JMN já não tem condições para chefiar o Governo |
LIBERAL - Editorial
O que José Maria Neves diz não se escreve. Já imaginaram Obama vir a terreiro dizer “a economia americana não está em crise”?! Ou Angela Merkel afirmar “a economia alemã está blindada à crise internacional?!” Certamente que nenhum deles teria o arrojo de proferir tais disparates. Então, por qual razão o Primeiro-ministro cabo-verdiano o poderá fazer?
Sejamos claros: já custa escrever sobre este Primeiro-ministro. Não porque não haja sempre matéria suficiente. Nesse aspecto José Maria Neves é muito pródigo… Até por razão de, normalmente, dizer agora e renegar depois. Não, o constrangimento decorre da nossa natureza humana, de algum modo de certa caridade cristã: alguém que se comporta como JMN merece-nos, mais do que desprezo, compaixão. Confessamos: o Primeiro-ministro de Cabo Verde faz-nos sentir pena!
Desde logo, porque só uma pessoa em estado de grande perturbação poderá debitar as baboseiras que o estão a tornar tristemente célebre, só alguém que perdeu o sentido da realidade pode permitir-se fazer da contradição a sua forma de estar na vida pública. E, mais preocupante ainda, é não se vislumbrar ninguém do seu próprio partido que o chame à razão. Será que essa doença tomou conta do PAICV?
José Maria Neves mente e mente muito. Mas será que tem consciência das falácias? Não nos parece! O homem entrou todo inteiro no seu universo íntimo e apertado do faz-de-conta, perdendo mesmo a noção do ridículo.
A última do Primeiro-ministro é, convenhamos, reveladora do que já dissemos. Ao afirmar aos microfones da rádio nacional que a economia cabo-verdiana não está em crise, por razão de a crise ser global, JMN revelou-se como cultor do disparate, ou então assume a presunção de considerar sermos todos idiotas.
O que José Maria Neves diz não se escreve. Com esse argumento, as maiores potências mundiais poderiam sugerir o mesmo. Já imaginaram Obama vir a terreiro dizer “a economia americana não está em crise”?! Ou Angela Merkel afirmar “a economia alemã está blindada à crise internacional?!” Certamente que nenhum deles teria o arrojo de proferir tais disparates. Então, por qual razão o Primeiro-ministro cabo-verdiano o pode fazer?
Por outro lado, na mesma lógica do “disse e não disse”, JMN lá veio reconhecer, depois de tanta tinta vertida, que, afinal, sempre havia prometido o 13º mês. Mas não foi ele que, meses atrás, jurou a pés juntos nunca o ter feito?
Certamente concertado com o Primeiro-ministro, Armindo Maurício veio também a público reconhecer a promessa que – pasme-se! – não pode ser cumprida – quando antes nunca tinha sido feita.., - porque "não se pode exigir que Cabo Verde tome determinadas medidas só para cumprir certos compromissos assumidos num dado momento"… Pois, o momento da caça ao voto e das promessas a pataco próprias de vendedores de feira, indignas de políticos sérios e lúcidos. O que - neste último particular - não é o caso de Maurício, pelas razões que se deduzem; mas é de Neves, pelas circunstâncias que se conhecem…
O estado geral do país – e, já agora, o de José Maria Neves – é de molde a criar preocupações acrescidas aos cabo-verdianos. É que, apesar de a economia cabo-verdiana “não estar em crise”, o défice das contas públicas encontra-se na zona de risco e a dívida está a atingir os 80 por cento do PIB. E o País não pode continuar a ser dirigido num clima de mistificações e insanidades.
É este o nosso País: um Primeiro-ministro que pela manhã diz uma coisa, que ao final do dia diz outra e no dia seguinte repete a história. É este o nosso País: um Primeiro-ministro que diz que “Cabo Verde não está em crise”, não havendo entretanto nenhum empresário que não se queixe dela.
O torpor que assola a sociedade cabo-verdiana deve ser extirpado com urgência, sob pena de o sono colectivo arrastar o país a pique. Acorda Cabo Verde!
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