domingo, 4 de setembro de 2011

Televisão Pública de Angola repudia agressões que diz terem partido de manifestantes


TPA - Televisão oficial do governo angolano (PG)


A Televisão Pública de Angola condenou hoje a "tentativa de agressão" de que terão sido alvo este sábado os seus profissionais e da RTP, mas diz que os agressores foram os jovens manifestantes que protestavam em Luanda.

De acordo com uma "nota de repúdio" da estação, veiculada pela agência noticiosa angola Angop, a TPA "repudia a acção e lembra que ela fere o direito dos telespetadores de serem informados" e diz ainda que se "solidariza também com os profissionais da RTP que de igual modo foram vítimas desta acção".

Fonte oficial da direção de informação da RTP disse hoje à Agência Lusa que a estação já deu "conta da situação às autoridades angolanas" dos acontecimentos e que "com os jornalistas não houve problemas", mas que "o material [equipamento] ficou danificado".

Os relatos da manifestação, que começou ao início da tarde de sábado, no Largo da Independência, em Luanda, davam conta de vários feridos, pessoas detidas e também da agressão a jornalistas, durante o protesto que tinha como objetivo exigir "a destituição de José Eduardo dos Santos" e a "democratização dos órgãos públicos".

No largo, onde tinham a autorização para se manifestarem, juntaram-se cerca de uma centena de jovens, sob vigilância de um forte aparato policial, e às 14:00 o grupo de jovens tomou a iniciativa de partir em direção ao Palácio Presidencial, para exigir a libertação de um dos seus membros, que alegadamente tinha sido raptado algumas horas antes da manifestação.

Na ocasião, a Polícia tentou impedir a intenção, tendo-se gerado uma confusão, que resultou no ferimento, detenção e agressão de jornalistas, que se encontravam a fazer a cobertura da manifestação.

A agressão, perpetrada por elementos civis que se encontravam igualmente no local, sem identificação, atingiu dois operadores de câmara da RTP África, bem como a destruição do seu equipamento, e o jornalista da Voz da América, que viu também serem danificados os seus meios de trabalho.

No seguimento da situação, a agência noticiosa angolana Angop citou um comunicado da Polícia Nacional de Angola, que indicava que três oficiais e um agente da Polícia, juntamente com três cidadãos tinham sido feridos por elementos não identificados perto do Largo Sagrada Família.

A Polícia justifica que as pessoas ficaram feridas quando efetivos da corporação tentavam persuadir alguns cidadãos a não abandonarem o espaço protegido para o referido ato, a fim de evitar a desordem pública.

"Contrariando as orientações da polícia, alguns indivíduos, de forma anárquica, forçaram o cordão de segurança policial, proferindo ofensas verbais contra pacatos cidadãos que circulavam nas redondezas e aos efetivos da Polícia Nacional, alegando que pretendiam dirigir-se ao palácio", esclareceu a Polícia no comunicado.

As autoridades disseram ainda que foi "o incumprimento da ordem da polícia [que] gerou um clima de violência entre os transeuntes e os manifestantes, que culminou no arremesso de objetos contundentes, que estiveram na causa dos ferimentos", e que terão "obrigado" a polícia a deter 24 pessoas, "para que os órgãos competentes fizessem justiça", tendo lamentado a situação.

A Agência Lusa falou durante este sábado com pessoas envolvidas na concentração, que mencionaram alegados raptos, ameaças e agressões da parte de oficiais à civil.

Uma das pessoas com quem a Agência Lusa falou estaria mesmo detida dentro de uma carrinha policial com espaço reduzido juntamente com outras onze pessoas, durante mais de meia hora ao sol, com pessoas a sentirem-se indispostas devido ao forte calor que se fazia sentir na região.

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