quinta-feira, 26 de maio de 2011

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 16




MARTINHO JÚNIOR

OTAN – O CRIME “MAIS QUE PERFEITO”

As guerras do século XXI são um crimecontra a humanidade, por que as guerras do século XXI ocorrem quando cada vezhá menos justificações éticas e morais, quando cada vez mais se verifica que asua razão causal é o desequilíbrio em que se encontra a humanidade e odesrespeito que por parte duma minoria tem merecido a Terra, a manutenção dodomínio por parte duma minoria em contradição com a esmagadora maioria.

As guerras não são “democráticas”, nem feitas em nome da vida, em nome da humanidade,mas em função do domínio dessa minoria sobre o resto, tornando ainda maisinsustentável o planeta.

A ditadura financeira articula aglobalização promovida pelo império da hegemonia e usa o músculo militar onde aestratégia obriga, particularmente onde para os interesses é imperioso garantirdomínio sobre as fontes de energia, sobretudo o petróleo e o gás.

Há guerras, principalmente em África quesão feitas em função de rapinas sobre outras riquezas, como a “guerra dos diamantes de sangue”, ou a “guerra do coltan”, qualquer delasinseridas na devastação que foi a “Iªguerra mundial africana”.
O tempo das guerras que se poderiamconsiderar de justas acabou e os conflitos, as tensões, as contradições podemhoje, mais que nunca, serem resolvidas pela via do diálogo, da justiça eperseguindo sempre o primado da paz com equilíbrio e harmonia.

Angola terá vivido uma das últimasguerras justas que tiveram de ser travadas, contra o fascismo, contra ocolonialismo, contra o “apartheid” eviveu já uma das guerras injustas promovidas pelo quadro desta globalizaçãomanipulada pela hegemonia duma minoria, quando a disputa sobre as riquezas dopaís se assumiu não só como contradição antagónica entre as forças políticas “no terreno”, mas também comocontradição de todas as forças na região, com evidentes suportes em interessespoderosos a nível internacional, os interesses que continuam apostados naexploração egoísta das imensas riquezas de África quanto de outros continentesvulneráveis.

É nessa matriz que foram forjadas asnovas elites angolanas, como as novas elites nas regiões próximas e a paz seestá a tornar num monstro nutrido de desequilíbrios de mau augúrio.

Foi a isso que nos conduziu o capitalismoenquanto império e, à medida que a capacidade de circulação da informação se fazà velocidade da luz, mais rapidamente o mundo pode sustentar e ilustrar essapercepção inteligente: a conspiração, a conspiração de facto contra ahumanidade e o planeta, já não pode ser vista como uma teoria, antes pelocontrário, é uma prática terrível, constante, que nos chega por via noticiosa atodos os minutos de nossa vida, onde quer que nos encontremos e nos envolve numquotidiano intoxicado, manipulado e carregado de ameaçadoras nuvens.

A outra percepção que se pode ter noâmbito das guerras injustas que as potências, em nome da aristocraciafinanceira mundial, fazem proliferar, é de que os “danos colaterais” provocados pelas acções militares não se podemapenas medir pelos mortos e feridos produzidos pelas acções directas, massobretudo pelas implicações económicas e sociais que em cadeia e em ordemgeométrica se fazem sentir nas sociedades atingidas e a partir delas.

As guerras impedem a criação, otrabalho, a produção de riqueza, coarctam direitos à vida em sociedade, obrigampor fim ao deslocamento por vezes de comunidades inteiras, aumentando osdesequilíbrios, a miséria, o desespero, os traumas de toda a ordem e matam asaspirações e as esperanças de milhões e milhões de seres.

Aqueles que optaram em relação à Líbiapela solução da guerra, entre outros “danoscolaterais” puseram em causa a vida de mais de um milhão de trabalhadoresquase todos africanos e asiáticos, que ganhavam o seu pão nesse país e, pelofacto de eles serem africanos e asiáticos, tem-se esse imenso crime deliberadamenteescondido da opinião pública internacional, que só dá relevo à preocupação “europeia” de essa gente desesperada etraumatizada não alcançar o “porto desalvação” de Lampedusa, ou de Malta, a fim de evitar que entrem na Europa…

Foi a Europa (com a França de Sarkozy ea Grã Bretanha de Cameron à cabeça), os Estados Unidos e a OTAN que optarampela guerra na Líbia pondo de lado outro tipo de soluções; é a Europa, osEstados Unidos e a OTAN que colocam barreiras, cada vez mais barreiras noMediterrâneo, a fim de que uma parte dos deslocados dos conflitos no Norte deÁfrica não migrem para a Europa, mas são a Europa e os Estados Unidos quequerem dominar o petróleo e o gás, bem como de outras imensas riquezas da Líbiade acordo com suas inteiras e exclusivas conveniências.

As deliberadamente frágeis posições daUnião Africana face aos fenómenos que atingem o continente, neste caso aevolução da situação no Norte de África e particularmente na Líbia, evidenciamquão as novas elites africanas detentoras de poder estão agenciadas pelaspoderosas oligarquias que exercem o domínio, quão as instituições africanas setornaram impotentes para fazer frente ao monstro que chega de fora pela via dafronteira líquida que constitui o Mediterrâneo.

Para os ideólogos e políticos da UniãoAfricana não há império, nem ele se faz sentir dentro do continente da formamais perniciosa.

Num esforço para “branquear” a guerra até o G-8 convida os que são de suaconveniência, delegações do Níger, da Guiné Conacry e da Costa do Marfim, emnome dos conteúdos do domínio: os conteúdos da “democracia representativa” onde se revêem as elites e onde cadavez mais se excluem os interesses dos Povos…

Quantas dessas novas elites, por que seencontram ao mesmo nível, não estarão em breve dispostas em reconhecer osfantoches ocidentais que a pouco e pouco estão a ser injectados na Líbia pelavia conjugada do esforço militar e das inteligências das potências implicadasdirectamente no conflito que foi tão artificiosamente gerado?

Qual será o “efeito dominó”, um conceito tantas vezes expresso pelos diplomatasdo império, da guerra na Líbia, para com a Tunísia, para com o Egipto, para como Chade, para com o Níger?

A situação humana e social no Iraque eno Afeganistão confirmam também a regra: a OTAN é o “mais que perfeito” dos crimes, por que ao se fazer aceitar ofeudalismo fundamentalista da sua ordem ideológica estratégica medieval, areboque da hegemonia, “defende” todosos episódios de ordem táctica que se vão sucedendo, como este que abaixo seilustra sob o título “Ahogan en sangreuna revuelta anti-OTAN” (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=128686).

No Afeganistão a hegemonia incrementou aprodução e o tráfico de droga, o ópio, de que as sociedades norte americanas eeuropeias são os maiores consumidores.

São os meios militares e os serviços deinteligência das potências que movimentam uma parte das correntes de tráficopara os centros consumidores, as metrópoles dos países presentes “no terreno”, provocando danos enormes amilhões, a fim de que isso contribua para haver capacidade financeira parasuportar as operações em curso, num ciclo vicioso infernal à escala global.

Poucos são os órgãos de difusão massivaque ousam abordar este tema.

A OTAN e seus mentores são os maiorescriminosos neste século XXI e, se houvesse alguma vontade de justiça, umajustiça que se fizesse com o mínimo de equilíbrio e de respeito para com ahumanidade e o planeta, são eles que deveriam ser os primeiros a sentarem-se nobanco dos réus dum Tribunal Penal Internacional sério e que buscasse alguma vezassumir-se com autoridade ética e moral.

O TPI, nos termos em que existe, éapenas um dos instrumentos do poder da hegemonia e não está instaurado em nomeda humanidade, nem do planeta, mesmo que a ele adiram todos os regimes daconveniência do império.

O TPI por aquilo que valoriza e poraquilo que omite, é um instrumento que promove imensos “danos colaterais”, contribui para tornar possível fazê-los crescerem ordem geométrica e não existiria nestes termos sem a hegemonia, sem a OTAN!

Kadafi merece ser julgado não nesseTribunal fantoche, mas num tribunal dos Povos, isento de vínculos com ahegemonia e com a OTAN!

A divisão da Líbia entre a influência deTripoli e a de Benghazi está em curso e, mesmo que Kadafi desapareça, a guerraem curso estimulou-a mais que qualquer outro factor; isso faz parte da geoestratégia do império: dividir e dividir, para melhor reinar, com todos ossentidos postos nas imensas riquezas naturais disponíveis, à mercê do vencedor!

A ética e a moral, com o modelo deglobalização imposto pela hegemonia, estão a sofrer danos essenciais e colateraiscada vez mais evidentes, em ordem geométrica, na medida da voracidade que deforma mais estúpida e desumanizada se impõe à Terra, imprópria dosconhecimentos e capacidades disponíveis em pleno século XXI.

A história, se a houver pois suaexistência só será possível enquanto houver humanidade, não é como o TPI que emfunção do crime não julga os primeiros dos criminosos; a história não absolveránem a hegemonia do império, nem a OTAN!

PAZ SIM, NATO NÃO!

Martinho Júnior - Luanda


1 comentário:

Anónimo disse...

Uma rapidinha para o Martinho :

Quando vai fazer a revisão dos seus escritos e evitar que as palavras se colem umas às outras ? ? ?

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