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Oslo, 26 jul (Lusa) - Anders Behring Breivik, indiciado pelos ataques que resultaram na morte de pelo menos 76 pessoas na sexta-feira, na Noruega, citou o Brasil no seu manifesto como exemplo dos supostos malefícios sociais da miscigenação, divulgou hoje a imprensa brasileira.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, num manifesto de mais de 1.500 páginas publicado na Internet, Breivik defendeu que os conservadores "precisam tomar o poder político e militar através de uma combinação de luta armada e democrática" para evitar que prevaleça "um modelo de bastardização contínua, muito similar ao brasileiro", atribuído pelo extremista de direita à mistura de raças.
Breivik acusou ainda uma aliança entre marxistas e multiculturalistas de tentar qualificar através de propaganda todos os conservadores como "ignorantes e intolerantes inatos movidos pelo ódio a toda e qualquer minoria", o que, segundo o extremista, "está tão distante da realidade quanto possível".
"Essas políticas provaram ser uma catástrofe para o Brasil e para outros países que institucionalizaram e facilitaram a miscigenação disseminada de asiáticos, europeus e africanos", escreve o autor confesso do massacre no manifesto intitulado "2083 - Uma Declaração Europeia de Independência", publicado sob o pseudónimo Andrew Berwick.
"O Brasil estabeleceu-se firmemente como um país de segundo mundo com um grau extremamente baixo de coesão social. Os resultados disso são evidentes e manifestam-se pelo elevado grau de corrupção, pela falta de produtividade e por um eterno conflito entre diversas culturas concorrentes", escreve o extremista.
Na opinião de Breivik, a variedade de "subtribos recém estabelecidas" sabota qualquer esperança de se atingir no Brasil "o mesmo grau de produtividade e harmonia" da Escandinávia, da Alemanha, da Coreia do Sul e do Japão e a aplicação do mesmo modelo na Europa seria "devastador e nacionalmente retrógrado".
"Um país que possua culturas competindo entre si acabará fragmentado por dentro a longo prazo ou então tornar-se-á um país permanentemente disfuncional, como o Brasil e nações similares", argumentou o extremista.
À polícia norueguesa, Breivik disse que os assassínios cometidos na sexta-feira foram uma ação de "marketing" para divulgar as suas ideias de extrema-direita.
O texto possui diversas passagens do Manifesto do Unabomber, texto do extremista norte-americano Theodore Kaczynski, publicado em 1995.
Breivik, no entanto, não atribui a autoria dessas passagens a Kaczynski e troca "esquerdistas" por "marxistas culturais" e "negros" por "islâmicos".
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