segunda-feira, 19 de maio de 2025

Portugal | QUANDO O ALARME TOCA ANUNCIA O AVANÇO PLENO DA EXTREMA DIREITA

As eleições legislativas de ontem em Portugal mostraram a disposição dos eleitores portugueses em rumar à direita das negociatas com o dinheiro de casinos de alguns oligarcas, da corrupção desbragada e a olhos vistos por todos. Os portugueses miseráveis estão com os muito mais ricos. A política lusa predominante dos últimos anos tem sido de direita, incluindo a do Partido Socialista, o aparelho da Justiça está dominado pela direita, os governos têm sido de direita nas últimas décadas. Então qual é admiração por vermos o PSD, ontem, ter sido o partido político mais votado logo seguido de um Partido Socialista titubeante e do partido Chega extremista pro fascista logo pegado ao PS e ao PSD (do CDS não reza a história, não existe - é uma bengala carcomida de caruncho sem representação eleitoral nem política).

A lição histórica destas eleições realizadas ontem vai toda para a esquerda por se ter ancorado na comodidade de não inovar no vocabulário e nas ações políticas, nem nos comportamentos nem por ter conseguido cativar o eleitorado. A dita esquerda nestas eleições, como nas anteriores e as anteriores, mais as anteriores e as anteriores tem se proposto e avançado nas eleições com mãos cheias de nada e tem desprezado os portugueses no trabalho, na habitação, na saúde, com os salários de miséria, com o trato de polé dos mais carenciados e os pobretes e ilusoriamente alegretes. Têm sido políticas de merda aquilo que a esquerda têm proposto apesar de alguns balões de soro e oxigénio para suspirarmos em momentos de engano.

Não adianta avançarmos na escrita, como não adianta ser regidos por uma esquerda anquilosada... Para os portugueses eleitores a esquerda é uma trampa fedorenta, podre e ultrapassada nas ações e no tempo. Ultrapassada em quase tudo. Está à vista nos resultados.

O Curto do Expresso a seguir. Vão ler sff. Bom dia, se conseguirmos.

Susana Charrua, Odemira | PG

QUANDO O TELEFONE TOCAR

Eunice Lourenço, editora de política | Expresso (curto)

Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que já esta segunda-feira vai começar a telefonar aos líderes dos partidos que alcançaram assento parlamentar nas eleições de ontem para começar a marcar conversas. O Presidente, pretende ir recebendo os partidos “ao longo da semana para “calmamente, serenamente, os ouvir na leitura da vontade dos portugueses”.

O PR anunciou as suas intenções ainda os portugueses votação numas eleições legislativas que ditaram um terramoto no sistema, com um reforço da AD, que cresce em votos e lugares, com o colapso do PS que tem o seu pior resultado de sempre, mas sobretudo, no que interessa para o sistema, com o Chega a ficar muito provavelmente como segundo partido em número de deputados, resultados que pode ver aqui com quadros interactivos.

O resultado implica uma “alteração substancial do sistema”, como disse António Vitorino, o candidato presidencial eventual, põe fim a uma situação política com 50 anos: o PS e o PSD deixam de ser os partidos, ao mesmo tempo, necessários e suficientes para uma maioria de dois terços do parlamento, que implica capacidade de revisão constitucional, mas também de mexer em leis eleitorais e de nomeação para vários cargos.

“Hoje acabou o bipartidarismo”, proclamou Ventura, já depois de Pedro Nuno Santos ter anunciado que sai da liderança do PS, já com José Luís Carneiro à espreita e vários dirigentes a pedirem uma “reflexão profunda”. Foi a única saída anunciada numa noite que teve outros derrotados, como Mariana Mortágua, que fica como deputada única do Bloco de Esquerda, ou Paulo Raimundo, que vê a representação do PCP descer ainda mais.

Entre vencedores e vencidos, a subir um bocadinho, mas sem servir para nada, ficou Rui Rocha, que gostava de ter levado os liberais para o governo, num acordo com a AD. Já o outro Rui, o Tavares, também vê esfumar-se na derrocada do PS, os seus desejos de criar uma frente de esquerda, mas ainda assim teve razões para festejar com o aumento do grupo parlamentar.

Quem também festejou foi Inês Sousa Real, que conseguiu sobreviver, e o Juntos pelo Povo, que entra numa Assembleia da República, que passa a ter 10 partidos, ainda que três deles tenham apenas um deputado. Filipe Sousa será o representante em Lisboa do JPP, um partido que nasceu na Madeira e por lá conseguiu eleger um deputado com pouco mais de 20 mil votos, mas que é nacional porque a Constituição proíbe partidos regionais.

Marcelo, que como constituinte, ajudou a construir o sistema, vê-o em sobressalto, como Presidente. Não tem pressa em nomear um primeiro-ministro ao qual só pode uma condição: conseguir fazer passar no Parlamento o programa de governo para poder entrar em plenitude de funções. O Presidente, que como que andou a jogar às eleições, não pode voltar a dissolver e só o seu sucessor pode decidir que os portugueses voltam a votos, tem vários dilemas num quadro político muito diferente daquele com que desejaria terminar o seu mandato, num país em que, claramente, os casos de polícia relativos a deputados e dirigentes do Chega e os casos de ética relativos ao primeiro-ministro não pesaram ou pesaram bem menos do que a incapacidade de Pedro Nuno Santos para gerar confiança nos eleitores.

“O povo quer este governo e não outro”, proclamou Luís Montenegro, considerando que “às oposições caberá igualmente respeitar e cumprir a vontade popular, honrando os seus compromissos e as suas propostas, mas adequando-as às circunstâncias nacionais e coletivas”. Para Montenegro, “a moção de confiança que o povo português endossou ao Governo é suficiente para que todos assumam as suas responsabilidades”.

Apesar do peito cheio com o reforço da maioria relativa, o líder da AD, que ontem não quis esclarecer como pretende governar, saberá que continua a pender sobre si uma ameaça de comissão de inquérito, que Pedro Nuno Santos deixa para o seu sucessor decidir, mas em que Ventura também pode apostar, e sabe que continua sem parceiro certo e suficiente para aprovar um Orçamento do Estado, instrumento necessário para a governação. Por isso, tão importante ou mais do que os telefonemas do Presidente, será a capacidade de fazer tocar telefones e atender chamadas entre líderes partidários.

Outras notícias

Outras eleições 1. Não foi só em Portugal que ontem houve eleições. Na Roménia, o europeísta Nicusor Dan venceu a segunda volta das eleições presidenciais com 53,62% dos votos, derrotando o nacionalista George Simion, que tinha vencido na primeira volta, segundo os resultados oficiais. O Presidente romeno tem a responsabilidade de conduzir a política externa e de Defesa e tem assento no Conselho Europeu. Recorde-se que as eleições presidenciais na Roménia foram marcadas pela polémica: em dezembro, o Tribunal Constitucional anulou uma primeira volta por suspeita de interferência russa, alegadamente através do Tik Tok.

Outras eleições 2. Também na Polónia houve eleições presidenciais, mas ainda a primeira volta. O candidato pró-europeu Rafał Trzaskowski, venceu por uma pequena margem, à frente do rival de direita, Karol Nawrocki. Passam os dois à segunda volta, que terá lugar a 1 de junho. O vencedor vai suceder ao conservador Andrzej Duda, que atingiu o limite de mandatos.

Amor e unidade. O Papa Leão XIV celebrou ontem a sua missa inaugural na Praça de S. Pedro, onde salientou que as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro - amor e unidade - continuam a ser confiadas ao sucessor de Pedro. Leão XIV recebeu emocionado os símbolos da sua condição de Papa, numa celebração em que estiveram representantes de vários países, entre os quais o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. Quem quer conhecer melhor o novo Papa e perceber o seu lugar no mundo, pode ser

Mais horror em Gaza. Já depois da missa, na oração Regina Coeli, o Papa lembrou todos os que “sofrem por causa da guerra”, com uma referência especial a gaza, onde “crianças, famílias e idosos são levados à fome”. Israel anunciou mais uma “extensa ofensiva” naquele território, ao mesmo tempo em que propõe ao Hamas um novo acordo de cessar-fogo.

Conversas e negociações. Tal como já tinha acontecido com o funeral do Papa Francisco, a missa inaugural de Leão XIV propiciou vários encontros diplomáticos: o Papa recebeu o Presidente da Ucrânia, a presidente da Comissão Europeia esteve reunida com o vice-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), J. D. Vance, que também se encontrou com Zelensky. “A Ucrânia está pronta para verdadeira diplomacia”, escreveu o líder ucraniano nas suas redes sociais, pedindo aos EUA para que pressionem mais a Rússia.

Festa em Lisboa. O Sporting confirmou-se campeão no sábado e a equipa será recebida esta segunda-feira na Praça do Município de Lisboa pelo presidente da Câmara, Carlos Moedas. Na Tribuna, pode ver as imagens da festa de sábado e também a avaliação dos jogadores.

Apupos em Cannes. Prossegue o famoso Festival de Cinema e ontem houve apupos para “Die My Love”, produzido por Martin Scorsese e com Jennifer Lawrence e Robert Pattinson como protagonistas.Mas também houve cinema português, com “Magalhães”, do filipino Lav Diaz, num projeto da Rosa Filmes, de Joaquim Sapinho. Conta a epopeia de Fernão Magalhães e tem o mexicano Gael Garcia Bernal no papel do navegador português que se lançou na primeira viagem de circum-navegação.

Frases

“A direita democrática não deveria entreter-se em celebrações. No essencial, o problema do último ano não só persiste como se adensou. (...) Só que, entretanto, há duas diferenças: temos um Chega empoderado e a pairar sobre qualquer negociação PSD/Chega o caso Spinumviva. Um tema que não só não é referendável como interessa a Ventura, que realisticamente pode sonhar com uma vitória eleitoral a breve trecho.

Pedro Adão e Silva, ex-ministro da Cultura do PS, no Público

“O PS tem de estar muito preocupado, mas o PSD também não tem grandes motivos para festejar. Noutros tempos (o regime que hoje morre) esta derrota do PS significava uma enorme maioria do PSD. Como escrevi há dias: reduziram a alternância a uma escolha entre status quo e revolução.”

Miguel Poiares Maduro, ex-ministro Adjunto do PSD, no X

O que ando a ler

“Bambino a Roma”, de Chico Buarque

Depois de duas semanas de intensa campanha eleitoral, no sábado - dia de reflexão - peguei num dos livros que há muito aguardam ser lidos em cima de um armário no escritório. “Bambino a Roma”, de Chico Buarque, é exatamente aquilo que a contracapa anuncia: “uma deliciosa aguarela de lugares, recordações e sonhos”.

Com uma escrita aparentemente descontraída, como quem conta histórias num bar de hotel, Chico parte dos anos em que viveu com a família em Roma, nos anos 50 do século passado, para contar episódios da vida de um miúdo que “sonhava namorar com mil mulheres” num tempo e num mundo que já não existem. Comecei no sábado e li logo umas 50 páginas, ontem não consegui lá voltar, anseio por umas horas de descanso para me refugiar nesta Roma do menino Chico “Brasiliano”. Delicioso.

Para ouvir

O CEO é o limite: Tiago Barroso, CEO da NTT Data: “Aquilo que é pedido hoje ao líder de uma empresa é desumano”

Posto Emissor: A Garota Não: “Para ir à praia em Tróia uma família paga quase 50 euros. Está quase tão mau como ir ao cinema em Portugal”

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