CAPITÃO DE ABRIL CENSURADO EM ARTIGO DE OPINIÃO
Quando comprar um artigo da Controlinveste
saiba que pode ter passado por uma Comissão de Bom Gosto da Nação
TIAGO MOTA SARAIVA – 5 DIAS
Acabo de ler, via Rui Bebiano, o artigo de opinião do Capitão de Abril Pezarat Correia, censurado pelo DN. É importante constatar a subserviência ao poder da Controlinveste, dos directores e opinadores dos seus interesses, como o Bruno aqui também evidenciou, sem pejo de destruir órgãos de informação, como o JN e o DN.
A equação é simples: menos jornalismo credível, menos opinião plural, menos leitores, mais controlo sobre a informação publicada, mais propaganda do poder, mais anúncios subsidiados pelo Estado = mais receita para os seus administradores.
Aqui fica o artigo. Estimo que seja lido por muito mais leitores que os do DN o que, nos tempos que correm, não será pedir muito:
PAULO PORTAS MINISTRO?
Ana Gomes provocou uma tempestade mediática com as suas declarações sobre Paulo Portas. Considero muito Ana Gomes, uma mulher de causas, frontal, corajosa, diplomata com muito relevantes serviços prestados a Portugal e à Humanidade. Confesso que me escapa alguma da sua argumentação contra Paulo Portas e não alcanço a invocação do exemplo de Strauss-Kahn. Mas estou com ela na sua conclusão: Paulo Portas não deve ser ministro na República Portuguesa. Partilho inteiramente a conclusão ainda que através de diferentes premissas.
Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa Nacional de anterior governo, mentiu deliberadamente aos portugueses sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque, que serviram de pretexto para a guerra de agressão anglo-americana desencadeada em 2003. Sublinho o deliberadamente porque, não há muito tempo, num frente-a-frente televisivo, salvo erro na SICNotícias, a deputada do CDS Teresa Caeiro mostrou-se muito ofendida por Alfredo Barroso se ter referido a este caso exactamente nesses termos. A verdade é que Paulo Portas, regressado de uma visita de Estado aos EUA, declarou à comunicação social que “vira provas insofismáveis da existência de armas de destruição maciça no Iraque” (cito de cor mas as palavras foram muito aproximadamente estas). Ele não afirmou que lhe tinham dito que essas provas existiam. Não. Garantiu que vira as provas. Ora, como as armas não existiam logo as provas também não, Portas mentiu deliberadamente. E mentiu com dolo, visto que a mentira visava justificar o envolvimento de Portugal naquela guerra perversa e que se traduziu num desastre estratégico. A tese de que afinal Portas foi enganado não colhe. É a segunda mentira. Portas não foi enganado, enganou. Um político que usa assim, fraudulentamente, o seu cargo de Estado, não deve voltar a ser ministro. Mas já não é a primeira vez que esgrimo argumentos pelo seu impedimento para funções ministeriais. Em 12 de Abril de 2002 publiquei um artigo no Diário de Notícias em que denunciava o insulto de Paulo Portas à Instituição Militar, quando classificou a morte em combate de Jonas Savimbi como um “assassinato”. Note-se que a UNITA assumiu claramente – e como tal fazendo o elogio do seu líder –, a sua morte
Um homem que, com tanta leviandade, mente e aborda assuntos fundamentais de Estado, carece de dimensão ética para ser ministro da República. Lamentavelmente já o foi uma vez. Se voltar a sê-lo, como cidadão sentir-me-ei ofendido. Como militar participante no 25 de Abril, acto fundador do regime democrático vigente, sentir-me-ei traído.
Junho de 2011-06-13
PEDRO DE PEZARAT CORREIA
*Título e primeiro subtítulo PG
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