quinta-feira, 1 de maio de 2025

MENTIRA COMPARADA -- Música do Descontentamento

J. Bazeza, Luanda >

Boca Azul participa em debates. É mesmo um politólogo. Perito em relações internacionais. Comentador encartado pela TV do Maiombe e doutorado na universidade da Xaxa. Mafioso tem muito orgulho no seu amigo que vai internacionalizar-se como o desnatador das finanças públicas, J Melo. 

O que mais admira é a forma elegante como Boca Azul aceita as críticas e ensina a corrigir o que está mal. Endireitar o que está torto. Isto na República da Sanzala chama-se humildade. Ao contrário do Oliveira rançoso, que felizmente vai bazar. O chefe nomeou-o astronauta e vai ficar mecânico do satélite angolano, no espaço. Logo a seguir embarca o Caldas das frutas podres.

Mafioso e Boca Azul estão ao lado dos miúdos, velhotes e jovens ofendidos pelos servidores públicos, que foram fazer discursos depois de terem matambado. Encheram a pança de grelhados, beberam litros, mais e mais. Depois foram fazer promessas ao povito. Falam à toa e dizem que o povo não lhes gosta.

Os velhotes, as crianças e os jovens da República da Sanzala estão ngone com o ministro da Juventude e com a ministra da Educação. Eles dizem que os quadros valiosos não emigram. Quem vai para a Europa não é quadro é moldura. E se vão, paciência! Só fazem falta os que ficam. Muito bem.

Então criem condições para que ninguém saia. Na construção de Angola todos fazem falta. Por isso, os que partiram voltem, mesmo que sejam apena molduras. Sempre podem ajudar a mandar o soba grande e seus ajudantes para a Jamba.

Boca Azul diz que todos os membros do governo e o chefe máximo têm como primeiro dever, criar condições para todas as angolanas e todos os angolanos viverem na sua terra, com dignidade. Governar não é torrar dinheiro à toa. Não é abarbatar tudo o que tem valor. Não é garantir riqueza para os amigos. Não é só distribuir tachos. Governar é resolver, em primeiro lugar, os problemas do povo. Já se esqueceram, seus bandis de uma figa?

Mafioso ouve sempre as lamentações do amigão Boca Azul. Sobre os discursos ou declarações dos tais auxiliares, disse que eles não são culpados. São obrigados a bajular o soba grande que, sem dó nem piedade, estragou o país e quer destruir por completo o partido que é o povo e o povo que é o partido. Mas não vai conseguir. Não vai conseguir porque os verdadeiros militantes estão atentos a todas as manobras dos inimigos, todos bem identificados. 

Quem são? Mafioso responde: Os que arruínam a economia da Sanzala. São os que se riem quando verificam que os velhotes, crianças mamãs e jovens andam à procura de pangue nos contentores. São os que ficam contentes por existirem crianças sem escolas e sem merenda escolar. São os que ficam felizes quando sabem que mais uma indústria foi fechada, depois de a comprarem em pleno funcionamento. A inspecção do Estado entra na manobra de destruição da economia nacional.

Esses são os inimigos do Partido e do heroico povo, que hoje, para o agrado do soba grande, consumido pelas diarrumbas. Para os bandis de serviço é uma doença relativa. Como é a fome, aplaudida pela comunicação social pública.

Boca, para e encerrar a conversa com o amigão Mafioso, disse que os miúdos da República da Sanzala pegaram na música do Artur Nunes, intitulada “António”, cantada em língua nacional quimbundo. Fizeram uma versão em português com as seguintes estrofes:

“O que está a acontecer na Sanzala é azar grande. Não sabemos que mal fizemos. Se é feitiço não sabemos. Se é verdade ou mentira, também não sabemos. Aqui na Sanzala estamos a pensar Manguxi e Ngazuza. Somos filhos pequenos não sabemos o que está acontecer”.

Alguém me responda onde está a verdade. A mentira do governo é comparável à cólera. Cada vibrião é cabrão. 

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