DEUTSCHE WELLE
Líderes das maiores economias globais estabelem em Cannes regras que garantem estabilidade dos maiores bancos do mundo. Mudança no sistema monetário internacional reforça posição de países emergentes como Brasil e China.
Encerrada nesta sexta-feira (04/11), a reunião de cúpula das 20 maiores economias do mundo, em Cannes, avançou no que diz respeito à regulação de mercados financeiros – mas não conseguiu indicar uma saída para o fim da crise da dívida que atinge a zona do euro e preocupa o mundo.
O encontro do G20 também foi marcado pela crise política na Grécia, desencadeada após o anúncio e posterior suspensão de um referendo para aprovação popular do pacote europeu de resgate ao país.
Ao final do encontro de dois dias, os líderes mundiais concordaram que os 29 maiores bancos globais precisam ser reestruturados, para garantir que, em caso de dificuldades, não dependam dos recursos dos contribuintes para ser resgatados. A lista com os nomes das instituições financeiras de "importância sistêmica", cuja falência poderia colocar em risco a economia global, foi fechada durante a cúpula.
De acordo com a a chanceler federal alemã, Angela Merkel, estes bancos precisam manter altas suas reservas de capital, para ficarem mais preparados contra eventuais riscos. Também os chamados shadow banks (bancos paralelos), como os fundos de capital de risco, devem receber maior controle a partir de um plano que será desenvolvido até meados do ano que vem.
Além disso, os chefes de Estado e de governo do G20 concordaram que cada país precisa cumprir sua parte para fortalecer o crescimento global e aumentar os postos de trabalho. A Alemanha lembrou mais uma vez a promessa feita na cúpula em Toronto há dois anos: os países do G20 precisam reduzir seus déficits orçamentários até meados de 2013 e estabilizar suas dívidas até 2016.
Os líderes do G20 aumentaram a pressão sobre os europeus para que reforcem as medidas com o intuito de impedir que a Itália siga o mesmo caminho que a Grécia, afundada em dívidas. Sob pressão dos Estados Unidos e dos emergentes, a Itália aceitou a condição de ter seu programa de reforma e de austeridade sob monitoramento internacional. Uma maior participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) na economia italiana deve levar mais segurança aos mercados, facilitando financiamentos.
Emergentes mais fortes
As maiores economias globais acertaram ainda tentar limitar os efeitos da crise aumentando as reservas do FMI, segundo o presidente da UE, Herman Van Rompuy. A medida terá como objetivo restabelecer a confiança e reduzir os riscos de contágio da crise da dívida europeia.
Ainda não se definiu exatamente, no entanto, como este reforço será feito. Ele deverá contar com contribuição voluntária de países – o Brasil já declarou estar disposto a contribuir com o FMI.
Países emergentes como China, Índia e Brasil saem reforçados da cúpula. O G20 quer, a médio prazo, adotar um sistema monetário multipolar – que reflita o peso destes Estados, tendo uma base mais ampla e estável e reduzindo a dependência do dólar. "Vemos que existe um contínuo desenvolvimento do sistema monetário internacional, no qual futuramente um número maior de moedas terá mais influência", afirmou Merkel em Cannes. Com isso, a China teria a obrigação de flexibilizar sua política monetária.
Atualmente, a moeda norte-americana perfaz cerca de 9,6 trilhões de dólares das reservas mundiais – cerca de dois terços do total. O euro vem em seguida, correspondendo a um quarto dessas reservas.
Brasil no G20
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, prometeram intensificar esforços para que Brasil e Alemanha obtenham assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
As duas líderes tiveram um encontro nesta sexta-feira, antes das reuniões do último dia da cúpula do G20. Os dois países fazem parte do chamado G4 – formado ainda por Japão e Índia. Eles reivindicam lugar permanente no órgão mais importante das Nações Unidas. Dos atuais 15 membros dos Conselho, apenas cinco – Estados Unidos, Rússia, França, China e Reino Unido – são permanentes e têm poder de veto.
Durante o encontro do G20, Dilma reafirmou a posição brasileira de que os países emergentes devem contribuir de maneira diferenciada em relação aos desenvolvidos na redução das emissões de gases de efeito estufa, para que não arquem com um maior ônus.
MSB/rts/dw/lusa/afp/abr - Revisão: Carlos Albuquerque
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