e a quem até chamaram de “Ronaldo do Ecofin”.

O QUE ANDO A VER

No meio do apagão, não faltou certamente quem sentiu que estava a viver uma espécie de distopia ao fazer lembrar um episódio de Black Mirror, a série britânica de ficção científica que explora o lado negro das tecnologias e da cada vez maior dependência que temos em relação a elas. Nem de propósito, a nova temporada estreou este mês na Netflix, dois anos depois da última, e traz mais e melhor matéria para reflexão, antecipando um futuro próximo que, por mais inquietante que seja, já não parece assim tão irreal.

Por hoje é tudo. Continue a acompanhar hoje a atualidade em expresso.pt e tenha uma ótima quarta-feira.

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