quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mira Amaral – BPN: “SINDICATOS DEVIAM AGRADECER AO BIC”





Presidente do BIC lamenta atraso na conclusão do negócio para a compra do BPN, mas avisa que os sindicatos deviam "agradecer" a garantia de 750 postos de trabalho. "Só aceitamos ficar com o banco nestas condições. Se não quiserem, façam favor de tomar conta daquilo e liquidem. É tão simples quanto isso".

Em entrevista à Lusa, Mira Amaral, presidente do BIC, diz ter hoje "o mesmo conhecimento do BPN que tinha no dia 31 de Julho”. Porque desde então, “o Governo não mandou o contrato de compra e venda, com o qual o BIC pagará logo 20% (dos 40 milhões de euros acordados com o Executivo) e só a partir daí terá acesso a mais informação do BPN".

Sobre as razões para o atraso, Mira Amaral evitou tecer grandes considerações.

"Tem que perguntar ao Governo. Não quero fazer comentários. Mas que não é nada agradável para nós, não é. E também é mau para os trabalhadores do BPN. Foi criada esta expectativa que vai haver um novo accionista e, afinal de contas, estamos há um mês sem [qualquer desenvolvimento]. Por isso, não sei responder à sua pergunta porque não tenho informação para isso. Só depois de começar a ter acesso às informações do BPN é que posso dizer quantos trabalhadores preciso e qual o número exacto de balcões com que vou ficar", frisou.

O presidente do Banco BIC afasta, no entanto, as críticas dos sindicatos sobre o processo de privatização do BPN e afirma que o banco que lidera está a criar, no mínimo, 750 postos de trabalho, graças ao acordo obtido com o Governo.

"Acho que [os sindicatos] deviam agradecer ao Governo e ao Banco BIC português a decisão tomada, porque se não houvesse um comprador credível, era a liquidação do banco com a extinção de todos os postos de trabalho. Portanto, quando nós dizemos que ficamos com, pelo menos, 750 trabalhadores, estamos a criar 750 postos de trabalho no mínimo, porque se não fossemos nós, o banco era liquidado e todos perdiam os postos de trabalho", disse à agência Lusa Mira Amaral.

"Por isso, os sindicatos e algum pessoal que tem criticado a privatização, deviam elogiar o Governo e o Banco BIC português pelo resultado a que chegaram, que evita a liquidação do banco, que seria desastroso para todos", reforçou.

Questionado sobre se acha que os trabalhadores devem sair do Banco Português de Negócios (BPN) pela via de rescisões amigáveis, como defendem os sindicatos, ou através de um processo de despedimento coletivo, o responsável disse que isso é uma questão a ser tratada com o Governo.

"Não tenho opinião. Isso é um problema que vai ser tratado com o comité vendedor, com o Governo. Nós comprometemo-nos a ficar com 750 escolhidos por nós. Qual a maneira de o fazer? Sobre isso não me quero pronunciar agora. E só aceitamos ficar com o banco nestas condições. Se não quiserem, façam favor de tomar conta daquilo e liquidem. É tão simples quanto isso. É isso que os sindicatos devem perceber", afirmou.

"Por isso, repito, os sindicatos deviam-nos agradecer. Numa situação destas do país, os meus acionistas vão tomar risco do país. Aliás, repare no seguinte, se o concurso foi aberto a toda a gente e ouviu-se dizer que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) andava no Brasil e já tinha bancos brasileiros prontos para concorrer, mas chega a hora e, afinal de contas, só há três concorrentes", realçou Mira Amaral.

O presidente do Banco BIC português gostaria que a integração do BPN estivesse concluída no início do próximo ano, mas explicou que quem controla o processo é o Governo, pelo que considera que será difícil cumprir este prazo.

*Foto em Lusa

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